Se você
não conhece os Stranglers não conhece boa parte
do rock inglês dos anos 70 e 80. Apesar de terem aparecido
na leva punk, os Stranglers não são exatamente uma
banda punk, até pelo uso de sintetizadores e saxes, mas
poucas bandas tiveram um público tão fiel e uma
performance tão selvagem em palco. Liderados pelo baixista
Jean-Jacques Burnel, um dos mais criativos de sua geração,
os Stranglers cravaram discos nas paradas inglesas e escândalos
nos tablóides, se tornando uma instituição
que se recusa a morrer, tanto que continuam na ativa. E que instituição!
A
história dos Stranglers começou em 1974, em Guildford,
em Surrey pelo baixista Jean-Jacques Burnel, o baterista Jet Black,
o guitarrista e vocalista Hugh Cornwell e o tecladista Hans Warmling,
com o nome de The Guildford Stranglers. Em pouco tempo, Hans foi
substituído por Dave Greenfield. O curioso é que
nenhum deles era nascido em Guildford, sendo que Hans era sueco.
O grupo começou
a fazer o roteiro dos pubs e, em 1975, abreviaram para The Stranglers
e acabaram associados ao emergente movimento punk, embora tivessem
um som peculiar, com o uso de sintetizadores e até de saxofone.
Na
verdade, cada um deles possuía um background musical bem
diferente dos punks: Cornwell era ligado no blues, Jet Black era
baterista de jazz, Burnel era um violonista clássico que
tocava com orquestras antes de assumir o baixo e Dave tocava em
bandas militares na Alemanha!
Acabaram abrindo a primeira
turnê britânica dos Ramones, em 1976 e conquistaram
um grande público com suas apresentações
selvagens.
Eles passavam boa parte
do tempo na van do baterista Jet Black fazendo shows e nessa época
travaram amizade com uma violenta gangue de torcedores londrinos,
os Finchley Boys, que passaram a ser uma marca registrada nas
apresentações dos Stranglers em todos os shows.
Uma
das grandes marcas dos Stranglers era o incrível som do
baixo Rickenbacker de Burnel: alto, distorcido e com muito peso.
Outra marca característica era o humor bizarro e as posições
sexistas e machistas que acompanham o Stranglers até hoje.
Em dezembro de 1976 fecham
contrato com a UA e em dezembro de 1977, lançam o primeiro
single (Get A) Grip (On Yourself), com "London
Lady" no lado B.
O grupo sai em excursão
em maio tendo o quarteto London abrindo os shows. Um mês
antes, porém, a banda lança o primeiro LP, Rattus
Norvegicus, um clássico do movimento punk.
O
disco tinha o título anterior de "Dead on Arrival"
e o nome da banda aparece como The Stranglers IV na capa.
O disco trazia basicamente
as músicas tocadas ao vivo e foi produzido por Martin Rushent
o disco alcançou a quarta colocação nas paradas,
fazendo dos Stranglers, a banda mais importante do movimento punk.
O grupo faria ainda mais
sucesso nos próximos meses com os compactos Peaches/Go
Buddy Go, Something Better Change/Straighten
Out e No More Heroes/ In The Shadows.
Com o sucesso vieram os primeiros atritos com a imprensa britânica
e com os fãs. Eram constantemente chamados de machistas
por grupos feministas e também de racistas.
Mesmo
com tamanha polêmica é lançado o segundo disco
ainda em 1977, No More Heroes, que chega ao segundo
posto da parada. Cinco das músicas haviam sido gravadas
durante o período de Rattus Novergicus.
A banda excursionava sem
parar e atraía cada vez mais polêmica e fãs
por todos os lados. Entre 1978 e 1979, os Stranglers afiraram
suas ferramentas sonoras e tornaram-se menos radiciais, com discos
ainda melhores.
Em
1978 é a vez do experimental e brilhante Black
and White, seguido, em 1979 de Live X Certs
e The Raven.
Black and White é
um disco ousado, com um lado chamado de black side e
outro de white side.
