O ano de 1986
foi mágico pro rock brasileiro. A saber: nesse ano foram
editados O Concreto Já Rachou (Plebe Rude), o primeiro
do Capital Inicial, o primeiro EP do Violeta de Outono, Vivendo
E Não Aprendendo (Ira!), Dois (Legião Urbana), Selvagem?
(Os Paralamas do Sucesso), só para citar os mais famosos.
E entre eles, há um destaque: o terceiro LP do octeto paulistano,
Titãs, Cabeça Dinossauro. Abandonando o lado mais
pop dos dois primeiros discos, a banda aposta em uma sonoridade
mais rock, mais punk, além de produzir algumas das melhores
canções da década. Eram os Titãs mostrando
que vinham para ficar.
Mas
antes de estourarem com Cabeça Dinossauro,
os Titãs tiveram um começo difícil. Em 1981,
alunos do Colégio Equipe se reuniram para participarem
de eventos culturais. Sérgio Britto, Arnaldo Antunes, Paulo
Miklos, Marcelo Fromer, Nando Reis, Ciro Pessoa e Tony Bellotto
formaram, no mesmo, os Titãs do Iê-Iê.
Já acrescidos de
Branco Mello, debutam no dia 15 de outubro de 1982, no Sesc Pompéia,
tendo André Jung, na bateria.
Com nove integrantes, sendo
seis vocalistas, os Titãs chamavam a atenção
pela criativa mistura de pop, rock, MPB e brega, além das
roupas espalhafatosas, penteados gozados e coreografias estranhas.
A luta era árdua
e ficaram tocando em qualquer lugar pelos próximos dois
anos. Nesse período a banda perde Ciro Pessoa e a banda
chama a atenção da Warner. Antes
de assinarem o contrato, resolvem abandonar a coisa do Iê-Iê,
e passam a ser apenas Titãs.
Assim,
em 1984, lançam o primeiro disco, somente com o nome do
grupo, com produção de Pena Schmidt e um hit estourado
nas rádios brasileiras, "Sonífera Ilha".
Com um apelo visual muito
forte e muito bom humor, tornam-se figuras carimbadas de programas
televisivos como Chacrinha, Bolinha e Raul Gil.
O LP de estréia
trazia as seguintes músicas:
Lado A
1. "Sonífera
Ilha" (Barmack/Toni Bellotto/Ciro Pessoa/Marcelo Fromer/Branco
Mello) – 2:54
2. "Marvin" ("Patches") (R. Dunbar/G. N. Johnson/Nando
Reis) – 4:11
3. "Babi Índio" (Ciro Pessoa/Branco Mello) –
3:38
4. "Go Back" (Sergio Britto/Torquato Neto) – 3:40
5. "Pule" (Paulo Miklos/Arnaldo Antunes) – 2:20
6. "Querem Meu Sangue" ("The Harder They Come")
(Jimmy Cliff) – 3:08
Lado B
1. "Mulher Robot" (Toni Bellotto)
– 2:22
2. "Demais" (Arnaldo Antunes) – 2:48
3. "Toda Cor" (Carlos Barmack/Ciro Pessoa/Marcelo Fromer)
– 3:21
4. "Balada Para John e Yoko" (Ballad of John and Yoko")
(McCartney/Lennon) – 2:40
5. "Seu Interesse" (Paulo Miklos/Arnaldo Antunes) –
3:10
Em
1985, acabam fazendo um troca-troca (no bom sentindo) de bateristas
com o Ira!. Dessa maneira, Charle Gavin deixa o Ira! e recebe,
em troca, André Jung. Fecha-se a formação
clássica do grupo.
A banda volta ao estúdio,
dessa vez com produção de Lulu Santos. Televisão
é lançado em 1985, e traz dois hits radiofônicos:
"Insensível" e "Televisão".
Apesar disso, o LP vende
pouco, assim como o de estréia. No final do ano - 13 de
novembro -, a banda passa por uma situação delicadíssima
quando Tony Bellotto e Arnaldo Antunes são presos com heroína.
Arnaldo ficou 26 dias preso
e foi condenado por tráfico, enquanto Tony, por porte.
Os dois foram condenados, mas cumpriram a pena em liberdade, pois
eram réus primários.
O
segundo disco trazia as seguintes faixas:
Lado A
1. "Televisão"
(Toni Bellotto/Marcelo Fromer/Arnaldo Antunes) – 3:40
2. "Insensível" (Sergio Britto) – 4:25
3. "Pavimentação" (Paulo Miklos/Arnaldo
Antunes) – 2:25
4. "Dona Nenê" (Ciro Pessoa/Branco Mello) –
3:35
5. "Pra Dizer Adeus" (Toni Bellotto/Nando Reis) –
5:00
6. "Não Vou Me Adaptar" (Arnaldo Antunes) –
2:45
Lado B
1.
