O início da carreira do quarteto
que se tornaria o U2 foi tão complicado quanto o de qualquer
banda. O então quinteto começou a dar seus primeiros
passos, inspirando-se na estética punk que explodira na
Europa em 1977 e no espírito "faça você
mesmo". Mas eles moravam em Dublin e não em Londres.
A capital irlandesa era uma cidade por demais provinciana e os
jovens músicos começariam a busca por uma identidade,
quer seja na mudança de nomes, na busca de um empresário
e conquistando uma pequena legião de adoradores. O Feedback
viraria The Hype, que se tornaria U2 e... bem, vamos aos fatos.
1- The Lypton Village
e a origem do nome Bono
Se não foi o primeiro
do país, com certeza Paul Hewson foi o primeiro punk da
Mount Temple. Certo dia, Paul ostentou um penteado moicano, jaqueta
jeans pintada com a cor roxa e uma corrente que ia da orelha até
seu nariz. A idéia inicial era irritar alguns professores,
mas conseguiu uma pequena bagunça, já que as crianças
pequenas saíram correndo chorando, assustadas com aquela
figura. Nunca mais Paul repetiu o vestuário e a atitude.
Paul gostava de algumas idéias do movimento punk e tentou
adaptá-la em sua vida.
Basicamente
o que o punk fez explodir foi a raiva de outros garotos que não
tinham emprego, perspectiva de uma vida melhor e que estavam cansados
de ouvir grupos que não mais os representavam. Bandas com
Led Zeppelin, Pink Floyd, Genesis não tinham a menor conexão
com que a população jovem da Inglaterra e da Europa
vivia. E foi decretado que não era preciso saber mil acordes
por minuto para ser um músico ou formar uma banda. Para
ser punk bastava ter raiva, desprezo pelo governo e por músicos
multimilionários que moravam em seus castelos ou mansões
e tocar três acordes, ainda que não fossem os corretos.
Foi nesse contexto que Sex Pistols, The Clash, The Jam, Buzzcocks
e outras bandas tomaram conta do mundo, para horror de muitos.
E Paul tinha muito em comum
com a ideologia. Desde a morte de sua mãe, sua vida estava
cada vez mais caótica. Seu lar era apenas uma casa onde
dividia o mesmo teto com seu pai e seu irmão, Norman. Não
havia harmonia ou conversa. Paul não fazia mais as tarefas
domésticas que eram sua obrigação. O único
lugar que se sentia à vontade era a rua. E foi nela que
conheceu um grupo de garotos que se auto-denominava como “The
Lypton Village”. O Village começou a fazer reuniões
diárias na casa de Paul durante o dia, quando seu pai,
Bobby, e Norman iam para o trabalho. Mas elas sempre acabavam
em tumulto, pois Norman ficava irritado ao entrar em casa e encontrar
baganas de cigarro, copos e latas de cerveja por toda a sala.
Invariavelmente os dois irmãos começavam a discutir
e às vezes sair literalmente no tapa. O auge dessas discussões
aconteceu quando Paul arremessou uma faca em seu irmão,
que viu a mesma alojar-se na porta da cozinha, passando de raspão
por sua cabeça.
Sua única companheira
era Maeve O'Regan, com quem passava horas e horas conversando,
falando sobre a perda da mãe ou sobre qualquer assunto.
E para piorar mais sua angústia, Paul estava no último
ano escolar e suas notas haviam despencado muito e seu interesse
pela vida acadêmica era praticamente nulo. Seus amigos do
Mall, gostavam dele, embora considerassem Paul um garoto difícil.
Seu clube de música, The Web, foi desfeito após
seu namoro com Zandra. Apenas dois assuntos despertavam algo dentro
dele: música e religião. Ele já estava em
uma banda. Resolveu então ingressar em um grupo de estudo
religioso da escola, a Mount Temple Christian Union, que se reunia
todo sábado pela manhã. E Paul adorava essas aulas,
tentando aprender e procurar uma explicação para
seus medos e dúvidas.
A tensão diminuiu
quando o Feedback, após longa procura, encontrou um local
para fazer seus primeiros ensaios, já que não poderiam
continuar tocando na cozinha da casa de Larry. Através
de um professor da Mount Temple, Donald Moxham, conseguiram uma
sala dentro da escola, onde começaram a ensaiar três
vezes por semana. No início tentaram tocar canções
de David Bowie, Rolling Stones, Sex Pistols, Elvis Presley e Beatles.
Paul, Larry, Adam, Dave e Dick tentavam encontrar uma unidade
em comum, já que jamais haviam sido sequer amigos. Dentro
do Feedback havia m duas claras divisões: Larry e os irmãos
Evans eram calmos, sérios e queriam viver como músicos.
Adam era impulsivo e preferia sair com garotas, beber e fumar
do que confiar em sua limitada capacidade musical. Estar em um
grupo era muito mais para se mostrar do que realmente levar à
sério. Adam não estava confiante sobre seguir a
vida como um músico profissional. E Paul? Bem, seus problemas
eram maiores do que os dos demais. Por ser mais velho e estar
no último ano letivo, Paul teria que fazer o exame final
em junho de 1977. O que mais o atormentava era qual rumo seguiria
em sua vida adulta. Estava claro para ele que não ingressaria
em uma universidade se não melhorasse suas notas. Seu sonho
estava relacionado com música, textos e artes, em geral.
