por Beatrix
Algrave
She tries not to shatter, kaleidoscope
style
Personality changes behind her red smile
Helplessly forcing one more new disguise
No
final da década de 1970 um grupo de fãs dos Sex
Pistols resolve se unir e formar uma banda de punk rock chamada
Bromley Contingent. Entre eles estavam Susan Dallion (voz) e
o próprio John Beverley (Sid Vicious que então
tocava bateria), além de Marco Pirroni (guitarra) e Steve
Havoc (baixo). Susan à época era apenas uma seguidora
dos Pistols e freqüentadora de clubes londrinos como o
100 Club, onde, aliás, a banda “Bromley Contigent”
faria seu primeiro show em 1976. Susan chegou a ser inclusive
expulsa de vários clubes pelo seu visual ultrajante,
camisetas cheias de imagens sexuais, palavrões, correntes
e acessórios sadomasoquistas. Ela chegou até mesmo
a participar da polêmica entrevista que os Pistols deram
ao programa de Bill Grundy, em que o apresentador ao provocar
os músicos teve como resposta uma enxurrada de palavrões,
sendo obrigado a tirar o programa do ar. Além disso,
ela trabalhou por um tempo como modelo vivo da vitrina da loja
de Vivienne Westwood (a estilista do punk por excelência),
assim Dallion acabou dando uma contribuição para
a consolidação do visual punk e posteriormente
foi a musa do que viria a se chamar de visual "gótico"...
Mas essa é uma outra história.
Voltemos
ao Bromley Contigent... A estréia da banda no Punk Festival
no London's 100 Club, constou de uma séria de covers, entre
eles "Knocking on Heaven's Door", "Twist and Shout"
e uma versão de cerca de 20 minutos de “The Lord’s
Prayer”, essa performance não teria sido muito bem
recebida e acabou agradando apenas a um dos assistentes de Malcon
McLaren que se encontrava na platéia. Assim, foram convidados
a acompanhar os Sex Pistols como banda de abertura em uma turnê
por toda a Inglaterra. Em pouco tempo, Sid Vicius deixa a banda
e passa a ser o baixista dos Pistols trocando de instrumento,
e Pirroni abandona a banda para se juntar ao grupo new romantic
“Adam And The Ants”.
Os dois remanescentes Susan
e Steve decidem formar uma nova banda, entram John McKay (guitarrista)
e Kenny Morris (baterista). Susan Janet Dallion passa a se chamar
Siouxsie Sioux (tribo de índios americanos) e Steve Havoc
passa a se chamar Severin. A banda adota o nome de Siouxsie &
The Banshees, o nome banshees fazia referência a um conto
de Edgar Allan Poe ("Cry of The Banshees", banshees
na mitologia céltica são entidades femininas cuja
voz bela e tenebrosa anuncia a proximidade da morte).
Ainda
com essa formação lançam o primeiro single
Hong Kong Garden, que atingiu o Top 10 britânico,
seguido do álbum The Scream, ambos lançados
em 1978 pela Polydor. The Scream trazia uma cover dos Beatles
em estilo punk “Helter Skelter”, além das faixas
"Overground", "Mirage" e "Metal Postcard";
esta última foi cantada também em alemão,
em Munique, com o nome de "Mittageisen".
Em 1979 foi lançado
Join Hands, que ainda com um estilo punk, trazia
a música “The Lord's Prayer”, na mesma duração
e execução que tanto chocou a platéia do
London's 100 Club. Entretanto o lançamento conturbado de
Join Hands seria ainda marcado pela saída de MacKay
e Morris, o que fez com que a partir de então a banda viesse
a contar com a participação de vários músicos,
além do núcleo permanente (Siouxsie e Severin).
Mackay e Morris são logo substituidos por Peter Clark “Budgie”
(que havia produzido um trabalho dos Slits e participado do Big
in Japan) e John McGeoch (ex-Magazine e que depois viria a formar
o The Armoury Show e o Visage ao lado de Billy Currie e Steve
Strange) respectivamente.
