Esse rapaz com hoje 42
anos foi líder de um excepcional grupo norte-americano
que misturava punk e hardocore com blues e country: The Replacements
. Após o término, Paul acabou seguindo uma boa carreira
solo, mantendo a qualidade anterior. E é uma grande surpresa
que seu mais novo trabalho, o duplo Stereo, tenha
sido lançado no Brasil este ano, pela independente Sum
Records, e por um preço bem acessível. Confirmando
a fama de ser um país de contrastes, está havendo
um enxurrada impressionante de bons lançamentos no país
de grupos ou artistas dos anos 80 que só eram encontrados
com muito sacrifício e a preços para lá de
salgados. Por isso aproveitem a onda, porque nunca saberemos até
quando durará.
Voltando
ao trabalho, lançado ao final de 2002, Paul fez dois álbuns
bem distintos: um elétrico e outro mais acústico.
O próprio explica a criação no encarte :
“o que você ouvirá são canções
escritas e gravadas em casa durante dois anos. Um período
marcado por apresentações ao vivo, viagens e muito
pensamento... Amador? Talvez? Real? Sem dúvida nenhuma.
Uma boa referência (embora não a mais correta) é
lembrar de Neil Young em sua fase Rust Never Sleeps
e Live Rust. Embora a comparação
possa parecer infeliz, há uma certa relação.
No primeiro, Young apresentava lindas canções com
uma formação acústica, e no posterior, ensandecido,
microfonou tudo. Stereo pode ser considerado
um filho bastardo. A diferença é que o disco 1 é
o elétrico, deixando a calmaria para o segundo. Mas só
conseguirá ouvir a tranqüilidade, se conseguir tirar
o primeiro do aparelho, o que será bem difícil de
acontecer.
A seguir, alguns comentários
sobre os dois discos.
Disco 1
“Isto é
rock and roll gravado de forma precária. Tocado rapidamente,
com mãos cheias de suor e sem uma razão específica.
Como ele soa, o que ele diz, quem toca o que é irrelevante.
Te faz sentir bem. Este é meu sangue.”
Com um texto desses já
dá para imaginar o que te aguarda nas onze faixas que variam
de 2 minutos a 30 segundos até 3 minutos e 50 segundos.
Música emergente, urgente, incendiária, distorcida,
divertida. Tudo aquilo que o rock and roll sempre foi. Sem frescuras,
solos intermináveis. Destaques? Todos os segundos dos 35
minutos. Típico disco que pode colocar no aparelho, clicar
na tecla repeat e ficar ouvindo por horas e horas, sem enjoar
ou cansar.
Disco 2
Depois de divertir-se com
a primeira parte, é aconselhável relaxar ao sofá
ouvindo o lado “calmo” do rapaz. Com sua voz apunkalhada
e letras interessantes, é outro convite para ficar ouvindo
seguidamente, sem se preocupar com nada. Destaque para a canção
tradicional “Mr. Rabbit”, com um belo arranjo de Westerberg.
Mas não há um ponto baixo e nem um alto. A linearidade
e consistência são as marcas registradas de todo
o trabalho. Depois disso, só saindo de casa e correr atrás
dos outros trabalhos solos ou dos discos do Replacements, cuja
obra-prima Pleased to Meet Me, de 1987, foi lançada
aqui no ano seguinte em vinil e merece ser caçado em qualquer
sebo do planeta.
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