No white side,
gravaram uma versão de "Sweden", cantada em sueco.
As primeiras 75 mil cópias trazia um compacto de 7 polegadas
grátis: Walk On By / Mean To Me.
The
Raven era mais experimental, abrindo com uma faixa instrumental
e o grupo lançou uma edição limitada da capa
em 3D. Os dois discos serviram para sedimentar ainda mais o talento
e a fama do quarteto, embora os grupos punks começassem
a interessar cada vez menos ao público.
Em 1981 lançam The
Gospel According to the Meninblack, disco que fica na
oitava posição das paradas britânicas, a mais
fraca deles até então. Mas no mesmo ano fazem grande
sucesso com o disco La Folie e com a canção
"Golden Brown", cantada inteira em francês e que
chegou ao segundo posto da parada de compactos, um recorde para
o grupo. Esse foi o single da EMI que vendeu durante vários
anos.
Mesmo contra a vontade
do grupo é lançado, por motivos contratuais, a coletânea
The Collection 1977-1982, com um novo single,
Strange Little Girl, que chega ao sétimo
posto.
No
ano seguinte, o grupo assina com a Epic e continuam com boas vendagens.
Os Stranglers são
considerados, agora, um grupo sério, com todos tocando
de pretos, compenetrados no palco, apesar dos escândalos
envolvendo drogas, brigas entre os integrantes e com a platéia
e orgias sexuais.
A entrada na Epic marca
um novo estilo sonoro, com maciça presença de um
trio de metais em todos os discos. Em 1986 o grupo lança
o interessante Dreamtime, o único disco
a entrar nas paradas norte-americanas.
O
grupo deu uma parada nas atividades, exaustos e em 1990 voltam
com um novo disco, 10, que marca a saída
de Hugh Cornwell. O disco foi planejado para fazer sucesso no
mercado norte-americano e foi precedido do compacto contendo a
gravação do clássico dos Kinks - "All
Day And All Of The Night" -, que chegou ao sétimo
posto na parada britânica. A primeira canção
de trabalho seria "96 Tears", que ficou em 17º
lugar nas paradas. O disco mostrava o Stranglers com um som de
"big band", cheio de cordas, com produção
de Roy Thomas Baker, ex-produtor do Queen. Na capa os membros
se vestem imitando os 10 líderes mais poderosos do planeta,
da época: Yasser Arafat, Rajiv Gandhi, Papa João
Paulo II, Mikhael Gorbachev, Margaret Thatcher, George Bush, Fidel
Castro, Muammar al-Gaddafi, Benazir Bhutto, Joshua Nkomo, indo
da esquerda para a direita.
A saída de Cornwell
marcou a entrada de John Ellis, ex-Vibrators e também de
Paulo Roberts. Quando Ellis saiu em 2000, seu lugar foi preenchido
por Baz Warne, com Roberts deixando o grupo em 2006.
O
grupo continua na ativa e lançou Suite XVI,
em 2006 e dando shows até hoje.
O grupo segue com o prestígio
intacto e recentemente, no dia 4 de novembro de 2007, tocaram
no Roundhouse, em Camden, Londres, onde abriram a primeira excursão
deles como banda principal, em 1977, 30 anos atrás. O evento
foi gravado em DVD e será lançado.
Deixo vocês com a
letra de "(Get A) Grip (On Yourself)". Um abraço
e até a próxima coluna!
(Get
A) Grip (On Yourself)
Didn't have the money round
to buy a Morry Thou
Been around and seen a lot to shake me anyhow
Begged and borrowed sometimes I admit I even stole
The worse crime that I ever did was play some rock 'n roll.
But the money's no good
Just get a grip on yourself
But the money's no good
Just get a grip on yourself
Suffering convictions on a two-way stretch
inside
The air in here is pretty thin, I think I'll go outside
Committed for insanity and crimes against the soul
The worst crime that I ever did was play some rock 'n roll.
