A explosão
do ska na Inglaterra rendeu, ao menos, três importantes
bandas: The Specials, Madness e The Beat. Faltava então
falar apenas deste último, que na América era conhecido
como The English Beat. De seu ventre nasceram grandes músicas,
discos e duas bandas bem bacanas, nos anos 80: General Public
e Fine Young Cannibals. Outro grupo que sabia misturar de forma
impecável ritmos dançantes e alegres com temas espinhosos
e políticos.
Assim
como os demais grupos que começaram nos final dos anos
70, o The Beat nasceu em meio a maior crise financeira do Reino
Unido, quando o desemprego atingia níveis insuportáveis.
Uma das poucas alternativas era a música e assim, o jovem
Dave Wakeling resolveu montar uma banda explorando o reggae, o
ska e a pop.
O grupo era formado por
Dave Wakeling (vocais e guitarra), Andy Cox (guitarra), David
Steele (baixo), Everett Morton (bateria), Ranking Roger (vocais)
e a lenda do ska, o saxofonista Saxa, nascido em 1930! Saxa havia
gravado com os Beatles, além de Prince Buster e Desmond
Dekker, figuras históricas do ska.
O
grupo fazia uma mistura de reggae, ska, pop, punk e soul e foi
um dos expoentes do movimento ska e do 2-Tone, um termo cunhado
pelo líder dos Specials, Jerry Dammers.
Ao lado dos próprios
Specials, Madness e Selecter, o Beat ajudou a criar uma sólida
cena.
O grupo começou
a tocar em 1979 e no Natal daquele ano alcançaram o sexto
lugar no topo da parada com a regravação de "Tears
Of A Clown", composta por Smokey Robinson.
O
sucesso fez o grupo a aumentar ainda mais a rotina de shows e
como a banda tinha uma forte presença de palco, especialmente
por causa do carisma de Wakeling e de Ranking Roger, as apresentações
eram sempre lotadas.
Ranking, aliás,
entrou no grupo após assistir um show da banda. Animado
com o que ouvia, deixou a banda punk que havia tocado minutos
antes e se tornou parte fundamental do The Beat.
Esse seria o único
lançamento pelo selo 2-Tone (há uma bela história
sobre ele nesse link)
e no ano seguinte montam um próprio, o Go-Feet, que seria
distribuído pela Arista.
Assim
como o 2-Tone havia inventado um símbolo, o The Beat resolveu
ter um, desenhando uma garota que apareceria em várias
capas dos compactos.
Em fevereiro é lançado
o primeiro single, o histórico "Hands Off... She's
Mine" (nono lugar nas paradas) e em abril o grande sucesso,
"Mirror In the Bathroom" (quarta posição).
Os dois compactos serviram também para consolidar o selo
que lançaria vários outros grupos ao longo dos anos.
Em
maio era a vez do primeiro LP, I Just Can't Stop.
O grupo já havia assinado com a Arista que exigia um LP
após o imenso sucesso dos dois primeiros compactos.
O álbum foi gravado
nos estúdios Ridge Farm e Roundhouse e bateu o terceiro
posto na parada e se tornou um clássico do gênero.
A Arista resolveu promovê-los
na América, mas precisou mudar o nome do grupo para "The
English Beat", já que havia um outro grupo de power-pop
chamado The Beat, que depois seria conhecida como The Paul Collins
Beat.
Em
1981, lançam o segundo disco Wha'ppen
e saem em uma grande excursão pela América juntos
com os Pretenders e os Talking Heads.
O disco alcançou
novamente o terceiro posto nas paradas, mas mostrava um som mais
pop e comercial.
O disco rendeu ao menos
um grande sucesso, "Too Nice To Talk To", sétimo
lugar na parada. E o grupo continuava a tocar e dividindo os palcos
com o The Clash, David Bowie, The Specials.
O
grupo permanecia fiel às sua crenças e chegaram
ao ponto de doar todo o dinheiro arrecadado com o single "Stand
Down Margaret" para o Comitê de Desarmamento Nuclear,
além de doar os direitos de suas músicas para causas
humanitárias.
A banda, porém,
não tinha muito tempo de vida. Wakeling acreditava que
um bom grupo não deveria durar mais de três discos
e o grupo se separou justamente após lançar o terceiro
LP, Special Beat Service.
O
grupo, na verdade, estava farto das inúmeras excursões
e quando Saxa resolveu que não agüentava mais o ritmo,
a banda resolveu se separar. Dave Wakeling e Ranking Roger fundaram
o General Public, de algum sucesso, enquanto Cox e Steele se juntaram
a um obscuro cantor chamado Roland Gift e fundaram um dos maiores
campeões de vendagem da década, o Fine Young Cannibals.
A banda voltaria a se juntar
em 2003 para alguns shows, mas sem Steele e Cox. Uma infrutífera
reunião foi tentada em 2004 e o mundo viu no ano seguinte
dois Beats em ação: um com Roger, Blockhead, Morton
e Ranking Junior nos vocais e o "The English Beat",
formado por Wakeling, Wayne Lothian (General Public), Rick Torres
(Supreme Beings of Leisure), Rhythmm Epkins, Fernando Jativa and
Paul Welch.
Mesmo
com a separação, ficaram para a história
as músicas do primeiro e antigo The Beat. Algumas coletâneas
chegaram a ser lançadas e uma bacana é b.p.m.
..beats per minute.
Mas existem outros lançamentos
póstumos. Deixo vocês com a discografia do grupo.
Ah, quem quiser conhecer mais um pouco sobre o selo Go-Feet pode
visitar o site
deles.
Um abraço e até
a próxima coluna.
Discografia
Singles
Tears Of A Clown / Ranking Full Stop (1979)
Hands Off . . . She's Mine (1980)
Mirror In the Bathroom (1980)
Best Friend/Stand Down Margaret (dub) (1980)
Too Nice To Talk To (1980)
Drowning/All Out To Get You (1981)
Doors Of Your Heart (1981)
Hit It (1981)
Save It For Later (1982)
Jeanette (1982)
I Confess (1982)
Can't Get Used To Losing You (1983)
Ackee 123 (1983)
Save It For Later (1988)
Discos
I Just Can't Stop It (1980)
Wha'ppen (1981)
Special Beat Service (1982)
What Is Beat? (1983)
The Beat Goes On (191)
b.p.m. ..beats per minute (1996)
Beat This! - The Best of The Beat (2000)
The Platinum Collection (2005)
You Just Can't Beat It: the Best of the Beat (2008)
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