Ingenuidade x Maturidade.
Esses dois lançamentos de shows, com intervalo de 10 anos,
mostram a maturação do grupo. O primeiro é
histórico: afinal, trata-se da estréia do trio em
um palco. O local escolhido foi o extinto teatro Lira Paulistana.
Dez anos depois é a vez do show Mulher da Montanha, com
uma qualidade de som excelente e mostrando todo a técnica
e entrosamento da banda. Vamos a eles então?
Ingenuidade: Lira
Paulistana 1985
Regulagem da bateria. Afinação do baixo e de guitarra.
Regulagem do microfone. Uma banda estreante sobe ao palco: Fabio
Golfetti, Angelo Pastarello e Claudio Souza demoram alguns segundos
para ajustar o som. Era a estréia do Violeta de Outono
em um palco. Data: 12 de dezembro de 1985. Local: teatro Lira
Paulistana (que fecharia meses depois) abrindo para a banda Sotaque.
Oito músicas. Nervosismo nos primeiros acordes de “Outono”.
O que mais surpreende é
a boa qualidade sonora da gravação. As oito canções
são bem executadas, mostrando um bom entrosamento dos músicos.
Fecham com uma versão de “Tomorrow Never Knows”.
Vale a pena perceber alguns maneirismos vocais de Fabio, soando
como Ian McCulloch, do Echo and The Bunnymen.
A ingenuidade continuaria
em um bônus curioso e que irá agradar muito os fãs
de primeira hora: a primeira entrevista do grupo em uma rádio
de São Paulo. No caso, para a Cultura AM dentro do programa
“Rock Expresso”, comandado pelo então baterista
dos Voluntários da Pátria, Fellini e Smack, Thomas
Pappon.
Sem Claudio, que não
havia sido liberado do trabalho, Fabio e Angelo, munidos de uma
fita demo, conversam com Thomas sobre a origem do grupo, do nome
e influências musicais. Algumas canções são
tocadas. O grupo falava sob um “som ambiente” lotado
de rap e hip-hop, e até com “Raspberry Beret”,
de Prince, ao fundo. Hilário. Mas o momento mais divertido
e curioso acontece quando Fabio revela que utilizou a técnica
de glissando, usando um dilatador vaginal! Isso mostra que o Violeta
de Outono era tão ou mais sexista que o Camisa de Vênus!
Maturidade: Mulher
na Montanha - Ao Vivo 1995
Dez anos depois o papo é outro: sem dilatador vaginal das
casas Freten, o grupo adentra em um local favorito dos fãs:
o palco do Sesc Pompéia. As gravações foram
realizadas nos dias 17 e 18 de junho de 1995. A banda estava atravessando
sua maturidade técnica, mostrando uma unidade fantástica.
Abrem com uma cover de “Astronomy Domine”, do Pink
Floyd, e desfilam em seguida, 14 clássicos próprios,
fechando com “Outono”.
Como sempre, a economia
e o bom gosto dos arranjos é a tônica do Violeta
de Outono. Destaque para os belas climas no violão de Fabio
e a ambientação de Angelo em um minimoog.
Há apenas um pequeno
erro nos créditos. Na verdade há 16 músicas
e não 15. A faixa 14 é um pequeno instrumental sem
nome e o nome das faixas a partir da número 11 estão
incorretas. O correto, então é:
11 - Sonho
12 - Lírio de Vidro
13 - Noturno Deserto
14 - sem título
15 - Reflexos da Noite
16 - Outono
Mesmo assim, é um
grande disco. Os dois lançamentos podem ser encomendados
pelo site http://webscape.com.br/invisivel/. Duas ótimas
pedidas de shows do grupo e que mostram a evolução
durante a longa estrada.
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