Como
explicar o legado do The Who? Uma das maiores bandas da história,
liderada por um dos mais talentosos compositores de todos os tempos,
maior representante do movimento "mod" - imortalizado,
primeiro em disco, e, depois, no cinema como Quadrophenia - o
Who é, com certeza, um dos mais espetaculares shows de
rock nos anos 70, ou até mesmo o maior, batendo, inclusive,
o Led Zeppelin. A química produzida por Pete, o vocalista
Roger Daltrey, e os falecidos John Entwistle (baixo) e Keith Moon
(bateria) era algo inexplicável. Uma energia primal, bruta,
violenta e sensual. E tudo isso começou com o LP de estréia,
que trouxe um dos maiores hinos da geração dos anos
60 - "My Generation" - tão importante quando
"(I Can't Get No) Satisfaction" ou "Help!".
Para muitos o The Who não era apenas um excepcional grupo
de rock; era um estilo de vida.
É quase um consenso
geral que Live at Leeds é o maior álbum
ao vivo da história.
E
isso fica bem mais claro ouvindo a edição completa
da apresentação - ainda bem que inventaram o
CD! -, já que, recentemente, saiu o show na íntegra
em luxuosa embalagem dupla - há uma edição
nacional, acreditem! - sendo o segundo disco dedicado somente
às músicas de Tommy.
O mais incrível
é que, ao contrário de outros grupos "pesados",
não havia aquela coisa de "solo de Pete" ou "solo
de Keith". Isso era desnecessário, pois parecia que
todos solavam ao mesmo tempo, tamanho a intensidade da banda,
embora Pete sempre tenha dito que se achava um músico limitado
e que se via apenas como um guitarrista-rítmico. Imagine,
então, se o homem fosse bom!
Apesar das inúmeras
brigas internas - especialmente entre o gozador Keith e o baixinho
Roger (porque todo nanico é enfezado?) - havia
um clima de grande alegria e diversão entre eles e o público.
Basta ouvir a interação entre Townshend e a audiência
no disco ao vivo antes de apresentar "A Quick One (While
He's Away)", algo como "Uma Rapidinha, Enquanto Ele
Está Fora". Só pelo título, percebe-se
a descontração do grupo.
Grande parte da força
residia na falecida dupla formada pelo baixista John Entwistle
(que Pete chamava de "John 10 CV", algo como "John
10 Cavalos", tamanha a potência que retirava de seu
instrumento) e do baterista Keith Moon, disparada a melhor "cozinha"
do rock. Jamais houve uma dupla igual. Além de montar a
bateria de uma maneira completamente distinta dos demais, Keith
metia a mão sem parar, parecendo que solava o tempo todo.
Talvez, por isso, fossem desnecessários solos egocêntricos
nos shows. O Who jamais dava descanso aos fãs.
E
os fãs amavam isso. Segundo o guitarrista e baixista dos
Stooges, Ron Asheton, ver uma apresentação do The
Who por volta de 1964, 1965 era mesmerizante. Ele relata isso
no livro Please Kill Me: "Fomos ver
(ele e Dave Alexander, baixista orginal dos Stooges. Nota
do Editor) o Who no Cavern. Estava completamente repleto
de gente. Abrimos caminho à força, até uns
três metros do palco, e Townshend começou a estraçalhar
a Rickenbacker de doze cordas. Foi minha primeira experiência
de um pandemônio total. Era uma matilha humana tentando
agarrar os pedaços da guitarra de Townshend, e as pessoas
lutavam para subir no palco, e ele brandia a guitarra na cabeça
delas. A platéia não gritava, era mais como ruídos
de animais uivando. O lugar inteiro ficou realmente primitivo.
- como um bando de animais mortos de fome que não comesse
há uma semana e alguém jogasse um pedaço
de carne. Fiquei com medo. Foi tipo: 'o avião está
pegando fogo, o navio está afundando, então vamos
rebentar um ao outro.' Nunca tinha visto pessoas ficarem tão
enlouquecidas - a música levava as pessoas àqueles
extremos perigosos. Foi quando me dei conta: 'É exatamente
isso que quero fazer.'"
