Tutano
é um alívio. Primeiro porque
Walter Franco está vivo e bem. Segundo, porque Tutano
é um disco coerente, inteligente, atual. Ao contrário
de outro "maldito", Arnaldo Baptista, que apareceu com
um disco horrendo anos atrás, cheio de "mudernices"
a cargo de integrantes dos pretensiosos, metidos e fraquinhos
Pato Fu, Walter fez um disco que mais parece uma continuação
dos seus lindos trabalhos. E ao invés de "plim plóm"
inúteis, temos músicas, o que muda tudo...
Se os mineiros apenas queriam
publicidade gratuita explorando e expondo ao ridículo o
nome do maior mito do rock nacional, Walter mostrou que ainda
tem algo a dizer. Walter não caiu em uma armadilha.
O disco abre com duas lindas
composições, "Nasça" (parceira
com Arnaldo Antunes) e "Quem tem aos seus não degenera",
uma linda e sentimental canção.
Outro belo momento é
a faixa-título e também "Na ponta da língua",
e "Totem", belos exemplos da bela forma que se encontra
hoje o artista. Vale ressaltar o nome de alguns músicos
convidados - o percussionista João Parahyba, o vibrafonista
Guga Stroeter. Na faixa que dá o nome ao trabalho, Walter
canta com uma voz grave semelhante a de Leonard Cohen.
O trabalho conta ainda
com dois momentos curiosos, como a parceria com o poeta Augusto
dos Anjos em "Intradução" e regravações
de "Cabeça", a música que causou polêmica
em um festival no ano de 1972. Aqui, ela aparece com um arranjo
bem fiel ao original, e também "Muito Tudo",
que fecha o disco. Um baita disco.
Faixas
1. Nasça
2. Quem puxa aos seus não degenera
3. Tutano
4. Na ponta da língua
5. Totem
6. Zen
7. Ai, essa mulher
8. Intradução
9. Senha do motim
10. Cabeça
11. Gema do novo
12. Acerto com a natureza
13. Distâncias
14. Muito tudo
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