69 - Walter Franco - Tutano

Tutano é um alívio. Primeiro porque Walter Franco está vivo e bem. Segundo, porque Tutano é um disco coerente, inteligente, atual. Ao contrário de outro "maldito", Arnaldo Baptista, que apareceu com um disco horrendo anos atrás, cheio de "mudernices" a cargo de integrantes dos pretensiosos, metidos e fraquinhos Pato Fu, Walter fez um disco que mais parece uma continuação dos seus lindos trabalhos. E ao invés de "plim plóm" inúteis, temos músicas, o que muda tudo...

Se os mineiros apenas queriam publicidade gratuita explorando e expondo ao ridículo o nome do maior mito do rock nacional, Walter mostrou que ainda tem algo a dizer. Walter não caiu em uma armadilha.

O disco abre com duas lindas composições, "Nasça" (parceira com Arnaldo Antunes) e "Quem tem aos seus não degenera", uma linda e sentimental canção.

Outro belo momento é a faixa-título e também "Na ponta da língua", e "Totem", belos exemplos da bela forma que se encontra hoje o artista. Vale ressaltar o nome de alguns músicos convidados - o percussionista João Parahyba, o vibrafonista Guga Stroeter. Na faixa que dá o nome ao trabalho, Walter canta com uma voz grave semelhante a de Leonard Cohen.

O trabalho conta ainda com dois momentos curiosos, como a parceria com o poeta Augusto dos Anjos em "Intradução" e regravações de "Cabeça", a música que causou polêmica em um festival no ano de 1972. Aqui, ela aparece com um arranjo bem fiel ao original, e também "Muito Tudo", que fecha o disco. Um baita disco.

Faixas

1. Nasça
2. Quem puxa aos seus não degenera
3. Tutano
4. Na ponta da língua
5. Totem
6. Zen
7. Ai, essa mulher
8. Intradução
9. Senha do motim
10. Cabeça
11. Gema do novo
12. Acerto com a natureza
13. Distâncias
14. Muito tudo