Deu pra sentir o clima?
A
história do Who começou alguns anos, quando o rebelde
Roger Harry Daltrey é expulso da Acton County Grammar School,
na primavera de 1959 por recusar a vestir o uniforme escolar.
Com isso, é obrigado a ir trabalhar em uma metalurgia.
Para passar o tempo e se divertir toca The Detours, onde era o
guitarrista e líder. O Detours era basicamente um grupo
de skiffle, usando instrumentos acústicos.
Mas os Detours não
tinham baixista e Roger saiu à caça de um. Por sorte,
encontrou um ex-colega de escola chamado John Alex Entwistle,
que carregava um baixo que ele mesmo havia construído,
que tocava alguns instrumentos de sopro em outro grupo escolar.
Através de John, Roger convidou um rapaz de nariz imenso,
pois precisava de um guitarrista-rítmico. Seu nome era
Pete Dennis Blandford Townshend. Pete já tinha experiência
no meio musica, pois seus pais eram artistas. Além deles,
completavam o grupo o baterista Doug Sandom e o vocalista Colin
Dawson.
E foi através da
mãe de Pete, que os primeiros shows foram agendados. Aos
poucos, Roger foi convencido que não era um guitarrista
tão bom assim e que deveria tentar cantar, já que
o vocalista Colin Dawson havia sido demitido por Roger e o outro,
Gabby Connolly, não havia agradado. Sem um guitarrista-solo,
coube a John tentar preencher o espaço tocando partes de
guitarra em seu baixo.
Com apenas um baterista,
um baixista e um guitarrista, o grupo perdia potência. Foi
aí que nascia a genialidade de Townshend, que começou
a amplificar suas guitarras acústicas de maneira incomum
e procurava criar acordes fortes e segurando os por alguns segundos,
até criar feedback. Tudo isso aconteceu por volta de 1962,
63, quando os Beatles começariam uma imensa revolução
no planeta.
Em 1964, os Detours foram
obrigados a mudar de nome, pois havia um grupo de mesmo nome que
havia, inclusive, aparecido em um programa de TV. Assim, a banda
resolve mudar de nome: The Who, por sugestão de Richard
Barnes, amigo de Pete. Nessa época, o grupo já era
um grupo quase profissional, com shows regulares e passam a ser
empresariados por Helmut Gorden.
O Who, no entanto, tinha
problemas sérios com bateristas. Após a saída
de Doug Samdon, a banda tocava com um músico contratado
chamado Dave Golding. Foi nessa época que conheceram um
baixinho, com um senso de humor um tanto bizarro e que tocava
de maneira inacreditável: Keith John Moon.
Keith
havia começado a tocar com 16 anos no Mark Twain and The
Strangers e dizia que teria uns 23 empregos nos próximos
dois anos. Na época em que se juntou ao Who, em abril de
64, estava no Clyde Burns and The Beachcombers.
Mas o grupo teria outra
mudança ainda nesse mês. Por sugestão do novo
empresário, Peter Meaden, o grupo passa a se chamar The
High Numbers e se torna um grupo mod. A idéia
era criar uma identidade ao quarteto.
Os mods eram jovens
trabalhadores que cultivavam basicamente o culto às roupas,
às lambretas (scooters), discos de R&B importados
dos EUA e anfetaminas. Eram jovens selvagens, barulhentos, agitados
e que tinham como inimigos os rockers. Boa parte da saga
está relatada no filme Quadrophenia.
A
banda acaba assinando contrato com a Fontana Records e no dia
3 de julho debuta com o compacto I’m The Face/Zoot
Suit, que fracassa nas paradas. A letra era escrita por
Meaden.
O High Numbers já
trazia as características que fariam a fama do Who, como
uma presença selvagem em palco.
