102 - U2 - 1977 e 1978

O início da carreira do quarteto que se tornaria o U2 foi tão complicado quanto o de qualquer banda. O então quinteto começou a dar seus primeiros passos, inspirando-se na estética punk que explodira na Europa em 1977 e no espírito "faça você mesmo". Mas eles moravam em Dublin e não em Londres. A capital irlandesa era uma cidade por demais provinciana e os jovens músicos começariam a busca por uma identidade, quer seja na mudança de nomes, na busca de um empresário e conquistando uma pequena legião de adoradores. O Feedback viraria The Hype, que se tornaria U2 e... bem, vamos aos fatos.


 

1- The Lypton Village e a origem do nome Bono

Se não foi o primeiro do país, com certeza Paul Hewson foi o primeiro punk da Mount Temple. Certo dia, Paul ostentou um penteado moicano, jaqueta jeans pintada com a cor roxa e uma corrente que ia da orelha até seu nariz. A idéia inicial era irritar alguns professores, mas conseguiu uma pequena bagunça, já que as crianças pequenas saíram correndo chorando, assustadas com aquela figura. Nunca mais Paul repetiu o vestuário e a atitude. Paul gostava de algumas idéias do movimento punk e tentou adaptá-la em sua vida.



Basicamente o que o punk fez explodir foi a raiva de outros garotos que não tinham emprego, perspectiva de uma vida melhor e que estavam cansados de ouvir grupos que não mais os representavam. Bandas com Led Zeppelin, Pink Floyd, Genesis não tinham a menor conexão com que a população jovem da Inglaterra e da Europa vivia. E foi decretado que não era preciso saber mil acordes por minuto para ser um músico ou formar uma banda. Para ser punk bastava ter raiva, desprezo pelo governo e por músicos multimilionários que moravam em seus castelos ou mansões e tocar três acordes, ainda que não fossem os corretos. Foi nesse contexto que Sex Pistols, The Clash, The Jam, Buzzcocks e outras bandas tomaram conta do mundo, para horror de muitos.

E Paul tinha muito em comum com a ideologia. Desde a morte de sua mãe, sua vida estava cada vez mais caótica. Seu lar era apenas uma casa onde dividia o mesmo teto com seu pai e seu irmão, Norman. Não havia harmonia ou conversa. Paul não fazia mais as tarefas domésticas que eram sua obrigação. O único lugar que se sentia à vontade era a rua. E foi nela que conheceu um grupo de garotos que se auto-denominava como “The Lypton Village”. O Village começou a fazer reuniões diárias na casa de Paul durante o dia, quando seu pai, Bobby, e Norman iam para o trabalho. Mas elas sempre acabavam em tumulto, pois Norman ficava irritado ao entrar em casa e encontrar baganas de cigarro, copos e latas de cerveja por toda a sala. Invariavelmente os dois irmãos começavam a discutir e às vezes sair literalmente no tapa. O auge dessas discussões aconteceu quando Paul arremessou uma faca em seu irmão, que viu a mesma alojar-se na porta da cozinha, passando de raspão por sua cabeça.

Sua única companheira era Maeve O'Regan, com quem passava horas e horas conversando, falando sobre a perda da mãe ou sobre qualquer assunto. E para piorar mais sua angústia, Paul estava no último ano escolar e suas notas haviam despencado muito e seu interesse pela vida acadêmica era praticamente nulo. Seus amigos do Mall, gostavam dele, embora considerassem Paul um garoto difícil. Seu clube de música, The Web, foi desfeito após seu namoro com Zandra. Apenas dois assuntos despertavam algo dentro dele: música e religião. Ele já estava em uma banda. Resolveu então ingressar em um grupo de estudo religioso da escola, a Mount Temple Christian Union, que se reunia todo sábado pela manhã. E Paul adorava essas aulas, tentando aprender e procurar uma explicação para seus medos e dúvidas.

A tensão diminuiu quando o Feedback, após longa procura, encontrou um local para fazer seus primeiros ensaios, já que não poderiam continuar tocando na cozinha da casa de Larry. Através de um professor da Mount Temple, Donald Moxham, conseguiram uma sala dentro da escola, onde começaram a ensaiar três vezes por semana. No início tentaram tocar canções de David Bowie, Rolling Stones, Sex Pistols, Elvis Presley e Beatles. Paul, Larry, Adam, Dave e Dick tentavam encontrar uma unidade em comum, já que jamais haviam sido sequer amigos. Dentro do Feedback havia m duas claras divisões: Larry e os irmãos Evans eram calmos, sérios e queriam viver como músicos. Adam era impulsivo e preferia sair com garotas, beber e fumar do que confiar em sua limitada capacidade musical. Estar em um grupo era muito mais para se mostrar do que realmente levar à sério. Adam não estava confiante sobre seguir a vida como um músico profissional. E Paul? Bem, seus problemas eram maiores do que os dos demais. Por ser mais velho e estar no último ano letivo, Paul teria que fazer o exame final em junho de 1977. O que mais o atormentava era qual rumo seguiria em sua vida adulta. Estava claro para ele que não ingressaria em uma universidade se não melhorasse suas notas. Seu sonho estava relacionado com música, textos e artes, em geral. Ele sabia que sua rebeldia precisava ser controlada. E seu coração também, já que havia se apaixonado por uma garota da mesma turma de Dave e Adam, Alison Stewart. Paul tentou usar as mesmas armas de sempre: muita simpatia, piadas e mostrar ser um cara descolado. Alison não dava bola, mas gradualmente ia simpatizando mais e mais com aquela figura tão comentada dentro da Mount Temple. Alison, como todas as mulheres que o conheciam ficaria confusa pelas várias personalidades que ele demonstrava, sendo às vezes um bagunceiro, às vezes um intelectual, às vezes um apaixonado pela religião e, na maior parte do tempo, um garoto perdido.