"Tudo Vai Passar" (Marcelo Fromer/Sergio Britto) –
3:40
2. "Sonho Com Você" (Ciro Pessoa/Sergio Britto/Branco
Mello) – 3:05
3. "O Homem Cinza" (Nando Reis) – 3:40
4. "Autonomia" (Paulo Miklos/Marcelo Fromer/Arnaldo
Antunes) – 2:55
5. "Massacre" (Marcelo Fromer/Sergio Britto) –
1:40
A
experiência da prisão deixou seqüelas em Arnaldo
Antunes, que começa a escrever canções mais
"pesadas" e contra o sistema.
Resolvem mudar radicalmente
para o terceiro LP, que contaria com a produção
de Liminha, o ex-baixista dos Mutantes e renomado produtor da
cena rock/pop brasileira dos anos 80.
Liminha tinha a fama de
mexer nos arranjos, melodia, letras e ser centralizador, o que
assustou a banda.
E, de fato, a banda ficou
assustada ao ver que realmente Liminha agia mais como um membro
fixo de um grupo do que apenas um produtor. No entanto, ele foi
vital para poder traduzir as idéias do grupo, especialmente
de Arnaldo, que começava a ser o principal letrista. O
melhor exemplo está na canção "O Que",
que nasceu como uma música convencional, até que
Liminha sugeriu que Arnaldo mudasse a letra e a melodia. O resutaldo
foi uma mistura de rock com música experimental, de vanguarda.
Cabeça Dinossauro
levou o grupo ao auge da carreira. Com um espetáculo muito
bem pensado, dirigido e executado, vendeu rapidamente 300 mil
cópias e chamou a atenção pela violência
das composições e pela penca de hits.
Nada menos que seis canções
ocuparam as paradas daquele ano: "AA UU", "Igreja",
"Polícia", "Família, "Homem
Primata" e "O Que". "Bichos Escrotos"
acabaria sendo vetada a para audiência em rádios
por causa da expressão "Vão se foder!".
O
LP trazia as seguintes faixas:
Lado A
1. "Cabeça
Dinossauro" (Paulo Miklos/Arnaldo Antunes/Branco Mello) –
2:20
2. "AA UU" (Marcelo Fromer/Sergio Britto) – 3:01
3. "Igreja" (Nando Reis) – 2:48
4. "Polícia" (Toni Bellotto) – 2:06
5. "Estado Violência" (Charles Gavin) –
3:10
6. "A Face do Destruidor" (Paulo Miklos/Arnaldo Antunes)
– 0:34
7. "Porrada" (Sergio Brito/Arnaldo Antunes) –
2:51
Lado B
1. "Tô Cansado"
(Arnaldo Antunes/Branco Mello) – 2:18
2. "Bichos Escrotos" (Sergio Britto/Arnaldo Antunes/Nando
Reis) – 3:13
3. "Família" (Toni Bellotto/Arnaldo Antunes)
– 3:32
4. "Homem Primata" (Ciro Pessoa/Marcelo Fromer/Sergio
Britto/Nando Reis) – 3:27
5. "Dívidas" (Arnaldo Antunes/Branco Mello) –
3:08
6. "O Que" (Arnaldo Antunes) – 5:40
Cabeça Dinossauro
inaugararia a áurea fase do grupo, que recebe vários
prêmios de crítica e público, dando à
banda papel de destaque na cena brasileira. Alguns detratores
reclamam que o grupo fazia um "punk de plástico"
e ironizam "a revolta dos jovens dos Jardins" (tradicional
bairro de classe média e alta de São Paulo) era
copiada de bandas punks, como Cólera, Inocentes etc...
Verdade ou mentira, os
Titãs decolariam para o estrelato, mas esse papo fica para
outro dia e coluna. Um abraço.
Discografia
Titãs (1984)
Televisão (1985)
Cabeça Dinossauro (1986)
Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987)
Go Back (1988)
Õ Blésq Blom (1989)
Tudo ao Mesmo Tempo Agora (1991)
Titanomaquia (1993)
Titãs 84 94 (1994)
Domingo (1995)
Acústico MTV Titãs (1997)
Volume Dois (1998)
Sempre Livre Mix - Titãs e Paralamas Juntos ao Vivo (1999)
As Dez Mais (1999)
E-collection - Titãs (2000)
Warner 25 Anos: Titãs (2001)
A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana (2001)
Como Estão Vocês? (2003)
MTV ao vivo Titãs (2005)
Warner 30 Anos: Titãs (2006)
Paralamas e Titãs Juntos e Ao vivo (2008)
|