Foi nessa época
que a banda encontra uma jovem dupla que seria fundamental para
a carreira musical do jovem grupo: Kit Lambert e Chris Stamp.
Kit era conhecido por ser o irmão do jovem astro de cinema,
Terence Stamp, e viu o High Numbers, pela primeira vez, em julho.
Imediatamente percebeu que eles poderiam ser o grupo que ele e
Chris procuravam para serem empresários. Os dois conseguiram
anular o contrato com Helmut Gorden, já que a banda havia
assinado quando eram menores de idades, o que era irregular.
Entre agosto e setembro
daquele ano, participam de concertos dominicais no Reino Unido,
organizados por Arthur Howes. Desconhecidos, o High Numbers abriram
para outras duas bandas mais famosas: os Kinks e os Beatles.
Em
setembro, Pete arrebenta a primeira guitarra no palco, por acidente,
no Railway Hotel in Harrow. Nascia aí sua marca registrada
em shows, quando jogava os pedaços aos fãs. Segundo
o guitarrista "eles procuravam novas idéias para fazer
uma música diferente e algo diferente visualmente e quando
o equipamento não correspondia às suas expectativas,
os arrebentava, furioso." Uma semana depois, Keith destrói
seu primeiro kit de bateria: "quis ser solidário à
Pete".
Lambert e Stamp conseguem
uma audição na EMI para a banda, que requisita material
próprio do grupo para serem melhores avaliados. A dupla
começa a pressionar Pete Townshend para que escreva canções.
Enquanto isso, os dois assinam contrato com o produtor Shel Talmy
que tinha um pequeno selo independente, a Orbit Music. Enquanto
isso, Talmy fecha um acordo com a Decca, nos EUA, para distribuírem
os disco do Who naquele país.
Pete, um apaixonado pela
eletrônica desde menino, consegue desenvolver um pequeno
gravador com várias pistas, o que permitia que fizesse
canções tocando todos os instrumentos. Ninguém
usava isso no rock, naquela época.
Com
isso, Pete tinha um maior controle quando o grupo as gravasse,
pois sabia exatamente como queria que soassem. Suas duas primeiras
composições foram "Call Me Lightning"
e "I Can't Explain," uma cópia descarada do mega-hit
dos Kinks, "You Really Got Me". O roubo era "proposital",
pois Talmy era o produtor dos Kinks.
Em novembro, a banda volta
a mudar de nome, adotando o nome anterior, The Who. Nesse mês
a banda adentra os estúdios IBC para gravar o primeiro
compacto, "I Can't Explain". Ao mesmo tempo, iniciam
uma temporada de 16 semanas tocando no Marquee, sempre com casa
lotada e guitarras esmigalhadas e fãs que saíam
exaustos de tanto dançarem e gritarem com tamanha agitação
que vinha dos palcos.
Os shows são realizados
às terças e o pôster é desenhado pelo
amigo de Pete, Richard Barnes, que cria a clássica imagem
do guitarrista pulando e girando os braços e os dizeres
"Maximum R&B", que seria imortalizada.
No
dia 15 de janeiro, finalmente é editado o compacto I
Can't Explain pelo selo Brunswick. O compacto demora
a decolar, mas finalmente alcança o oitavo lugar na parada.
Duas semanas após
o compacto lançado o grupo é a atração
do programa de TV, Ready Steady Go!
Em maio é lançado
o segundo compacto do grupo, Anyway Anyhow Anywhere,
que faz a transição do Who de uma banda mod para
um grupo pop. O grande destaque da canção é
o uso selvagem de feedback. A canção seria uma das
raras vezes em que Roger Daltrey assnaria uma composição,
sendo esta, ao lado de Pete. A canção chegou ao
décimo lugar na parada. É nesse momento que o grupo
adota um visual diferente, usando, entre outras coisas, um paletó
com as cores da bandeira do Reino Unido.
Em
setembro e outubro, o Who sai para uma série de shows pela
Holanda e Escandinávia e Roger Daltrey acaba sendo demitido
pelos outros três, que não toleram mais sua personalidade
agressiva.