Fionán ou simplesmente Gavin FridayQuando Bobby, nas poucas vezes em que conversava com seu filho, perguntava para Paul o que ele faria após sair da escola, seu caçula respondia que gostaria de entrar em uma universidade. Bobby não acreditava muito nessa possibilidade. Suas notas não eram boas e para piorar, os novos amigos de Paul haviam feito do lar dos Hewson um clube diurno. Várias vezes Bobby deixou claro que não gostava de ver aquele bando de garotos vestidos como malucos em frente à sua casa. E particularmente um deles provocava arrepios em toda a vizinhança: Fionán Hanvey. Esse garoto que vivia brigando na rua por gostar de se vestir com roupas femininas, apesar de nunca ter sido gay acabou fascinando Paul. Fionán era calmo, inteligente e corajoso por andar com trajes que provocavam deboche e provocação de outras pessoas, mas nunca fugia de uma briga quando provocando, ainda que soubesse ser impossível sair vencedor. Para tentar fazer amizade com essa estranha figura, Paul o abordou falando sobre David Bowie, vendo um broche do cantor em sua jaqueta. Acabaram ficando amigos. Apesar do Village não ter um líder específico, Paul e Fionán acabaram centralizando as atenções. Além dos dois, Derek e Trevor Rowen, Reggie Manuel, Anthony Murphy, David Watson, Skello e Niggles formavam o grupo. De todos o mais esquisito era David. Quando criança havia contraído menigite, ficando fisicamente limitado e com problemas de fala e com um olhar perturbador. Mesmo assim David era alegre, inteligente e grande colecionador de discos. Nas reuniões na casa de Paul, acabaram criando um mundo particular, onde questionavam os modos de vida dos outros jovens. "Muitos casam com 20 anos, carregam quatro filhos com 25 e aos 30 anos uma bela barriga de cerveja. Não deixaremos que a vida desses panacas seja modelo para a nossa", decretava Fionán.

Para mostrarem que eram diferentes acabaram criandos personas. Fionán virou Gavin Friday, já que odiava seu nome de origem gaélica. Derek virou Guggi por causa de seu lábio inferior caído; Trevor era chamado de "The Strongman" por sofrer de asma e David Watson virou Day-Vid, por sua fala lenta e arrastada. Anthony virou Pod, inspirado no personagem Sir Poddigton, bravo cavaleiro dos romances britânicos. Reggie virou primeiro Cocker Spaniel, e conseqüentemente rebatizado de Bad Dog. E Paul? Bem, certo dia Trevor estava andando pela rua quando viu em uma loja um aparelho chamado Bonovox à venda. Intrigado, perguntou o que seria aquilo e quando foi informado que se tratava de um aparelho para surdez, Paul virou Bonovox of O'Connel Street, local onde ficava a loja. Assim como Pod, foi encurtado para Bono. Paul não gostou do nome no início, mas começou a aceitá-lo melhor quando descobriu que em latim, bonovox, significava “boa voz”.

2 - O sucesso com o Feedback

Logo o Village começou a aparecer nos ensaios do Feedback e tornaram-se amigos de Larry, Dave, Dick e Adam. O grupo fazia passeios como meio de escapar do tédio e querendo esquecer suas obrigações escolares. E Bono, para surpresa de todos, fez um excelente teste e conseguiu com isso ingressar em uma universidade, a UCD (university College Dublin). Booby não ficou muito animado, pois sabia que lá seu filho poderia ficar ainda mais incontrolável, saindo com os alunos para as noitadas e perdendo tempo e dinheiro. Chamou seu filho e fez um acordo: se ele fosse bem no primeiro ano, poderia continuar. Caso contrário, teria que sair e procurar um emprego. Paul (ou Bono) aceitou.

Duas semanas após o início das aulas, Bobby foi chamado pela instituição. "Será que já aprontou tão cedo?", foi sua reação e foi se encontrar com o reitor. Embora Bono jurasse não ter feito nada, foi obrigado a deixar a instituição pois havia sido reprovado em seu exame de língua irlandesa na prova final da Mount Temple. Bobby ficou irado e perguntou como não haviam verificado isso antes de aceitarem sua matrícula e afirmou que seu filho ficaria arrasado com a notícia. Nada poderia ser feito para contornar a situação, mas o reitor prometeu que se Paul (ou Bono) voltasse para a Mount Temple, fizesse novamente o teste e fosse aprovado, teria sua vaga novamente no ano seguinte, em 1978.



