A banda mais amada e odiada do planeta
na década de 80 atravessou um período de extrema
turbulência interna, em parte devido aos jogos que Morrissey
e Marr arquitetavam com seus empresários e com a Rough
Trade, que irritada, processou o grupo. A crise tomou conta quando
os dois resolveram expulsar Andy Rourke por problemas com a heroína
e convidaram Craig Gannon para seu lugar. O grupo partiu para
a gravação do belo e maduro The Queen is Dead, e
para as tumultuadas excursões pela América, especialmente
à segunda, quando Johnny Marr começou a beber compulsivamente
e escapou da morte, em um acidente de carro, por milagre. Veja
como tudo isso aconteceu...
Eu sei que já
falei desse disco anos atrás, mas como resolvi fazer uma
biografia completa sobre os Smiths e aquele texto sempre me desagradou
por ser muito tosco, faço, pela primeira vez, duas colunas
sobre um mesmo disco, e desta vez, bem mais completo.
Após
encerrada as sessões de Meat is Murder,
os integrantes resolveram cuidar de seus afazeres pessoais. Enquanto
Morrissey pouco saía, a não ser com Lloyd Cole,
Howard Devoto ou visitava Sandie Shaw, Johnny levava uma vida
totalmente diferente.
Amante de festas noturnas
e de reuniões em sua casa, o guitarrista simplesmente adorava
receber pessoas em sua casa e ser tratado como um herói
por seus amigos ou pelos admiradores.
Mas Marr também
resolveu cuidar de sua mãe, seguindo o exemplo do vocalista,
e incentivou-a a abrir uma auto-escola, que foi batizada de FM
(Frances Maher), na qual ele bancaria todos os custos iniciais
para ela. Porém, os momentos de calmaria eram poucos e
os problemas para os Smiths estavam longe de terminar, pelo contrário,
só faziam aumentar. Primeiro foi Phil Cowie, ex-empresário
da banda, e que organizou a primeira excursão do grupo
européia, em 1984, a reclamar que os Smiths lhe deviam
dinheiro.
Ironicamente, Marr disse
que Phil é que deveria indenizá-los pela catástrofe
que a mesma havia sido. Como Morrissey e Marr constantemente mudavam
os números de telefones para escapar ao assédio
dos fãs e dos jornalistas, Cowie acabou acionando o grupo
judicialmente para receber sua grana, o que de fato, ocorreu.
Scott Piering, o atual
empresário da banda, lamentou pelo ocorrido e comentou,
irritado, que tudo poderia ter sido evitado se a dupla de compositores
fosse mais flexível e descentralizasse mais as decisões.
"O problema é que tanto Johnny como Morrissey simplesmente
não quiseram fazer um acordo com Phil, e a coisa toda ficou
fora de controle. Não havia um controle do dinheiro",
desabafou Scott.
Mas essa era apenas a primeira
pedra no caminho do grupo: um velho companheiro do grupo e grande
incentivador da banda, Joe Moss, foi conversar com Johnny, com
quem sempre mantivera uma relação quase paternal,
sobre um débito. Joe alegava que havia gasto mais de 6
mil libras em amplificadores e equipamentos quando o grupo ainda
engatinhava e que, passado três anos, tivera muito trabalho
para saldar tais dívidas e gostaria de ser ressarcido.
Primeiro, Joe tentou falar
com Marr, mas como não o achava, apelou para os diretores
da Rough Trade, que simplesmente o ignoraram. Moss alegava que
não queria nada a mais do ele que havia gasto. A pendenga
acabou se arrastando e quando algumas pessoas viram que um novo
processo poderia acontecer, Joe Moss simplesmente negou o fato,
com uma explicação: "eu sempre tive muito carinho
por Johnny que vivia me chamando de 'pai' e esperava que agora
ele se dignasse a me atender e resolver algo tão simples.
Tudo que ele precisava fazer era assinar um cheque com a quantia
e tudo estaria resolvido. Quando alguns me diziam para procurar
Morrissey, disse que não faria isso porque eu não
tinha nenhuma ligação com ele. Fiquei muito chateado
quando Johnny simplesmente começou a me evitar. Ele foi
o vilão de tudo, e não Morrissey."
O que Moss estava tentando
dizer e que já era mais ou menos explícito é
que os problemas financeiros começavam a perturbar o grupo.