Roger estava furioso com
Keith Moon, que abusava de pílulas e o proibiu de usá-las,
sem sucesso. O cantor é demitido apenas em solo inglês,
mas readmitido logo depois. A banda já angariava alguma
fama e os tablóides gastam páginas e páginas
relatando as brigas internas na banda, principalmente entre Roger
e Keith.
Em outubro, o Who edita
o maior clássico do grupo, o compacto My Generation.
Segundo Pete, a inspiração veio quando seu carro,
um Packard hearse 1935, foi guinchado na Belgravia Street, por
ofender à visão da Rainha Mãe, que o considerava
ofensivo. O carro parecia um modelo usado por funerárias.
Isso
causou uma revolta profunda em Pete, que escreveu um dos mais
famosos versos da história: "Hope I die before get
old". (espero morrer antes de ficar velho).
O compacto pode ser considerado
uma das primeiras influências para o que viria ser depois
o punk. Além da letra contestadora, Roger Daltrey deixou
sua marca, ao imitar um gago no vocal. A idéia era mostrar
a ira dos jovens. Além disso, a banda inovava ao usar a
idéia do "call-and-response" tão usado
nos grupos de R&B da América, já que a cada
verso de Roger, Pete e John cantavam outro em seguida. A canção
chegou ao segundo lugar, o mais alto posto do Who em sua história.
Infelizmente, a banda jamais teria um primeiro lugar, fosse no
Reino Unido ou na América.
No
dia 3 de dezembro de 1965, é editado o primeiro LP, My
Generation. No disco, John Entwistle veste a famosa jaqueta
com as cores do Reino Unido, a banda é fotografada olhando
para o alto e o disco chega ao quinto lugar nas paradas.
O disco é uma das
mais extraordinárias estréias dos anos 60 e mostra
o Who tocando composições próprias e clássicos
do R&B. A produção é mais uma vez de
Shel Talmy, que começa a ter problemas com Lambert e Stamp
por causa de dinheiro. Apesar disso, talmy havia feito um excelente
trabalho, ao conseguir repetir, em termos, as furiosas apresentações
ao vivo do grupo, em vinil. O produtor lembra o quanto eles eram
bons: "o disco foi gravado ao vivo e depois acrescentando
pouca coisa. Keith Moon era um baterista incrível e combinava
incrivelmente com o baixo de Joh. Isso sem falar na peculiar guitarra
de Pete e nos vocais apaixonados de Roger. Era óbvio que
seriam grandes."
As faixas do álbum
original eram:
Lado 1
1. "Out in the Street"
2. "I Don't Mind" (James Brown)
3. "The Good's Gone"
4. "La-La-La-Lies"
5. "Much Too Much"
6. "My Generation"
Lado 2
1. "The Kids Are Alright"
2. "Please, Please, Please" (Brown/John Terry)
3. "It's Not True"
4. "I'm a Man" (McDaniel)
5. "A Legal Matter"
6. "The Ox" (Townshend/Moon/Entwistle/Hopkins)
O disco capta toda a fúria
de uma juventude inquieta e Pete choca, ao admitir, em janeiro
de 1966, que consumia drogas em uma programa de TV da BBC.
Enquanto
isso, Lambert e Stamp tentam romper o contrato com Shel Talmy.
O grupo tinha um contrato com a Decca na América, que os
ignora por completo. Assim, os empresários resolvem romper,
assinam com a Atlantic na América e com o novo selo, Polydor,
de Robert Stigwood, para o resto do mundo. Uma versão diferente
do LP é editado nos EUA, recebendo o nome The Who
sings My Generation, em abril de 1966, com outras canções.
