430 - The Young Gods

Apesar de extremamente batido hoje, o sampler era pouco conhecido no início dos anos. E um dos grupo que melhor soube utilizá-lo foi um trio formado por um dois suíços e um italiano, The Young Gods. Em uma carreira longa, de mais 25 anos, os Young Gods se tornaram uma lenda cult e um dos grupos mais interessantes surgidos fora do eixo Inglaterra-EUA.


O líder e mentor da banda atende pelo nome Franz Treichler, um guitarrista suíço que havia se enchido das limitações dos grupos pops e new waves, na década de 80 e resolve testar uma nova febre, o sampler.

Franz vivia em Genebra e acabou ficando amigo do italiano Cesare Pizzi e mostrou suas primeiras composições feito com sampler e guitarra para Pizzi.

Suas idéias era misturar o punk com a força da música clássica, de uma maneira única. O duo começou a ensaiar sem parar, e deram o primeiro show em 1985. A essa altura, eles já eram batizados de The Young Gods, tirando de uma canção da banda britânica, Swans.

Após a primeira apresentação, foi incorporado o percussionista suíço Frank Bagnoud - verdadeiro nome Patrice Bagnoud - e a banda ganha sua primeira formação fixa.

Mesmo com poucos recursos - dispunham de poucos teclados, equipamentos toscos como uma secretária eletrônica, guitarra e pedais - o grupo começou a progredir ao comprar um sampler Akai.

Após vários meses de ensaios e elaboração, lançam o single Envoyé, que surpreendeu pela inteligência e por utilizarem o sampler de maneira muito mais criativa do que qualquer grupo contemporâneo. O compacto fora produzido por Roli Mosimann, líder dos Swans.

Basicamente, o sampler era usado para roubar partes de cançõe clássicas de outros grupos, mas coube ao Young Gods ampliar esse conceito e fazer usos muito mais criativos e ousados.

Em 1987, assinam com a Wax Trax e lançam uma obra-prima, o primeiro LP que levava apenas o nome da banda.

Produzido novamente por Roli Mosimann, o álbum amplia - e muito - os horizontes do primeiro compacto e é aclamado pela crítica britânica como um dos lançamentos do ano, sendo escolhido pelo semanário Melody Maker como o disco do ano.

Treichler mostra-se um compositor inspirado e 8 das 9 músicas são cantadas em francês, excetuando "Did You Miss Me?, cover de Gary Glitter.

The Young Gods trazia as seguintes faixas:

Lado A

1. "Nous de la Lune" (Treichler / Pizzi) – 4:33
2. "Jusqu'au Bout" (Treichler / Pizzi) – 2:35
3. "A Ciel Ouvert" (Treichler / Pizzi) – 1:46
4. "Jimmy" (Treichler / Pizzi) – 2:41
5. "Fais la Mouette" (Treichler / Pizzi) – 4:45

Lado B

1. "Percussionne" (Treichler / Pizzi) - 5:28
2 . "Feu" (Treichler / Pizzi) – 3:04
3 . "Did You Miss Me?" (TYG / Glitter / Leander) – 3:22
4 . "Si Tu Gardes" (Treichler / Pizzi) – 5:58

Ao ser lançado em CD, traziam mais quatro músicas, incluindo "Envoyé!".

10. "The Irrtum Boys" (Treichler / Pizzi) – 2:38
11. "Envoyé!" (Treichler / Pizzi) – 1:53
12. "Soul Idiot" (Treichler / Pizzi) – 4:22
13. "C.S.C.L.D." (Treichler / Pizzi) – 5:09

Dois anos depois, a banda lança outro grande disco, L'Eau Rouge, desta vez pelo selo Play It Again Sam. O novo trabalho marca a entrada do novo baterista, Urs "Üse" Hiestand, e novamente é aclamado pela crítica especializada.

O grupo continua o caminho aberto por The Young Gods e mostra uma música igualmente pesada, criativa e densa.

