53 - The Bevis Frond - Valedictory Songs

Se você acompanha esse site, deve ter lido já um review anterior, bem como uma entrevista e uma bio do Bevis Frond. Esse disco de 2000 não muda uma linha sequer da antiga linha do bom e velho Nick Saloman. Valedictory Songs é outro exemplo de sua excelência.

Gravado com seu velhos companheiros Adrian Shaw (baixo), Andy Ward (bateria), além da ajuda do guitarrista Bari Watts em "Can't Feel It", as 17 canções desse trabalho mostram a velha classe de sempre. Escrito, dirigido, produzido e tendo Nick tocando vários instrumentos, Valedictory Songs mostra todas as faces de seu líder. A abertura psicodélica de "Godsent" introduz o ouvinte ao mundo muito particular de Saloman. "High On A Downer" é uma bela pérola, com arranjos delicados.

O título do disco - em português, algo como "canções de despedida" -, despertou nervosismo nos fãs. Afinal, estaria Nick deixando a música? Nick conta que se sentia muito inseguro com sua carreira naquele momento e quando começou a gravar o 15ª álbum do Bevis Frond imaginou que fosse o último. Mas, graças ao homem lá de cima, não foi.

Nick é um homem muito prolífico e afirma que apesar de jogar 75% do que escreve no lixo, não encontra problemas em compor uma boa melodia. E isso pode ser ouvido nesse disco. Assim, depois de "High On A Downer", você cairá na oriental "Artillery Row", com Nick dedilhando uma cítara com grande intimidade.

Não há pontos baixos e nem pontos altos no disco e sim uma seqüência de grandes canções, ótimas letras e tudo isso feito por alguém que é capaz de compor com uma competência inexistente em 99% da concorrência atual.

"We Are The Dead" não é aquela faixa de David Bowie presente em Diamond Dogs, de 1974, mas é, igualmente, outra grande canção. E o título serve como uma metáfora para esses dias, pois devemos estar todos mortos por não fazermos um disco como esse um sucesso comercial.

Provavelmente, não foi esse o pensamento de Nick ao escrevê-la, mas é difícil imaginar porque alguém que faz uma obra-prima dessa vive no ostracismo. Talvez (e só talvez) tenha sido esse o motivo de ter chamado o disco de "despedida".

O grande momento - ao menos para mim - está no solo absolutamente brilhante, longo e emocionante de Baris Watts, em "Can't Feel It", de longe o melhor que ouvi nos últimos anos. É impossível não ficar deliciado com o que sai daquelas seis cordas.

Nick deve se sentir muito infeliz ao ouvir as rádios de hoje e imaginar porque algumas bandas consomem rios de dinheiro e anos para gravar algumas músicas que ele faria em dois dias.

Ainda assim, continue gravando, Nick e que sua despedida ainda leve algumas décadas...

Faixas

1 - Godsent - 4:22
2 - By The Water's Edge - 3:34
3 - Early Riser - 2:48
4 - Let Them Beautify You - 3:11
5 - High On A Downer - 4:47
6 - Artillery Row - 3:59
7 - We Are The Dead - 4:20
8 - Portobello Man - 2:29
9 - Can't Feel It - 7:00
10 - Sugar Voids - 3:45
11 - Back On My Star - 3:26
12 - The Speed of Light - 6:09
13 - Old School Rock - 4:09
14 - Child - 6:01
15 - Living In Real Time - 2:44
16 - China Fry - 5:25
17 - Confession - 3:12