Os dois até tentaram recrutar Moss novamente para trabalhar
com os Smiths, mas ele recusou. Marr admite que o episódio
manchou a amizade entre os dois, mas confessa que quando o grupo
se separou, em 1987, ele pessoalmente procurou Joe para reparar
o erro e pagou não apenas as 6 mil libras devidas, como
também o custo de despesas no começo da carreira.
"Era o mínimo que eu poderia fazer com quem nos ajudou
tanto", confessa o guitarrista.
A dupla de compositores
sempre foi extremamente fria e evasiva sobre questões financeiras,
mesmo com os demais membros da banda, o baixista Andy Rourke e
o baterista Mike Joyce. Marr havia combinado com os dois que eles
receberiam um dinheiro extra sobre as canções, mesmo
não assinando as composições, o que na verdade,
não ocorria.
Marr alegava que eles não
tinham feito todo o trabalho estressante de negociar com a gravadora
e com os empresários e que quando encerravam suas partes
nas gravações das canções iam embora
tranqüilamente para casa, enquanto ele e Morrissey ainda
ficavam horas e horas trabalhando sem parar. "Desde o início
Mike e Andy sabiam que jamais receberiam 25%, cada um, dentro
do grupo", argumentava, furioso.
Joyce
alegou que era realmente ingênuo à época,
a ponto de nunca sonhar em procurar um contador para saber como
estavam as contas da banda e o que lhe era devido. "Na única
vez em que fiz isso foi quando fui olhar meu saldo e vi que não
havia quase dinheiro. Tentei me acalmar e pedi para uma pessoa
contatar o departamento financeiro da gravadora e os contadores
do grupo para saber o que estava se passando. Dois dias depois,
Morrissey me ligou furioso perguntando o motivo de eu ter feito
isso, me chamando de traidor, pois parecia que eu estava desconfiando
dele e de Johnny. Tudo que queria era algum dinheiro, porque,
eu trabalhava nas músicas tanto quanto eles, embora não
assinasse como compositor."
Um exemplo disso foi a
assinatura de Morrissey e Marr com a Sire Records, um selo do
grupo Warner, sem avisar os demais integrantes ou mesmo a Rough
Trade. "Eu fiquei furioso com aquilo porque nós quatro
éramos os Smiths. Eu tocava na banda, ia às festas
para receber os discos de ouro, mas na hora de assinar um contrato,
legalmente eu e Andy não existíamos. Tudo girava
em cima dos dois", explicou.
A relação
com a gravadora já era tensa e piorou consideravelmente
na mini-excursão européia que havia sido agendada
para os Smiths. Ainda no aeroporto de Heathrow, em Londres, Morrissey
discutiu com os diretores da Rough Trade avisando que não
participaria de um programa televisivo na Itália, que,
a muito custo, os diretores haviam conseguido. Mesmo assim, o
grupo partiu para sua excursão e foram para a Itália,
como havia sido planejado.
Participaram dos ensaios
do programa sem nenhum incidente, mas minutos antes do programa
começar anunciaram que não iriam ao ar, alegando
que o mesmo era um show apelativo, de baixa qualidade e que se
recusavam a fazer parte disso. O incidente caiu como uma bomba
e os italianos prometeram que nunca mais um artista inglês
seria chamado para o evento, causando um terrível problema
para a Rough Trade.
Outro problema aconteceu
em um show em San Sebastian, na Espanha. Quando a equipe chegou
para verificar as condições técnicas para
o show, descobriu que nada daquilo que havia sido pedido fora
cumprido.
Para piorar, o empresário
que havia fechado o contrato, estava bancando a babá para
o New Order, ao invés de cuidar dos Smiths. O caos aumentou
quando os fãs, que chegavam de várias partes da
Europa, berravam e exigiam entrar no local do show. Alheios à
tudo isso, o grupo permaneceu impassível no hotel, enquanto
a confusão tomava conta do local.
Irritados
com tanta displicência, a Rough Trade chamou Scott Piering
e exigiu que o empresário tomasse alguma providência.
Piering sabia que a tarefa seria quase impossível de ser
contornada, pois Morrissey e Marr simplesmente não davam
brechas.
A Warner, que havia feito
um acordo com a Rough, exigia uma excursão pela América
e um posicionamento sobre quais singles seriam lançados,
mas eles mesmos não conseguiam uma resposta. "Tudo
que Morrissey e Marr queriam era receber seu dinheiro e deixar
a parte pesada comigo e com a gravadora. Quando falei da pressão
da Warner, tudo que ouvi foi que a mantivesse longe deles."