Ainda, em 1979, excursionam
com Robert Smith (The Cure), que participaria como guitarrista
em álbuns como Nocturne (1983) e Hyaena (1984).
Em
1980 lançam Kaleidoscope que contaria com a participação
do guitarrista Steve Jones (Pistols). Se Join Hands já
apontava a transição da banda em direção
ao gótico, em Kaleidoscope não há
espaço para dúvidas sobre os rumos da banda. O baixo
grave de Severin, aliado a batida tribal de Budgie, guitarras
distorcidas, sintetizadores, harmonias fluidas e climas mórbidos
montam o perfeito crossover entre o punk e o gótico.
O álbum é considerado até hoje um dos mais
perfeitos da banda (difícil definir o melhor de todos),
uma obra que com certeza muito contribuiu para garantir a Siouxsie
o título de rainha dos góticos. Apesar da crueldade
da crítica inglesa, que chegou a classificar o álbum
como “inaudível”, Kaleidoscope teve
uma boa aceitação por parte do público, todos
seduzidos pelo “canto” mórbido dos banshees.
Apresentando composições
bem mais profundas e trabalhadas que o álbum anterior chegou
a emplacar dois hits "Happy House" e "Christine",
nas paradas inglesas. Destacam-se ainda as hoje clássicas
"Trophy", "Lunar Camel" e "Red Light".O
lançamento deste álbum levou a banda a realizar
a sua primeira turnê americana.
E
a majestade Siouxsie e seus banshees seguiam conquistando novos
súditos e esbanjando sensualidade com seu visual que tinha
um pouco de punk com os cabelos desfiados e desalinhados, diva
dos anos 20 e de prostituta com seus olhos extremamente maquiados
e roupas de dominatrix. Mas fora o visual e estilo inigualáveis,
a qualidade das composições superava qualquer estranhamento
inicial. Siouxsie foi de fato a musa do movimento gótico,
que, aliás, enquanto existiu nunca se viu como tal... Entretanto,
Siouxsie não ditou apenas moda... Em
1981, lançam Juju e a coletânea de singles
Once Upon a Time. Se Juju conservou as
mesmas características do disco anterior tanto em estilo
quanto em qualidade com faixas excelentes como "Arabian Knights"
e "Spellbound", a coletânea de singles Once
Upon a Time trouxe a belíssima e inédita “Israel”.
Em
1982 lançam A Kiss in the Dream House, com uma atmosfera
onírica habilmente construída pela teia de sintetizadores
e repleto de referências exóticas. Esse álbum
serviu de inspiração para a chamada neo-psicodelia.
Traz canções de beleza suave como "Slowdive",
"Cascade", "Green Fingers" e "Painted
Bird". Siouxsie havia aprimorado o jeito de cantar, impostando
a voz de forma bem mais suave em parte devido a recomendações
médicas, pois Siouxsie na época apresentava alguns
problemas na garganta que poderiam inclusive levá-la a
parar de cantar. Logo após o
lançamento de Kiss in the Dream House ocorreu a
saída de McGeogh, que foi tocar com John Lydon no PiL.
McGeogh é substituído por Robert Smith, do The Cure.
Em
1983 saem em turnê e lançam o album duplo ao vivo
Nocturne que foi gravado durante um show no Royal
Albert Hall, em Londres.
Budgie teve seu talento como
instrumentista reconhecido, sendo eleito por dois anos seguidos
(1982 e 1983), o melhor baterista da Inglaterra, pela crítica.
Apesar de fazer parte de um grupo de temática gótica,
conseguia misturar diversos ritmos como o reggae, dando uma abrangência
maior ao som do grupo. Aproveitando o bom momento, Budgie se aventurou
até como produtor de algumas pequenas bandas independentes.