But the money's no good
Just get a grip on yourself
But the money's no good
Just get a grip on yourself
And you should know
Now I find from week to week the sentence
sticking fast
Turn the corner, rub my eyes and hope the world will last
Stranger from another planet welcome to our hole
Just strap on your guitar and we'll play some rock 'n roll
But the money's no good
Just get a grip on yourself
But the money's no good
Just get a grip on yourself
And you should know
Discografia
Singles e EPs
Grip (1977)
Peaches/Go Buddy Go (1977)
Something Better Change/ Straighten Out (1977)
No More Heroes (1977)
5 Minutes (1978)
Nice 'N' Sleazy (1978)
Walk On By (1978)
Duchess (1979)
Nuclear Device (1979)
Don't Bring Harry (1979)
Bear Cage (1980)
Who Wants The World (1980)
Thrown Away (1981)
Just Like Nothing On Earth (1981)
Let Me Introduce You To The Family (1981)
Golden Brown (1981)
La Folie (1982)
Strange Little Girl (1982)
European Female (1982)
Midnight Summer Dream (1983)
Paradise (1983)
Skin Deep (1984)
No Mercy (1984)
Let Me Down Easy (1985)
Nice In Nice (1986)
Always The Sun (1986)
Big In America (1987)
Shakin' Like A Leaf (1987)
All Day and All Of The Night (1987)
Grip '89 (1989)
Nighttracks Session (1989)
96 Tears (1990)
Sweet Smell Of Success (1990)
Always The Sun (1990)
Golden Brown (1991)
Heaven Or Hell (1992)
Sugar Bullets (1992)
Lies And Deception (Available as 2-CD Box) (1995)
In Heaven She Walks (1997)
The UA Singles 77-79 (CD-single Box Set) (2001)
The UA Singles 79-82 (CD-single Box Set) (2003)
Big Thing Coming (2004)
Long Black Veil (2004)
Spectre of Love (2006)
Discos
Rattus Norvegicus (1977)
No More Heroes (1977)
Black and White (1978)
Live X-Cert (1978)
The Raven (1979)
IV (USA/Canada release) (1980)
The Gospel According to the Meninblack (1981)
La Folie (1981)
The Collection 1977-82 (1982)
Feline (1983)
Aural Sculpture (1984)
Off the Beaten Track (1986)
Dreamtime (1986)
All Live and All of the Night (1988)
Rarities (1988)
Singles (The UA Years) (1989)
10 (1990)
Greatest Hits 1977-1990 (1990)
3 (Box set of Feline, Aural Sculpture, Dreamtime) (1990)
All Twelve Inches (1992)
The Early Years '74, '75, '76 (1992)
Live at the Hope and Anchor (1992)
Stranglers in the Night (1992)
The Old Testament (4-CD Box + Book) (1992)
Saturday Night, Sunday Morning (1993)
Strangled From Birth and Beyond (1994)
Death and Night and Blood (1994)
About Time (1995)
The Sessions (1995)
The Stranglers and Friends (1995)
Access all Areas (1995)
Written in Red (1997)
The Hit Men (1997)
The Collection (1997)
Friday the Thirteenth (1997)
The Best of the Epic Years (1997)
Live in London (1997)
The Masters (1998)
Coup de Grace (1998)
Live at Hammersmith '81 (1998)
Collection (1998)
Hits Collection (1999)
Hits and Heroes (1999)
Always the Sun (2000)
5 Live 01 (2001)
The Stranglers (2001)
The Epic Years(5 CD Box Set) (2001)
Lies and Deception (2002)
Laid Black (2002)
Peaches (The very best of) (2002)
The Rarities (2002)
Out of the Black (2002)
Sweet Smell of Success (2003)
Live at the Apollo (2003)
Live 'n' Sleazy (2003)
Apollo Revisited (2003)
Miss You (2003)
Gold (2003)
Norfolk Coast (2004)
A Collection (3 CD Box Set) (2004)
Coast to Coast (2005)
The Very Best of the Stranglers (2006)
Suite XVI (2006)
|