O Soft
Machine foi uma das maiores instituições inglesas
do rock nos anos 60 e 70. Berço de incontáveis músicos
talentosos e com uma história cheia de acidentes, o grupo
foi um dos percussores do rock psicodélico na Inglaterra,
ao lado de Pink Floyd, e depois mergulhou de cabeça em
um som muito peculiar, com traços de free jazz, psicodelia
e progressivo. Inspirado no livro do escritor beat William
Burroughs - de quem roubaram o nome -, a banda deixou trabalhos
clássicos e inesquecíveis com o duplo Three, entre
outras pérolas, cheio de improvisos e foi um dos grandes
nomes do "som de Canterbury". Saiba um pouco desse grande
legado agora.
Daevid
Allen e Robert Wyatt se conheceram bem no início da década
de 60, em 1961, quando Allen, que havia acabado de chegar da Austrália,
alugou um quarto de Waytt, em Lydden. Logo descobriram que tinham
um interesse mútuo pelo jazz (em especial de Charles Mingus
e John Coltrane) e começaram a tocar sob o nome de Daevid
Allen Trio, completado pelo baixista Hugh Hopper e tendo o pianista
Mike Ratledge como convidado eventual, por volta de 1963.
Ao mesmo tempo, Wyatt formou
o Wilde Flowers com os irmãos Hopper, Hugh e Brian. A formação
também incluía Kevin Ayers nos vocais, mas ele deixou
o Flowers em julho de 1965. A idéia de formar um novo grupo,
que daria forma ao Soft Machine, partiu de um encontro bastante
curioso de Daevid Allen e Kevin Ayers com um milionário
texano chamado Wes Brunson, em Mallorca, na Espanha. Brunson,
um milionário excêntrico, concordou financiar uma
nova banda, o que permitiu aos jovens comprarem novos instrumentos
e alugar um lugar em Canterbury, em troca disso, Wes, receberia
uma porcentagem das bilheterias dos futuros shows, dinheiro este
que ele nunca viu. E o excêntrico Brunson, aliás,
acabaria morrendo em uma situação tragicômica:
durante os dias de férias na Espanha, ele tentava pular
na frente de carros e caminhões e obrigá-los a parar.
Até que, em um certo dia, a brincadeira não deu
certo.
Em agosto de 1966, sob
o nome de Soft Machine, inspirado em um livro do escritor William
Burroughs de mesmo nome, nascia o grupo com Kevin (baixo e voz),
Daevid (guitarra e voz), Robert Wyatt (bateria e voz) e Mike Ratledge
(teclados). Eles ainda recrutaram o guitarrista Larry Nolan, mas
apenas para as apresentações ao vivo.
Em
17 de fevereiro de 1967 o grupo lançou seu primeiro single,
com as canções "Love Makes Sweet Music"
e "Feelin' Reelin' Squeelin'", pela Polydor. Três
meses depois gravaram algumas demos com produção
de Giorgio Gomelsky, que ficaram escondidas por vários
anos. Com o produtor, gravaram as seguintes canções:
"That's How Much I Need You", "Save Yourself",
"I Should've Known", "Jet Propelled Phonograph",
"When I Don't Want You", "Memories", "You
Don't Remember", "She's Gone" e "I'd Rather
Be With You". Elas foram lançadas em 1971 pela Byg
Records.
Como quarteto - e ocasional
quinteto - o Soft Machine começou a fazer vários
shows em Londres, bem no início do psicodelismo.
Acontecia
então os dias da Swingin' London e o Soft era
figurinha fácil em clubes como UFO e Roundhouse, onde dividiam
o palco com o Pink Floyd, liderados pelo então alucinado
Syd Barrett, que reza a lenda, virou grande amigo do igualmente
doido Daevid Allen. Foi vendo Syd tocar que Allen inventou a técnica
do glissando em sua guitarra, que consiste em tocar o instrumento
com uma pequena barra de ferro no lugar do slide, reproduzindo
o som de cítara.