Piering reclamava que era
um empresário apenas no papel, já que não
tinha liberdade de tomar decisões sobre nada: "eu
não conseguia impor minhas vontades, marcar shows, não
tinha nenhum poder de decisão comercial, não cuidava
do dinheiro e nem era consultado sobre a parte de criação.
Na verdade, eu era apenas um mero funcionário." Piering
acabou largando tudo e Matthew Sztumpf, que cuidava de outra grade
banda inglesa, Madness, foi contratado para seu lugar.
A
primeira missão de Matthew, e que ele aceitou, foi agendar
os shows da turnê pela América, mesmo sem assinar
um contrato. "Minha política é primeiro ver
o que pode ser feito, e se é viável. Acontecendo
isso, coloco tudo no papel e assinamos um acordo", explicou
quando foi anunciado como o novo encarregado de cuidar dos negócios
da banda.
O primeiro show da banda
aconteceu em Chicago, e nele Morrissey fez um pedido um tanto
quanto estranho: exigia que o show de abertura fosse feito por
um grupo de drag queens. O público se sentiu insultado
com a idéia e começou a atirar latas em cima do
palco e a idéia foi logo abortada, embora o cantor tenha
se deliciado com a idéia em chocar a audiência. Os
shows da Costa-Oeste foram abertos pelo conterrâneo Billy
Bragg. Mas a banda ainda voltaria a aprontar...
Ao se apresentarem no Beacon
Theater, em Nova York, Seymour Stein, presidente da Sire, foi
avisado que o cantor havia retirado seu nome da lista de convidados
e que ele não era benvindo ao show.
A turnê continou
com excelente acolhida do público, e, em Los Angeles, Morrissey
foi convidado pelo mesmo Stein para almoçar no luxuoso
restaurante Ivy. O cantor aceitou o convite. No meio do almoço,
Stein agarrou o cantor Paul Simon e o arrastou a mesa, para mostrá-lo
ao "grande compositor inglês do momento". Morrissey
gelou, pois odiava Simon e temeu ter que fazer um dueto ali mesmo.
Stein, que sabia disso, se divertiu com a cena e sentiu-se vingado.
No
mês de junho, Johnny acabou oficializando seu relacionamento
com Angie Brown e os dois se casaram em São Francisco.
No dia seguinte já estavam tocando em Oakland, continuando
a série de apresentações pelos Estados Unidos.
A excursão terminou
de maneira mais do que satisfatória e o grupo começou
a preparar novas composições. Joyce, no entanto,
ainda estava infeliz com a sua situação dentro da
banda e conversou com Andy sobre tentarem um novo acordo, dentro
da própria banda, sem envolver a gravadora. Mas tudo que
ouviu novamente foi um "vocês não confiam em
nós, acha que seríamos capazes de uma traição?",
por parte de Morrissey, e recuou.
Na verdade, tanto ele como
Andy temiam a posição claramente desfavorável
que tinham dentro dos Smiths. Nessa parte já corriam rumores
de que os Smiths deixariam a Rough Trade e assinariam com outro
selo, o que era negado pelos dois lados. Mas a relação
acabaria se complicando quando, mais uma vez, Morrissey negou-se
a participar de outro programa de televisão, desta vez
o Wagon, da BBC, mesmo o grupo tendo viajado para Londres apenas
para o evento.
Para piorar, o cantor deu
uma entrevista para o semanário Record Mirror dizendo
que estava cansado de trabalhar 24 horas por dias, sete dias por
semana e continuar pobre.
A Rough Trade acabou se revoltando porque o cantor obviamente
estava distorcendo os fatos. Primeiro, eles recebiam 23% de royalties,
enquanto que, se assinassem com um grande selo, o valor cairia
para apenas 11%.
Além disso, o grupo
e o selo haviam feito um acordo de dividirem ao meio os dividendos
e tanto Morrissey, como Marr, possuíam vários imóveis
e a situação financeira dos dois estava muito longe
de ser ruim.
Para
acalmar, o grupo lançou em agosto, um novo single com a
canção "The Boy With The Thorn in His Side",
que trazia uma foto do escritor Truman Capote na capa.
Apesar de ser uma canção
extremamente pop e acessível, alcançou apenas a
23ª posição nas paradas. (vale ressaltar que
a versão em 12 polegadas do mesmo foi o primeiro lançamento
da banda no Brasil).
