Um grupo mineiro,
que fazia rock progressivo e acompanhava Milton Nascimento. Esse
seria um resumo bem rápido e incompleto do Som Imaginário,
banda que durou apenas três discos de altíssima qualidade
e que deixou uma imensa marca na música brasileira. Apesar
da pouca produção e tempo de vida, o Som Imaginário
é um desses clássicos que poucos se lembram, mas
muitos adoram.
A
história da banda começou ainda na década
de 60, no Rio de Janeiro, quando Wagner Tiso e Milton Nascimento
integravam o grupo W Boys, já que quase todos os integrantes
tinham a letra "W", no nome. Por causa disso, o então
baixista Milton Nascimento virou Wilton Nascimento. Na luta da
noite carioca, fizeram amizade com o baterista Robertinho Silva
e o baixista Luiz Alves. Os três músicos resolveram
que seriam banda de apoio de Milton, que já começava
a carreira de cantor.
Em seguida, dois outros
músicos foram incorporados, o guitarrista Frederyko e o
percussionista Laudir de Oliveira, que pouco tempo ficou. Além
dos dois, entraram também o organista Zé Rodrix
e o guitarrista Tavito.
Juntos,
estrearam o show "Milton Nascimento, ah, e o Som Imaginário",
primeiro no Teatro Opinião e depois, no Teatro da Praia,
ambos no Rio de Janeiro. Eles também tinham, ainda, as
presenças de Nivaldo Ornelas, no sax e Toninho Horta, na
guitarra. Foi mais ou menos essa época, que Laudir saiu,
entrando em seu lugar - ainda que não de maneira fixa -
um percussionista que ganharia fama mundial: Naná Vasconcelos.
Quando o espetáculo foi para São Paulo (Teatro Gazeta),
Naná não estava mais presente.
O
grupo logo chama a atenção da gravadora Odeon, que
assina com o grupo. Músicos inteligentes, talentosos e
antenados, o Som Imaginário exige liberdade de criação
dentro do estúdio, o que é aceito pela gravadora.
Em 1970 lançam o primeiro LP, Som Imaginário.
O primeiro disco mostra
um som pouco ouvido pelo Brasil. Com temas bem trabalhados, faixas
maravilhosamente tocadas e um tema de Milton Nascimento - que
ainda cantou, mesmo sem ser creditado, o primeiro LP mostrava
uma banda com ouvidos atentos ao que vinha do exterior. A banda
trazia alguns convidados, como o guitarrista mineiro Marco Antônio
Araújo, na faixa "Nepal". Marco, inclusive, dividia
um apartamento com Tavito e Zé Rodrix, chamado de "Família
Matadouro", já que o local vivia lotado de garotas.
O disco trazia as seguintes
faixas:
1. Morse (Wagner Tiso -
Tavito - Zé Rodrix)
2. Super god (Zé Rodrix)
3. Tema dos deuses (Milton Nascimento)
4. Make believe waltz (Mike Renzi - Zé Rodrix)
5. Pantera (Frederyko - Fernando Brant)
6. Sábado (Frederiko)
7. Nepal (Frederiko)
8. Feira moderna (Beto Guedes - Fernando Brant)
9. Hey man (Tavito - Zé Rodrix)
10. Poison (Marco Antônio - Zé Rodrix)
Logo após o lançamento,
participam do disco Milton, de Milton Nascimento.
No
ano seguinte, lançam o segundo LP, igualmente batizado
Som Imaginário, e acompanham Gal Costa,
em show do Teatro Opinião, com Naná, novamente,
na percussão.
O segundo disco era igualmente
brilhante, com Frederyko assumindo a liderança do grupo,
que já não contava com Zé Rodrix, que saíra
para formar o trio Sá, Rodrix e Guarabyra.
O LP trazia as seguintes
faixas:
1. Cenouras (Frederyko)
2. Você tem que saber (Chico Lessa - Márcio Borges)
3. Gogó (O alívio rococó) (Frederyko - Wagner
Tiso)
4. Ascenso (Frederyko - Fernando Brant)
5. Salvação pela macrobiótica (Frederyko)
6. Uê (Chico Lessa - Márcio Borges)
7. Xmas blues (Frederyko)
8. A nova estrela (Frederyko - Wagner Tiso)
Participam do filme Nova
estrela, em 1971, e também de um programa da TV
Globo, Som Livre Exportação, além
de vários shows alternativos pelo Brasil afora, sendo o
mais famoso o Festival de Guarapari, que entraria para a história
como o "Woodstock brasileiro".
Em
1973, lançam o último LP, o histórico Matança
do Porco, instrumental, com quase todos os temas assinados
por Wagner Tiso, além de participação de
Milton.
Matança
do Porco é considerado o disco mais progressivo
da curta carreira da banda e o mais belo. A faixa-título
havia sido escrita para o filme Os deuses e os mortos,
de Ruy Guerra.
O disco trazia as seguintes
faixas:
1. Armina (Wagner Tiso)
2. A3 (Wagner Tiso)
3. Armina (Vinheta 1) (Wagner Tiso)
4. A nº 2 (Wagner Tiso)
5. A matança do porco (Wagner Tiso)
6. Armina (Vinheta 2) (Wagner Tiso)
7. Bolero (Mil - Luiz Alves - Wagner Tiso - Robertinho Silva -
Tavito)
8. Mar Azul (Luiz Alves - Wagner Tiso)
9. Armina (Vinheta 3) (Wagner Tiso)
O grupo ainda participou
do espetáculo "Milagre dos peixes", que resultaria
em um álbum e pode ser considerado o último disco
do Som.
Deixo vocês com a
discografia da banda. Um abraço e até a próxima
coluna.
Discografia
Som Imaginário (1970)
Som Imaginário (1971)
Matança do Porco (1973)
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