Os shows eram verdadeiras
viagens, com adições de luzes, levadas de bateria
e climas lentos e hipnóticos e o grupo improvisando no
palco por horas e horas. O show mais memorável deles aconteceu
no dia 29 de abril, quando tomaram parte de um evento organizado
pelo jornal underground International Times, batizado
de 14 Hour Technicolor Dream, tocando ao lado do Floyd.
Foi durante uma viagem
para St. Tropez, na França, que aconteceu um incidente
que marcaria a formação do grupo. Daevid Allen,
australiano de nascimento, teve seu visto de entrada negado quando
tentou voltar à Inglaterra, por ter trabalhado ilegalmente
no país.
Daevid
acabou optando por permanecer na França, onde montaria
tempos depois, o Gong. O restante do grupo resolveu seguir apenas
como trio.
Em fevereiro de 1968, embarcam
em uma turnê de três meses pela América, abrindo
para ninguém menos do que The Jimi Hendrix Experience,
mas sem serem citados nos pôsteres da época.
Aproveitam a viagem para
a América e gravam seu primeiro disco, em Nova York, com
a produção dividida entre Tom Wilson (que já
havia trabalhado em alguns discos de Bob Dylan) e Chas Chandler
(ex-baixista dos Animals e produtor do dois primeiros discos de
Jimi Hendrix).
O
disco foi feito em apenas quatro dias com todas as canções
sendo registradas em pouco takes e não teve uma grande
qualidade de som. Assim, nascia The Soft Machine,
um disco que mostraria suas qualidades em pouco tempo e a grande
criatividade do trio restante.
No final de abril o grupo
volta para Londres e em maio conseguem um novo guitarrista: Andy
Summers, que no futuro ficaria famoso ao tocar no trio The Police.
Summers já havia tocado nos grupos Zoot Money's Big Roll
Band, Dantalian's Chariot e até no Animals, de Eric Burdon,
e foi recrutado para a segunda parte da turnê norte-americana
durante os meses de julho até setembro.
Mas
as tensões internas eram enormes e Summers nem chegou a
terminar a excursão. Ao final do giro, Wyatt resolveu ficar
em Nova York para trabalhar com Hendrix, enquanto Ratledge e Ayers
voltaram para a Ingalterra. Em dezembro, o baterista foi contatado
pela Probe, que havia lançado o primeiro disco para tentar
promover algumas apresentações da banda.
Como Ayers não foi
encontrado, a saída foi chamar Hugh Hopper, que acabara
de vender seu baixo, a entrar no grupo. Mike topou voltar ao Soft
Machine e eles passaram um mês ensaiando na casa do baterista,
em West Dulwich.
Em
fevereiro de 1969 fazem uma estréia grandiosa, no Royal
Albert Hall, poucos dias antes de entrarem em estúdio para
a gravação de um segundo disco.
Convidam para as gravações
e apresentações Brian Hopper, irmão de Hugh,
para tocar sax tenor. Aos poucos, o grupo vai evoluindo em direção
ao jazz e a um som mais elaborado, que acabaria fazendo da banda
o principal expoente do "Canterbury Sound", que teria
outros importantes representantes como o Caravan, Gong, Hatfield
& The North e National Health, entre outros.
Um show histórico
dessa fase aconteceu no dia 27 de março, no London 100
Club, quando receberam o convite de Syd Barrett, que queria a
participação do trio em seu disco-solo, The
Madcap Laughs.
Em
abril é lançado Volume Two, o segundo
disco do grupo e logo após o lançamento, ganham
outros integrantes, com a adição de músicos
do grupo do pianista Keith Tippett: Elton Dean (sax alto), Marc
Charig (trompete), Nick Evans (trombone), além de Lyn Dobson
(sax e flautas). Assim, o grupo era agora um septeto, ainda que
por poucas semanas, e dessa maneira gravaram um programa na BBC
e fizeram shows na França, no final do ano.
O grupo começou
a ganhar fama no circuito europeu de jazz e fizeram dezenas de
shows na Inglaterra, Bélgica, Holanda e França.