Logo depois, a banda partiu para alguns shows agendados na Escócia.
A insatisfação dos Smiths com a Trade era evidente
e após um show com os Easterhouse, em Glasgow, Marr conversou
com o empresário dos Easterhouse, John Barratt, aconselhando-o
a tomar muito cuidado com Geoff Travis e não assinar um
contrato com a Rough Trade.
Quando
Geoff soube do ocorrido, ficou furioso, mas esperou o momento
certo. Após a banda terminar as gravações
de um novo disco, Geoff avisou que o mesmo teria seu lançamento
retardado e que estava entrando na justiça para impedir
que o grupo rompesse o contrato e assinasse com qualquer outro
selo. E a banda já havia se comprometido com outra gravadora,
que depois revelariam ser a EMI...
Quando a Rough Trade anunciou
o esfriamento das relações com a banda, Marr foi
o que mais sentiu. O guitarrista mais uma vez tinha assumido o
papel de produtor do disco The Queen Is Dead
e a notícia o devastou: "fiquei dias em casa trancado,
sentado, totalmente deprimido, sem ação. Emagreci,
ficando muito magro e com uma aparência asquerosa. Por causa
dos Smiths eu tinha me tornado uma pessoa hiperativa, e sempre
fui o oposto disso."
Já que não
podiam gravar nada e estavam parados, foram convidados por Billy
Bragg a participarem da Red Wedge Tour. Os Smiths tocaram,
mas sem nenhum entusiasmo. Na semana seguinte, a banda participaria
de um evento em Manchester, ao lado do New Order e do The Fall
em um festival chamado From Manchester With Love. Mas
o desprezo deles era tão grande que nenhum membro dos Smiths
sequer compareceu à entrevista coletiva.
A
banda seguiu então para uma tour pela Irlanda, país
que sempre teve grande adoração pelos Smiths.
As coisas começaram
a pesar quando no show marcado para o National Stadium, em Dublin,
perceberam que o baixista Andy Rourke estava muito mal. Apesar
do grupo já tê-lo prevenido sobre uma possível
demissão se insistisse com as drogas, Andy continuava a
usá-las.
Mike Joyce lembra que o
amigo estava completamente distraído durante as apresentações,
além de comportar-se de uma forma um tanto rabugenta quando
estavam juntos. "De repente ele ficava fora do tempo, esquecia
as notas e quando tentávamos conversar, ele saía
de perto."
Isso
acabou piorando a situação para Marr, pois os dois
eram amigos de longa data, desde quando tocavam no White Dice,
por volta de 1980.
Marr conta que Andy simplesmente
não tinha condições mais de tocar, por causa
do abuso da heroína. E, com muita tristeza e mágoa,
chamou Morrissey e combinaram que os dois dariam a notícia
a Andy de que ele estava fora dos Smiths. O baixista levou um
choque ao ser avisado, mas permaneceu calmo e aceitou com certa
resignação.
Para contornar a situação,
Marr saiu atrás de um baixista e acabou convidando um guitarrista
chamado Craig Gannon, que já havia tocado com o Aztec Camera,
Bluebells e estava no Colourfield. Craig recebeu o convite, mas
foi avisado que, à princípio, seria o baixista.
Todavia, Johnny tinha esperanças em poder contar com a
volta de Andy e dar a Gannon o posto de segundo-guitarrista, o
que daria mais poder às canções da banda.
Uma
semana depois, Andy foi preso por posse de heroína. Marr
ficou convencido de que a melhor maneira de ajudar o amigo, seria
reintegrá-lo ao grupo e tentar curá-lo da dependência
química, afinal Rourke era um colega precioso e excelente
músico.
O susto de ter sido demitido
e a prisão fizeram Andy ver que uma cura era mais do necessária.
Morrissey foi o que mais se mostrou receptivo e declarou: "muitos
dizem que sou um cara frio, mas na verdade eu queria ajudá-lo.
Não mandei ele cair fora e quando percebemos que demiti-lo
não tinha sido a decisão correta, simplesmente oferecemos
nossa ajuda." Com Andy e Gannon, os Smiths agora eram um
quinteto e Marr poderia, finalmente, contar com um guitarrista-base.
Com esse problema resolvido,
restava outro agora e maior: tentar uma reaproximação
com a Rough Trade. O disco corria o risco de não ser lançado
e uma longa e tenebrosa briga judicial avizinhava-se.