Ele sabia que sua rebeldia precisava ser controlada. E seu coração
também, já que havia se apaixonado por uma garota
da mesma turma de Dave e Adam, Alison Stewart. Paul tentou usar
as mesmas armas de sempre: muita simpatia, piadas e mostrar ser
um cara descolado. Alison não dava bola, mas gradualmente
ia simpatizando mais e mais com aquela figura tão comentada
dentro da Mount Temple. Alison, como todas as mulheres que o conheciam
ficaria confusa pelas várias personalidades que ele demonstrava,
sendo às vezes um bagunceiro, às vezes um intelectual,
às vezes um apaixonado pela religião e, na maior
parte do tempo, um garoto perdido.
Quando
Bobby, nas poucas vezes em que conversava com seu filho, perguntava
para Paul o que ele faria após sair da escola, seu caçula
respondia que gostaria de entrar em uma universidade. Bobby não
acreditava muito nessa possibilidade. Suas notas não eram
boas e para piorar, os novos amigos de Paul haviam feito do lar
dos Hewson um clube diurno. Várias vezes Bobby deixou claro
que não gostava de ver aquele bando de garotos vestidos
como malucos em frente à sua casa. E particularmente um
deles provocava arrepios em toda a vizinhança: Fionán
Hanvey. Esse garoto que vivia brigando na rua por gostar de se
vestir com roupas femininas, apesar de nunca ter sido gay acabou
fascinando Paul. Fionán era calmo, inteligente e corajoso
por andar com trajes que provocavam deboche e provocação
de outras pessoas, mas nunca fugia de uma briga quando provocando,
ainda que soubesse ser impossível sair vencedor. Para tentar
fazer amizade com essa estranha figura, Paul o abordou falando
sobre David Bowie, vendo um broche do cantor em sua jaqueta. Acabaram
ficando amigos. Apesar do Village não ter um líder
específico, Paul e Fionán acabaram centralizando
as atenções. Além dos dois, Derek e Trevor
Rowen, Reggie Manuel, Anthony Murphy, David Watson, Skello e Niggles
formavam o grupo. De todos o mais esquisito era David. Quando
criança havia contraído menigite, ficando fisicamente
limitado e com problemas de fala e com um olhar perturbador. Mesmo
assim David era alegre, inteligente e grande colecionador de discos.
Nas reuniões na casa de Paul, acabaram criando um mundo
particular, onde questionavam os modos de vida dos outros jovens.
"Muitos casam com 20 anos, carregam quatro filhos com 25
e aos 30 anos uma bela barriga de cerveja. Não deixaremos
que a vida desses panacas seja modelo para a nossa", decretava
Fionán.
Para mostrarem que eram
diferentes acabaram criandos personas. Fionán virou Gavin
Friday, já que odiava seu nome de origem gaélica.
Derek virou Guggi por causa de seu lábio inferior caído;
Trevor era chamado de "The Strongman" por sofrer de
asma e David Watson virou Day-Vid, por sua fala lenta e arrastada.
Anthony virou Pod, inspirado no personagem Sir Poddigton, bravo
cavaleiro dos romances britânicos. Reggie virou primeiro
Cocker Spaniel, e conseqüentemente rebatizado de Bad Dog.
E Paul? Bem, certo dia Trevor estava andando pela rua quando viu
em uma loja um aparelho chamado Bonovox à venda. Intrigado,
perguntou o que seria aquilo e quando foi informado que se tratava
de um aparelho para surdez, Paul virou Bonovox of O'Connel Street,
local onde ficava a loja. Assim como Pod, foi encurtado para Bono.
Paul não gostou do nome no início, mas começou
a aceitá-lo melhor quando descobriu que em latim, bonovox,
significava “boa voz”.
2 - O sucesso com
o Feedback
Logo o Village começou
a aparecer nos ensaios do Feedback e tornaram-se amigos de Larry,
Dave, Dick e Adam. O grupo fazia passeios como meio de escapar
do tédio e querendo esquecer suas obrigações
escolares. E Bono, para surpresa de todos, fez um excelente teste
e conseguiu com isso ingressar em uma universidade, a UCD (university
College Dublin). Booby não ficou muito animado, pois sabia
que lá seu filho poderia ficar ainda mais incontrolável,
saindo com os alunos para as noitadas e perdendo tempo e dinheiro.
Chamou seu filho e fez um acordo: se ele fosse bem no primeiro
ano, poderia continuar. Caso contrário, teria que sair
e procurar um emprego. Paul (ou Bono) aceitou.
Duas semanas após
o início das aulas, Bobby foi chamado pela instituição.
"Será que já aprontou tão cedo?",
foi sua reação e foi se encontrar com o reitor.
Embora Bono jurasse não ter feito nada, foi obrigado a
deixar a instituição pois havia sido reprovado em
seu exame de língua irlandesa na prova final da Mount Temple.
