105 - Rumer - Seasons of My Soul

Há 15 anos, assistia o programa de Jools Holland quando fiquei extasiado ao ouvir o trio Ben Folds Five, tanto que no dia seguinte encomendei todos os CDs do grupo.

Pois, 15 anos depois, Jools me proporcionou outra paixão instantânea: a cantora inglesa, de origem paquistanesa, Rumer. E lá fui eu atrás de seu disco.

Sarah Joyce conseguiu ressucitar algo quase impossível, nos dias de hoje: casar uma voz linda, suave, com melodias pops perfeitas, embalado em um clima pop, soul e jazz.

Rumer é um achado.

Sua carreira começou em 2004, como Rumer & The Denials. Em 2007, lançou um disco solo, com seu nome real: Coffee And Honey.

Apadrinhada por Jools, de quem abriu a turnê, em 2010, lançou em novembro do mesmo ano, a maravilha que atende pelo nome Seasons of My Soul.

Bonita, simpática, carismática, Rumer é uma discípula das grandes cantoras norte-americanas dos anos 1960 e 1970. Não espere dela um vozeirão a la Aretha - sua grande paixão, tanto que ganhou uma canção com seu nome.

Rumer vai em outra praia, opta pela sensualidade. Cantar parece ser a coisa mais simples e fácil do mundo, sem se torturar ou contorcer toda. Basta abrir a boca e encantar. Além de Aretha, Rumer deve ter ouvido muita Ella Fitzgerald, Nina Simone e Sarah Vaughan.

O disco abre com a apaixonante "Am I Forgiven?". Feche os olhos, ouça os metais, a doce voz e irá jurar que voltou 40 anos no tempo. Ninguém mais faz isso.

Mas, Rumer - aliás, Sarah Joyce -, não é "apenas" uma cantora. Ela ainda compõe suas próprias músicas e assinou 10 das 11 faixas. Sozinha ou em parcerias.

Uma das mais emocionantes é "Aretha", uma história de uma menina que tem problemas na escola e uma mãe vítima de problemas mentais. Ela não tem ninguém para conversar, mas Aretha Franklin a ajuda através dos fones de ouvidos e conversa com ela, em sua imaginação.

Acredite: não há melhor maneira de se apaixonar por um artista do que ouvindo-o no fone de ouvido, andando pelas ruas, conversando com ele.

Para Rumer, "Aretha tem a voz que mais se aproxima de Deus".

Outro destaque é "Slow", terceiro compacto do álbum. Lentamente ela derreterá seu coração.

A boa notícia é que o disco saiu no Brasil. A má é que ela lançou um segundo disco esse ano, Boys Don't Cry, ainda inédito por aqui.

Tomara que não demore a ser editado. Precisamos muito de Rumer e voltar a sonhar.

Afinal, quantas cantoras ainda sonham e conversam com Aretha Franklin e transformam isso em ouro puro?

Faixas

01. "Am I Forgiven?" (Sarah Joyce, Steve Brown) 3:28
02. "Come to Me High" (Joyce) 2:49
03. "Slow" (Joyce) 3:32
04. "Take Me as I Am" (Joyce) 3:45
05. "Aretha" (Joyce, Brown) 3:15
06. "Saving Grace" (Joyce) 3:20
07. "Thankful" (Joyce, Brown) 3:36
08. "Healer" (Greg Churchill, Joyce) 3:14
09. "Blackbird" (Joyce) 3:55
10. "On My Way Home" (Joyce) 4:29
11. "Goodbye Girl" (David Gates) 3:31