251 - U2 - 1993

Turnê pelo mundo, disco novo, parceria com Frank Sinatra, Macphisto... não foram poucos os assuntos de 1993 na vida do U2. O grupo teve uma agenda para lá de movimentada e problemas internos, como o de Adam Clayton com a bebida quando teve que ser substituído em um show na Austrália. O grupo chegou ao final do ano exausto após quase dois anos de trabalho frenético, mas intensamente proveitoso. O U2 agora era uma nova banda, um novo conceito...


1 - Um novo EP... que vira LP

O U2 aproveitou suas merecidas folgas no início de 1993 para entrarem em estúdio. The Edge se lembra que eles tiveram a idéia de gravarem quatro músicas para um EP em edição limitada para os fãs. Assim, entraram no Factory Studio de Dublin e começaram a labuta. Mas Bono achou um desperdício gastar tanta energia com um EP e sugeriu um novo disco, o que causou um certo arrepio em todos: será que o U2 ainda sabia gravar um disco em um curto espaço de tempo ou teriam se tornado escravos dos grande orçamentos e anos de produção? O espaço seria apenas de três meses.

E Paul McGuinness apoiou sensivelmente a idéia por uma razão estratégica: o antigo contrato do U2 com a Island (que era agora da Polygram) estava expirando e um novo produto nas mãos, muito antes do previsto pela gravadora, colocaria McGuinness em uma posição estratégica, já que teriam um poder de barganha muito maior com ele. Ou será que a Polygram iria deixar o U2 escapar tendo um novo disco para ser lançado imediatamente?

O conceito estava todo na cabeça do grupo e mais uma vez convidaram Brian Eno para a produção, ao lado do engenheiro Flood.

Mas como o tempo era pouco, eles seriam obrigados a enfrentar uma longa e cansativa maratona dentro do estúdio. Bono já estava trabalhando há tempos em novas canções, especialmente em uma para Frank Sinatra. E Frank seria um tema recorrente ao grupo e ao vocalista ainda em 1993.

2 - Zooropa

Bono sonhava em entregar uma canção à Sinatra batizada "Two Shots of Happy, One Shot of Sad". Mas desta vez ele não deseja cometer o mesmo erro de anos atrás, quando escreveu uma canção para Willie Nelson, fato relevado em uma entrevista e, sem sequer, avisar a Nelson. Isso causou um constrangimento ao vocalista do U2.

Enquanto isso, Bono escrevia uma letra com o nome provisório de "Sinatra". Aos poucos, ela vai se transformando até ganhar o definitivo título de "Stay" com Faraway So Close!" sendo acrescentado já que seria utilizada no filme de mesmo nome do cineasta alemão Wim Wenders. Era uma das primeiras vezes que Bono escrevia uma canção tendo em mente uma mulher.

O problema é que Brian Eno logo teve que deixar a produção, pois já havia se comprometido com outro projeto. Mas Eno voltou para o final e ficou espantado com a evolução das canções. Eno disse, à época, que Bono é uma espécie de "Maria Teresa das canções abandonadas": "é impressionante como ele aproveita coisas que escreveu anos atrás. Parece que ele nunca joga nada fora. Tudo que ele produz ao longo dos anos fica em sua cabeça e de repente, ele conecta algo e escreve em minutos o estava congelado há anos."

Quem dá mais algumas dicas sobre como a banda trabalha é o técnico de guitarra de Edge, Dallas: "Edge parece que nunca vai embora nesses dias. Eles chegam ao estúdio sem nada e começam a tocar e você acha que nada está acontecendo, quando de repente, uma canção aparece! E o mais incrível é que ela está quando pronta, eles vão em outra direção, como Bono cantando outra melodia a ponto de você se perguntar 'o que esses idiotas estão fazendo? a canção estava praticamente pronta!'. Mas aí você percebe que vem uma outra e ainda mais poderosa. É impressionante."

Muitas canções surgiram dessa maneira e uma delas causou uma certa tensão interna entre Bono, Brian Eno e os demais integrantes: "The Wanderer".

Bono conta que escreveu a canção inspirada no livro bíblico Eclesiástes. A história conta a vida de um homem que largou família e tudo mais para encontrar Deus e que percebe que os homens usam o nome 'Deus' em vão: "eles falam do Reino de Deus, mas não o querem lá". Bono tinha feito a letra especialmente para Cash, que foi à Dublin durantes as gravações. Bono ficou deliciado com a maneira com a qual Cash a gravou. Mas Flood e Eno não estavam tão felizes. Eles temiam que a forte e presença e carisma de Cash na faixa que encerraria o disco encobrisse todo o disco e a própria banda.

