44 - Violeta de Outono - 30 anos

Há cerca de três anos congelei o Mofo. Acho que somente um dois textos foram adicionados aqui. Após quase 600 matérias, noites e noites perdidas pesquisando, resolvi dar um tempo. Deixei uma dúzia de novas matérias paradas, entrevistas conseguidas nunca feitas. Simplesmente cansei. Além disso, os leitores eram cada vez menores e outros assuntos ocuparam minha mente.

Mas, para cada exceção, há uma regra. Ou seria o contrário? E, para mim, ela se chama Violeta de Outono. (Aliás, meu último texto aqui foi a resenha do CD Spaces). Minha ligação com a banda é próxima ao nascimento do trio. Demorei um pouco, quase um ano, porque morava em Ribeirão Preto e as únicas notícias vinham pela Revista BIZZ. Quando fui fazer o cursinho, em São Paulo, em 1988, saí de casa correndo, do buraco onde eu vivia (ao lado do Cursinho do Anglo) e subi toda a Consolação e boa parte da Avenida Paulista, quando ouvi na 89FM que dariam um show no final de tarde, no MASP.

Bons tempos em que o corpo permitia isso a um jovem de 19 anos, mesmo fora do peso. Já hoje...

Cheguei cedo, arranjei um lugar decente e fiquei atento, sem piscar. Havia lido uma resenha sobre um show deles e fiquei esperando Fabio colocar a guitarra no chão durante "Sombras Flutuantes". Saí extasiado. Nesta época, já tinha o EP da Wop-Bop, comprado na Cantinho Discos, do meu colega Osvaldo e o LP da RCA. Eram audições incessantes, uma idolatria que eu reservava apenas ao U2, Smiths, Echo and the Bunnymen e Joy Division.

Os anos passaram, o trio originou se separou, se reagruparam e, em 1997, já no jornal Lance! li sobre um show deles na Represa de Guarapiranga. Como já era um jornalista (ou algo assim), resolvi bancar o tal e descolei o telefone do Fabio Golfetti e pedi uma entrevista. Não pude ir ao show, marcamos em outro, no Rio, onde também furei e consegui arrastá-lo até meu apartamento, onde conversamos durante uma hora.

Dali em diante, eu seria uma espécie de chato. Foram dezenas de entrevistas, shows e telefonemas enloquecedores sempre querendo saber mais. Os vi em várias formações, com Sandro e Gregor, com o trio original e com o quarteto atual. A última foi em 2014 ou 2015, aqui em São Luís, para onde me mudei, em 2003.

A distância diminuiu a frequência, mas não a amizade. Fabio me mandou de presente os cdrs de tudo que havia gravado com o Violeta, Invisible Opera e projetos solos, os telefonemas viraram skype, msn, facebook e a idolatria segue firme nestes 30 anos, 20 de amizade. Até uma entrevista com Daevid Allen (falecido líder do Gong) ele me conseguiu, onde fez um maravilhoso texto de apresentação.

Por isso, fiquei muito feliz quando soube que o trio original voltou para alguns shows. Claro que há uma certa tristeza por não poder vê-los, mas por conhecer tanto as músicas e as performances e ter certeza que lançarão um CD ou DVD, no futuro, fico menos infeliz.

É bom saber que voltaram, embora nunca tenham ido embora. Porém, como sempre falei apenas com Fabio, resolvi inovar e pedi uma entrevista com cada um dos membros.

PS: essa matéria é dedicada ao saudoso Kid Vinil, que nos deixou cedo demais, aos 62 anos, em 19 de maio. Além de um desbravador da cena musical nacional, responsável por ajudar várias bandas novatas, entre elas o próprio Violeta, Kid era amigo pessoal de todos nós e deixa um buraco imenso, não apenas pelo profissional maravilhoso, mas pela pessoal igualmente brilhante.

Descanse em paz, meu caro Antônio Carlos Senefonte e obrigado por sua amizade.


ANGELO PASTORELLO (BAIXO)

Mofo: - Angelo, gostaria que falasse um pouco das suas influências musicais, que músicos você mais gostava e começo do Violeta, os primeiros ensaios, como se conheceram.
Angelo: -
Comecei ouvindo rock, de Alice Cooper a King Crimson, Genesis, Pink Floyd, ELP, Yes, Rolling Stones, Jimi Hendrix, muito Led Zeppelin, Gentle Giant, Brian Eno, a lista é grande !!! Também ouvi muita musica erudita, clássicos e contemporâneos, Jazz. Sou amigo do Fabio desde que tínhamos 16 anos, os primeiros ensaios foram num quarto na casa da namorada do Claudio.