Bobby ficou irado e perguntou como não haviam verificado
isso antes de aceitarem sua matrícula e afirmou que seu
filho ficaria arrasado com a notícia. Nada poderia ser
feito para contornar a situação, mas o reitor prometeu
que se Paul (ou Bono) voltasse para a Mount Temple, fizesse novamente
o teste e fosse aprovado, teria sua vaga novamente no ano seguinte,
em 1978.
Sem
muita alternativa, Paul voltou para Mount apenas para estudar
a matéria. Aproveitou o tempo para ensaiar mais e mais
com o Feedback e tentaram a sorte em um concurso de calouros da
escola. Os cinco jovens resolveram levar o concurso à sério
e passaram meses ensaiando e criando uma sólida amizade
entre os integrantes. Larry e Dave estavam prontos para se apresentarem.
Bono era um guitarrista lamentável e não tinha nenhum
jeito para cantar. Mesmo assim, tentou desesperadamente aprender
e mostrar aos demais integrantes que era uma peça importante
dentro do Feedback. E quem mais se identificou com Bono foi Adam,
que também tinha sérias limitações
como baixista. Mas Adam tinha uma força interna que dizia
a ele em todos os momentos que poderiam chegar lá, desde
que tentassem. Dick desistiu logo da banda. O Feedback era agora
formado apenas por quatro integrantes.
No dia da apresentação
quase entram em colapso. Bono insistia para que seus amigos comparecessem
e os ajudassem, Larry queria mais confiança de seus amigos,
em especial de Dave, que estava em pânico por tocar ao vivo.
Ele era tímido demais para isso. O único que não
demonstrava medo nenhum era Adam Clayton, embora não conseguisse
manejar muito bem seu instrumento. O grupo teria dez minutos para
se apresentarem e escolheram músicas escolhidas do Bay
City Rollers e um medley com clássicos dos Beach Boys.
E foram um sucesso de público, sendo aplaudidos com entusiasmo
pelos presentes. Embora não tenham vencido o concurso,
agora eram famosos em toda a escola. O Feedback estava, literalmente,
na boca de todos os alunos da Mount Temple. E a banda saiu fortalecida,
com Larry se mostrando um baterista competente e Dave, que tinha
conseguido vencer os intestinos e perdido o medo de estar em frente
a desconhecidos, um bom guitarrista. Adam mantinha sua pose britânica
e Bono não conseguia tirar o riso de sua face, ainda que
tentasse. O Feedback era um sucesso, ainda que muito restrito.
Mesmo assim, Bono ainda
era um garoto nervoso, com momentos de fúria, como quando
derrubou uma mesa e provocou um tumulto dos diabos durante uma
aula. Alison e Meave, que ainda era sua amiga, perceberam que
essas alterações de temperamento de Bono precisavam
parar e o aconselharam a procurar Jack Healisp, um professor que
depois se tornaria um ministro da igreja protestante. Alison inclusive
havia rompido, por poucos dias, o namoro, após o incidente
do cabelo moicano e da corrente. Mas ao perceber o arrependimento
genuíno do namorado e sua tristeza, voltou atrás.
Um dos receios de Bono
era não se sentir tão à vontade com os amigos
do Village. Basicamente eles eram jovens que gostavam de zombar
do dia-a-dia das pessoas, de confrontá-las e mostrar que
eram melhores do que todos. E Bono queria expandir seus horizontes,
conhecer pessoas diferentes, com as quais poderia conversar mais.
Ele havia descoberto que poderia fazer isso com o grupo. Quando
subiu ao palco e deu o melhor que podia, recebeu aplausos e carinho
da platéia, o que de certa forma o "alimentou".
Agora era hora de começar a criar uma identidade para o
grupo, escrever suas próprias canções e trabalhar
duro.
3 - Sai Feedback,
entra o The Hype
Logo,
o grupo conseguiu uma segunda apresentação, marcada
para o St Fitan's School, em Sutton. E antes da apresentação
resolveram mudar o nome de Feedback para The Hype. Feedback era
uma gozação com eles mesmos e The Hype dava uma
idéia de compromisso maior com a música. A banda
entrou no palco, com algumas músicas extras, coisas dos
Rolling Stones e do Boomtown Rats, talvez a mais famosa banda
irlandesa da época e que era liderada por Bob Geldof, ao
lado do Thin Lizzy, de Phil Lynott.
Bono começou então
a adotar uma postura que passaria a ser sua marca principal: encarar
o público nos olhos até adquirir um retorno. (Anos
mais tarde, Paul McGuinness, empresário do grupo disse
que as duas coisas que mais o chamaram atenção ao
conhecer o grupo foram a competência de Larry e a maneira
agressiva como Bono olhava para as pessoas como se desafiasse
a tirar os olhos dele enquanto ele cantasse). Bono começou
então a conversar com as pessoas, contar histórias,
enquanto o grupo esperava nervosamente que o cantor se calasse
para que pudessem tocar. E conseguiram fazer uma grande apresentação.
Após
o show, já em casa, Bono descobriu que tinha vocação
para ser cantor. A catarse de uma apresentação deixava-o
solto, como se o libertasse de seus medos e fizesse com que a
persona "Bono" deixasse o Paul mais distante e escondido
dentro de si. Começou a perceber que não era feliz
como um rebelde e que gostava de estabelecer uma comunicação
com as pessoas, estabelecer um contato mais humano e alcançar
o coração dos outros. Quando debateu essa idéia
no Village, ficou chocado com as críticas de Gavin. Para
ele, a música deveria confrontar e insultar os ouvintes.
