Scott Miller é
um desses mitos que permanecem conhecidos para poucos. À
frente do Loud Family, Scott compõe grandes músicas,
apesar de seu grupo não ter alcançado o estrelato
ainda. Recentemente voltou a ser notícia, ao lançar
um disco com seu velho amigo Anton Barbeau, What If It
Works?, e concordou em ceder uma entrevista para o Brasil.
Conheçam um pouco mais de Scott...
Pergunta:
- Olá Scott, me conte um pouco sobre você...
Scott Miller: - Eu sou filho único e cresci em
Sacramento, na Califórnia. Fui estudar em Davis e desde
então vivo na região de San Francisco. Sou casado
e tenho duas meninas - uma de três anos e uma recém-nascida.
Pergunta: - Sua
antiga banda, Loud Family, foi um dos grandes expoentes norte-americano
do power-pop. Como vocês começaram?
Scott Miller: - O Loud nasceu quase como um projeto paralelo
após o fim do Game Theory. Eu estava envolvido em mini-projetos
com membros de uma banda chamada This Very Window, tentando fazer
uma nova versão do Game Theory com Michal Quercio (Three
O'Clock), no baixo. Mas ele vivia em Los Angeles e ficava muito
caro viajar sempre para ensaiar. Acho que acabei convidado Joe
Becker para integrar o Scott Miller Band por um tempo. A experiência
acabou sendo tão agradável que resolvemos mudar
o nome para Loud Family.
Pergunta:
- Conte como era o método de gravação do
Loud Family...
Scott Miller: - Ah, isso variava muito. O primeiro,
Plants and Birds and Rocks and Things foi o mais
profissional possível. Mitch Easter o produziu e ele soa
muito bem. Depois veio Tape of Only Linda, que
foi parcialmente um fracasso. Nós o gravamos em um estúdio
de San Francisco chamado Brilliant. Começamos bem, mas
o clima se deteriorou com as tensões internas. Interbabe
Concern foi produzido por mim e feito 90% por mim também,
com ajuda de Paul ou Kenny em minha sala. Mas essa foi a primeira
vez que trabalhei no Enharmoniq - conhecido hoje como Hangar -,
em Sacramento e que hoje é a base de Anton Barbeau. Days
For Days foi feito com Gil e Alison em uma sessão
relativamente rápida, sendo quase tudo ao vivo e as canções
mais curtas eu trabalhei muito com Tim Walters, uma experiência
maravilhosa. Attractive Nuisance foi outra grande
experiência com Jeff Byrd, no Mr. Toad, em San Francisco.
Pergunta: - Falando
em Anton Barbeau, vocês são grandes amigos, não?
Scott Miller: - Sim, somos amigos há muito tempo
e sou um grande fã de suas músicas.
Pergunta:
- Fale um pouco do cd que gravaram juntos...
Scott Miller: - Foi uma idéia de Anton e que acabou
ganhando corpo. Inicialmente iríamos gravar apenas quatro
canções, mas fomos aumentando aos poucos até
virar um disco. Eu nunca consegui em minha vida começar
e terminar uma canção sozinho, então acabou
sendo uma luta imensa para conseguir completar minha parte. Eu
achei que a pior parte seria aprender a usar o programa ProTools
e me tornar alguém que usa o computador para compôr,
mas depois eu gostei como um pato gosta de água. Aos poucos,
comecei a ter acesso a um monte de técnicas e minha habilidade
foi aumentando, em parte com a ajuda de Mitch (Easter), mas eu
ainda não sei comandar essas máquinas totalmente.
Primeiro fiz uma pequeno demo com uns arranjos para umas canções
de Aimee Mann, que eu havia co-escrito. A qualidade do som era
a pior que você poderia imaginar, mas acho que aprendi rápido
com meus erros, porque depois disso, muita coisa tinha uma ótima
qualidade sonora.
Pergunta: - Anton
é completamente maluco, não? Eu adoro os trabalhos
dele, mas ele possui umas idéias estranhas...
Scott Miller: - Sim, Anton foi criado com muito mais
personalidade e liberdade do que o restante de nós. Mas
ele é muito professional na hora de se trabalhar. Sua métrica
e seu senso de melodia e tudo mais fazem dele uma das melhores
pessoas para se trabalhar junto. O que quero dizer é que
se você tiver cinco discos dele, cinco arranjos, você
jamais ouvirá músicas apenas razoáveis. Você
terá duas ou três excepcionais e as demais que não
parecem terem sido gravadas como se ele não soubesse que
o gravador está ligado.
Pergunta:
- Como você vê a cena independente de hoje? Melhor
ou pior do que no começo de sua carreira?