Em
dezembro é lançado o primeiro disco solo de Kevin
Ayers, Joy Of A Toy, com participações
de Wyatt, Mike e Hugh, juntos, nas faixas "Joy Of a Toy continued"
e "Songs for Insane Times". Separadamente, cada um participou
em outras faixas.
Em 3 de janeiro de 1970
é lançado o primeiro disco-solo de Syd Barrett,
Madcap Laughs, com participação
do trio Hopper-Wyatt-Ratledge na faixa "Love You".
No dia seguinte, o quinteto
Elton Dean, Lyn Dobson, Hugh Hopper, Mike Ratledge, Robert Wyatt,
toca em Fairfield Hall, em Croydon, e algumas dessas partes seriam
usadas no novo disco do grupo. Seria o nascimento da grande obra-prima
do Soft Machine e um dos mais importantes discos do gênero
que passaria a ser conhecido como rock progressivo, nos anos 70:
Third.
Third
teve uma gestação longa e bem trabalhada. Lançado
no dia 6 de junho de 1970, era um álbum duplo com apenas
quatro faixas, longas e onde o improviso era a principal tônica.
No mesmo ano em que Miles Davis lançava o fantástico
Bitches Brew, cheio de sons africanos, o Soft
Machine mostrava todas suas armas com Third.
O disco continha as faixas "Facelift", "Slightly
All The Time", "Out-Bloody-Rageous" e a clássica
"Moon In June".
O trabalho misturava um
free jazz vigoroso, ao lado de colagens, experimentalismos e revolucionários
usos de loops, que haviam sido apresentados ao grupo
por Daevid Allen.
O
grande charme do disco era "Moon In June", composta
por Robert Wyatt, que funcionou com um adeus ao velho som do Soft
Machine e que era uma montagem de velhas canções,
incluindo as feitas com Gomelsky. Tocada quase inteiramente apenas
pelo baterista, teve uma pequena participação de
Hopper e Ratledge. Essa foi também uma das últimas
faixas a incluir vocal na obra do Soft Machine.
Ainda em 1970, Wyatt começa
uma interessante carreira-solo paralela ao grupo, lançando
The End Of An Ear. O baterista era o único
que queria cantar no grupo, mas como Soft Machine havia se tornado
apenas instrumental, Robert fez um disco em que havia várias
referências ao pessoal de Canterbury (como em "To Caravan
And Brother Jim").
Após
um concerto no Royal Albert Hall, em agosto, o grupo começou
a preparar o material para o novo disco, que se chamaria apenas
Fourth (ou 4, como queiram).
Essse seria o último disco com o quarteto formado por Wyatt,
Hopper, Ratledge e Dean. O disco seria lançado em março
de 1971 e mostrava o Soft seguindo a mesma linha de Third,
sem vocais. Um disco bastante experimental e quase tão
bom quanto o anterior. Vários músicos foram adicionados
ao quarteto nesse período, entre eles, o baixista Roy Babbington
e o baterista Phil Howard, para aumentar as possibilidades sonoras.
Nesse mesmo ano, Elton Dean lançou seu primeiro disco-solo,
com o seu grupo Elton Dean Band, que contava com o próprio
Phil Howard, além do baixista Neville Whitehead. Mike Ratledge
tocou em algumas faixas.
Mas
a situação entre os músicos era tensa internamente
e em agosto o grupo sofreu uma perda considerável quando
Robert Wyatt deixou o Soft Machine.
A escolha natural acabou
sendo Phil Howard em seu lugar, mas a verdade é que o Soft
perdeu todo seu carisma sem o baterista original.
Mas Robert não ficou
muito tempo parado e logo formou o Matching Mole. Enquanto isso,
o Soft enfrentava nova crise. Howard não agradava Hopper
e Ratledge que consideravam seu estilo de tocar incompatível
ao que queriam. Howard acabou sendo sacado durante as gravações
do novo disco, que seria batizado como Fifth.
A
saída foi chamar o baterista John Marshall, ex-Nucleus,
que deu ao grupo um som de jazz mais convencional, um pouco mais
distante das experimentações dos dois discos anteriores.