Sua finalidade não era divertir e sim revoltar.
Mas Bono não se
incomodou com isso e, sim, com o fato de ainda não estarem
escrevendo suas próprias letras. Não teria como
se expressar com as idéias de terceiros. Para isso precisariam
aperfeiçoar-se mais como banda, aprenderem melhor como
tocar e cantar.
4- Surge o Virgin
Prunes e o nome The The Edge
Inspirados pelo The Hype,
alguns membros do The Lypton Village resolveram montar também
uma banda, algo mais alternativo. Gavin, Pod e Guggi convidaram
Dick, que havia deixado o Feedback, para formarem um novo grupo.
A princípio não haveria um vocalista, o que não
era um problema, pois a idéia era focalizar muito mais
em uma performance do que na música. Gavin seria o líder
e o nome escolhido foi The Virgin Prunes. E quem tocaria o quê?
Pod prometeu aprender bateria rapidamente; Guggi seria o companheiro
de Gavin nas teatralizações; Reggie ficou com o
posto de empresário e até Day-Vid faria parte, sem
uma função definida. Ou melhor, sua função
era apenas e tão somente ser Day-Vid. A primeira apresentação
aconteceu em uma festa em Glasnevin, dada por dois velhos amigos
de Bono desde os tempos em que estudavam na escola do local, James
e Isobel Mahon. Gavin chegou ao palco improvisando escreveu "Art
Fuck" e começou um espetáculo grotesco e caótico,
irritando alguns, mas provocando gargalhadas em Bono.
Após
a apresentação Bono, Pod e Gavin discutiram. Os
dois últimos não gostaram da atitude de Bono, que
tentava explicar que nessas festas o que importava era a confraternização
com os demais e tentar ganhar algumas garotas. O Village já
era conhecido, seus filiados tinham um broche que colocavam em
suas camisas e que davam um charme todo especial a eles.
Adam, Dave e Dick começaram
a freqüentar e andar com a gangue. O único que não
fazia era Larry, que tinha seus próprios amigos. Dick era
considerado um membro honorário por ter tocado nas duas
bandas. Adam não era um membro, embora imaginasse que fosse.
Todos gostaram de seu jeito, mas o consideravam uma pessoa com
pontos de vistas diferente, por ser mais abastado. E Dave ganhou
um nome de batismo, mas não era um membro, também.
Foi Bono que o batizou de Dave The Edge, pelo formato de sua cabeça,
assim como sua presença. "The Edge" significa,
entre outras coisas “cume”, “extremo”,
e Dave nunca gostou de ser o centro da atenção,
preferindo ficar nas beiradas. Uma boa definição
para o guitarrista.
Com a explosão do
movimento punk, várias bandas apareceram e lutaram com
unhas e dentes pelos poucos e raros lugares que permitiam shows
de rock em Dublin. Adam Clayton, que tinha prometido agendar alguns
shows para o The Hype, falou com um amigo, que conseguiu uma apresentação,
mas ela foi um fiasco em todos os sentidos.
Nesse meio tempo Adam Clayton
apronta da suas, saindo nu pelos corredores da Mount Temple, levando
Donald Moxham, seu tutor, ao desespero. Moxham resolveu chamar
Jo e Brian Clayton para dizer que Adam não era mais bem
vindo à instituição, já que não
cumpria suas obrigações curriculares e não
queria nada com a vida acadêmica e não conseguiria
se formar. Como forma de não prejudicar sua transferência
para outra escola, não o expulsaram, mas avisando que não
poderia mais ficar na instituição. O relacionamento
de Adam com seus pais era distante e sua mãe Jo resolveu
ser dura com seu filho mais velho, já que Brian passava
dias e dias fora de casa, pilotando. A primeira atitude foi impor
uma rigorosa lista de tarefas diárias para Adam, que aceitou
ou então perderia sua mesada. E Adam até gostou,
porque após as tarefas domésticas poderia desempenhar
melhor o papel de empresário da banda. O The Hype era razoavelmente
conhecido e Adam achou que eles poderiam conseguir alguns shows
por Dublin ou arredores. Larry disse que tinha lido no jornal
Evening Press que haveria um concurso para jovens talentos em
Limerick, no dia 18 de março e que o vencedor levaria 500
libras irlandesas como prêmio, além de uma audição
com a gravadora CBS. Adam disse que cuidaria de todos os detalhes
para a viagem e que também agendaria alguns shows em Dublin
antes do concurso para que a banda pudesse treinar.
5 -Sai The Hype,
entra U2
A cidade estava num bom
momento para as bandas de rock já que o sucesso dos Boomtown
Rats e do Thin Lizzy deu credibilidade para os irlandeses na Inglaterra.
As bandas locais brigavam pelos poucos locais disponíveis
e aos poucos uma comunidade roqueira começou a ser formada
por jovens que queriam espaços. Rádios piratas começaram
a surgir já que nenhuma emissora britânica dava importância
para os novos grupos irlandeses e surgiu uma revista que teria
uma importância vital para a consolidação
da cena, a Hot Press. Os principais escritores dela eram dois
irmãos, Niall e Dermot Stokes, ao lado de Bill Graham.