Travis mostrava-se duro
com a banda, mas a situação começou a melhorar
quando ele ofereceu um adiantamento financeiro e reduziu o tempo
de contrato com os Smiths. Ao invés de dois discos, o grupo
devia apenas mais um, desde que esse não fosse uma coletânea
ou um gravado ao vivo, excetuando-se, obviamente The Queen
Is Dead, que já estava pronto. Depois
disso, estariam livres para juntarem-se ao cast da EMI.
Após tudo acertado, Morrissey despediu Matthew Sztumpf,
para surpresa do empresário e colocou Martha Defoe em seu
lugar.
O
meio do ano já chegava quando a banda resolveu que estava
mais do que na hora de lançarem um novo single e assim
soltam em maio, "Bigmouth Strikes Again".
A canção,
cheia de imagens violentas, era (ainda que ele negasse) uma resposta
à Thatcher. Como maior curiosidade, uma certa Ann Coats
fazia um inesperado backing vocal. Na verdade, os backing foram
feitos por Morrissey, que apenas inventou o nome. Veja a letra
da canção...
Bigmouth Strikes
Again
Sweetness, sweetness
I was only joking
When I said I'd like to smash every tooth
In your head
Oh ... sweetness,
sweetness, I was only joking
When I said by rights you should be
Bludgeoned in your bed
And now I know
how Joan of Arc felt
Now I know how Joan of Arc felt
As the flames rose to her roman nose
And her Walkman started to melt
Oh ...
Bigmouth, la ...
bigmouth, la ...
Bigmouth strikes again
And I've got no right to take my place
With the Human race
Oh, bigmouth, la
... bigmouth, la
Bigmouth strikes again
And I've got no right to take my place
With the Human race
And now I know
how Joan of Arc felt
Now I know how Joan of Arc felt
As the flames rose to her roman nose
And her hearing aid started to melt
Bigmouth, la ...
bigmouth, la ...
Bigmouth strikes again
And I've got no right to take my place
With the Human race
Oh ...
Bigmouth, oh ...
bigmouth, la ...
Bigmouth strikes again
And I've got no right to take my place
With the Human race
Oh ...
Bigmouth, oh ...
bigmouth, la ...
Bigmouth strikes again
And I've got no right to take my place
With the Human race
Oh ...
Bigmouth, oh ...
bigmouth, la ...
Bigmouth strikes again
And I've got no right to take my place
With the Human race
Oh ...
No
mês seguinte, em junho, finalmente é lançado
The Queen Is Dead.
O disco, que roubou o título
do livro Last Exit to Brooklyn, de Hubert Shelby,
era a prova da excelência. Considerado o mais maduro, trabalhado
e com as letras mais cínicas que Morrissey até então
produzira, atingiu o segundo lugar nas paradas, encobrindo a tímida
repercussão de "Bigmouth..." nas paradas de single.
Marr conta que Morrissey queria colocar a canção
"Take Me Back to The Old Blightly" no disco, mas não
tinha idéia de como fazer: "simplesmente coloquei
um monte de feedback enquanto Mike tocava sua bateria. Andy
começou então a dedilhar uma linha fantástica
de baixo, a melhor que já fez em, minha opinião,
e tudo parecia fluir como mágica. Quando mostrei ao pessoal,
disse que queria fazer algumas alterações, mas eles
estavam tão excitados com a canção, que mandaram
não mexer."
O disco trazia os dois
últimos singles da banda, "The Boy With The Thorn
In His Side" e "Bigmouth Strikes Again" e a banda
concordou em fazer vídeos para as mesmas. E, pelo menos,
a de "Bigmouth..." possui uma certa importância
histórica, pois é uma das raras imagens em que podemos
ver o grupo como um quinteto, com Gannon na guitarra-base. O disco
também trazia uma das canções mais tristes
já escritas pelo grupo, "I Know It's Over".
Mas ainda havia grandes
canções, como a sensacional "There Is A Light
That Never Goes Out", uma exagerada história de amor
e morte, lindamente ornadas por um arranjo de cordas orquestrado
por Marr.
Veja a letra da música...