Sem muita alternativa, Paul voltou para Mount apenas para estudar a matéria. Aproveitou o tempo para ensaiar mais e mais com o Feedback e tentaram a sorte em um concurso de calouros da escola. Os cinco jovens resolveram levar o concurso à sério e passaram meses ensaiando e criando uma sólida amizade entre os integrantes. Larry e Dave estavam prontos para se apresentarem. Bono era um guitarrista lamentável e não tinha nenhum jeito para cantar. Mesmo assim, tentou desesperadamente aprender e mostrar aos demais integrantes que era uma peça importante dentro do Feedback. E quem mais se identificou com Bono foi Adam, que também tinha sérias limitações como baixista. Mas Adam tinha uma força interna que dizia a ele em todos os momentos que poderiam chegar lá, desde que tentassem. Dick desistiu logo da banda. O Feedback era agora formado apenas por quatro integrantes.

No dia da apresentação quase entram em colapso. Bono insistia para que seus amigos comparecessem e os ajudassem, Larry queria mais confiança de seus amigos, em especial de Dave, que estava em pânico por tocar ao vivo. Ele era tímido demais para isso. O único que não demonstrava medo nenhum era Adam Clayton, embora não conseguisse manejar muito bem seu instrumento. O grupo teria dez minutos para se apresentarem e escolheram músicas escolhidas do Bay City Rollers e um medley com clássicos dos Beach Boys. E foram um sucesso de público, sendo aplaudidos com entusiasmo pelos presentes. Embora não tenham vencido o concurso, agora eram famosos em toda a escola. O Feedback estava, literalmente, na boca de todos os alunos da Mount Temple. E a banda saiu fortalecida, com Larry se mostrando um baterista competente e Dave, que tinha conseguido vencer os intestinos e perdido o medo de estar em frente a desconhecidos, um bom guitarrista. Adam mantinha sua pose britânica e Bono não conseguia tirar o riso de sua face, ainda que tentasse. O Feedback era um sucesso, ainda que muito restrito.

Mesmo assim, Bono ainda era um garoto nervoso, com momentos de fúria, como quando derrubou uma mesa e provocou um tumulto dos diabos durante uma aula. Alison e Meave, que ainda era sua amiga, perceberam que essas alterações de temperamento de Bono precisavam parar e o aconselharam a procurar Jack Healisp, um professor que depois se tornaria um ministro da igreja protestante. Alison inclusive havia rompido, por poucos dias, o namoro, após o incidente do cabelo moicano e da corrente. Mas ao perceber o arrependimento genuíno do namorado e sua tristeza, voltou atrás.

Um dos receios de Bono era não se sentir tão à vontade com os amigos do Village. Basicamente eles eram jovens que gostavam de zombar do dia-a-dia das pessoas, de confrontá-las e mostrar que eram melhores do que todos. E Bono queria expandir seus horizontes, conhecer pessoas diferentes, com as quais poderia conversar mais. Ele havia descoberto que poderia fazer isso com o grupo. Quando subiu ao palco e deu o melhor que podia, recebeu aplausos e carinho da platéia, o que de certa forma o "alimentou". Agora era hora de começar a criar uma identidade para o grupo, escrever suas próprias canções e trabalhar duro.

3 - Sai Feedback, entra o The Hype



Boomtown Rats com Geldof ao centroLogo, o grupo conseguiu uma segunda apresentação, marcada para o St Fitan's School, em Sutton. E antes da apresentação resolveram mudar o nome de Feedback para The Hype. Feedback era uma gozação com eles mesmos e The Hype dava uma idéia de compromisso maior com a música. A banda entrou no palco, com algumas músicas extras, coisas dos Rolling Stones e do Boomtown Rats, talvez a mais famosa banda irlandesa da época e que era liderada por Bob Geldof, ao lado do Thin Lizzy, de Phil Lynott.

Bono começou então a adotar uma postura que passaria a ser sua marca principal: encarar o público nos olhos até adquirir um retorno. (Anos mais tarde, Paul McGuinness, empresário do grupo disse que as duas coisas que mais o chamaram atenção ao conhecer o grupo foram a competência de Larry e a maneira agressiva como Bono olhava para as pessoas como se desafiasse a tirar os olhos dele enquanto ele cantasse). Bono começou então a conversar com as pessoas, contar histórias, enquanto o grupo esperava nervosamente que o cantor se calasse para que pudessem tocar. E conseguiram fazer uma grande apresentação.



Após o show, já em casa, Bono descobriu que tinha vocação para ser cantor. A catarse de uma apresentação deixava-o solto, como se o libertasse de seus medos e fizesse com que a persona "Bono" deixasse o Paul mais distante e escondido dentro de si. Começou a perceber que não era feliz como um rebelde e que gostava de estabelecer uma comunicação com as pessoas, estabelecer um contato mais humano e alcançar o coração dos outros. Quando debateu essa idéia no Village, ficou chocado com as críticas de Gavin. Para ele, a música deveria confrontar e insultar os ouvintes. Sua finalidade não era divertir e sim revoltar.

