277 - The Beat

A explosão do ska na Inglaterra rendeu, ao menos, três importantes bandas: The Specials, Madness e The Beat. Faltava então falar apenas deste último, que na América era conhecido como The English Beat. De seu ventre nasceram grandes músicas, discos e duas bandas bem bacanas, nos anos 80: General Public e Fine Young Cannibals. Outro grupo que sabia misturar de forma impecável ritmos dançantes e alegres com temas espinhosos e políticos.


Assim como os demais grupos que começaram nos final dos anos 70, o The Beat nasceu em meio a maior crise financeira do Reino Unido, quando o desemprego atingia níveis insuportáveis. Uma das poucas alternativas era a música e assim, o jovem Dave Wakeling resolveu montar uma banda explorando o reggae, o ska e a pop.

O grupo era formado por Dave Wakeling (vocais e guitarra), Andy Cox (guitarra), David Steele (baixo), Everett Morton (bateria), Ranking Roger (vocais) e a lenda do ska, o saxofonista Saxa, nascido em 1930! Saxa havia gravado com os Beatles, além de Prince Buster e Desmond Dekker, figuras históricas do ska.

capa do compacto Tears of a ClownO grupo fazia uma mistura de reggae, ska, pop, punk e soul e foi um dos expoentes do movimento ska e do 2-Tone, um termo cunhado pelo líder dos Specials, Jerry Dammers.

Ao lado dos próprios Specials, Madness e Selecter, o Beat ajudou a criar uma sólida cena.

O grupo começou a tocar em 1979 e no Natal daquele ano alcançaram o sexto lugar no topo da parada com a regravação de "Tears Of A Clown", composta por Smokey Robinson.

O sucesso fez o grupo a aumentar ainda mais a rotina de shows e como a banda tinha uma forte presença de palco, especialmente por causa do carisma de Wakeling e de Ranking Roger, as apresentações eram sempre lotadas.

Ranking, aliás, entrou no grupo após assistir um show da banda. Animado com o que ouvia, deixou a banda punk que havia tocado minutos antes e se tornou parte fundamental do The Beat.

Esse seria o único lançamento pelo selo 2-Tone (há uma bela história sobre ele nesse link) e no ano seguinte montam um próprio, o Go-Feet, que seria distribuído pela Arista.

Assim como o 2-Tone havia inventado um símbolo, o The Beat resolveu ter um, desenhando uma garota que apareceria em várias capas dos compactos.

Em fevereiro é lançado o primeiro single, o histórico "Hands Off... She's Mine" (nono lugar nas paradas) e em abril o grande sucesso, "Mirror In the Bathroom" (quarta posição). Os dois compactos serviram também para consolidar o selo que lançaria vários outros grupos ao longo dos anos.

Em maio era a vez do primeiro LP, I Just Can't Stop. O grupo já havia assinado com a Arista que exigia um LP após o imenso sucesso dos dois primeiros compactos.

O álbum foi gravado nos estúdios Ridge Farm e Roundhouse e bateu o terceiro posto na parada e se tornou um clássico do gênero.

A Arista resolveu promovê-los na América, mas precisou mudar o nome do grupo para "The English Beat", já que havia um outro grupo de power-pop chamado The Beat, que depois seria conhecida como The Paul Collins Beat.

capa do disco Wha'ppenEm 1981, lançam o segundo disco Wha'ppen e saem em uma grande excursão pela América juntos com os Pretenders e os Talking Heads.

O disco alcançou novamente o terceiro posto nas paradas, mas mostrava um som mais pop e comercial.

O disco rendeu ao menos um grande sucesso, "Too Nice To Talk To", sétimo lugar na parada. E o grupo continuava a tocar e dividindo os palcos com o The Clash, David Bowie, The Specials.

O grupo permanecia fiel às sua crenças e chegaram ao ponto de doar todo o dinheiro arrecadado com o single "Stand Down Margaret" para o Comitê de Desarmamento Nuclear, além de doar os direitos de suas músicas para causas humanitárias.

A banda, porém, não tinha muito tempo de vida. Wakeling acreditava que um bom grupo não deveria durar mais de três discos e o grupo se separou justamente após lançar o terceiro LP, Special Beat Service.

O grupo, na verdade, estava farto das inúmeras excursões e quando Saxa resolveu que não agüentava mais o ritmo, a banda resolveu se separar. Dave Wakeling e Ranking Roger fundaram o General Public, de algum sucesso, enquanto Cox e Steele se juntaram a um obscuro cantor chamado Roland Gift e fundaram um dos maiores campeões de vendagem da década, o Fine Young Cannibals.

A banda voltaria a se juntar em 2003 para alguns shows, mas sem Steele e Cox. Uma infrutífera reunião foi tentada em 2004 e o mundo viu no ano seguinte dois Beats em ação: um com Roger, Blockhead, Morton e Ranking Junior nos vocais e o "The English Beat", formado por Wakeling, Wayne Lothian (General Public), Rick Torres (Supreme Beings of Leisure), Rhythmm Epkins, Fernando Jativa and Paul Welch.

capa do disco b.p.m. ..beats per minuteMesmo com a separação, ficaram para a história as músicas do primeiro e antigo The Beat. Algumas coletâneas chegaram a ser lançadas e uma bacana é b.p.m. ..beats per minute.

Mas existem outros lançamentos póstumos. Deixo vocês com a discografia do grupo. Ah, quem quiser conhecer mais um pouco sobre o selo Go-Feet pode visitar o site deles.

Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Singles

Tears Of A Clown / Ranking Full Stop (1979)
Hands Off . . . She's Mine (1980)
Mirror In the Bathroom (1980)
Best Friend/Stand Down Margaret (dub) (1980)
Too Nice To Talk To (1980)
Drowning/All Out To Get You (1981)
Doors Of Your Heart (1981)
Hit It (1981)
Save It For Later (1982)
Jeanette (1982)
I Confess (1982)
Can't Get Used To Losing You (1983)
Ackee 123 (1983)
Save It For Later (1988)

Discos

I Just Can't Stop It (1980)
Wha'ppen (1981)
Special Beat Service (1982)
What Is Beat? (1983)
The Beat Goes On (191)
b.p.m. ..beats per minute (1996)
Beat This! - The Best of The Beat (2000)
The Platinum Collection (2005)
You Just Can't Beat It: the Best of the Beat (2008)

 


 

 

Colunas