Se
você acompanha esse site, deve ter lido já um review
anterior, bem como uma entrevista e uma bio do Bevis Frond. Esse
disco de 2000 não muda uma linha sequer da antiga linha
do bom e velho Nick Saloman. Valedictory Songs
é outro exemplo de sua excelência.
Gravado com seu velhos
companheiros Adrian Shaw (baixo), Andy Ward (bateria), além
da ajuda do guitarrista Bari Watts em "Can't Feel It",
as 17 canções desse trabalho mostram a velha classe
de sempre. Escrito, dirigido, produzido e tendo Nick tocando vários
instrumentos, Valedictory Songs mostra todas
as faces de seu líder. A abertura psicodélica de
"Godsent" introduz o ouvinte ao mundo muito particular
de Saloman. "High On A Downer" é uma bela pérola,
com arranjos delicados.
O título do disco
- em português, algo como "canções de
despedida" -, despertou nervosismo nos fãs. Afinal,
estaria Nick deixando a música? Nick conta que se sentia
muito inseguro com sua carreira naquele momento e quando começou
a gravar o 15ª álbum do Bevis Frond imaginou que fosse
o último. Mas, graças ao homem lá de cima,
não foi.
Nick é um homem
muito prolífico e afirma que apesar de jogar 75% do que
escreve no lixo, não encontra problemas em compor uma boa
melodia. E isso pode ser ouvido nesse disco. Assim, depois de
"High On A Downer", você cairá na oriental
"Artillery Row", com Nick dedilhando uma cítara
com grande intimidade.
Não há pontos
baixos e nem pontos altos no disco e sim uma seqüência
de grandes canções, ótimas letras e tudo
isso feito por alguém que é capaz de compor com
uma competência inexistente em 99% da concorrência
atual.
"We Are The Dead"
não é aquela faixa de David Bowie presente em Diamond
Dogs, de 1974, mas é, igualmente, outra grande
canção. E o título serve como uma metáfora
para esses dias, pois devemos estar todos mortos por não
fazermos um disco como esse um sucesso comercial.
Provavelmente, não
foi esse o pensamento de Nick ao escrevê-la, mas é
difícil imaginar porque alguém que faz uma obra-prima
dessa vive no ostracismo. Talvez (e só talvez) tenha sido
esse o motivo de ter chamado o disco de "despedida".
O grande momento - ao menos
para mim - está no solo absolutamente brilhante, longo
e emocionante de Baris Watts, em "Can't Feel It", de
longe o melhor que ouvi nos últimos anos. É impossível
não ficar deliciado com o que sai daquelas seis cordas.
Nick deve se sentir muito
infeliz ao ouvir as rádios de hoje e imaginar porque algumas
bandas consomem rios de dinheiro e anos para gravar algumas músicas
que ele faria em dois dias.
Ainda assim, continue gravando,
Nick e que sua despedida ainda leve algumas décadas...
Faixas
1 - Godsent - 4:22
2 - By The Water's Edge - 3:34
3 - Early Riser - 2:48
4 - Let Them Beautify You - 3:11
5 - High On A Downer - 4:47
6 - Artillery Row - 3:59
7 - We Are The Dead - 4:20
8 - Portobello Man - 2:29
9 - Can't Feel It - 7:00
10 - Sugar Voids - 3:45
11 - Back On My Star - 3:26
12 - The Speed of Light - 6:09
13 - Old School Rock - 4:09
14 - Child - 6:01
15 - Living In Real Time - 2:44
16 - China Fry - 5:25
17 - Confession - 3:12
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