Bono argumentava que vendo o Cash cantando sobre uma melodia distorcida "sob um céu atômico" seria o final perfeito para um álbum desconcertante. Ao final, o cantor consegue convencer todos, especialmente Eno, que confessa: "era muito difícil eu dizer não quando participei pouco do processo, funcionando mais como um conselheiro. E admito que Bono estava certo, embora eu ainda preferisse a versão com ele cantando."

Outras canções também eram desconcertantes: "Babyface" insinuava levemente com pedofilia; ""Daddy's Gonna Pay For Your Crashed Car", "First Time" e a mais bizarra de todas: "Numb". Ela tinha o título de "Down All The Days" e não foi aproveitada durantes as gravações de Achtung Baby.

"Numb" não tem melodia, apenas ritmo. Bono tentou cantá-la, mas não conseguia encontrar o ponto. Foi quando Edge, o dono da letra, sugeriu que trabalhassem apenas o ritmo. E mais: ele seria a voz principal e Bono e Larry (!) fariam os vocais de fundo: "incrível, isso funcionou", disse um chocadíssimo Bono. Não só funcionou como foi a primeira canção de trabalho do novo disco.

O melhor dela, no entanto, é o vídeo em que The Edge fica imóvel declamando a letra enquanto várias situações bizarras acontecem ao seu lado. A idéia era que ele não demonstrasse nenhuma emoção, mesmo quando um pé foi colocado em sua face!

Mas se as gravações aconteceram em um ótimo clima, elas foram insanas. Isso porque elas se estenderam até julho, quando o grupo já estava em turnê na Europa.

O dia-a-dia do grupo era sair dos shows até 11 da noite, pegar um avião até Dublin, ir direto ao estúdio, gravar até o começo da manhã, dormir, voltar aos aeroportos, novos shows e quando tivesse um dia livre, revezavam-se em estúdio. "Foi uma loucura, mas foi uma loucura gostosa", garantiu Larry.

Uma canção particularmente emocionou Bono: "Lemon".

capa do disco Zooropa"Eu tenho poucas lembranças da minha mãe porque o meu pai nunca falava sobre ela depois que ela morreu. Um dia recebi um pacote pelo correio de um parente distante com um filme Super 8 com uma imagem dela, com uns 24 anos. Ela era linda, cintura fina e com cabelos negros como de uma cigana. O filme era em cores e parecia extraordinário. Era um casamento, onde ela era a dama de honra vestida em um lindo vestido cor de limão. Resolvi então cantar com minha voz de Fat Lady (Senhora Gorda), mas havia uma aspereza na letra. Havia duas coisas acontecendo, memória e perda, o retrato de uma garota em um vestido limão cintilante, que a deixava sexy e alegre e o fato de um homem se separar das coisas que ele ama. E Edge também vivia um drama pessoal, já que teve que sair de casa, pois estava se separando de Aislinn. Basicamente, 'Lemon' é sobre sair ou não de casa.

E, no dia 5 de julho de 1993, o mundo conhecia o novo disco da banda, Zooropa, que deixou os fãs e a crítica ainda mais surpresos. O disco vendeu 300 mil cópias em apenas uma semana no Reino Unido e foi número 1 em quase todos os países do planeta. Mas ainda havia mais surpresas, muito mais...

3 - Macphisto

Bono queria criar um novo personagem para a parte européia, alguém mais "europeu" e abandonar de vez o Mirror Ball Man.

The Edge conta que a idéia surgiu quando ele e Bono foram à Hamburgo participar de um festival teatral contra o racismo, um período extremamente difícil para os alemães, já que a reunificação tinha acontecido pouco tempo antes e a tensão era evidente. Após assistirem The Black Rider, em que um personagem chamado Pegleg faz acordo com o Diabo, os dois tiveram a idéia de extrapolar isso.

