Sem dúvida
nenhuma, o álbum mais importante na carreira de David Bowie.
Não é o melhor - Aladdin Sane, por exemplo, é
muito superior em termos de canções - mas foi o
disco que criou a marca "Bowie". Sem Ziggy, não
haveria David Bowie e sem Bowie, o mundo pop teria sido limado
em 80%, especialmente nos anos 80. A história do extra-terrestre
que monta uma banda de rock na Terra cativou milhões de
adolescentes nos anos 70 e fez de Bowie uma estrela do dia para
a noite. Mas essa estrela foi cuidadosamente planejada. Como?
Leia aqui...
Mas
para falarmos do fenômeno chamado Ziggy Stardust é
necessário voltarmos um pouco no tempo e falarmos também
de dois álbuns anteriores: The Man Who Sold The
World e Hunky Dory, ambos editados em
1971.
David Bowie já vinha
sonhando com a idéia de um personagem diferente e que fizesse
sua modesta carreira alcançar vôos mais altos.
Após o sucesso
da canção "Space Oddity", que chegou ao
quinto lugar e usada pela BBC como trilha-sonora para a chegada
do homem à Lua, pouca coisa tinha acontecido em sua carreira.
Ziggy iria mudar tudo isso
e o transformaria em uma verdadeira febre, em poucos meses, levando-o
quase à loucura. Mas, antes de chegar ao sucesso havia
uma longa trilha.
O ano de 1970 marca o início
do envolvimento de David Bowie com o empresário Tony DeFries,
que iria causar enormes prejuízos ao cantor no futuro.
Mas
Bowie estava saindo de uma disputa judicial com outro empresário,
Ken Pitt, igualmente um aproveitador e que receberia, após
cinco anos de brigas, cerca de 15 mil libras de Bowie.
Aos 26 anos, DeFries tinha
uma política agressiva e ousada para seus clientes: "se
você quer ser uma estrela precisa se comportar e viver como
uma."
Só que isso implica
em dinheiro, muito dinheiro.
A primeira coisa que DeFries
queria lançar mais um LP pela Mercury e depois renegociar
o contrato. DeFries foi esperto o suficiente ao perceber que Bowie
não tinha noção alguma de dinheiro.
Bastava dar a ele um contrato
dizendo que o faria rico e ele assinaria de bom grado. Assim,
através de sua empresa, a Gem Productions, ficava com 20%
de tudo que Bowie ganhasse.
Mas não era só
isso. Ele também renegociou o contrato de direitos autorais
do cantor. Ao sair da Essex Music e se mudar para a Chrysalis,
Bowie recebeu 5 mil libras esterlinas e colocou uma pequena cláusula
que dava direitos à Titanic Music administrar o catálogo,
com royalties de 75% ao ano.
Bowie já começava
a demonstrar fascinação por seres de outros planetas,
UFOs e tudo relacionado ao espaço. Além disso, ele
já era adepto às drogas, especialmente maconha e
LSD.
Com
um novo contrato, começou a escrever novas canções
rapidamente em menos de dois meses. Assim, nasceram "Moonage
Daydream", "Changes", "Andy Warhol",
"Queen Bitch", entre outras. Todas elas seriam guardadas
para um álbum futuro.
Mas, enquanto isso, Bowie
estava nos estúdios Trident com o guitarrista Mick Ronson,
o baterista Mick Woodmansey e o baixista produtor Tony Visconti
e o tecladista Ralph Mace finalizando um novo disco que viria
a ser The Man Who Sold The World.
Boa parte do disco foi
escrito na residência do cantor, em Beckenham e Ronson lembra
que Bowie dizia que seria abduzido por seres de outros planetas.
Em pouco mais de um mês, Bowie sai com um novo LP.
O novo disco estava bem
distante do anterior, Space Oddity. Bowie estava
influenciado por Hendrix, Cream e Led Zeppelin e fez um álbum
pesado, com ênfase na extraordinária guitarra de
Ronson.
Bowie abordava temas como
insanidade em "All the Madmen", violência em "Running
Gun Blues", computadores que controlariam o mundo, como o
do filme 2001 ("Saviour Machine"), além da famosa
faixa-título.