Mas Bono não se incomodou com isso e, sim, com o fato de ainda não estarem escrevendo suas próprias letras. Não teria como se expressar com as idéias de terceiros. Para isso precisariam aperfeiçoar-se mais como banda, aprenderem melhor como tocar e cantar.

4- Surge o Virgin Prunes e o nome The The Edge

Inspirados pelo The Hype, alguns membros do The Lypton Village resolveram montar também uma banda, algo mais alternativo. Gavin, Pod e Guggi convidaram Dick, que havia deixado o Feedback, para formarem um novo grupo. A princípio não haveria um vocalista, o que não era um problema, pois a idéia era focalizar muito mais em uma performance do que na música. Gavin seria o líder e o nome escolhido foi The Virgin Prunes. E quem tocaria o quê? Pod prometeu aprender bateria rapidamente; Guggi seria o companheiro de Gavin nas teatralizações; Reggie ficou com o posto de empresário e até Day-Vid faria parte, sem uma função definida. Ou melhor, sua função era apenas e tão somente ser Day-Vid. A primeira apresentação aconteceu em uma festa em Glasnevin, dada por dois velhos amigos de Bono desde os tempos em que estudavam na escola do local, James e Isobel Mahon. Gavin chegou ao palco improvisando escreveu "Art Fuck" e começou um espetáculo grotesco e caótico, irritando alguns, mas provocando gargalhadas em Bono.



Em pé, Dick, Strongman e Mary; agachados, Guggi e Gavin;  embaixo, Day-VidApós a apresentação Bono, Pod e Gavin discutiram. Os dois últimos não gostaram da atitude de Bono, que tentava explicar que nessas festas o que importava era a confraternização com os demais e tentar ganhar algumas garotas. O Village já era conhecido, seus filiados tinham um broche que colocavam em suas camisas e que davam um charme todo especial a eles.

Adam, Dave e Dick começaram a freqüentar e andar com a gangue. O único que não fazia era Larry, que tinha seus próprios amigos. Dick era considerado um membro honorário por ter tocado nas duas bandas. Adam não era um membro, embora imaginasse que fosse. Todos gostaram de seu jeito, mas o consideravam uma pessoa com pontos de vistas diferente, por ser mais abastado. E Dave ganhou um nome de batismo, mas não era um membro, também. Foi Bono que o batizou de Dave The Edge, pelo formato de sua cabeça, assim como sua presença. "The Edge" significa, entre outras coisas “cume”, “extremo”, e Dave nunca gostou de ser o centro da atenção, preferindo ficar nas beiradas. Uma boa definição para o guitarrista.

Com a explosão do movimento punk, várias bandas apareceram e lutaram com unhas e dentes pelos poucos e raros lugares que permitiam shows de rock em Dublin. Adam Clayton, que tinha prometido agendar alguns shows para o The Hype, falou com um amigo, que conseguiu uma apresentação, mas ela foi um fiasco em todos os sentidos.

Nesse meio tempo Adam Clayton apronta da suas, saindo nu pelos corredores da Mount Temple, levando Donald Moxham, seu tutor, ao desespero. Moxham resolveu chamar Jo e Brian Clayton para dizer que Adam não era mais bem vindo à instituição, já que não cumpria suas obrigações curriculares e não queria nada com a vida acadêmica e não conseguiria se formar. Como forma de não prejudicar sua transferência para outra escola, não o expulsaram, mas avisando que não poderia mais ficar na instituição. O relacionamento de Adam com seus pais era distante e sua mãe Jo resolveu ser dura com seu filho mais velho, já que Brian passava dias e dias fora de casa, pilotando. A primeira atitude foi impor uma rigorosa lista de tarefas diárias para Adam, que aceitou ou então perderia sua mesada. E Adam até gostou, porque após as tarefas domésticas poderia desempenhar melhor o papel de empresário da banda. O The Hype era razoavelmente conhecido e Adam achou que eles poderiam conseguir alguns shows por Dublin ou arredores. Larry disse que tinha lido no jornal Evening Press que haveria um concurso para jovens talentos em Limerick, no dia 18 de março e que o vencedor levaria 500 libras irlandesas como prêmio, além de uma audição com a gravadora CBS. Adam disse que cuidaria de todos os detalhes para a viagem e que também agendaria alguns shows em Dublin antes do concurso para que a banda pudesse treinar.

 

5 -Sai The Hype, entra U2

A cidade estava num bom momento para as bandas de rock já que o sucesso dos Boomtown Rats e do Thin Lizzy deu credibilidade para os irlandeses na Inglaterra. As bandas locais brigavam pelos poucos locais disponíveis e aos poucos uma comunidade roqueira começou a ser formada por jovens que queriam espaços. Rádios piratas começaram a surgir já que nenhuma emissora britânica dava importância para os novos grupos irlandeses e surgiu uma revista que teria uma importância vital para a consolidação da cena, a Hot Press. Os principais escritores dela eram dois irmãos, Niall e Dermot Stokes, ao lado de Bill Graham. A proposta da revista era dar atenção às bandas locais e fazer resenha de discos e shows com inteligência, questionando e discutindo idéias e pontos de vistas.


