parceria com
Beatrix Algrave
Join Hands é
uma extensão natural e uma evolução a The
Scream e começa a formar a personalidade do grupo, que
vai se distanciando dos contemporâneos. Embora mantenha
a raiz punk, os Banshees não soam raivosos ou políticos
como o Clash, Jam, Buzzcocks... Ao invés disso, vão
construindo uma obra mais pessoal, mais densa.
Após
o lançameto de The Scream, o grupo saiu
em uma grande turnê e logo se tornou uma das estrelas de
um movimento posterior ao puk, que a imprensa britânica
batizou de cold wave, post-punk etc...
Os Banshees eram colocados
ao lado de outros nomes emergentes, casos de Cabaret Voltaire,
The Cure (Robert Smith tem uma longa e intricada ligação
com os Banshees) e se tornaram modelos para novos nomes, casos
do Joy Division.
A diferença dos
Banshees para eles, é que já rumavam ao estrelato,
vendo a base de fãs crescendo, graças às
ótimas performances ao vivo, particularmente ao carisma
de Siouxsie Sioux.
Sem a pressão de
uma grande gravadora, o grupo se sentia livre para fazer um disco
mais ousado do que o álbum de estréia. Siouxsie
não era mais uma simples cantora. Com sua beleza enigmática,
sua performance sensual e suas ótimas letras, começou
a se tornar modelo para os jovens britânicos. Nada mais
comum do que ver centenas de clones da cantora nas apresentações.
Embora não fossem
pressionados pela Polydor, segundo o baixista Stevenn Severin,
o selo perguntou quando a banda começaria as gravações
de um novo disco. "Começamos a trabalhar dobrado,
já que as novas músicas eram feitas durante os shows."
Ao mesmo tempo, o grupo
ganhava uma consistência natural pelo tempo de convivência.
As gravações de Join Hands, no
entanto, não foram fáceis. Insatisfeitos com o produtor
Mike Stravou. A chegada de Stavrou marca o início do rompimento
interno.
Enquanto o empresário
Nils Stevenson conseguia integrar o ex-engenheiro de Marc Bolan
com Siouxsie e Severin, Kenny Morris e John McKay eram isolados
dentro da banda.
Siouxsie sonhava em ter
John Cale como produtor, mas ele estava ocupado com o novo disco
do Squeeze e acabou aceitando Stavrou, masis por ter trabalhado
com um de seus ídolos.
"A nossa vida se tornou
dura com ele, já que era um merda, um verdadeiro chato",
confessa Morris. E segundo o baterista, outro problema foi a capa
do disco. "Sequer fomos consultados pelos demais para a aprovação
dela", chiou Morris.
Severin
concorda que os dois ex-companheiros foram isolados aos poucos
por ele e Siouxsie. "Sim, fizemos isso, na verdade. Na pressa,
simplesmente nos esquecíamos dos dois. E isso os magoou."
O grupo começou
a tocar as novas canções nos shows e quando gravaram
o novo LP, em maio e junho de 1979, já tinham uma base
bem sólida do que queriam.
Em setembro é editado
Join Hands, recebido com espanto e críticas
maravilhadas.
Um disco bem mais opressivo,
denso e com uma longa e definitiva versão de "The
Lords Prayer", a canção que a banda debutou
no 100 Club Punk Festival, em setembro de 1976.
"Fizemos uma versão
que consideramos definitiva para não ter mais que tocá-la
em shows", confessa Severin.
O disco chegou ao 13º
lugar da parada britânica - The Scream
foi o 12º - e mostrava uma grande evolução
ao antecessor.
O LP trazia as seguintes
faixas:
Lado A
1. "Poppy Day"
2. "Regal Zone"
3. "Placebo Effect"
4. "Icon"
5. "Premature Burial"
Lado B
1. "Playground Twist"
2. "Mother" (lyrics by Sioux) / "Oh Mein Papa"
(John Turner, Geoffrey Parsons, Paul Burkhard)
3. "The Lords Prayer" (Traditional, arrangement by Siouxsie
& the Banshees)
Ao
ser editado em CD, trazia duas faixas extras:
9. "Love in a Void" (7"
AA-Side)
10. "Infantry" (Unreleased track)
Musicalmente, o grupo se
mostrava mais rico, com McKay tocando sax em "Regal Zone.