Conversando com Gavin Friday, Bono ouviu a sugestão de que deveria usar chifres vermelhos. Edge disse também que o visual definitivo aconteceu quando viram um personagem andando pelas ruas de Madri, um homem já de idade, vestido de forma impecável e acenando para um público imaginário. Assim, o novo personagem usaia um terno dourado, sapatos plataformas, um antigo pop star. Bono disse que assim que vestiu as roupas, sua voz mudou e começou a falar de maneira estranha. "Foi muito difícil abandonar as roupas e Macphisto depois, confesso."

Quando Zooropa saiu, estranhamente não foi tocado em palco. Com arranjos complexos e sem tempo de ensaiar, o grupo foi lentamente apresentando as canções em palco. O disco chegou ser tocado integralmente nos shows finais da excursão, em Tóquio, com exceção de "The Wanderer" (por motivos óbvios) e "Daddy's Gonna Pay Your Crashed Car".

Zooropa rendeu excelentes dividendos financeiros, já que a Polygram se viu numa posição difícil, com o U2 tendo seu contrato acabado e com um novo disco pronto. Assim, os dois lados chegaram a um novo termo que tornou o U2 a banda mais rica do planeta. Embora as cifras não sejam confirmadas, estima-se que a banda fechou um contrato da ordem de US$ 200 milhões.

Mas, para Bono havia ainda um sonho interrompido: Frank Sinatra...

4 - Frank Sinatra

capa do disco DuetsO mundo ficou em polvorosa quando "Ol' Blue Eye" anunciou que voltaria a gravar após 10 anos de ausência. A idéia era fazer um disco de duetos, com cantores e cantoras de vários estilos. O álbum se chamaria Duets e alcançaria o primeiro lugar em todos os cantos do planeta.

Bono havia sido convidado para contracenar com Sinatra na clássica "I've Got You Under My Skin", de Cole Porter. Sinatra estava com 77 anos de idade e começava a apresentar problemas de senilidade. Bono gravou sua parte, ao lado do produtor Phil Ramone, em Dublin e causou leve consternação no staff de Sinatra ao mudar levemente a letra, cantando "você sabe, seu velho tolo, você nunca poderá ganhar", ao invés de "você não sabe, seu tolo, você nunca poderá ganhar". Imediatamente a gravadora sugeriu que se fizesse um clip com os dois, experiência que Bono define como uma grande loucura.

O vídeo seria gravado em um bar de Palm Springs, um dos preferidos de Sinatra e seria dirigido por Kevin Godley. Bono tinha apenas que entrar no bar e ao ver seu velho companheiro Sinatra, ir cumprimentá-lo. Porém, Frank teve uma crise de pânico. Godley parou as filmagens e deixou Frank se acalmar um pouco. No entanto, o velho mito da música ficou mais confuso ainda e começou a berrar por seus empregados até ser levado embora.

Dias depois, Frank ligou para Bono pedindo desculpas e justificando-se dizendo que não gostava de fazer várias tomadas de uma cena. Acabaram combinando nova filmagem, desta vez no banco de trás da limusine de Sinatra. Nesse dia, eles almoçaram juntos e Bono cantou "Two Shots of Happy, One Shot of Sad", para Sinatra. Infelizmente, ele jamais chegou a gravá-la.

Os dois voltariam a se encontrar mais uma vez ainda, na festa do Grammy, que no entanto, não cabe aqui, agora. E depois do intervalo da turnê, era a hora de voltar ao batente...

5 - The Zoo TV Tour

Macphisto possuía também o hábito de ligar para personalidades dos países em que estavam tocando. Um dos momentos mais marcantes foi quando, em Londres, ligou para o escritor Salman Rushdie, o autor dos livros Os Versos Satânicos que causou irritação aos muçulmanos e uma ameaça de morte ao escritor.

E Rushdie surpreendeu ainda mais ao aparecer no palco do estádio de Wembley durante a apresentação. O único a lamentar o ocorrido foi Paul McGuinness já que o show estava sendo transmitido via rádio para vários países. McGuinness revelou que 10 das 310 milhões de pessoas que estavam ouvindo a apresentação, desligaram ao saberem que o escritor havia adentrado o palco.

E Macphisto não foi a única novidade do grupo. Um fato muito marcante foi a participação do jovem diretor norte-americano Bill Carter nos shows.