Mofo: - Vocês devem ter sido a primeira banda nacional a estrear no formato EP, que já mostrava uma banda bem madura e com um som bem diferente dos grupos da época. Como foram as gravações do disco e da também do Early Years, lançado em K7?
Angelo:
- Não sei dizer se fomos os primeiros a gravar um EP, mas fomos uns dos primeiros. A diferença do som se deve ao fato de que o Violeta não tinha uma identificação direta com o som dos anos 80, embora tivemos no começo uma influencia de Echo and the Bunnymen. Nossas referências estavam nos anos 60 e 70 , mais piscodelicos (e não progressivos como alguns achavam) e tão pouco punk ou new wave .

Mofo: - Após a boa repercussão do EP, vocês começaram a construir um culto em torno do nome, com shows até assinarem com a RCA. Sei que não viviam exclusivamente da carreira de músicos, todos vocês já tinham outras atividades. Mas, ao assinarem com um grande selo acharam que poderiam fazer do Violeta a principal fonte de renda e seguirem a vida como músicos?
Angelo:
- Não tínhamos esta noção, sabíamos que o Violeta não era uma banda popular e de fácil acesso as rádios, e que isso poderia nos limitar em vendas e shows .

Mofo: - Fabio me contou que a Globo queria usar "Outono", como música de abertura de uma novela, mas que ele vetou, por achar que não tinha nada a ver com a imagem do grupo. Essa decisão causou algum racha interno, já que seria uma ótima publicidade, além de render um bom dinheiro?
Angelo:
- Esta decisão foi unânime. Tínhamos uma postura radical em relação à imagem, que, com certeza, nos impediu de muitas coisas. Hoje, acho que fomos ingênuos, deveríamos ter aceito .

Mofo: - Os dois primeiros discos da RCA foram muito elogiados, mas venderam pouco, tanto que depois a banda deu um tempo e Fabio focou mais no Invisible Opera, enquanto o Violeta apostava em shows mais experimentais, com a entrada de Renato Mello no sax. Nesta época, você já era um fotógrafo respeitado. A música se tornou apenas um hobby ou ainda tinha esperanças de viver dela?
Angelo:
- O Violeta nunca parou, graças ao Fabio que deu continuidade. O Violeta não apostou em shows experimentais, o Renato em uma única apresentação no Aeroanta, mas participou com o Fabio no Invisible Opera . Todos nós tínhamos outra atividade: o Fabio e o Claudio são arquitetos e eu fotógrafo. Nunca nos preocupamos se viveríamos da musica, mas, claro que se em algum momento os compromissos com shows e os ganhos fossem maiores poderíamos ter vivido de musica .

Mofo: - Em 1999, vocês surpreenderam Mulher na Montanha, com gravações realizadas em 1995. Duas coisas chamaram a atenção: as belas composições e a linda capa, com uma foto feita por você. Curiosamente, Al Di Meola lançou um disco, em 2002 (Flesh on Flesh) com uma capa idêntica. Pensou em processá-lo?
Angelo:
- Eu assisti o Al de Meola em SP em 1980! Não vejo plágio, fotos de nus nesta posição são clássicas, inclusive a capa é maravilhosa. Pena que não foi uma foto minha !!!!

Mofo: - Você é um dos maiores fotógrafos do país, com dezenas de revistas e exposições e cursos desde 1989. Foi por causa disso, que nunca pensou em fazer algo mais pessoal na música?
Angelo:
- Nunca pensei em fazer um álbum solo, mas se fizesse com certeza chamaria o Fabio e o Claudio. Acho que a química de composição do Violeta original é bacana e me satisfaz .

Mofo: - Para finalizar: o que significa esta volta, ainda que temporária, após 30 anos, vendo Fabio conduzir o grupo em diversas formações e discos? Ainda são amigos como antes?
Angelo:
- É muito bacana fazer este show, e espero que possamos fazer mais shows. Sim, sempre fomos amigos e mantivemos contato.

CLAUDIO SOUZA (BATERIA)

Mofo: - Claudio, gostaria que falasse um pouco das suas influências musicais, que músicos você mais gostava e começo do Violeta, os primeiros ensaios, como se conheceram.
Claudio:
- A minha principal influência foi o rock progressivo, principalmente o Yes, por causa do Bruford e também o jazz, por causa do instrumento. Conheci o Fabio atraves de uma amigo na arquitetura, formamos o que seria o Zero e quado saimos e fizemos o Violeta conheci o Angelo, que já era amigo do Fabio.