A proposta da revista era dar atenção às
bandas locais e fazer resenha de discos e shows com inteligência,
questionando e discutindo idéias e pontos de vistas.
Foi
nesse contexto que Adam começou a se mexer usando todos
os truques para conseguir shows e audições, o que
aprendeu ao ler uma entrevista com Bob Geldof. Adam começou
a circular e falar do The Hype para quem pudesse, chegando inclusive
a ligar para Phil Lynnot. Lynott atendeu o telefonema pacientemente,
mas deu poucas e óbvias dicas, como gravarem uma demo e
arranjarem um empresário em Londres. Adam tentou falar
com outro artista local e não tão famoso quanto
Phil, mas que acabaria tendo importante papel na vida do grupo.
Seu nome era Steve Rapid. Ele era vocalista dos Radiators e trabalhava
em uma agência de propaganda. Adam ligou para Steve e confessou
que o nome (The Hype) não o agradava, que era pouco sutil
e disse que queria um novo nome, que fosse misterioso, curto e
que não significasse nada em particular. Adam disse que
seu modelo era o trio XTC. Steve ligou dias depois e deu uma dica:
por que não mudar o nome para U2? "U2, aquele avião
de espionagem", perguntou Adam, que amou a idéia.
"Sim, esse mesmo", disse Steve. Adam levou a idéia
para Bono, The Edge e Larry. Nenhum dos três gostou muito
do nome a princípio, sendo que Bono inquiriu Adam sobre
seus contatos no meio artístico. Adam disse que havia conseguido
um show para o grupo no Howth Community Hall, consistindo em duas
partes: a primeira com o nome The Hype e com Dick na segunda guitarra.
A segunda parte seria com o nome U2 e sem Dick. Por uma estranha
coincidência histórica, um avião norte-americano
U2 foi capturado pelos russos no dia 6 de maio de 1960, quatro
dias antes de Bono nascer, em Dublin...
O grupo seguiu então
para o concurso e lá encontraram os Prunes. A primeira
providência de Adam foi mudar o nome da banda, que estava
inscrita como The Hype, para U2. Após isso, foram checar
as condições técnicas do local. Fizeram uma
excelente performance vencendo o concurso, faturando as 500 libras
irlandesas e a promessa de uma gravação nos estúdios
da CBS. Após o concurso, Adam conseguiu um show para a
banda no McGonagles, que frustrou as expectativas de todos. Os
únicos que vibravam com o U2 eram os amigos do Virgin Prunes,
enquanto os demais presentes preferiam beber e conversar.
O grupo percebeu que era
muito imaturo e que necessitavam de um empresário quando
foram buscar o dinheiro pela apresentação. Terry
O'Neill, dono do lugar, não acreditou quando viu os quatro
garotos batendo em sua porta. Com um sorriso no rosto, perguntou
quanto eles queriam receber pelo show. Após uma rápida
reunião, Adam disse que cobrariam 7 libras. Terry, então
sacou 25 libras e disse que não pagava menos do que isso
para qualquer um que tocasse no McGonagles. Sem graça com
a situação, resolveram chamar Bill Graham, para
ajudá-los a procurar alguém que pudesse gerenciar
a carreira da banda.
Bill compareceu ao encontro
e começou a explicar para os meninos como funcionava toda
a engrenagem do “show business” e suas armadilhas.
Os quatro garotos ouviam fascinados e assustados. "E você
conhece alguém que possa nos ajudar, afinal?", perguntou
Bono. "Sim", disse Bill. Liguem para esse homem.
O homem era um tal de Paul
McGuinness.
6 - O Segundo Paul
do U2
Paul McGuinness tinha um
sonho, um grande sonho que compartilhara com seu amigo Bill, dias
antes: "Bill quero achar uma banda nova, com talento e que
precise de ajuda. Mas não quero uma banda onde os garotos
estejam já preocupados em pagar empréstimos da compra
da casa ou andando com suas jovens esposas grávidas. Quero
uma 'baby band', com meninos que tenham vontade de trabalhar duro
e talentosos. Só que será muito complicado encontrar
esse grupo aqui em Dublin. Eu os encontraria na América
ou na Inglaterra, mas aqui, na Irlanda, e no meio dessa porcaria
de onda punk? Nunca!"
Paul era um homem inquieto.
Aos 27 anos, já tinha uma vida movimentada e atualmente
trabalhava na produção de filmes com locações
na Irlanda. Ele já tinha empresariado um grupo chamado
Spud, que havia feito um relativo sucesso fora da Irlanda, mas
que se separou justamente pelas razões que McGuinness comentara
com Bill. Paul queria entrar no mercado da música. Dono
de um grande senso de ordem, responsabilidade e muita determinação,
havia conseguido para o Spud um contrato com uma gravadora da
Suécia, a Sonet Records. O grupo até que se saiu
bem e McGuinness pegou o lucro e resolveu investir na infra-estrutura
da banda, comprando um novo caminhão e equipamentos. Mas
a banda estava infeliz, com dívidas e precisavam de dinheiro
urgente para sanar os compromissos assumidos. Paul argumentou,
desesperado, que era necessário investirem o dinheiro durante
alguns meses e fazerem mais shows para que realmente pudessem
lucrar. A banda argumentava que não poderia esperar tanto.
