153 - Soft Machine


O Soft Machine foi uma das maiores instituições inglesas do rock nos anos 60 e 70. Berço de incontáveis músicos talentosos e com uma história cheia de acidentes, o grupo foi um dos percussores do rock psicodélico na Inglaterra, ao lado de Pink Floyd, e depois mergulhou de cabeça em um som muito peculiar, com traços de free jazz, psicodelia e progressivo. Inspirado no livro do escritor beat William Burroughs - de quem roubaram o nome -, a banda deixou trabalhos clássicos e inesquecíveis com o duplo Three, entre outras pérolas, cheio de improvisos e foi um dos grandes nomes do "som de Canterbury". Saiba um pouco desse grande legado agora.


Daevid Allen e Robert Wyatt se conheceram bem no início da década de 60, em 1961, quando Allen, que havia acabado de chegar da Austrália, alugou um quarto de Waytt, em Lydden. Logo descobriram que tinham um interesse mútuo pelo jazz (em especial de Charles Mingus e John Coltrane) e começaram a tocar sob o nome de Daevid Allen Trio, completado pelo baixista Hugh Hopper e tendo o pianista Mike Ratledge como convidado eventual, por volta de 1963.

Ao mesmo tempo, Wyatt formou o Wilde Flowers com os irmãos Hopper, Hugh e Brian. A formação também incluía Kevin Ayers nos vocais, mas ele deixou o Flowers em julho de 1965. A idéia de formar um novo grupo, que daria forma ao Soft Machine, partiu de um encontro bastante curioso de Daevid Allen e Kevin Ayers com um milionário texano chamado Wes Brunson, em Mallorca, na Espanha. Brunson, um milionário excêntrico, concordou financiar uma nova banda, o que permitiu aos jovens comprarem novos instrumentos e alugar um lugar em Canterbury, em troca disso, Wes, receberia uma porcentagem das bilheterias dos futuros shows, dinheiro este que ele nunca viu. E o excêntrico Brunson, aliás, acabaria morrendo em uma situação tragicômica: durante os dias de férias na Espanha, ele tentava pular na frente de carros e caminhões e obrigá-los a parar. Até que, em um certo dia, a brincadeira não deu certo.

Em agosto de 1966, sob o nome de Soft Machine, inspirado em um livro do escritor William Burroughs de mesmo nome, nascia o grupo com Kevin (baixo e voz), Daevid (guitarra e voz), Robert Wyatt (bateria e voz) e Mike Ratledge (teclados). Eles ainda recrutaram o guitarrista Larry Nolan, mas apenas para as apresentações ao vivo.

capa do compacto Love Makes Sweet MusicEm 17 de fevereiro de 1967 o grupo lançou seu primeiro single, com as canções "Love Makes Sweet Music" e "Feelin' Reelin' Squeelin'", pela Polydor. Três meses depois gravaram algumas demos com produção de Giorgio Gomelsky, que ficaram escondidas por vários anos. Com o produtor, gravaram as seguintes canções: "That's How Much I Need You", "Save Yourself", "I Should've Known", "Jet Propelled Phonograph", "When I Don't Want You", "Memories", "You Don't Remember", "She's Gone" e "I'd Rather Be With You". Elas foram lançadas em 1971 pela Byg Records.

Como quarteto - e ocasional quinteto - o Soft Machine começou a fazer vários shows em Londres, bem no início do psicodelismo.

cartaz do festival 14 Hour Technicolor DreamAcontecia então os dias da Swingin' London e o Soft era figurinha fácil em clubes como UFO e Roundhouse, onde dividiam o palco com o Pink Floyd, liderados pelo então alucinado Syd Barrett, que reza a lenda, virou grande amigo do igualmente doido Daevid Allen. Foi vendo Syd tocar que Allen inventou a técnica do glissando em sua guitarra, que consiste em tocar o instrumento com uma pequena barra de ferro no lugar do slide, reproduzindo o som de cítara.