Mofo: - Vocês devem ter sido a primeira banda nacional a estrear no formato EP, que já mostrava uma banda bem madura e com um som bem diferente dos grupos da época. Como foram as gravações do EP e da também do Early Years, lançado em K7?
Claudio:
- Foi muito excitante porque era o começo e tudo era novidade para nós.

Mofo: - Após a boa repercussão do EP, vocês começaram a construir um culto em torno do nome, com shows até assinarem com a RCA. Sei que não viviam exclusivamente da carreira de músicos, todos vocês já tinham outras atividades. Mas, ao assinarem com um grande selo acharam que poderiam fazer do Violeta a principal fonte de renda e seguirem a vida como músicos?
Claudio
: - Pessoalmente, nunca tive esta expectativa.

Mofo: - Fabio me contou que a Globo queria usar "Outono", como música de abertura de uma novela, mas que ele vetou, por achar que não tinha nada a ver com a imagem do grupo. Angelo disse que foi uma decisão conjunta de vocês, que eram radicais em relação à imagem do Violeta. Essa decisão, então, nunca causou algum racha interno, já que seria uma ótima publicidade, além de render um bom dinheiro?
Claudio:
- Não, porque foi uma decisão dos três. Tínhamos a mesma visão do que seria importante ou não como divulgação.

Mofo: - Essa é uma pergunta longa. Conversei várias vezes com o Fabio, ao longo dos anos, e ele me disse, que quando foi gravar o Volume 7 queria sua volta porque era considerado o baterista ideal. Segundo ele, "nós dois somos os criadores do conceito da banda. Viemos da mesma geração e ouvimos as mesmas coisas desde a adolescência, o que foi um fator decisivo para podermos criar a banda. A química para compor entre Claudio, Angelo e myself (como dizia o pessoal do Led Zeppelin), criou um quarto elemento que é a música do Violeta de Outono e isso é um fato.
Gostaria que comentasse essas declarações e falasse um pouco sobre essa sua segunda passagem.
Claudio:
- Num conjunto de rock, diferente do jazz, por exemplo, mais importante que a habilidade são as afinidades. Por isso nos demos tão bem. Somos da mesma geração e ouvimos as mesmas coisas, logicamente cada um acentuando mais as influencias do seu instrumento.

Mofo: - Mas, antes do Volume 7, em 1999, vocês surpreenderam Mulher na Montanha, com gravações realizadas em 1995. Tenho um cd de um show de vocês, no Sesc Pompeia, em 1995 e é incrível o entrosamento de vocês e considero esse live o melhor do gênero no país e lamento que nunca tenha sido lançado de forma oficial. Como foi esse período?
Claudio:
- Tivemos várias fases e todas foram muito gratificantes.

Mofo: - Você é arquiteto de formação, igual ao Fabio. Continua nesta área?
Claudio:
- Sim, trabalho com arquitetura, especificadamente na área de acabamento de mármores.

Mofo: - Para finalizar: o que significa esta volta, ainda que temporária, após 30 anos, vendo Fabio conduzir o grupo em diversas formações e discos? Ainda são amigos como antes?
Claudio:
- Lógico, a amizade é mais importante do que o ato de tocar ou o conjunto. Como dizia Oscar Niemeyer, "tudo não passa de pura diversão".

FABIO GOLFETTI (GUITARRA E VOZ)

Mofo: - Fabio, fale o que representa para você o show dos 30 anos. O que você imaginava quando começou a banda e como foi a trajetória até aqui.
Fabio:
- A ideia desse show surgiu quando pensei em relançar os dois primeiros discos, o EP da Wop Bop, de 1986, e o LP da RCA, de 1987. Tenho encontrado Angelo e Claudio frequentemente e essa é uma oportunidade de reunir o trio para esse show especial, que será igual aos shows que fizemos no início da carreira. Realmente não tinha idéia do futuro, mas sabíamos que o desejo era fazer uma música consistente e conceitual e não descartável.

Mofo: - Neste tempo, a banda teve várias formações, você teve seus projetos paralelos e agora é membro fixo do Gong, um de seus grupos favoritos e de seu mentor espiritual, Daevid Allen. Como é a rotina com tudo isso e como concilia as duas bandas.
Fabio:
- Agora mais um projeto na minha agenda, o trio original... Na verdade nos últimos 7 anos tenho me dedicado ao Violeta de Outono em formato de quarteto, que recentemente lançou o álbum Spaces, e que fecha uma trilogia, um ciclo, e sincronicamente faz 30 anos que lançamos o primeiro álbum. Nos últimos 6 anos com o Gong, tenho me dividido em morar no Brasil e Inglaterra, porém as ações do Gong são mais pontuais e maiores, são períodos contínuos para gravação ou tours na Inglaterra e Europa, e isso tem possibilitado aproveitar melhor o tempo e dedicação para cada projeto.