Paul entendeu e deixou-os, triste.
Por isso, quando seu velho
amigo Brian falou sobre um novo grupo de meninos que eram promissores,
Paul não se animou muito. Em sua cabeça seria apenas
mais uma banda punk e Paul odiava a estética e o som que
os punks faziam, excessivamente alto e berrado. Chegou até
a perguntar para Bill como ele havia entrado nessa onda, com essa
nova revista. "Você precisa ouvi-los, Paul. São
muito crus ainda, mas promissores”.Paul não estava
tão certo assim.
Dias depois, Adam Clayton
ligou para Paul McGuinness. Ele o convidou para uma conversa informal.
Paul disse que poderia, mas em outra oportunidade, pois estava
muito ocupado em uma filmagem e preferia que Clayton voltasse
a telefonar dentro de uma ou duas semanas.
O mês de maio de
1978 corria solto e a angústia corroia os nervos dos integrantes
do U2. O ano escolar estava terminando e breve deveriam escolher
um rumo profissional. O único que não se importava
com isso era exatamente Adam. Ele havia feito um cartão
com os dizeres "Adam Clayton, baixista, U2" e o distribuía
para qualquer pessoa que fosse do meio. Adam era empresário
em tempo integral, ainda que não tivesse a menor idéia
de como agia um. O mistério era saber onde Adam os havia
confeccionado, já que não tinha nenhum dinheiro.
Enquanto isso, The Edge,
Bono e Larry estavam em apuros. The Edge iria ingressar na Kevin
Street Technical College, para se tornar engenheiro como seu pai.
Mas The Edge não queria isso, queria seguir carreira como
guitarrista. Só que para convencer seus pais era necessário
que houvesse algo concreto. Por enquanto, Garvin e Gwenda consideravam
que o U2 era apenas um passatempo para seu filho, nada mais. Mas
The Edge sabia que isso não era verdade.
Bono também estava
bem arranjado. Bobby não suportava ver mais seu filho ficar
fora de casa até de madrugada andando com aqueles moleques
estranhos e que agora o chamavam de Bono. O filho havia desistido
de estudar na universidade e cismou em ser músico profissional.
Bobby disse que não aceitava essa decisão e que
se o filho persistisse nessa idéia estaria por sua conta
e risco, pois não iria mais lhe dar dinheiro.
Larry também não
atravessava um bom momento. Definitivamente odiava estudar e tinha
duas opções: ou completava os dois anos que faltavam
na Mount Temple ou começaria a trabalhar. Dos quatro, era
o que menos botava fé na banda, apesar de ter sido o fundador.
Larry preferia um emprego certo, que rendesse uma grana todo mês,
ainda que pouca. Ele temia entrar em uma barca furada. Dois incidentes
tinham deixado o jovem baterista temeroso. O primeiro foi uma
apresentação no mesmo McGonagles cancelada na última
hora e por um motivo humilhante. Terry O'Neill os havia dispensado
e contratado uma banda de garotas chamada Boy Scoutz. O outro
incidente aconteceu no show em Howth. Tudo ia bem até que
Bono resolveu fazer contato com duas meninas que dançavam
e dirigiu o microfone até a mais bonita delas. A garota
corou e a outra, irritada, começou a xingar o vocalista
e perguntando quem diabos ele pensava que era, David Bowie? Bono,
envergonhado, foi para o fundo do palco, deixando Larry visivelmente
consternado.
Como Paul não respondeu
ao convite de Adam, Bill Graham insistiu novamente para que ele
fosse ver a banda. "Eles são o que você procura,
Paul". Mas McGuinnees continuava com dúvidas e só
depois de consultar sua esposa Kathy, é que aceitou o convite.
Foram então Bill, Kathy e o amigo Tom Saunder conferir
a tal "baby band" que Bill garantia ser a que Paul procurava.
Na verdade, Paul já havia dado o cano no U2 duas vezes,
causando a ira de todos que já queriam tirar de Adam Clayton
a responsabilidade de ser o empresário. Adam tentou convidar
Steve Averill, para ser o empresário. Steve agradeceu,
mas recusou. Apenas no dia 25 de maio de 1978, McGuinness decidiu
que iria assistir o tal grupo. O U2 tocaria no Project, abrindo
para os Gamblers.
A primeira banda a subir
foi o Virgin Prunes e logo Paul torceu o nariz. O grupo tocava
tendo Larry, The Edge e Adam como músicos de apoio. McGuinness
abriu um jornal e começou a ler, rezando para que logo
pudesse estar em casa. E então aconteceu: o U2 subiu ao
palco. Paul fechou o jornal e começou a reparar nos quatro
garotos: o baterista era bonito e sabia tocar. O guitarrista tinha
um bom estilo e jeito para o instrumento. Mas o que mais chamou
sua atenção foi Bono. Ele o considerou extraordinário,
mas não como vocalista, pois Bono não sabia cantar,
mas por sua performance teatral, sem querer parecer "cool".
Paul adorou o que viu, pois eram jovens, talentosos e diferentes.