Os shows eram verdadeiras viagens, com adições de luzes, levadas de bateria e climas lentos e hipnóticos e o grupo improvisando no palco por horas e horas. O show mais memorável deles aconteceu no dia 29 de abril, quando tomaram parte de um evento organizado pelo jornal underground International Times, batizado de 14 Hour Technicolor Dream, tocando ao lado do Floyd.

Foi durante uma viagem para St. Tropez, na França, que aconteceu um incidente que marcaria a formação do grupo. Daevid Allen, australiano de nascimento, teve seu visto de entrada negado quando tentou voltar à Inglaterra, por ter trabalhado ilegalmente no país.

pôster em que abriram shows para Hendrix, mas no qual não são sequer citadosDaevid acabou optando por permanecer na França, onde montaria tempos depois, o Gong. O restante do grupo resolveu seguir apenas como trio.

Em fevereiro de 1968, embarcam em uma turnê de três meses pela América, abrindo para ninguém menos do que The Jimi Hendrix Experience, mas sem serem citados nos pôsteres da época.

Aproveitam a viagem para a América e gravam seu primeiro disco, em Nova York, com a produção dividida entre Tom Wilson (que já havia trabalhado em alguns discos de Bob Dylan) e Chas Chandler (ex-baixista dos Animals e produtor do dois primeiros discos de Jimi Hendrix).

capa do disco The Soft MachineO disco foi feito em apenas quatro dias com todas as canções sendo registradas em pouco takes e não teve uma grande qualidade de som. Assim, nascia The Soft Machine, um disco que mostraria suas qualidades em pouco tempo e a grande criatividade do trio restante.

No final de abril o grupo volta para Londres e em maio conseguem um novo guitarrista: Andy Summers, que no futuro ficaria famoso ao tocar no trio The Police. Summers já havia tocado nos grupos Zoot Money's Big Roll Band, Dantalian's Chariot e até no Animals, de Eric Burdon, e foi recrutado para a segunda parte da turnê norte-americana durante os meses de julho até setembro.

Mas as tensões internas eram enormes e Summers nem chegou a terminar a excursão. Ao final do giro, Wyatt resolveu ficar em Nova York para trabalhar com Hendrix, enquanto Ratledge e Ayers voltaram para a Ingalterra. Em dezembro, o baterista foi contatado pela Probe, que havia lançado o primeiro disco para tentar promover algumas apresentações da banda.

Como Ayers não foi encontrado, a saída foi chamar Hugh Hopper, que acabara de vender seu baixo, a entrar no grupo. Mike topou voltar ao Soft Machine e eles passaram um mês ensaiando na casa do baterista, em West Dulwich.

Trio em 1969Em fevereiro de 1969 fazem uma estréia grandiosa, no Royal Albert Hall, poucos dias antes de entrarem em estúdio para a gravação de um segundo disco.

Convidam para as gravações e apresentações Brian Hopper, irmão de Hugh, para tocar sax tenor. Aos poucos, o grupo vai evoluindo em direção ao jazz e a um som mais elaborado, que acabaria fazendo da banda o principal expoente do "Canterbury Sound", que teria outros importantes representantes como o Caravan, Gong, Hatfield & The North e National Health, entre outros.

Um show histórico dessa fase aconteceu no dia 27 de março, no London 100 Club, quando receberam o convite de Syd Barrett, que queria a participação do trio em seu disco-solo, The Madcap Laughs.

capa do disco Volume TwoEm abril é lançado Volume Two, o segundo disco do grupo e logo após o lançamento, ganham outros integrantes, com a adição de músicos do grupo do pianista Keith Tippett: Elton Dean (sax alto), Marc Charig (trompete), Nick Evans (trombone), além de Lyn Dobson (sax e flautas). Assim, o grupo era agora um septeto, ainda que por poucas semanas, e dessa maneira gravaram um programa na BBC e fizeram shows na França, no final do ano.

O grupo começou a ganhar fama no circuito europeu de jazz e fizeram dezenas de shows na Inglaterra, Bélgica, Holanda e França.