Lançado em 23 de
junho de 1972, Fifth já era um trabalho
mais conservador, bem perto da fronteira do jazz-rock em voga
nos anos 70. Mas antes mesmo do disco sair, Elton Dean deixa a
banda, insatisfeito com o resultado obtido e começa a tocar
com grupos de jazz acústicos e até se envolve com
uma banda holandesa de rock progressivo, Suspersister, entre 1973
e 1974. Karl Jenkins, que havia tocado também no Nucleus
é chamado para a vaga de Dean. Talentoso e bom compositor,
começa a dividir as composições com Ratledge.
Em
novembro gravam uma apresentação feita no dia 1º
de novembro, no Civic Hall, em Guildford, que posteriormente seria
usado em um novo disco. O grupo fica ensaiando até dezembro
de 1972 e no dia 17 de fevereiro de 1973 lançam Sixth,
o novo disco. Assim, como Third, era um álbum
duplo, sendo um lado de estúdio e o outro ao vivo, usando
o show do Civic Hall. O novo disco mostra uma volta ao experimentalismo
e a melhor amostra é a composição "The
Soft Weed Factor".
Em
maio, nova baixa: Hugh Hopper deixa a banda saturado de tantas
idas e vindas após quatro anos e parte para uma carreira-solo.
Mas a notícia mais
triste (ao menos para os fãs) aconteceu com um ex-membro:
durante uma festa em Londres, no dia 1º de junho, Robert
Wyatt, bêbado, caiu de um janela do terceiro andar. Wyatt
não morreu, mas ficou paraplégico da cintura para
baixo. O baterista havia voltado a ser artista solo após
sair do Matching Mole e estava escrevendo as canções
de sua melhor obra, Rock Bottom.
Sem Hopper, o velho amigo
Roy Babbington foi escalado para assumir o baixo e o Soft conservava
agora apenas Mike Ratledge como membro original.
Em
julho, começam a gravação de um novo disco,
que se chamaria Seven, a ser lançado no
dia 27 de outubro. Mas o som mudou radicalmente já que
Roy não usava mais um baixo acústico, trocado por
um baixo elétrico de seis cordas. Isso levou o grupo cada
vez mais ao rock progressivo, com canções mais curtas
e menos improvisadas. Já nessa época, eram considerados
um dos maiores grupos do mundo do gênero e participavam
de vários festivais, como o de Great Easter Circus,
em Dortmund, na então Alemanha Ocidental, ao lado de Emerson,
Lake & Palmer, Atomic Rooster, entre outros.
No
dia 4 de novembro, o Soft se junta aos velhos companheiros do
Pink Floyd para uma causa mais do que nobre: levantar fundos para
que Robert Wyatt pudesse se tratar. Os dois shows acontecem no
Rainbow Theatre, em Londres.
Em dezembro, o grupo ganha
um novo guitarrista, o jovem Allan Holdsworth. Entram no ano de
1974 em uma grande excursão pela Europa, Estados Unidos
e Canadá e em julho entram em estúdio para gravar
um novo disco (que não iria se chamar Eight...)
Bundles
é lançado em 22 de março de 1975 e o som
havia mudado radicalmente para bem próximo da fusion e
do rock.
Holdsworth era um guitarrista
muito talentoso, mas havia tornado o som do Soft um tanto quanto
convencional, bem longe das experiências dos primeiros discos.
Um dos motivos para o disco não levar um número
na capa é que tinham deixado a gravadora CBS e tinham se
mudado para a Atlantic Records.
Além disso, o grupo
tentava deixar o universo underground para virarem uma banda mainstream.
Por isso, a aproximação com um som mais em voga
naqueles dias.
Mas Allan logo deixou a
banda, entrando em seu lugar, John Etheridge, que havia sido recomendado
pelo próprio Holdsworth.