Um exemplo é faixa de abertura, "La Fille de la Mort", que trazia trechos da Quinta Sinfonia de Shostakovich.

Pela primeira vez, Treichler adota o nome de Franz Muze e o disco acaba rendendo uma turnê de 40 apresentações nos Estados Unidos.

O LP trazia as seguintes faixas:

1. "La Fille de la Mort" (Young Gods) – 7:58
2. "Rue des Tempêtes" (Young Gods) – 2:51
3. "L'Eau Rouge" (Young Gods) – 4:20
4. "Charlotte" (Young Gods) – 2:02
5. "Lougue Route" (Young Gods) – 3:41
6. "Crier les Chiens" (Young Gods) – 3:15
7. "Ville Nôtre" (Young Gods) – 4:07
8. "Les Enfants" (Young Gods) – 5:32
9. "L'Amourir" (Young Gods) – 4:17
10. "Pas Mal" (Young Gods) – 2:45

Os shows na América são bem recebidos e o Young Gods começa a estabelecer amizade com alguns outros grupos, que conhecera na América, como Soundgarden, Nine Inch Nails e Ministry.

Em 1991 é a vez de um audacioso projeto, Play Kurt Weill.

A banda havia participado de um concerto tributo ao compositor Kurt Weill, em setembro de 1989, realizad no Festival du Bois de la Batie, em Genebra e também em Fri-Son, em Freiburg.

Após essas apresentações nasceu a idéia de gravar todo o disco, em estúdio. Ele também marca a saída de Pizzi e a entrada de Alain Monod.

Play Kurt Weill trazia sete faixas de Kurt e um prólogo de abertura:

01. Prologue
02. Salomon Song
03. Mackie Messer
04. Speak Low
05. Alabama Song
06. Seerauber Jenny
07. Ouverture
08. September Song

O álbum seguinte, T.V. Sky, marca uma virada na carreira. Pela primeira, as canções são cantadas em inglês, em uma tentativa de se estabelecer no mercado norte-americano.

A iniciativa ajuda as vendagens, embora na América sejam jogados erroneamente no caldeirão de bandas góticas. Ao menos, o disco é bem recebido, sendo que Trent Reznor, do Nine Inch Nails, o considera um de seus favoritos.

"Skinflowers" é escolhida como single e "Summer Eyes" é uma homenagem aos Doors. Os Young Gods tinham estabelecido uma ligação forte com a ex-banda de Jim Morrison por causa de "Alabama Song", composição de Weill, que tinha sido gravada no disco de estréia dos Doors, em 1967. Como presente ao público norte-americano, na primeira turnê, encerraram alguns shows com "The End".

O trabalho tinha as seguintes faixas:

01. Our House
02. Gasoline Man
03. T.V. Sky
04. Skinflowers
05. Dame Chance
06. The Night dance
07. She Rains
08. Summer Eyes

Em 1992 lançam o primeiro disco ao vivo, Live Sky Tour, e depois começam a explorar música ambiente.

A essa altura, haviam assinado com Interscope Records na América, dando maior promoção ao grupo.

Porém, com medo de serem processados pelo uso indevido de samplers nas canções, começaram a mudar os rumos, deixando o sampler um pouco de lado.

Assim, nasce Only Heaven, de 1995, para muitos, o melhor disco do grupo. O seguinte, Heaven Deconstruction, trazia composições não aproveitadas no anterior e é o primeiro sem a voz de Treichler.

Fatigado e com pouco tempo para a família, o baterista Urs "Üse" Hiestand deixa a banda, no ano seguinte.