Hugh e Robert durante na França, em 1969Em dezembro é lançado o primeiro disco solo de Kevin Ayers, Joy Of A Toy, com participações de Wyatt, Mike e Hugh, juntos, nas faixas "Joy Of a Toy continued" e "Songs for Insane Times". Separadamente, cada um participou em outras faixas.

Em 3 de janeiro de 1970 é lançado o primeiro disco-solo de Syd Barrett, Madcap Laughs, com participação do trio Hopper-Wyatt-Ratledge na faixa "Love You".

No dia seguinte, o quinteto Elton Dean, Lyn Dobson, Hugh Hopper, Mike Ratledge, Robert Wyatt, toca em Fairfield Hall, em Croydon, e algumas dessas partes seriam usadas no novo disco do grupo. Seria o nascimento da grande obra-prima do Soft Machine e um dos mais importantes discos do gênero que passaria a ser conhecido como rock progressivo, nos anos 70: Third.

capa do disco ThirdThird teve uma gestação longa e bem trabalhada. Lançado no dia 6 de junho de 1970, era um álbum duplo com apenas quatro faixas, longas e onde o improviso era a principal tônica. No mesmo ano em que Miles Davis lançava o fantástico Bitches Brew, cheio de sons africanos, o Soft Machine mostrava todas suas armas com Third. O disco continha as faixas "Facelift", "Slightly All The Time", "Out-Bloody-Rageous" e a clássica "Moon In June".

O trabalho misturava um free jazz vigoroso, ao lado de colagens, experimentalismos e revolucionários usos de loops, que haviam sido apresentados ao grupo por Daevid Allen.

O grande charme do disco era "Moon In June", composta por Robert Wyatt, que funcionou com um adeus ao velho som do Soft Machine e que era uma montagem de velhas canções, incluindo as feitas com Gomelsky. Tocada quase inteiramente apenas pelo baterista, teve uma pequena participação de Hopper e Ratledge. Essa foi também uma das últimas faixas a incluir vocal na obra do Soft Machine.

Ainda em 1970, Wyatt começa uma interessante carreira-solo paralela ao grupo, lançando The End Of An Ear. O baterista era o único que queria cantar no grupo, mas como Soft Machine havia se tornado apenas instrumental, Robert fez um disco em que havia várias referências ao pessoal de Canterbury (como em "To Caravan And Brother Jim").

capa do disco FourthApós um concerto no Royal Albert Hall, em agosto, o grupo começou a preparar o material para o novo disco, que se chamaria apenas Fourth (ou 4, como queiram). Essse seria o último disco com o quarteto formado por Wyatt, Hopper, Ratledge e Dean. O disco seria lançado em março de 1971 e mostrava o Soft seguindo a mesma linha de Third, sem vocais. Um disco bastante experimental e quase tão bom quanto o anterior. Vários músicos foram adicionados ao quarteto nesse período, entre eles, o baixista Roy Babbington e o baterista Phil Howard, para aumentar as possibilidades sonoras. Nesse mesmo ano, Elton Dean lançou seu primeiro disco-solo, com o seu grupo Elton Dean Band, que contava com o próprio Phil Howard, além do baixista Neville Whitehead. Mike Ratledge tocou em algumas faixas.

Robert WyattMas a situação entre os músicos era tensa internamente e em agosto o grupo sofreu uma perda considerável quando Robert Wyatt deixou o Soft Machine.

A escolha natural acabou sendo Phil Howard em seu lugar, mas a verdade é que o Soft perdeu todo seu carisma sem o baterista original.

Mas Robert não ficou muito tempo parado e logo formou o Matching Mole. Enquanto isso, o Soft enfrentava nova crise. Howard não agradava Hopper e Ratledge que consideravam seu estilo de tocar incompatível ao que queriam. Howard acabou sendo sacado durante as gravações do novo disco, que seria batizado como Fifth.

capa do disco FifthA saída foi chamar o baterista John Marshall, ex-Nucleus, que deu ao grupo um som de jazz mais convencional, um pouco mais distante das experimentações dos dois discos anteriores.