O
grupo acabou embarcando em uma ambiciosa, mas mal-sucedida turnê
pela Europa com o Caravan e o Mahavishnu Orchestra, pela Áustria,
Iugoslávia Itália, Alemanha Ocidental, Holanda,
Bélgica, Suíça, Dinamarca e Suécia,
tendo convidados como Lou Reed, Wishbone Ash, Reinassance e Climax
Blue Band. Batizaram a mesma de Star Truckin' 75. A experiência
mostrou-se um fracasso financeiro imenso e em janeiro de 1976,
Mike Ratledge, o último membro original, deixa o Soft Machine.
Sem ele, Karl Jenkins e
John Marshall convidam o saxofonista Alan Wakeman (primo do tecladista
Rick Wakeman) para entrar no grupo e lançam e lançam
Softs, em 25 de junho de 1976. Mas Alan só
ficou seis meses e foi logo substituído pelo violinista
Rick Sanders. Roy Babbington foi o próximo a deixar o grupo
entrando Percy Jones, ex-Brand X em seu lugar, que cedeu meses
depois o posto para Steve Cook.
O
grupo passa o ano de 1977 tocando e lançam a coletânea
tripla Triple Echo. Disco novo só sairia
em março de 1978: Alive & Well, gravado
durante as apresentações feitas em Paris, em julho
de 1977.
O disco marca o fim das
atividades até dezembro, quando fazem o derradeiro show,
em Bremen, no estádio Westfallenhalle, no dia 8. A banda
anuncia o fim das atividades e a formação nessa
época contava com John Ethridge, Karl Jenkins, John Marshall
e Rick Sanders.
O
grupo passou quieto os anos de 1979 e 1980, mas em 1981 um imenso
grupo, (que contava até com Jack Bruce, ex-Cream) se reunem
para gravar com o nome de Soft Machine e lançam o derradeiro
disco de carreira: Land of Cockayne.
A direção
musical ficou com Allan Holdsworth, que conduziu o grupo aos mais
horrorosos clichês do jazz-rock e do muzak, algo que o Soft
não merecia. Participaram da aventura os seguintes nomes:
Jack Bruce, Stu Calver, Allan Holdsworth, Karl Jenkins, John Marshall,
Dick Morrissey, Alan Parker, John Perry, Tony Rivers, John Taylor
e Ray Warleigh.
Em 1984, o grupo voltou
para alguns concertos em Londres, com Karl Jenkins, John Marshall,
John Etheridge, Dave MacRae and e o baixista Paul Carmichael.
O grupo ainda tentou ensaiar uma volta, mas nada mais se concretizou.
A banda acabou tendo incontáveis
discos lançados após seu fim e seu legado foi disseminado
por uma grande legião. Wyatt voltou a gravar e lançou
excelentes discos, embora de maneira esporádica.
Deixo vocês com a
discografia da banda. Um abraço e até a próxima
coluna.
Discografia
The Soft Machine (1968)
Volume Two (1969)
Third (1970)
Fourth (1971)
Fifth (1972)
Sixth (1973)
Seven (1975)
Bundles (1976)
At the Beginning (1977)
Triple Echo (1977)
Alive And Well In Paris (1978)
Memories (1980)
Land of Cockayne (1981)
Live at the Proms 1970 (1988)
Vols. 1 & 2 (1989)
Untouchable (1992)
BBC Radio 1 Live (1993)
BBC Radio 1 Live, Vol. 2 (1994)
Live in France (1995)
The Best of Soft Machine: The Harvest Years (1995)
Live at the Paradiso 1969 (1995)
Spaced (1996)
Jet-Propelled Photographs (1997)
Virtually (1998)
Live 1970 (1998)
Fourth & Fifth (1999)
Noisette (2000)
Soft Machine (2000)
Man in a Deaf Corner: Anthology 1963-1970 (2001)
Turns On, Vol. 1 (2001)
Turns On, Vol. 2 (2001)
Jet-Propelled Photographs (Fuel 2000) (2002)
Backwards (2002)
Facelift (2002)
Kings of Canterbury (2003)
BBC Radio 1967-1971 (2003)
BBC Radio 1971-1974 (2003)
Live in Concert (2004)
Live in Paris (2004)
Somewhere in Soho (2004)
Six & Seven (2004)
Breda Reactor (2005)
The Story of Soft Machine (2005)
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