Terminada a apresentação
foi conversar com eles. A banda começou a fazer dezenas
de perguntas, querendo saber se trabalharia em tempo integral,
se ele tinha dinheiro para bancar shows e como eles viveriam.
McGuinness argumentou que eles tinham uma grande presença
no palco, que a vida na estrada realmente seria muito dura e que
precisariam firmar um compromisso desde o início. Os garotos
então pararam de falar e o escutaram atentamente e concordaram
em fazer tudo o que ele havia pedido. A banda não queria
o estrelato imediato, preferiam primeiro escrever suas canções
e começar lenta, mas progressivamente sua escalada. Não
havia grande urgência, desde que o progresso acontecesse,
ainda que de forma gradual.
"Então
temos um empresário?", perguntou Adam, o porta-voz
da banda. "Sim", respondeu Paul. A banda ficou eufórica,
e ao contar a notícia para Guggi e Gavin, ouviram uma sonora
risada. "Esse panaca é o empresário de vocês?
Meu Deus!", zombou Gavin.
A primeira missão
de McGuinness era marcar a sessão para a gravação
da demo. O problema era que o U2 não tinha nenhuma canção
escrita. E o problema caiu no colo de Bono. Após uma reunião
interna, ficou acertado que Bono escreveria as letras, já
que as cantaria, enquanto os demais cuidariam do arranjos das
mesmas. Bono que fosse para casa então e começasse
a rabiscar umas palavras. E Bono tremeu: afinal sobre o que ele
cantaria? Ele não sabia como descrever as imagens que rondavam
sua mente. Ele tinha imaginado uma canção que falava
sobre a morte de sua mãe, mas que não sabia como
traduzi-la. A única frase que vinha era "out of control",
e um riff que tentava capturar em sua guitarra. Era uma idéia,
mas ainda muito crua. O mesmo acontece com "Street Missions",
a primeira canção que ele escreveu, de fato. Animado,
tentou mostrar suas idéias para os demais. "Tente
tocá-las, mostre-nos algum acorde", pediu The Edge.
Bono tentava mostrar o riff e casar com palavras. As palavras
podem vir depois foi o que concluíram. E com essa idéia
partiram para gravar a prometida demo na CBS.
A experiência virou
um pesadelo para os garotos. Jackie Hayden, o responsável
pela sessão, argumentou que eles deveriam ter vindo com
oito canções devidamente ensaiadas e colocadas num
formato de aproximadamente três minutos. A banda perguntou,
ingenuamente, se não poderiam arrumá-las no estúdio:
Irritado, Hayden explicou que as horas dos estúdios custavam
muito caro e que aquelas três canções que
haviam gravado ("Shadows and Tall Trees", "The
Fool" e "Cartoon World") eram insuficientes. Para
piorar, o pai de Larry o esperava, furioso, na porta do estúdio
para voltarem para casa. Seu filho estava se preparando para as
provas na escola e não poderia perder tempo com essas coisas.
Para ele, nada era mais importante do que os estudos.
7 - Grupo grava
nova demo; morre a mãe de Larry
Após o fiasco, Paul
McGuinness prometeu que conseguiria para o grupo outra sessão
para a gravação de sua demo, para o segundo semestre
daquele ano e pediu que os quatro começassem a trabalhar
em composições e trabalhassem duro. Como já
tinham deixado a Mount Temple, foi necessário arranjar
um outro local para os ensaios, que acabaram sendo feitos em um
cômodo nos jardim da casa de The Edge. O local era pequeno,
desconfortável, mas mesmo assim Adam, Bono e The Edge passaram
os meses de junho, julho e agosto trabalhando por horas e horas.
Larry só se reunia ao final do dia, pois tinha arranjado
um emprego na Seiscom. O trabalho era duro, com Bono tentando
achar as imagens, The Edge procurando encontrar o som e Adam sendo
o homem que nunca desistia quando surgia algum problema. Pelo
contrário, Adam era sempre o primeiro a dizer "vamos
tentar e ver como fica". Sem saber começava a ser
criado uma amizade entre os eles. Não apenas uma amizade
profissional, mas um relacionamento mais íntimo e pessoal
entre os quatro rapazes que tinham gostos e hábitos tão
diferentes. Começaram a entender que não queriam
que o U2 fosse apenas um grupo de rock. O U2 deveria ser algo
maior, uma entidade que os guiasse e que representasse a personalidade
e sonhos de seus membros. Os parâmetros estavam estabelecidos
e os desafios eram grandes. Bono devia fornecer uma imagem, The
Edge tentar traduzi-la em sua guitarra e Adam e Larry ajudar na
construção da melodia. E todo esse processo foi
lento, duro e sofrido. Bono, por exemplo, precisava percorrer
uma distância de treze quilômetros a pé, todos
os dias, para ir aos ensaios na casa de The Edge, já que
seu pai cumprira a promessa de não ajudá-lo financeiramente.
Nesse
meio tempo, McGuinness conseguiu outra apresentação
no McGonagles para a banda, que iria abrir para o Revolver, um
grupo com mais experiência e com alguns discos já
gravados. A idéia do empresário era colocar a banda
em quantas apresentações conseguisse, para que começassem
a ganhar nome, e conseqüentemente dinheiro, vital para manter
os integrantes e poder pagar o custo das sessões de gravação.