Lançado em 23 de junho de 1972, Fifth já era um trabalho mais conservador, bem perto da fronteira do jazz-rock em voga nos anos 70. Mas antes mesmo do disco sair, Elton Dean deixa a banda, insatisfeito com o resultado obtido e começa a tocar com grupos de jazz acústicos e até se envolve com uma banda holandesa de rock progressivo, Suspersister, entre 1973 e 1974. Karl Jenkins, que havia tocado também no Nucleus é chamado para a vaga de Dean. Talentoso e bom compositor, começa a dividir as composições com Ratledge.

capa do disco SixthEm novembro gravam uma apresentação feita no dia 1º de novembro, no Civic Hall, em Guildford, que posteriormente seria usado em um novo disco. O grupo fica ensaiando até dezembro de 1972 e no dia 17 de fevereiro de 1973 lançam Sixth, o novo disco. Assim, como Third, era um álbum duplo, sendo um lado de estúdio e o outro ao vivo, usando o show do Civic Hall. O novo disco mostra uma volta ao experimentalismo e a melhor amostra é a composição "The Soft Weed Factor".

Hugh HopperEm maio, nova baixa: Hugh Hopper deixa a banda saturado de tantas idas e vindas após quatro anos e parte para uma carreira-solo.

Mas a notícia mais triste (ao menos para os fãs) aconteceu com um ex-membro: durante uma festa em Londres, no dia 1º de junho, Robert Wyatt, bêbado, caiu de um janela do terceiro andar. Wyatt não morreu, mas ficou paraplégico da cintura para baixo. O baterista havia voltado a ser artista solo após sair do Matching Mole e estava escrevendo as canções de sua melhor obra, Rock Bottom.

Sem Hopper, o velho amigo Roy Babbington foi escalado para assumir o baixo e o Soft conservava agora apenas Mike Ratledge como membro original.

capa do disco SevenEm julho, começam a gravação de um novo disco, que se chamaria Seven, a ser lançado no dia 27 de outubro. Mas o som mudou radicalmente já que Roy não usava mais um baixo acústico, trocado por um baixo elétrico de seis cordas. Isso levou o grupo cada vez mais ao rock progressivo, com canções mais curtas e menos improvisadas. Já nessa época, eram considerados um dos maiores grupos do mundo do gênero e participavam de vários festivais, como o de Great Easter Circus, em Dortmund, na então Alemanha Ocidental, ao lado de Emerson, Lake & Palmer, Atomic Rooster, entre outros.

Karl Jenkins, Allan Holdsworth, Mike Ratledge, Roy Babbington e John MarshallNo dia 4 de novembro, o Soft se junta aos velhos companheiros do Pink Floyd para uma causa mais do que nobre: levantar fundos para que Robert Wyatt pudesse se tratar. Os dois shows acontecem no Rainbow Theatre, em Londres.

Em dezembro, o grupo ganha um novo guitarrista, o jovem Allan Holdsworth. Entram no ano de 1974 em uma grande excursão pela Europa, Estados Unidos e Canadá e em julho entram em estúdio para gravar um novo disco (que não iria se chamar Eight...)

capa do disco BundlesBundles é lançado em 22 de março de 1975 e o som havia mudado radicalmente para bem próximo da fusion e do rock.

Holdsworth era um guitarrista muito talentoso, mas havia tornado o som do Soft um tanto quanto convencional, bem longe das experiências dos primeiros discos. Um dos motivos para o disco não levar um número na capa é que tinham deixado a gravadora CBS e tinham se mudado para a Atlantic Records.

Além disso, o grupo tentava deixar o universo underground para virarem uma banda mainstream. Por isso, a aproximação com um som mais em voga naqueles dias.

Mas Allan logo deixou a banda, entrando em seu lugar, John Etheridge, que havia sido recomendado pelo próprio Holdsworth.

cartaz da turnê de 1975O grupo acabou embarcando em uma ambiciosa, mas mal-sucedida turnê pela Europa com o Caravan e o Mahavishnu Orchestra, pela Áustria, Iugoslávia Itália, Alemanha Ocidental, Holanda, Bélgica, Suíça, Dinamarca e Suécia, tendo convidados como Lou Reed, Wishbone Ash, Reinassance e Climax Blue Band. Batizaram a mesma de Star Truckin' 75. A experiência mostrou-se um fracasso financeiro imenso e em janeiro de 1976, Mike Ratledge, o último membro original, deixa o Soft Machine.