Nessa época surgem dois projetos paralelos; o Creatures
formado por Siouxsie e seu marido Budgie, e o Glove formado por
Severin e Robert Smith acompanhados pelos belos vocais de Jeanete
Laundray. Os Creatures lançam no mesmo ano Feast
(influenciado pela música havaiana) e o Glove lança
Blue Sunshine. As atividades com o Siouxsie and The Banshees
só são retomadas em 1984, o que é claro da
vazão a alguns boatos sobre o fim da banda.
Entretanto
lançam nesse ano o disco Hyaena, que ainda conta
com a participação de Robert Smith, que sairia da
banda logo depois do lançamento deste trabalho, por desentendimentos
com Siouxsie (de quem falaria mal em entrevistas por um bom tempo,
sendo a recíproca igualmente verdadeira). Os destaques
do disco ficam por conta de "Dear Prudence", uma cover
dos Beatles, que teve seu clipe gravado em Veneza. O ótimo
guitarrista John Carruthers Valentine (ex-Clock DVA) entra no
lugar de Robert Smith. Um dos motivos
para a entrada do líder do Cure para os Banshees, foi a
necessidade de passar um tempo fora do foco: "no Cure eu
escrevo, canto, toco guitarra, dou entrevistas. As pessoas exigiam
um comportamento meu de um rock star o que me irritava. Eu olhava
para o espelho e via o Robert Smith do Cure e não mais
a pessoa que eu era. Por isso resolvi dar um tempo com o grupo
e tocar com a Siouxsie. E apesar dos problemas que tivemos, confesso
que me diverti muito."
Com
essa nova formação, lançaram em 1986 o álbum
Tinderbox. Felizmente, Carruthers sabia captar melhor que
Smith os climas sugestivos construídos por Severin e Budgie.
Mesmo sem a beleza límpida de Kaleidoscope e a intensidade
de Juju, Tinderbox trazia duas músicas clássicas
da banda: “Candyman” e “Cities in Dust”.
Essa última é simplesmente a canção
mais conhecida dos Banshees e trata da explosão do Vulcão
Vesúvio em Pompéia (Itália). Também
fizeram uma participação no filme Out Of Bonds
- Chuva de Chumbo cantando "Cities In Dust". Entretanto,
apesar do sucesso que a música alcançou atingindo
pela primeira vez o Top 100 americano (88), durante a turnê
internacional do álbum (que chegou inclusive a passar pelo
Brasil em shows realizados em novembro em São Paulo, em
Santos e no Rio), Siouxsie sofreu uma lesão no joelho,
machucou as costas e ainda se estressou bastante em brigas com
o marido, tendo freqüentes ataques de ciúme. Tudo
isso contribuiu para azedar um pouco o clima na banda.
Lançam em 1987 um álbum só de covers chamado
Through The Looking Glass, que funcionaria como uma espécie
de “refresco” para a banda aparar as arestas. Se destacam
nesse trabalho as faixas "Hall of Mirrors" do Kraftwerk,
"The Passenger" de Iggy Pop, "You're Lost Little
Girl" do Doors e "This Wheel's on Fire" de Bob
Dylan, além de "Dear Prudence" que já
havia sido lançada em álbum anterior (Hyaenna).
Após o lançamento de Through The Looking
Glass, Carruthers deixa o grupo. Os álbuns seguintes
da banda seriam marcados por uma mudança gradual de estilo
rumo a um som cada vez mais pop e dançante.
Peepshow
lançado em 1988 conta com a presença do músico
e tecladista Martin McCarrick (da banda Soft Cell de Marc Almond)
e do guitarrista Jon Klein (ex-Specimen, substituindo Carruthers).
Este trabalho mostrava bem as novas tendências do grupo
trazendo faixas dançantes e um toque eletrônico,
um bom exemplo disso é a quase tecno “Peek-a-boo”
(primeira música da banda a entrar na parada de singles
americana), que também assustou os fãs mais radicais
por ser quase um rap.