Mofo: - O Violeta começou com um grupo post-punk, nos anos 80, embora tivesse pouco a ver com essa linguagem, estavam mais para neo-psicodelismo. Neste tempo, vocês evoluíra para um som mais progressivo, com a atual formação de quarteto. Isso foi algo natural para você, não?
Fabio:
- Certamente, quando montamos o Violeta de Outono, o Claudio e eu tocavamos no Zero que antes de ser Zero era uma banda de art-rock instrumental/ no-wave. Fazíamos um som mais complexo e a idéia do Violeta foi de recomeçar com algo bastante simples, como as bandas inglesas do final dos anos 1960, porém estávamos inseridos num contexto 20 anos depois. Mas o princípio foi o mesmo, guardada as devidas proporções, olhe para a trajetória de bandas como Soft Machine, Caravan, mesmo Beatles e Stones, todos tiveram uma evolução e amadurecimento em termos técnicos e complexidade musical, mesmo que tenham voltado para simplicidade em algum momento.

Mofo: - Em todas as entrevistas que fiz contigo ao longo dos anos, você sempre deixou claro que sempre tentou seguir uma carreira paralela ao mainstream, algo radical, ainda que sacrificasse as vendagens. Se pudesse voltar, repensaria isso?
Fabio:
- Sim, talvez pudesse ter sido menos radical e aceitado fazer uma divulgação maior na mídia da época. A questão é que éramos mais ingênuos e não aceitamos fazer nenhum programa de TV que não fosse ao vivo com receio de perder o público fiel. Isso limitou bastante, por outro lado, mas tenho a sensação de não ter “decepcionado” os fãs que gostavam da banda como ela era, sem enfeites.

Mofo: - Na formação clássica do trio, vocês gravaram o EP, o K7 Early Years, os dois discos da RCA, o Mulher na Montanha, além de Angelo ter tocado em Ilhas e o Claudio, no Volume 7. A amizade de vocês sempre continuou a mesma nestas idas e vindas?
Fabio:
- Sim, somos amigos faz muitos anos desde adolecentes, antes de ter bandas. Na verdade o Angelo se afastou para se dedicar aos trabalhos fotográficos e deixar a banda seguir o próprio rumo. Claudio idem por volta de 2010. Apenas eu que atualmente tenho um envolvimento integral com a música, continuei levando a banda por todos esses anos.

Mofo: - Por que o trio original se separou e depois voltou? Houve atritos ou cada um resolveu seguir seu lado, numa boa?
Fabio
: - Nunca tivemos atritos, obviamente trabalhar em equipe tem suas divergências, mas isso nunca foi motivo do trio se separar, apenas o momento pessoal de cada um que, pelo contrário, por respeito ao trabalho do Violeta de afastaram para deixar que a banda caminhasse para frente.

Mofo: - Além do Violeta, você tocou com o Invisible Opera, fez discos solos e em parceria com May East, etc, e disponibilizou todo seu acervo pessoal, no site da banda, há vários anos. Olhando para trás, como analisa seu legado?
Fabio:
- Sempre gostei de registrar as coisas que faço não tanto por um legado mas por auto-conhecimento. Como também a carreira do Violeta sempre foi possível graças a um público muito fiel que sempre deu suporte, logo após o término do nosso contrato com uma grande gravadora, a BMG/Sony, decidimos manter os fãs em contato através de uma espécie de fanzine/ catálogo nos moldes do que o Gong fazia. A resposta foi muito legal, isso muito antes da internet, recebi várias cartas de apreciadores da banda dos mais diversos e remotos lugares. Achei que seria legal disponibilizar gravações para pessoas que nunca tiveram a oportunidade de ver a banda ao vivo. Com os anos passando e a tecnologia mudando, eu disponibilizei muitas gravações alternativas no sites, entre shows, demos, ensaios, programas de TV etc. Atualmente esse material continua em arquivo para uma futura promoção ou mesmo alguma história a ser contada.