Foi nesse contexto que Adam começou a se mexer usando todos os truques para conseguir shows e audições, o que aprendeu ao ler uma entrevista com Bob Geldof. Adam começou a circular e falar do The Hype para quem pudesse, chegando inclusive a ligar para Phil Lynnot. Lynott atendeu o telefonema pacientemente, mas deu poucas e óbvias dicas, como gravarem uma demo e arranjarem um empresário em Londres. Adam tentou falar com outro artista local e não tão famoso quanto Phil, mas que acabaria tendo importante papel na vida do grupo. Seu nome era Steve Rapid. Ele era vocalista dos Radiators e trabalhava em uma agência de propaganda. Adam ligou para Steve e confessou que o nome (The Hype) não o agradava, que era pouco sutil e disse que queria um novo nome, que fosse misterioso, curto e que não significasse nada em particular. Adam disse que seu modelo era o trio XTC. Steve ligou dias depois e deu uma dica: por que não mudar o nome para U2? "U2, aquele avião de espionagem", perguntou Adam, que amou a idéia. "Sim, esse mesmo", disse Steve. Adam levou a idéia para Bono, The Edge e Larry. Nenhum dos três gostou muito do nome a princípio, sendo que Bono inquiriu Adam sobre seus contatos no meio artístico. Adam disse que havia conseguido um show para o grupo no Howth Community Hall, consistindo em duas partes: a primeira com o nome The Hype e com Dick na segunda guitarra. A segunda parte seria com o nome U2 e sem Dick. Por uma estranha coincidência histórica, um avião norte-americano U2 foi capturado pelos russos no dia 6 de maio de 1960, quatro dias antes de Bono nascer, em Dublin...

O grupo seguiu então para o concurso e lá encontraram os Prunes. A primeira providência de Adam foi mudar o nome da banda, que estava inscrita como The Hype, para U2. Após isso, foram checar as condições técnicas do local. Fizeram uma excelente performance vencendo o concurso, faturando as 500 libras irlandesas e a promessa de uma gravação nos estúdios da CBS. Após o concurso, Adam conseguiu um show para a banda no McGonagles, que frustrou as expectativas de todos. Os únicos que vibravam com o U2 eram os amigos do Virgin Prunes, enquanto os demais presentes preferiam beber e conversar.

O grupo percebeu que era muito imaturo e que necessitavam de um empresário quando foram buscar o dinheiro pela apresentação. Terry O'Neill, dono do lugar, não acreditou quando viu os quatro garotos batendo em sua porta. Com um sorriso no rosto, perguntou quanto eles queriam receber pelo show. Após uma rápida reunião, Adam disse que cobrariam 7 libras. Terry, então sacou 25 libras e disse que não pagava menos do que isso para qualquer um que tocasse no McGonagles. Sem graça com a situação, resolveram chamar Bill Graham, para ajudá-los a procurar alguém que pudesse gerenciar a carreira da banda.

Bill compareceu ao encontro e começou a explicar para os meninos como funcionava toda a engrenagem do “show business” e suas armadilhas. Os quatro garotos ouviam fascinados e assustados. "E você conhece alguém que possa nos ajudar, afinal?", perguntou Bono. "Sim", disse Bill. Liguem para esse homem.

O homem era um tal de Paul McGuinness.

6 - O Segundo Paul do U2

Paul McGuinness tinha um sonho, um grande sonho que compartilhara com seu amigo Bill, dias antes: "Bill quero achar uma banda nova, com talento e que precise de ajuda. Mas não quero uma banda onde os garotos estejam já preocupados em pagar empréstimos da compra da casa ou andando com suas jovens esposas grávidas. Quero uma 'baby band', com meninos que tenham vontade de trabalhar duro e talentosos. Só que será muito complicado encontrar esse grupo aqui em Dublin. Eu os encontraria na América ou na Inglaterra, mas aqui, na Irlanda, e no meio dessa porcaria de onda punk? Nunca!"

Paul era um homem inquieto. Aos 27 anos, já tinha uma vida movimentada e atualmente trabalhava na produção de filmes com locações na Irlanda. Ele já tinha empresariado um grupo chamado Spud, que havia feito um relativo sucesso fora da Irlanda, mas que se separou justamente pelas razões que McGuinness comentara com Bill. Paul queria entrar no mercado da música. Dono de um grande senso de ordem, responsabilidade e muita determinação, havia conseguido para o Spud um contrato com uma gravadora da Suécia, a Sonet Records. O grupo até que se saiu bem e McGuinness pegou o lucro e resolveu investir na infra-estrutura da banda, comprando um novo caminhão e equipamentos. Mas a banda estava infeliz, com dívidas e precisavam de dinheiro urgente para sanar os compromissos assumidos. Paul argumentou, desesperado, que era necessário investirem o dinheiro durante alguns meses e fazerem mais shows para que realmente pudessem lucrar. A banda argumentava que não poderia esperar tanto. Paul entendeu e deixou-os, triste.