Nessa época o grupo
ganhou um importante aliado, Dave Fanning. Fanning já era
um importante radialista de Dublin e gostava muito do carisma
do U2 em cima de um palco. Dave também trabalhava como
DJ no McGonagles e acabou convidando não apenas o U2, mas
todos os membros do The Lypton Village para seu programa.
Um dia, Bono convidou Adam
para irem até Londres para assistirem um show do Thin Lizzy
com o Horlisps, no Wembley Arena. As duas bandas estavam fazendo
uma apresentação por um preço pequeno. Mas
Bono e Adam não iriam gastar seu dinheiro com o show, iriam
gastar procurando alguém que pudessem produzir sua primeiro
demo. Bono tinha um nome na cabeça, Barry Devlin, integrante
do Horslips. Barry se sentiu feliz com o convite e topou o desafio.
Um dia, McGuinness chegou
com uma grande notícia: o U2 abriria para os Stranglers,
uma das maiores e mais importantes bandas punks inglesas. Bono
entrou no camarim e tentou convencer Hugh Cornwell, líder
do grupo, a usar um broche com o nome “U2”, ao lado
do que ele usava em sua jaqueta com o nome do seu novo disco.
Em seguida, o grupo partiu
para uma apresentação na cidade de Cork, quando
começaram a perceber que algo urgente precisaria ser provindeciado:
bons equipamentos para apresentarem-se ao vivo. Agora, o U2 abria
para o D. C. Nien e foram um grande sucesso, com a platéia
aplaudindo calorosamente ao final da rápida apresentação.
Enquanto a banda tocava, Paul foi atrás do responsável
pela boa qualidade de som do local. Descobriu um sujeito baixinho,
de barba e que era responsável pela empresa Stage Sound
Systems, chamado Joe O'Herlihy. Mentalmente, McGuinness gravou
esse nome.
No dia 1º de novembro
o grupo entrou no Keystone Studios para gravar sua demo. Resolveram
que três canções seriam trabalhadas: "Shadows
and Tall Trees", "The Fool" e "Street Mission".
Devlin adorou as composições e a originalidade da
banda. Mas o que mais chamou a atenção do produtor
foi a maneira peculiar de The Edge tocar. Devlin chegou para o
guitarrista e deu algumas sugestões em algumas partes das
músicas. Ele estava impressionado com a determinação
dos quatro meninos dentro de um estúdio e nem acreditava
que a idade deles variava entre 17 e 18 anos.
Veja aqui as letras de
“Street Mission” e “The Fool”...
Street Mission
I don't know
Man, I just got here
You got me thinking
I'm about to leave
Some say maybe
tomorrow
New direction, hello
What I know know know
What I know know know
I walk tall
I walk in the wild wind
I love to stare
I love to watch myself grow
Someday, maybe
tomorrow
New direction, hello
Well I know know know
Well I know know know
Street mission
Street mission
Street mission
Street mission
And I'm promising
nothing
I'm just living a smile
I casually arrange it
I know...well I know know know
Street mission
Street mission
Street mission
Street mission
I walk tall
I walk in the wild wind
I live an image
Of plastic and gold
Some say maybe
tomorrow
A resurrection, hello
Well I know know know
Well I know know know
Well I know know know
Well I know know know
Oh...
Oh...
Oh...I need something
I need someone
I need you
Oh...I've got something
I've got someone
I've got you
Street mission
Street mission
Street mission
Good night
The Fool
Alive in an ocean
A world that I didn't see
I walk the world backways
It's aways the same ballgame
That's out of mind
Out of the living world
Out of time
I break all the rules
They call me a fool
I cartoon in motion
A hero pretends no pain
A clown slipping backwards
You laugh at another's shame
But I don't mind
I know I'm limping low down
I don't mind
Winners or losers
It's all just a game
And I'm going down
And I'm strolling down
Life and an answer
The key to an open door
Admiting I'm laughing
Living I'm limping more
It's out of mind
Out of the living world
Out of time
Winners or losers
It's always a game
And I'm going down
But I'm strolling down
To rout around
And around, and around
To round round
There's a cloud
There's a cloud
So...the fool has
found the golden key
So...it's waiting there for you and me
Just a fool, a
street jester
The hero of society
Just a fool, a street jester
Look at me, now can't you see
A life in emotion
A world I'm glad I didn't see
A cartoon in motion
A key to the same day
I don't mind, I'm
here to know
I wanna go go go go go
So...the fool has
found the golden key
It's so...it's waiting there for you and me
Just a fool, a street jester
The hero of society
Just a fool, a street jester
Look at me, now can't you see
Ao
final da sessão, Paul McGuinness correu em direção
ao produtor, nervoso, perguntando sua opinião sobre o U2.
"Fique tranqüilo Paul, eles são muito talentosos,
divertidos e certamente farão um grande sucesso em pouco
tempo. Tudo é uma questão de química e isso
eles têm de sobra."
Paul ficou eufórico
com a notícia, mas logo a alegria foi substituída
por uma notícia terrível: a mãe de Larry,
Maureen morrera em um acidente automobilístico...
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