O novo trabalho trazia algumas composições pessoais,
como "Mother", que Siouxsie escreveu pensando em sua
mãe.
A canção
traz, ao fundo, um som de caixinha musical e mostra a relação
que tinha com ela. "Eu a amava profundamente, mas às
vezes ela tínhamos discussões homéricas e
eu ficava louca com isso, e a chamava pelo primeiro nome.
"Premature Burial"
era inspirada em Edgar Allan Poe. Playground Twist
foi o único compacto extraído do disco.
A estrada era o caminho
natural após o lançamento. A excursão, porém,
se mostraria traumática. Irritados com a cantora e com
Severin, McKay e Morris se isolaram cada vez mais, o que já
acontecia antes mesmo de se iniciarem as gravações.
Siouxsie reclamava cada
vez mais dos dois: "eles pareciam duas velhas. Tudo era ruim,
tudo era motivo para reclamações. Participavam cada
vez menos da vida do grupo, enquanto eu e Steven tínhamos
toda a pressão. Simplesmente se omitiam."
O
ápice da briga aconteceu em Aberdeen, Escócia, no
dia 7 de setembro. Após uma discussão em uma loja
de discos de nome The Other Record, voltaram para o hotel e pegaram
o primeiro trem de volta à Londres.
Siouxsie e Steven não
acreditaram no que eles tinham feito: "eles tiveram a cara-de-pau
de simplesmente se mandarem, sem pensar nas conseqüências
e que tínhamos lutado juntos, durantes três anos.
Em um momento de ódio, se mandaram e nos deixaram com vários
shows marcados no início de uma turnê", revoltou-se
Siouxsie.
A salvação
foi apelar para a banda que abria os shows do grupo, um trio novato
de nome The Cure. Robert Smith acabou sendo o guitarrista e para
a bateria contrataram um músico, de nome Budgie.
E, desse caos, nasceria
outro trabalho primoroso, Kaleidoscope. Mas isso
é papo para outro dia. Um abraço e até a
próxima coluna.
Discografia
Singles
"Hong Kong Garden" (1978)
"The Staircase (Mystery)" (1978)
"Playground Twist" (1979)
"Mittageisen (Metal Postcard)" (1979)
'Happy House" (1980)
"Christine" (1980)
"Israel" (1980)
"Spellbound" (1981)
"Arabian Knights" (1981)
"Fireworks" (1982)
"Slowdive" (1982)
"Melt!" (1982)
"Dear Prudence" (1983)
"Swimming Horses" (1983)
"Dazzle" (1984)
"Overground" (1984)
"Cities in Dust" (1985)
"Candyman" (1986)
"This Wheel's on Fire" (1986)
"The Passenger" (1987)
"Song from the Edge of the World" (1987)
"Peek-a-Boo" (1988)
"The Killing Jar" (1988)
"The Last Beat of My Heart" (1988)
"Kiss Them for Me" (1991)
"Shadowtime" (1991)
"Fear (of the Unknown)" (1991)
"Face to Face" (1992)
"O Baby" (1995)
"Stargazer" (1995)
Discos e CDs
The Scream (1978)
Join Hands (1979)
Kaleidoscope (1980)
Juju (1981)
Once Upon a Time (1981)
A Kiss In The Dreamhouse (1982)
Nocturne (1983)
Hyaena (1984)
Tinderbox (1986)
Through The Looking Glass (1987)
Peepshow (1988)
Superstition (1991)
Peel Sessions (1991)
Twice Upon a Time (1992)
Rapture (1995)
The Best of Siouxsie and the Banshees (2002)
Seven Year Itch (2003)
Downside Up (Box, 2004)
At the BBC (2009) |