Mofo: - Recentemente tivemos a morte do Kid Vinil, um dos símbolos do rock brasileiro nos anos 80. Ele foi um dos grandes responsáveis para a abertura de espaço das bandas independentes, tanto no rádio como na tv. Qual a diferença daqueles anos para hoje, em termos de espaço e divulgação? Imagino que hoje seja bem mais difícil.
Fabio:
- O Kid Vinil foi muito importante para o Violeta de Outono, ele, o Valdir Montanari e o Rene Ferri, entre outros amigos. O Kid estava nas rádios e TV e a cada novo programa, nos convidava para participar, ele gostava exatamente do pós-punk psicodélico do Violeta de Outono. Eu não sei exatamente se hoje é mais difícil, naquela época também era complicado, tudo era mais precário porém existia um investimento por parte de gravadoras, pois o rock estava sendo muito lucrativo. No caso do Violeta de Outono eu considero que estávamos na hora certa e lugar certo no Brasil (se fosse na Inglaterra seria melhor 20 anos anos) e chamamos atenção da mídia com um som que ninguém estava fazendo, inclusive com uma simplicidade que inspirava futuros aspirantes a músicos/artistas.

Mofo: - Qual foi a reação dos atuais integrantes do Violeta quando disse que voltaria com o trio original para estes shows?
Fabio:
- Os atuais integrantes do Violeta de Outono Gabriel e Fernando são fãs da banda e o José Luiz é nosso contemporâneo. Para eles foi uma idéia bastante positiva, já que promove o nome da banda e também será uma oportunidade de rever músicas que estamos tocando na formação atual, em sua versão original e mais crua.

Mofo: - Quais foram os grandes momentos nestas três décadas? Quais shows foram os mais emblemáticos?
Fabio:
- São muitas coisas acontecendo, eu resumiria a década de 1980 como o boom para o Violeta de Outono em âmbito nacional, a década de 1990 como a abertura de uma exposição a nível internacional através de gravadoras independentes que estava surgindo em todo mundo, e os anos 2000 como sendo um renascimento da banda com o álbum Volume 7 que foi concebido da mesma forma do primeiro LP de 1987 20 anos, uma nova banda compondo e tocando junto.

Considero hoje o Violeta de Outono como duas bandas praticamente distintas, o power-trio com sua originalidade na época e a banda atual, um trabalho mais voltado para o rock-jazz mas ainda com um pé na música pop. Todos os shows são memoráveis, mas citarei 3 da primeira fase, um show marcante no Canecão no Rio em 1987 no lançamento do selo plug, não conseguimos sair do palco por tanta histeria do público, outro divertido foi no estádio Caio Martins em Niterói pela radio Fluminense, com Legião Urbana, Ira! Titãs, ficamos hospedados num hotel fantasma 5 estrelas, e um show no Ácido Plastico em São Paulo no meio de uma briga de punks e skinheads (os dois curtiam a banda).

Mofo: - Se for possível, imaginar tocando mais 30 anos com o Violeta e fazer um show de 50 anos do primeiro LP?
Fabioi:
- Isso seria daqui 20 anos, acho até possível se ainda estivermos por aqui. O fato é que criamos uma música muito fácil de tocar para nós, ela foi concebida dentro das nossas limitações, por isso essa reunião está sendo muito tranquila, lembramos de cada detalhe. Além disso tenho gravado desde o show de estréia, qualquer coisa é só ouvir e lembrar, não precisamos praticar muito, a espontaneidade é um fator fundamental para esse tipo de música.

Mofo: - Para finalizar: quais os planos futuros em termos de shows, discos e dvds, tanto do Violeta (este, o atual) e do Gong?
Fabio:
- Seguir com os dois Violetas em shows, na verdade são duas bandas em atividade agora, o trio que toca a primeira fase e o quarteto que toca a trilogia, mas a idéia é fazer shows, tentar levar esses dois trabalhos o mais além possível.
E o Gong, segue sua trajetória desde os anos 1970, já fizemos 2 álbuns com essa nova formação e acreditamos que a banda está reconquistando o território mundial como referência de rock psicodélico. Em Julho tocaremos em dois grandes festivais na Alemanha e em Setembro/Outubro uma tour mais extensa pela Europa. Janeiro/Fevereiro temos Japão e o Cruise to the Edge no Caribe, organizado pela banda Yes e possivelmente uma tour no EUA.

Mofo: - Deixe uma mensagem para os fãs.
Fabio: - Agradeço mais uma vez a oportunidade em falar sobre o Violeta de Outono, e também agradeço aos fãs pois o Violeta de Outono só existe pelo apoio que temos todos esses anos, e que mantém a chama acesa para continuar nessa divertida aventura. Thank you, goodnight!