Sem ele, Karl Jenkins e John Marshall convidam o saxofonista Alan Wakeman (primo do tecladista Rick Wakeman) para entrar no grupo e lançam e lançam Softs, em 25 de junho de 1976. Mas Alan só ficou seis meses e foi logo substituído pelo violinista Rick Sanders. Roy Babbington foi o próximo a deixar o grupo entrando Percy Jones, ex-Brand X em seu lugar, que cedeu meses depois o posto para Steve Cook.

capa do disco Alive & WellO grupo passa o ano de 1977 tocando e lançam a coletânea tripla Triple Echo. Disco novo só sairia em março de 1978: Alive & Well, gravado durante as apresentações feitas em Paris, em julho de 1977.

O disco marca o fim das atividades até dezembro, quando fazem o derradeiro show, em Bremen, no estádio Westfallenhalle, no dia 8. A banda anuncia o fim das atividades e a formação nessa época contava com John Ethridge, Karl Jenkins, John Marshall e Rick Sanders.

capa do disco Land of CockayneO grupo passou quieto os anos de 1979 e 1980, mas em 1981 um imenso grupo, (que contava até com Jack Bruce, ex-Cream) se reunem para gravar com o nome de Soft Machine e lançam o derradeiro disco de carreira: Land of Cockayne.

A direção musical ficou com Allan Holdsworth, que conduziu o grupo aos mais horrorosos clichês do jazz-rock e do muzak, algo que o Soft não merecia. Participaram da aventura os seguintes nomes: Jack Bruce, Stu Calver, Allan Holdsworth, Karl Jenkins, John Marshall, Dick Morrissey, Alan Parker, John Perry, Tony Rivers, John Taylor e Ray Warleigh.

Em 1984, o grupo voltou para alguns concertos em Londres, com Karl Jenkins, John Marshall, John Etheridge, Dave MacRae and e o baixista Paul Carmichael. O grupo ainda tentou ensaiar uma volta, mas nada mais se concretizou.

A banda acabou tendo incontáveis discos lançados após seu fim e seu legado foi disseminado por uma grande legião. Wyatt voltou a gravar e lançou excelentes discos, embora de maneira esporádica.

Deixo vocês com a discografia da banda. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

The Soft Machine (1968)
Volume Two (1969)
Third (1970)
Fourth (1971)
Fifth (1972)
Sixth (1973)
Seven (1975)
Bundles (1976)
At the Beginning (1977)
Triple Echo (1977)
Alive And Well In Paris (1978)
Memories (1980)
Land of Cockayne (1981)
Live at the Proms 1970 (1988)
Vols. 1 & 2 (1989)
Untouchable (1992)
BBC Radio 1 Live (1993)
BBC Radio 1 Live, Vol. 2 (1994)
Live in France (1995)
The Best of Soft Machine: The Harvest Years (1995)
Live at the Paradiso 1969 (1995)
Spaced (1996)
Jet-Propelled Photographs (1997)
Virtually (1998)
Live 1970 (1998)
Fourth & Fifth (1999)
Noisette (2000)
Soft Machine (2000)
Man in a Deaf Corner: Anthology 1963-1970 (2001)
Turns On, Vol. 1 (2001)
Turns On, Vol. 2 (2001)
Jet-Propelled Photographs (Fuel 2000) (2002)
Backwards (2002)
Facelift (2002)
Kings of Canterbury (2003)
BBC Radio 1967-1971 (2003)
BBC Radio 1971-1974 (2003)
Live in Concert (2004)
Live in Paris (2004)
Somewhere in Soho (2004)
Six & Seven (2004)
Breda Reactor (2005)
The Story of Soft Machine (2005)

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