O disco trazia as seguintes
faixas:
Lado 1
1. "Out in the Street"
– 2:31
2. "I Don't Mind" (Brown) – 2:36
3. "The Good's Gone" – 4:02
4. "La-La-La Lies" – 2:17
5. "Much Too Much" – 2:47
6. "My Generation" – 3:18
Lado 2
7. "The Kids Are Alright"
– 2:46
8. "Please, Please, Please" (Brown/Terry) – 2:45
9. "It's Not True" – 2:31
10. "The Ox" (Townshend/Moon/Entwistle/Hopkins) –
3:50
11. "A Legal Matter" – 2:48
12. "Instant Party" – 3:12
Dessa forma, o The Who
começava a construir uma carreira recheada de sucessos,
histórias e se firmaria com um dos mais importantes grupos
da história. Mas a continuação é papo
para outro dia. Um abraço e até a próxima
coluna.
Discografia
Discos
My Generation (1965)
Quick One (1966)
The Who Sell Out (1967)
Magic Bus: The Who on Tour (1968)
Tommy (1969)
Live at Leeds (1970)
Who's Next (1971)
Meaty Beaty Big and Bouncy (1971)
Quadrophenia (1973)
Odds and Sods (1974)
The Who By Numbers (1975)
Tommy - Original Soundtrack (1975)
The Story Of The Who (1976)
Who Are You (1978)
The Kids Are Alright (1979)
Quadrophenia - Original Soundtrack (1979)
Face Dances (1981)
Hooligans (1981)
Phases (1981)
It's Hard (1982)
Who's Last (1982)
Join Together (1982)
Who's Greatest Hits (1983)
Who's Missing (1985)
Two's Missing (1987)
Who's Better Who's Best (1988)
Thirty Years Of Maximum R & B (1994)
My Generation - The Very Best of (caixa de 4 CDs, 1996)
Live At The Isle Of Wight Festival 1970 (1996)
20th Century Masters - The Millenium Collection: The Who (1999)
Live at the Royal Albert Hall (2000)
The BBC Sessions (2000)
The Who: Then and Now (2004)
Endless Wire (2006)
Singles
1964 - I'm the Face / Zoot
Suit / (como The High Numbers)
1965 - I Can't Explain / Bald Headed Woman
1965 - Anyway, Anyhow, Anywhere / Daddy Rolling Stone (UK B-Side)
/ Anytime You Want Me (US B-Side)
1965 - My Generation / Shout and Shimmy
1966 - Circles / Instant Party (Unreleased single)
1966 - Substitute / Circles (UK B-Side) / Waltz for a Pig (US
B-Side)
1966 - A Legal Matter / Instant Party
1966 - The Kids Are Alright / The Ox
1966 - I'm a Boy / In the City
1966 - La La La Lies / The Good's Gone
1966 - Happy Jack / I've Been Away (UK B-Side) / Whiskey Man (US
B-Side)
1967 - Pictures of Lily / Doctor, Doctor
1967 - The Last Time / Under My Thumb
1967 - I Can See For Miles / Someone's Coming (UK B-Side) / Mary-Anne
with Shakey Hands (US B-Side)
1968 - Dogs / Call Me Lightning
1968 - Magic Bus / Dr. Jekyll and Mr. Hyde
1969 - Pinball Wizard / Dogs Part II
1970 - The Seeker / Here for More
1970 - Summertime Blues / Heaven And Hell
1970 - See Me, Feel Me / Overture
1971 - Won't Get Fooled Again / I Don't Even Know Myself
1971 - Let's See Action / When I Was a Boy
1972 - Join Together / Baby Don't You Do It
1972 - Relay / Waspman
1973 - 5:15 / Water
1975 - Overture / See Me, Feel Me/Listening to You (from Tommy
film)
1975 - Squeeze Box / Success Story
1978 - Who Are You / Had Enough
1981 - You Better You Bet / The Quiet One
1981 - Don't Let Go the Coat / You
1982 - Athena / A Man Is a Man
1984 - Twist & Shout (Live) / I Can't Explain (Live)
2004 - Real Good Looking Boy / Old Red Wine
2006 - Wire & Glass / Mirror Door
2006 - It's Not Enough – iTunes Download Single
2006 - Tea & Theatre – iTunes Download Single
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