Scott Miller: - Sou a pessoa errada para se fazer essa
pergunta, porque estou totalmente fora disso. Me parece o mesmo,
exceto que hoje se gasta muita mais energia com os computadores
e IPods do que sair tocando e fazendo contato nas ruas. Quando
eu era menino, os clubes e as lojas de discos eram geniais e havia
um espírito de sociabilidade que não se encontra
mais. Mas não é muito bom ser nostálgico,
porque alguns poderão dizer que a minha excitação
por ter visto Talking Heads ou Iggy Pop ao vivo era nada se comparado
com o clima que tinha em Haight Ashbury no dia que foi lançado
Surrealistic Pillow (segundo disco do Jefferson
Airplane).
Pergunta: - Poderia
me dizer quais foram suas primeiras influências?
Scott Miller: - Quando eu era menino foram os Beatles
e os Monkees, além da cena folk nova-iorquina os musicais
de Gershwin, Rogers & Hammerstein. E também não
posso me esquecer dos Rolling Stones.
Pergunta: - Poderia
me dizer seus cinco discos favoritos?
Scott Miller: Sergeant Pepper's ainda é o meu
favorito e poderia dizer porque é imbatível em vários
aspectos. Tirando os discos dos Beatles, eu escolho This
Year's Model (Elvis Costello); Radio City
(Big Star). Odiaria não citar nenhum álbum recente
e por isso coloco Illinois de Sufjan Stevens
e Exile in Guyville de Liz Phair.
Pergunta: - E você
conhece algo da música brasileira, excetuando bossa-nova
e Mutantes?
Scott Miller: - Não, mas o que ouvi dos Mutantes
achei genial, é um grande grupo.
Pergunta: - Obrigado
pelo papo, Scott!
Scott Miller: - Também gostei muito de falar contigo
e curti bastante o site. Até mais!
Créditos de What
If It Works?
Produzido por Scott Miller. Gravado no
Hangar (Sacramento, Califórnia), Palais de Good Thing (San
Mateo, Califórnia), and Boogie Dungeon (Sacramento, Califórnia).
Engineheiros: Eric Broyhill, Scott Miller, A.J. Wilhelm e Jason
Sewell.
Masterizados por Eric Broyhill no Monster Lab Audio
Faixas:
Rocks Off (Mick Jagger/Keith Richards)
Scott: vocals, guitar, sample keyboards
Anton: vocals, Hammond organ
Kenny Kessel: bass
Jozef Becker: drums
Song About "Rocks Off" (Scott
Miller)
Scott: vocals, guitar
Anton: backing vocals, Hammond organ
Kenny Kessel: bass
Jozef Becker: drums
Pop Song 99 (Anton Barbeau)
Anton: vocals, Wurlitezer, Farfisa
Scott: backing vocals, guitar
Kenny Kessel: bass
Jozef Becker: drums
Total Mass Destruction (Scott Miller)
Scott: vocals, guitar, organ
Anton: acoustic piano, Microkorg
Kenny Kessel: bass
Jozef Becker: drums
Kristine Chambers: backing vocals
Flow Thee Water (Anton Barbeau)
Anton: vocals, drums, bass, acoustic guitar
Scott: backing vocals, electric guitar
Steve Randall: electric guitar
Dave Middleton: electric guitar
Julie Meyers: Farfisa
Remember You (Chris White)
Scott: vocals, guitar, piano
Anton: vocals, organ
Kenny Kessel: bass
Jozef Becker: drums
(Kind Of) In Love (Scott Miller/Anton Barbeau)
Scott: vocals, guitar
Anton: backing vocals, Wurlitzer, tambourine
Kenny Kessel: bass
Jozef Becker: drums
Mavis of Maybelline Towers (Scott Miller)
Scott: vocals, guitar, piano
Anton: backing vocals, shaker
Kenny Kessel: bass
Jozef Becker: drums
I Think I See the Light (Cat Stevens)
Scott: vocals, guitar
Anton: vocals, Korg MS-10/Roland Space Echo
Alison Faith Levy: piano, backing vocals
Gil Ray: percussion
Kenny Kessel: bass
What If It Works? (Anton Barbeau)
Anton: vocals, Hammond organ, Micromoog, Arp Odyssey, Korg MS-10,
acoustic guitar
Scott: backing vocals, acoustic and electric guitar
Kenny Kessel: bass
Jozef Becker: drums
Bonus tracks:
Don't Bother Me While I'm Living Forever
(Scott Miller)
Scott: vocals, guitar, bass
Anton: backing vocals, Arp Odyssey, Novation X-Station, Wurlitzer
Larry Tagg: bass
Jozef Becker: drums
I've Been Craving Lately (Anton Barbeau)
Anton: vocals, acoustic guitar, percussion, acoustic and anti-acoustic
pianos, Novation X-Station
Scott: backing vocals, electric guitar, Waldorf MicroWave
Larry Tagg: bass
Jozef Becker: drums
Discografia
Plants and Birds and Rocks and Things (1993)
Slouching Towards Liverpool (1993)
The Tape of Only Linda (1994)
Interbabe Concern (1996)
Days For Days (1998)
Attractive Nuisance (2000)
From Ritual to Romance (2002)
What If It Works? (2006) |