Por isso, quando seu velho amigo Brian falou sobre um novo grupo de meninos que eram promissores, Paul não se animou muito. Em sua cabeça seria apenas mais uma banda punk e Paul odiava a estética e o som que os punks faziam, excessivamente alto e berrado. Chegou até a perguntar para Bill como ele havia entrado nessa onda, com essa nova revista. "Você precisa ouvi-los, Paul. São muito crus ainda, mas promissores”.Paul não estava tão certo assim.

Dias depois, Adam Clayton ligou para Paul McGuinness. Ele o convidou para uma conversa informal. Paul disse que poderia, mas em outra oportunidade, pois estava muito ocupado em uma filmagem e preferia que Clayton voltasse a telefonar dentro de uma ou duas semanas.

O mês de maio de 1978 corria solto e a angústia corroia os nervos dos integrantes do U2. O ano escolar estava terminando e breve deveriam escolher um rumo profissional. O único que não se importava com isso era exatamente Adam. Ele havia feito um cartão com os dizeres "Adam Clayton, baixista, U2" e o distribuía para qualquer pessoa que fosse do meio. Adam era empresário em tempo integral, ainda que não tivesse a menor idéia de como agia um. O mistério era saber onde Adam os havia confeccionado, já que não tinha nenhum dinheiro.

Enquanto isso, The Edge, Bono e Larry estavam em apuros. The Edge iria ingressar na Kevin Street Technical College, para se tornar engenheiro como seu pai. Mas The Edge não queria isso, queria seguir carreira como guitarrista. Só que para convencer seus pais era necessário que houvesse algo concreto. Por enquanto, Garvin e Gwenda consideravam que o U2 era apenas um passatempo para seu filho, nada mais. Mas The Edge sabia que isso não era verdade.

Bono também estava bem arranjado. Bobby não suportava ver mais seu filho ficar fora de casa até de madrugada andando com aqueles moleques estranhos e que agora o chamavam de Bono. O filho havia desistido de estudar na universidade e cismou em ser músico profissional. Bobby disse que não aceitava essa decisão e que se o filho persistisse nessa idéia estaria por sua conta e risco, pois não iria mais lhe dar dinheiro.

Larry também não atravessava um bom momento. Definitivamente odiava estudar e tinha duas opções: ou completava os dois anos que faltavam na Mount Temple ou começaria a trabalhar. Dos quatro, era o que menos botava fé na banda, apesar de ter sido o fundador. Larry preferia um emprego certo, que rendesse uma grana todo mês, ainda que pouca. Ele temia entrar em uma barca furada. Dois incidentes tinham deixado o jovem baterista temeroso. O primeiro foi uma apresentação no mesmo McGonagles cancelada na última hora e por um motivo humilhante. Terry O'Neill os havia dispensado e contratado uma banda de garotas chamada Boy Scoutz. O outro incidente aconteceu no show em Howth. Tudo ia bem até que Bono resolveu fazer contato com duas meninas que dançavam e dirigiu o microfone até a mais bonita delas. A garota corou e a outra, irritada, começou a xingar o vocalista e perguntando quem diabos ele pensava que era, David Bowie? Bono, envergonhado, foi para o fundo do palco, deixando Larry visivelmente consternado.

Como Paul não respondeu ao convite de Adam, Bill Graham insistiu novamente para que ele fosse ver a banda. "Eles são o que você procura, Paul". Mas McGuinnees continuava com dúvidas e só depois de consultar sua esposa Kathy, é que aceitou o convite. Foram então Bill, Kathy e o amigo Tom Saunder conferir a tal "baby band" que Bill garantia ser a que Paul procurava. Na verdade, Paul já havia dado o cano no U2 duas vezes, causando a ira de todos que já queriam tirar de Adam Clayton a responsabilidade de ser o empresário. Adam tentou convidar Steve Averill, para ser o empresário. Steve agradeceu, mas recusou. Apenas no dia 25 de maio de 1978, McGuinness decidiu que iria assistir o tal grupo. O U2 tocaria no Project, abrindo para os Gamblers.

A primeira banda a subir foi o Virgin Prunes e logo Paul torceu o nariz. O grupo tocava tendo Larry, The Edge e Adam como músicos de apoio. McGuinness abriu um jornal e começou a ler, rezando para que logo pudesse estar em casa. E então aconteceu: o U2 subiu ao palco. Paul fechou o jornal e começou a reparar nos quatro garotos: o baterista era bonito e sabia tocar. O guitarrista tinha um bom estilo e jeito para o instrumento. Mas o que mais chamou sua atenção foi Bono. Ele o considerou extraordinário, mas não como vocalista, pois Bono não sabia cantar, mas por sua performance teatral, sem querer parecer "cool". Paul adorou o que viu, pois eram jovens, talentosos e diferentes.