Siouxsie disse à época
do lançamento que o grupo só ouvia música
negra, artistas como Prince e nomes do hip-hop e rap há
vários anos e que decidiram mostrar esse seu lado em um
trabalho. Depois do lançamento de Peepshow, a banda
ficaria três anos sem lançar um álbum, tendo
como exceção a esse exílio apenas o lançamento
do segundo álbum dos Creatures (Siouxsie & Budgie)
chamado Boomerang em 1989. No mesmo ano apresentam-se na
primeira edição do Lollapalooza e sendo muito bem
recebidos pelo público, já que eram os únicos
ingleses do festival.
Em
1991 depois de um “longo e tenebroso inverno” voltam
com um álbum ainda mais pop e dançante, Superstition,
que chegou a entrar na Bilboard e causou muita controvérsia
entre os fãs. Esse é sem dúvida um álbum
controverso, mas muito bom. Traz como destaque as faixas Shadowtime"
e “Kiss them for me”, que não é de maneira
nenhuma uma faixa típica da banda, com seu teclado estilo
New Order e guitarra funky, fala de piscinas construídas
em forma de coração(!!!) e belezas clássicas,
chupa até um pedacinho de “Groovy Train” do
Farm. Ainda por cima o álbum foi produzido por Stephen
Hague (responsável por ótimos trabalhos dos Pet
Shop Boys e alguns do New Order). Entretanto, nem tudo é
cor de rosa e dançante em Superstition. O álbum
é praticamente temático e foi inspirado no acidente
automobilístico que decepou Jayne Mansfield depois que
um satanista amaldiçoou o namorado dela.
O enredo da história
é na verdade bastante mórbido tanto que até
hoje acreditasse que a antiga casa de Jayne, o famoso Pink Palace
guarda uma maldição (Ringo Starr não quis
saber do lugar e Mama Cass do The Mamas and Papas morreu lá
sufocada no próprio vômito). É muita superstição
para um lugar só... Superstition também fala
de obsessão, fobia e falência sentimental. Com um
pé no eurodisco e outro no tecnopop é talvez um
dos trabalhos mais injustiçados dos Banshees, alcançou
sucesso, mas é execrado pelos fãs de carteirinha
da banda.
A
partir da capa rosa, com Siouxsie vestida de amarelo, e uma maquiagem
leve, talvez tentando afirmar que não precisava se fantasiar
para mostrar que possuía uma identidade única no
rock. Ainda em 91 é realizado o casamento oficial de Siouxsie
e Budgie.
Gravaram ainda o single "Face to Face", que fez parte
da trilha sonora do filme "Batman o Retorno". Esta música
entrou, junto com uma regravação de "Overground"
e "Killing Jar", uma versão ao vivo de "The
Last Beat of My Heart", um remix de "Fear (Of The Unknown)"
e a música inédita "Fireworks", entre
outros singles, além do Lados B, na segunda coletânea
da banda chamada Twice Upon a Time (1992) que ilustra perfeitamente
a fase mais pop da banda.
Em
1995, depois de mais um tempo parados lançam seu último
álbum Rapture que contou com a produção
de John Cale.
O lançamento foi mais
uma vez seguido por uma grande turnê internacional, que
pela segunda vez brindou os fãs brasileiros com uma série
de shows durante o mês de maio. Particularmente, em São
Paulo, fizeram dois shows no Olympia, sendo um deles no aniversário
de Siouxsie. Entram como destaque do disco as faixas "O Baby",
"Stargazer" e "The Double Life". Algumas faixas
do disco, como "Sick Child" e "New Skin" fizeram
parte respectivamente da trilha sonora dos filmes The Craft
e Showgirls.