Bill CarterBill havia passado alguns meses na Europa filmando. Ao voltar para a Europa resolveu, junto com sua namorada Corrina, se mudar para o México. Uma ligação sobre um possível emprego em Los Angeles o obrigou a mudar os planos por alguns dias. Enquanto voava, Corrina morria em um acidente de trânsito com a van de Bill. A notícia o devastou e Bill acabou indo para Sarajevo, um local onde a dor era grande, tão grande quanto ele sentia. E Bill ficou lá por seis meses.

O que ele desejava era fazer uma entrevista com o U2 quando eles estivessem em Verona, no dia 3 de julho para a Radio Televizija da Bósnia-Herzegovínia. "A televisão bósnia, com base em Sarajevo, é está muito interessada em fazer uma entrevista com os membros do U2. Nós sabemos que o grupo estará no dia 3 de julho, em Verona, Itália, e achamos que é uma oportunidade perfeita para a entrevista. Verona é um dos concertos da Europa que terá uma grande audiência na ex-Iugoslávia, já que é o único concerto que tem ingressos vendidos por aqui. Sarajevo, na antiga Iugoslávia, era o centro de artes, cultura e rock and roll. Ainda estamos tentando manter viva a cena artística, mas a falta de criatividade atual se dá pelos óbvios problemas físicos e de informações restritas."

O grupo aceitou dar a entrevista e dias depois, Bill Carter e seu amigo Aplon falaram com o grupo antes de subirem ao palco. A entrevista acabou com Bono sendo convidado por Bill a conhecer Sarajevo, convite este que deixou Bono muito interessado. Durante o show, ele dedicou "One" às pessoas de Sarajevo.

O show teve um aspecto emocional muito forte, com Macphisto tentando, sem sucesso, ligar para o Papa João Paulo II no Vaticano. Aliás, Macphisto rodou um filme promocional da turnê nas ruas do Vaticano, espantando os pombos. Mas Sarajevo não era esquecida por Bono...

6 - Sarajevo

Bono não apenas não se esqueceu de Sarajevo, como começou uma campanha interna para levar o grupo lá e fazer um show. O primeiro passo foi convencer os demais membros, o que conseguiu. O problema seria convencer Paul McGuinness e toda equipe técnica a fazer o mesmo. Sem contar nos imensos problemas burocráticos que teriam ao tentar fazer um show de rock num país em guerra civil.

McGuinness não deu bola no início para tal especulação, mas à medida que Bono começava a cavucar mais e mais querendo saber até detalhes diplomáticos, Paul o chamou para uma conversa séria e explicou o porquê não iriam até Sarajevo: "seria uma irresponsabilidade imensa se eu aceitasse isso. Estaríamos colocando todas as pessoas que trabalham conosco em risco, bem como o público presente. Eles estão no meio de uma guerra civil e por mais que eu seja solidário com a causa, jamais colocarei qualquer vida em risco, por menor que seja, por causa de um show". Ponto final. Bono perdeu. Na verdade, a derrota já estava anunciada a ele quando Bill ligou dizendo que os habitantes da cidade não queriam o U2 lá, pois eles acham que a banda pode ajudá-los, mas não estando lá.

Então já que o U2 não vai até Sarajevo, Sarajevo vem até o U2... por satélite! A idéia era tão simples, quanto complexa e genial: Bill Carter faria entradas através via satélite durante as apresentações, falando da situação local e trazendo depoimento das pessoas.

A primeira tentativa aconteceu no show de Marselha, em 14 de julho. Mas o satélite não estava disponível e Macphisto conseguiu trazer Bill apenas ao telefone.

Bill tentava desesperadamente convencer a Europe Broadcast Union a lhe ceder um satélite por alguns minutos durante algumas noites. Tudo acabou sendo resolvido, quando alguns cheques emitidos por Paul McGuinness começaram a fazer efeito. O problema é que Bill precisaria atravessar uma região dentro da Bósnia com atiradores de elite para chegar à estação de televisão em Sarajevo para fazer a transmissão.

No dia 17 de julho, em Bolonha, o público conseguiu ver alguns depoimentos dos habitantes de Sarajevo. Após emocionante contato, Bono foi ao palco B e fez uma comovente versão de "Satellite of Love", com Lou Reed no telão. O link com Bill segue mais alguns minutos, com Bono aplaudindo a coragem do povo e criticando a União Européia por fazer muito pouco pela questão. O momento mais emocionante foi quando Bill trouxe Vlado, que foi separado de sua esposa há 17 meses e que vivia, curiosamente, em Bolonha.