Terminada a apresentação foi conversar com eles. A banda começou a fazer dezenas de perguntas, querendo saber se trabalharia em tempo integral, se ele tinha dinheiro para bancar shows e como eles viveriam. McGuinness argumentou que eles tinham uma grande presença no palco, que a vida na estrada realmente seria muito dura e que precisariam firmar um compromisso desde o início. Os garotos então pararam de falar e o escutaram atentamente e concordaram em fazer tudo o que ele havia pedido. A banda não queria o estrelato imediato, preferiam primeiro escrever suas canções e começar lenta, mas progressivamente sua escalada. Não havia grande urgência, desde que o progresso acontecesse, ainda que de forma gradual.



Larry, The Edge, Paul McGuinness, Bono, Rachel O'Sullivan e Larry no primeiro encontro, em 25/05/1978"Então temos um empresário?", perguntou Adam, o porta-voz da banda. "Sim", respondeu Paul. A banda ficou eufórica, e ao contar a notícia para Guggi e Gavin, ouviram uma sonora risada. "Esse panaca é o empresário de vocês? Meu Deus!", zombou Gavin.

A primeira missão de McGuinness era marcar a sessão para a gravação da demo. O problema era que o U2 não tinha nenhuma canção escrita. E o problema caiu no colo de Bono. Após uma reunião interna, ficou acertado que Bono escreveria as letras, já que as cantaria, enquanto os demais cuidariam do arranjos das mesmas. Bono que fosse para casa então e começasse a rabiscar umas palavras. E Bono tremeu: afinal sobre o que ele cantaria? Ele não sabia como descrever as imagens que rondavam sua mente. Ele tinha imaginado uma canção que falava sobre a morte de sua mãe, mas que não sabia como traduzi-la. A única frase que vinha era "out of control", e um riff que tentava capturar em sua guitarra. Era uma idéia, mas ainda muito crua. O mesmo acontece com "Street Missions", a primeira canção que ele escreveu, de fato. Animado, tentou mostrar suas idéias para os demais. "Tente tocá-las, mostre-nos algum acorde", pediu The Edge. Bono tentava mostrar o riff e casar com palavras. As palavras podem vir depois foi o que concluíram. E com essa idéia partiram para gravar a prometida demo na CBS.

A experiência virou um pesadelo para os garotos. Jackie Hayden, o responsável pela sessão, argumentou que eles deveriam ter vindo com oito canções devidamente ensaiadas e colocadas num formato de aproximadamente três minutos. A banda perguntou, ingenuamente, se não poderiam arrumá-las no estúdio: Irritado, Hayden explicou que as horas dos estúdios custavam muito caro e que aquelas três canções que haviam gravado ("Shadows and Tall Trees", "The Fool" e "Cartoon World") eram insuficientes. Para piorar, o pai de Larry o esperava, furioso, na porta do estúdio para voltarem para casa. Seu filho estava se preparando para as provas na escola e não poderia perder tempo com essas coisas. Para ele, nada era mais importante do que os estudos.

7 - Grupo grava nova demo; morre a mãe de Larry

Após o fiasco, Paul McGuinness prometeu que conseguiria para o grupo outra sessão para a gravação de sua demo, para o segundo semestre daquele ano e pediu que os quatro começassem a trabalhar em composições e trabalhassem duro. Como já tinham deixado a Mount Temple, foi necessário arranjar um outro local para os ensaios, que acabaram sendo feitos em um cômodo nos jardim da casa de The Edge. O local era pequeno, desconfortável, mas mesmo assim Adam, Bono e The Edge passaram os meses de junho, julho e agosto trabalhando por horas e horas. Larry só se reunia ao final do dia, pois tinha arranjado um emprego na Seiscom. O trabalho era duro, com Bono tentando achar as imagens, The Edge procurando encontrar o som e Adam sendo o homem que nunca desistia quando surgia algum problema. Pelo contrário, Adam era sempre o primeiro a dizer "vamos tentar e ver como fica". Sem saber começava a ser criado uma amizade entre os eles. Não apenas uma amizade profissional, mas um relacionamento mais íntimo e pessoal entre os quatro rapazes que tinham gostos e hábitos tão diferentes. Começaram a entender que não queriam que o U2 fosse apenas um grupo de rock. O U2 deveria ser algo maior, uma entidade que os guiasse e que representasse a personalidade e sonhos de seus membros. Os parâmetros estavam estabelecidos e os desafios eram grandes. Bono devia fornecer uma imagem, The Edge tentar traduzi-la em sua guitarra e Adam e Larry ajudar na construção da melodia. E todo esse processo foi lento, duro e sofrido. Bono, por exemplo, precisava percorrer uma distância de treze quilômetros a pé, todos os dias, para ir aos ensaios na casa de The Edge, já que seu pai cumprira a promessa de não ajudá-lo financeiramente.


Dave Fanning, à direita, ao lado de The Edge, durante uma viagem no ano de 1984. Ele foi um dos grandes incentivadores do U2Nesse meio tempo, McGuinness conseguiu outra apresentação no McGonagles para a banda, que iria abrir para o Revolver, um grupo com mais experiência e com alguns discos já gravados. A idéia do empresário era colocar a banda em quantas apresentações conseguisse, para que começassem a ganhar nome, e conseqüentemente dinheiro, vital para manter os integrantes e poder pagar o custo das sessões de gravação.