Em 1996 decidem encerrar as
atividades após 20 anos de estrada. Coincidentemente o
fim dos Siouxsie and The Banshees haveria a volta dos Sex Pistols
e no comunicado em que declaram o fim da banda Siouxsie afirma:
“Como a 'indústria musical' prepara-se para reviver
os primeiros anos do 'punk', quando confundiam os oportunistas
com os protagonistas e assinavam contrato com qualquer coisa com
um alfinete de fralda que pudesse cuspir, Siouxsie and The Banshees
gostariam de dizer Obrigado e Adeus.”
E assim termina a saga de uma
das bandas mais duradouras do universo gótico... Entretanto,
esse não é exatamente o fim ainda mais se levarmos
em conta que Siouxsie e Budgie continuaram (e continuam) com seu
projeto Creatures, antes apenas uma banda paralela.
Tendo
lançado uma série de trabalhos regulares nos últimos
anos, entretanto nada que se compare aos melhores tempos dos Banshees.
Severin desenvolveu alguns projetos solo, como a trilha sonora
do filme Visions of Ecstacy além de participações
em outras bandas. Além do The Creatures, Siouxsie gravou
a faixa “Interlude” com Morrissey, ex-vocalista dos
Smiths e fez outras participações nos discos de
Marc Almond e David Bowie. Relembrando os tempos em que era manequim-viva
da loja de Vivienne Westwood, Siouxsie chegou até mesmo
a participar em 1998 de um desfile de Jean Paul Gaultier.
Entrento
quando menos se esperava a banda ressurge para uma breve e inesperada
aparição. O mesmo se deu em abril de 2002 em Londres,
quando a banda fez uma pequena turnê intitulada "7
Year Itch tour", que contou com a seguinte formação:
Siouxsie Sioux, vocalista (evidentemente), o baixista Steve Severin,
o guitarrista Chandler Knox e o baterista Budgie.
O nome da turnê faz alusão
aos sete anos de separação da banda e teve como
fruto o lançamento simultâneo de um CD e um DVD com
gravações ao vivo. O CD também intitulado
Seven Years Itch, traz 14 músicas retiradas do mesmo
show e o grande destaque é a cover dos Beatles, "Blue
Jay Way", e os grandes hits, como "Peek-a-boo",
"Voodoo Dolly", "Lands Ends", "Jigsaw
Feeling", "Trust In Me", entre outras. O DVD traz
17 faixas, 4 músicas diferentes a edição
em CD, entre as quais estão "Cities In Dusty",
"Christine", "Happy House" e Spellbound".
Já o CD traz a faixa "Trust In Me", que não
consta no DVD. As gravações foram feitas durante
show no The Shepherds Bush Empire, em Julho de 2002, em Londres.
Apesar do sucesso da turnê que contou com bilheteria esgotada
em todas as apresentações, a reunião da banda
foi mesmo passageira, e não há previsão alguma
de novo retorno ou de algum disco com gravações
inéditas.
Em outras palavras quem pode aproveitou. Para ficar de olho na
possibilidade de um novo retorno o jeito é visitar o site
do projeto musical de Siouxsie e Budgie e ver se aparece alguma
novidade.
O endereço do Creatures é http://www.thecreatures.com/.
Há ainda promessas de que em breve será lançada
a primeira biografia oficial do Siouxsie and the Banshees. Atualmente
Siouxsie e seu marido e parceiro musical Budgie, vivem na região
francesa de Lot com seus três gatos e continuam a desenvolver
seu projeto musical.
Discografia
The Scream (1978)
Join Hands (1979)
Kaleidoscope (1980)
Juju (1981)
Once Upon a Time (1981)
A Kiss In The Dream House (1982)
Nocturne (1983)
Hyaena (1984)
Tinderbox (1986)
Through The Looking Glass (1987)
Peepshow (1988)
Superstition (1991)
Peel Sessions (1991)
Twice Upon a Time (1992)
Rapture (1995)
Seven Year Itch (2002)
The Best of Siouxsie and the Banshees (2002)
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