Take me out tonight
Where there's music and there's people
Who are young and alive
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one
Anymore
Take me out tonight
Because I want to see people and I
Want to see lights
Driving in your car
Oh, please don't drop me home
Because it's not my home, it's their
Home, and I'm welcome no more
And if a double-decker
bus
Crashes into us
To die by your side
such a heavenly way to die
And if a ten ton truck
Kills the both of us
To die by your side
the pleasure and the the privilege is mine
Take me out tonight
Take me anywhere, I don't care
And in the darkened underpass
I thought Oh God, my chance has come at last
(But then a strange fear gripped me and I
Just couldn't ask)
Take me out tonight
Oh, take me anywhere, I don't care
Just driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one, da ...
Oh, I haven't got one
And if a double-decker
bus
Crashes into us
To die by your side
such a heavenly way to die
And if a ten ton truck
Kills the both of us
To die by your side
the pleasure and the the privilege is mine
Oh, There Is A
Light That Never Goes Out...
O
disco foi unanimente aclamado e escolhido entre os 100 mais importantes
da história. Partiram para uma série de shows em
Glasgow, Newcastle e Manchester, ao lado do Fall e New Order.
A apresentação mais famosa era na cidade-natal da
banda, onde ocorreu no "Festival Of The Tenth Summer",
comemorando os 10 anos da explosão do movimento punk e
que Vini Reilly, guitarrista e líder do Durutti Column
dedicou ao falecido cantor Ian Curtis, da extinta banda Joy Division.
Nesse dia, Marr vomitou
copiosamente, em parte pela presença do diretor Derek Jarman,
de quem era fã e por estar terrivelmente estressado com
os últimos incidentes envolvendo os Smiths. A banda então
acabara de lançar um novo single, que curiosamente seria
o maior sucesso da carreira da banda: "Panic".
A canção
nasceu mais precisamente no dia 26 de abril quando Morrissey e
Marr ouviam a Radio 1, da BBC, em busca de notícias sobre
o acidente nuclear de Chernobyl e perceberam que o boletim da
notícia tinha como "trilha sonora" I'm Your Man,
do duo Wham!, ex-banda de George Michael. Os dois ficaram tão
enojados com a situação que berraram que aquele
DJ deveria ser enforcado. Nascia assim uma canção
que seria, curiosamente, a mais vendida e a mais executada, embora
alguns DJs se recusassem a colocar em suas programações.
Eis a letra...
Panic
Panic on the streets
of London
Panic on the streets of Birmingham
I wonder to myself
Could life ever be sane again
On the Leeds side-streets that you slip down
I wonder to myself
Hopes may rise on the Grasmeres
But Honey Pie, you're not safe here
So you run down
To the safety of the town
But there's Panic on the street of Carlisle
Dublin, Dundee, Humberside
I wonder to myself
Burn down the disco
Hang the blessed
DJ
Because the music that they constantly play
IT SAYS NOTHING TO ME ABOUT MY LIFE
Hang the blessed DJ
Because the music they constantly play
On the Leeds side-streets
that you slip down
Provincial towns you jog 'round
Hang the DJ, Hang the DJ, Hang the DJ
Hang the DJ, Hang the DJ, Hang the DJ
HANG THE DJ, HANG THE DJ, HANG THE DJ
HANG THE DJ, HANG THE DJ
HANG THE DJ, HANG THE DJ
No single de 12 polegadas
(e que milagrosamente saiu aqui no Brasil!) havia uma instrumental
chamada "The Draize Train", que um dos técnicos
de Johnny conseguiu encorpar ao colocar no arranjo o som de duas
guitarras Rickenbacker emprestadas por ninguém menos do
que Pete Townshend, do The Who.
E para incrementar ainda
mais o lançamento, Derek Jarman fez um curta-metragem,
de 15 minutos, contendo três canções: "Panic",
"The Queen Is Dead" e "There Is A Light That Never
Goes Out". Usando colagens e imagens desorientadas e uma
câmera frenética, obteve grande sucesso.
O grupo parte para sua
segunda excursão pela América, com 27 apresentações
agendadas pelo Canadá e Estados Unidos. O grupo acaba virando
uma febre entre os jovens e a histeria sufoca os membros, especialmente
Johnny Marr, que começa a beber em demasia.
Marr lembra que a pressão
e o dia-a-dia eram tão tediosos e enervantes, que quando
chegava ao hotel, desmaiava na cama, enquanto sua esposa Angie
reclamava de que alguma coisa precisava ser feita para acabar
com toda aquela loucura.
Além
do cansaço de Marr, que ameaçou uma vez até
sair em meio à uma apresentação, Morrissey
estava preocupado e pensando realmente se Craig era importante
para a banda. Com seu jeito alegre, risonho, ele era uma espécie
de contra-ponto dos demais. Além disso, o cantor não
estava convencido de sua importância como músico
para os Smiths.