Enquanto o U2 toca "Bad", Bill e seus amigos entram no carro e saem correndo dos tiros que acertam o veículo. O contato entre os dois duraria mais de 10 shows, sendo que o de 12 de agosto, em Wembley, é o primeiro em que o link fica mais estável.

A banda se mete em uma grande polêmica com vários políticos criticando abertamente a atitude do grupo, dando a entender que eles não estão fazendo nada e que a situação política da antiga Iugoslávia é fácil de ser resolvida. "Eu gosto da confusão. Acho saudável você quebrar protocolos e mostrar um outro lado, proibido, censurado. Que digam que isso é oportunismo barato, de gosto duvidoso, que quero banalizar a situação ou me tornar uma celebridade. Eu acho importante darmos voz a essas pessoas".

No entanto, eles resolvem encerrar as transmissões após os quatro shows no estádio de Wembley e trazer Bill Carter para os shows finais da parte européia, em Dublin, em uma turnê de quase 4 meses e 44 shows.

capa do single Stay (Faraway, So Close!)Tudo seria mostrado de forma mais crua em 1994, quando Bill lançou o documentário Miss Sarajevo, com 26 minutos, co-produzido por Bono.

A turnê encerra justamente quando Numb é lançado em single. E pela primeira vez o U2 lança um single não em CD, mas em VHS. Em novembro é a vez do single Stay (Faraway, So Close!) que traz a versão de "I've Got You Under My Skin", com Frank Sinatra, que também aparece na capa.

E no meio da polêmica, havia um outro problema: Adam Clayton.

7 - Adam

O baixista teve 1993 como um ano inesquecível e recheado de boas e más notícias. A primeira foi o namoro com a top model Naomi Campbell, antiga paixão do baixista.

Bono havia ficado amigo de várias top models após aparecer na capa da revista Vogue e sempre soube da queda do baixista pela esquentada modelo. Assim, arrumou um jeito de se conhecer. E os dois realmente começaram a namorar sério. Adam começou a virar uma central de boatos e a imprensa publicava que os dois iriam se casar, coisa que não passava pela cabeça do músico, ainda.

Adam também começava a mostrar alguns problemas de temperamento. Após uma noite na farra com bebidas, causou constrangimento em uma cena em hotel londrino. Após brigar com Naomi, um enfurecido Adam mandou vir as mais caras prostitutas da cidade e pagou todas com seu cartão de crédito. O caos foi enorme.

capa do compacto LemonE o problema ficou ainda maior quando o grupo partiu para a parte final da excursão, Zoomerang, em novembro e dezembro. Enquanto estavam na Austrália, é lançado lá o single de Lemon, que teria ao longo dos meses várias versões remixes

Seriam 6 shows na Austrália, dois na Nova Zelândia e dois no Japão. Adam causou um incidente sério quando chegou de ressaca e sem condições de subir ao palco. Pela primeira vez, o U2 teve que improvisar colocando o roadie que tomava conta do instrumento de Adam em seu lugar. Foi uma noite tensa.

O show teria televisionado para vários países e a banda estava preocupada, pois era a primeira vez que um membro não estaria presente. The Edge, Larry, Bono e Paul chamaram Dallas, o técnico de Edge e perguntaram se Stuart Morgan poderia fazer o show. Não havia possibilidades de cancelamento. Dallas era o foco central dos quatro, que ficaram aliviados quando Dallas deu o sinal de positivo. Nervoso, Stuart cometeu pequenos erros, e no final da apresentação teve seu braço levantado por Bono e aclamado como herói. Enquanto isso, Adam Clayton dividia-se entre a dor física e na consciência.

O grupo seguiu para Nova Zelândia, onde não pisavam desde a morte do roadie Greg Carroll, em 1986, que foi homenageado com a canção "One Tril Hill", de The Joshua Tree. Quando o U2 pisou lá em 1987 foram tratados como deuses. Agora era apenas uma obrigação profissional.

O grupo encerrou o ano com dois shows em Tóquio e encerrando um ano cheio de acontecimentos e 54 shows pela Europa, Oceania e Ásia.

O grupo faria um retiro no ano seguinte e ficaria longe dos palcos, mas não dos estúdios. O ano de 1994 seria fundamental para o U2 saber os passos que seriam dados em um futuro próximo.

Futuro esse que fica para uma próxima coluna. Um abraço e até mais!


 

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