Em 2005 lançam a coletânea XXY, um CD duplo, um verdadeiro prato cheio para os fãs:

CD 1 best of

01. Secret 2005 Unreleased 3' 47''
02. Lucidogen 2000 Second Nature 4' 10''
03. Skinflowers (Video Edit) 1992 TV Sky 4' 04''
04. Gasoline Man1992 TV Sky 4' 22''
05. Kissing the Sun 1995 Only Heaven 3' 42''
06. Did You Miss Me 1987 The Young Gods 3' 22''
07. Envoyé! 1987 The Young Gods 2' 15''
08. Fais la Mouette 1987 The Young Gods 4' 47''
09. September Song 1991 Play Kurt Weill 2' 47''
10. L'Eau Rouge 1989 L'Eau Rouge 4' 20''
11. L'Amourir 1989 L'Eau Rouge 4' 17''
12. Pas Mal 1989 L'Eau Rouge 2' 46''
13. Charlotte 1989 L'Eau Rouge 2' 02''
14. Our House 1992 TV Sky 2' 52''
15. Astronomic 2000 Second Nature 5' 45''
16. Gardez les Esprits 1995 Only Heaven 1' 08''
17. Toi du Monde (Edit) 2000 Second Nature 5' 16''
18. Child in the Tree 1995 Only Heaven 2' 18''
19. Donnez les Esprits 1995 Only Heaven 6' 17''
20. Alabama Song 1991 Kurt Weill 5' 51''

CD 2 remixes & rarities

01. Gasoline Man (Megadrive Mix) 6' 49''
02. Astronomic (Astronomix Evil C, edit) 6' 07''
03. Skinflowers (Brainforest Mix by F. Treichler) 7' 28''
04. In the Otherland (Lithos Mix by B. Trontin) 3' 25''
05. Child in the Tree (String Arrangment Demo by F. Rody) 2' 18''
06. Drun (Heaven Deconstruction by TYG Album Version) 4' 39''
07. Supersonic (Dub Mix by F. Treichler) 6' 08''
08. Requiem pour un Con (Serge Gainsbourg Cover by F. Treichler) 5' 01''
09. Astronomic (Version 2, edit by V. Hänni) 6' 35''
10. The End (The Doors, Live Cover by TYG) 3' 17''
11. Supersonic (Al Mix by A. Monod) 6' 10''
12. Kissing the Sun (Dub the Sun Mix by Mad Professor) 4' 41''
13. The Sound in your Eyes (Naive Mix by B. Trontin) 4' 00''
14. Astronomic (AS_Float MIx, edit by V. Hänni ) 6' 46''
15. Iwasi (Music For Artificial Clouds by TYG Album Version) 5' 31''

Em 2008 é lançado a caixa, Knock on Wood, que trazia música e um filme, gravado em 2006 e que marca a entrada de Vincent Hanni:

MUSIC

01. Our House
02. I'm the Drug
03. Everythere
04. Gasoline Man
05. Speak Low (Nash/Weill)
06. Charlotte
07. Ghost Rider (Suicide)
08. Longue Route
09. She Rains
10. Freedom
11. Skinflowers

FILM

LIVE AT "MOODS" Zürich, december 18th, 2006
01. I'm the Drug
02. Gasoline Man
03. Speak Low (Nash/Weill) [video ]
04. Ghost Rider (Suicide)
05. Longue Route
06. She Rains
07. Everything in its right Place (Radiohead)
08. If Six was Nine (Hendrix, featuring Erika Stucky on vocal and first Sony)

A banda continua ainda na ativa, com vários shows, atualmente como quarteto e com a mesma disposição desde os anos 80. Deixo vocês com a discografia da banda. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Discos

The Young Gods (1987)
L'Eau Rouge (1989)
Play Kurt Weill (1991)
T.V. Sky (1992)
Live Sky Tour (1993)
Only Heaven (1995)
Heaven Deconstruction (1996)
Second Nature (2000)
Live Noumatrouff, 1997 (2001)
Musical for Artificial Clouds (2004)
XXY (coletânea, 2005)
Super Ready - Fragmenté (2007)
Knock on Wood (2008)
Everybody Knows (2010)

 

 

 

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