A turnê acabou de
forma abrupta, no dia 10 de setembro, em Tampa, mesmo tendo shows
em Miami, Atlanta, Nashville e Nova York agendados. A gravadora
enfrentava um dilema: apesar da excelente acolhida e shows lotados,
as vendas tinham sido decepcionantes.
Mesmo assim, Morrissey
e Marr apressaram-se em dizer para a Rough Trade que queriam deixá-la,
pois eles haviam feito um bom dinheiro no último ano e
queriam mudar para uma nova casa. Alegavam que a banda tinha ficado
grande demais para a Rough Trade, que não estava conseguindo
atender às expectativas da banda e do público. A
banda disse que a EMI havia oferecido um excelente contrato e
que eles iriam assinar, mas Geoff bateu o pé e os lembrou
do compromisso que haviam firmado meses antes.
E
durante as gravações de um novo single, Craig Gannon
simplesmente abandonou o grupo.
O produtor John Porter
foi chamar Craig e, em certo momento descobriu que ele havia ido
embora, o que enfureceu Marr: "nós não fechamos
as portas para ele, nós as abrimos, o recebemos bem e simplesmente
ele pulou fora."
Porter já havia
notado que Gannon era muito calado nas gravações,
pouco participativo e que se limitava a tocar apenas aquilo que
fora pedido. Nada mais, nada menos. Em outubro de 1986, é
lançado então "Ask", uma canção
bem mais pop e leve. Para surpresa dos fãs, até
um vídeo foi realizado, embora ele não seja propriamente
um dos pontos altos da carreira da banda...
Na versão de 12
polegadas de "Ask", aparece uma surpresa: o grupo gravava,
pela primeira vez, uma cover. A escolhida era "Golden Lights"
da cantora Twinkle.
A partida de Gannon se
deveu, segundo o mesmo, de não ser querido pela banda e
pelo fato de ser considerado mais um músico contratado
do que um quinto membro dos Smiths.
"Eles não gostavam
de mim, por isso saí.", resumiu. Mas se a saída
de Craig foi sentida nos shows, já que cumpria brilhantemente
a função de "cobrir os buracos", causou
também outra briga. Ele alegava que Morrissey e Marr haviam
prometido a ele 1000 libras esterlinas por cada apresentação
e que não havia visto ainda a cor do dinheiro. Mas como
não haviam assinado nada, Craig então passou a exigir
royalties pela sua participação no single "Ask",
o que deixou Marr extremamente furioso.
Mas quem mais estava preocupado
com o futuro da banda era a esposa de Johhny, Angie. Ela via o
marido beber sem parar, o dia inteiro e emagrecendo, já
que quase não comia. Ela perguntava ao marido se havia
lógica em continuar com os Smiths, já que Marr havia
se tornado um alcoólatra e a vida doméstica, um
inferno.
A situação
piorou mais quando após uma noitada com Mike Joyce e sua
namorada Tina, Johnny simplesmente destruiu seu carro e escapou
por muito pouco de morrer. Ele ainda conseguiu chegar em casa,
ileso, mas com muitas dores por todo o corpo. Foi então
atendido em um hospital e um colar de gesso foi colocado em volta
do seu pescoço.
Um
concerto marcado para o dia 14 de novembro, no Royal Albert Hall,
em Londres e no qua teriam a companhia do The Fall, em um evento
que fazia parte de protestos contra o apartheid foi adiado e acabou
acontecendo apenas no dia 12 de dezembro, no Brixton Academy.
Marr percebeu que deveria
ir mais devagar com a bebida. O concerto, ironicamente abriu com
"Ask" e tocaram cerca de seis músicas de The
Queen Is Dead, encerrando a apresentação
com a primeira canção que lançaram, "Hand
In Glove". O ano de 1986 se encerrava para os Smiths, finalmente.
Discografia
The Smiths (1984)
Hatful of Hollow (1984)
Meat is Murder (1985)
The Queen is Dead (1986)
The World Won't Listen (1987)
Louder Than Bombs (1987)
"Strangeways, Here We Come" (1987)
"Rank" (1988)
The Best of The Smiths, Vol.1 (1992)
The Best of The Smiths, Vol.2 (1992)
Singles (1995)
The Very Best of The Smiths (2001)
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