Nessa época o grupo ganhou um importante aliado, Dave Fanning. Fanning já era um importante radialista de Dublin e gostava muito do carisma do U2 em cima de um palco. Dave também trabalhava como DJ no McGonagles e acabou convidando não apenas o U2, mas todos os membros do The Lypton Village para seu programa.

Um dia, Bono convidou Adam para irem até Londres para assistirem um show do Thin Lizzy com o Horlisps, no Wembley Arena. As duas bandas estavam fazendo uma apresentação por um preço pequeno. Mas Bono e Adam não iriam gastar seu dinheiro com o show, iriam gastar procurando alguém que pudessem produzir sua primeiro demo. Bono tinha um nome na cabeça, Barry Devlin, integrante do Horslips. Barry se sentiu feliz com o convite e topou o desafio.

Um dia, McGuinness chegou com uma grande notícia: o U2 abriria para os Stranglers, uma das maiores e mais importantes bandas punks inglesas. Bono entrou no camarim e tentou convencer Hugh Cornwell, líder do grupo, a usar um broche com o nome “U2”, ao lado do que ele usava em sua jaqueta com o nome do seu novo disco.

Em seguida, o grupo partiu para uma apresentação na cidade de Cork, quando começaram a perceber que algo urgente precisaria ser provindeciado: bons equipamentos para apresentarem-se ao vivo. Agora, o U2 abria para o D. C. Nien e foram um grande sucesso, com a platéia aplaudindo calorosamente ao final da rápida apresentação. Enquanto a banda tocava, Paul foi atrás do responsável pela boa qualidade de som do local. Descobriu um sujeito baixinho, de barba e que era responsável pela empresa Stage Sound Systems, chamado Joe O'Herlihy. Mentalmente, McGuinness gravou esse nome.

No dia 1º de novembro o grupo entrou no Keystone Studios para gravar sua demo. Resolveram que três canções seriam trabalhadas: "Shadows and Tall Trees", "The Fool" e "Street Mission". Devlin adorou as composições e a originalidade da banda. Mas o que mais chamou a atenção do produtor foi a maneira peculiar de The Edge tocar. Devlin chegou para o guitarrista e deu algumas sugestões em algumas partes das músicas. Ele estava impressionado com a determinação dos quatro meninos dentro de um estúdio e nem acreditava que a idade deles variava entre 17 e 18 anos.

Veja aqui as letras de “Street Mission” e “The Fool”...

Street Mission

I don't know
Man, I just got here
You got me thinking
I'm about to leave

Some say maybe tomorrow
New direction, hello
What I know know know
What I know know know

I walk tall
I walk in the wild wind
I love to stare
I love to watch myself grow

Someday, maybe tomorrow
New direction, hello
Well I know know know
Well I know know know

Street mission
Street mission
Street mission
Street mission

And I'm promising nothing
I'm just living a smile
I casually arrange it
I know...well I know know know

Street mission
Street mission
Street mission
Street mission

I walk tall
I walk in the wild wind
I live an image
Of plastic and gold

Some say maybe tomorrow
A resurrection, hello
Well I know know know
Well I know know know
Well I know know know
Well I know know know

Oh...
Oh...
Oh...I need something
I need someone
I need you


Oh...I've got something
I've got someone
I've got you


Street mission
Street mission
Street mission
Good night

The Fool

Alive in an ocean
A world that I didn't see
I walk the world backways
It's aways the same ballgame


That's out of mind
Out of the living world
Out of time
I break all the rules
They call me a fool

I cartoon in motion
A hero pretends no pain
A clown slipping backwards
You laugh at another's shame

But I don't mind
I know I'm limping low down
I don't mind
Winners or losers
It's all just a game
And I'm going down
And I'm strolling down

Life and an answer
The key to an open door
Admiting I'm laughing
Living I'm limping more

It's out of mind
Out of the living world
Out of time
Winners or losers
It's always a game
And I'm going down
But I'm strolling down
To rout around
And around, and around
To round round
There's a cloud
There's a cloud

So...the fool has found the golden key
So...it's waiting there for you and me

Just a fool, a street jester
The hero of society
Just a fool, a street jester
Look at me, now can't you see

A life in emotion
A world I'm glad I didn't see
A cartoon in motion
A key to the same day

I don't mind, I'm here to know
I wanna go go go go go

So...the fool has found the golden key
It's so...it's waiting there for you and me
Just a fool, a street jester
The hero of society
Just a fool, a street jester
Look at me, now can't you see



Maureen e LarryAo final da sessão, Paul McGuinness correu em direção ao produtor, nervoso, perguntando sua opinião sobre o U2. "Fique tranqüilo Paul, eles são muito talentosos, divertidos e certamente farão um grande sucesso em pouco tempo. Tudo é uma questão de química e isso eles têm de sobra."

Paul ficou eufórico com a notícia, mas logo a alegria foi substituída por uma notícia terrível: a mãe de Larry, Maureen morrera em um acidente automobilístico...




 

Colunas