Era um álbum um
tanto indigesto e foi lançado primeiro nos Estados Unidos,
em novembro de 1970. O lançamento britânico só
aconteceria seis meses depois, quando foi assinado um contrato
com a Phillips, em abril de 1971.
A
Mercury resolveu apostar em Bowie na América e mandou-o
até os Estados Unidos para promover o disco.
Apesar do pouco sucesso,
Bowie chegou à América como estrela, mas por falta
de visto de trabalho, fez pequenos shows acústicos e deu
entrevistas. Mas os dois meses foram proveitosos para dar entrevistas,
fazer pequenos shows e estabelecer contatos.
Em fevereiro, Bowie recebe
um telefonema para ir tocar piano no disco solo do ex-vocalista
do Herman's Hermits, Peter Noone, que gravaria "Oh, You Pretty
Things" e "Right on Mother", ambas de Bowie. Para
Noone, Bowie era o melhor compositor britânico desde Lennon
e McCartney.
Em abril de 1971 é
lançado The Man Who Sold The World no
Reino Unido e no dia 30 de maio, Bowie torna-se pai de Duncan
Zowie Haywood Jones.
O disco trazia a famosa
capa com Bowie usando vestido, que causaria alguma polêmica.
O disco alcançaria apenas a 26ª posição
na parada britânica.
O disco original trazia
as seguintes faixas:
Lado A
1. "The Width of a
Circle" – 8:05
2. "All the Madmen" – 5:38
3. "Black Country Rock" – 3:32
4. "After All" – 3:51
Lado B
1. "Running Gun Blues"
– 3:11
2 . "Saviour Machine" – 4:25
3 . "She Shook Me Cold" – 4:13
4 . "The Man Who Sold the World" – 3:55
5 . "The Supermen" – 3:38
Ao
mesmo tempo em que o disco saía, Bowie travou conhecimento
com uma curiosa figura chamada Freddi Burretti, estudante de arte
assim como ele havia sido.
Ao mesmo tempo, Bowie liga
para Ronson e Woodmansey para que saiam de Hull e voltem para
Londres para começarem as gravações de um
novo LP. Também pede que arranjem um novo baixista, pois
Tony Visconti havia desistido após inúmeras brigas
com Tony DeFries. O escolhido é Trevor Bolder.
Enquanto Bowie grava com
sua nova banda outro disco, DeFries negociava um contrato para
Bowie, já que o da Mercury havia acabado.
O sucesso do compacto de
Noone ajudou bastante e desta forma assinaram com a RCA. Hunky
Dory ficara pronto em abril, mas só seria lançado
em dezembro. Enquanto isso, Bowie pensava em um novo projeto.
Ao lado de Burretti, Bowie
forma o Arnold Corns, que consistia em Rudi Valentino (vocais),
Mark Carr Pritchard (guitarra), além de Ronson, Woodmansey
e Bolder.
A idéia era fazer
um novo grupo e um LP com o possível título Looking
for Rudi havia sido planejado. Freddi acabaria tendo uma participação
mínima, cantando algumas partes de "Man in the Middle".
Ela seria uma das três canções que nasceria
no projeto - as outras eram "Moonage Daydream" e "Hang
Onto Yourself". As duas últimas seriam lanças
em um compacto com o nome Arnold Corns.
Mas
a maior mudança ainda estava por vir. No dia 2 de agosto
estréia em Londres a peça Pork,
de Andy Warhol, escrita e dirigida por Tony Ingrassia.
O enredo da peça
é basicamente sobre uma pessoa que passa o dia usando drogas
injetáveis e conversando ao telefone.
Todo o resto gira em torno
deste personagem. Nela, Zanetta fazia o papel de Andy Warhol.
O texto foi todo montado ao redor de conversações
pelo telefone que Andy Warhol teve com diversas pessoas e que
ele gravara.
Warhol depois entregou
as fitas para Ingrassia que pincelou e costurou tudo em um formato
de peça.
Bowie, que estava realizando
algumas apresentações no Hampstead's Country Club,
viu a peça, assim como vários integrantes do elenco
da peça foram assistir Bowie, ainda desconhecido na América.
Ele
já tinha uma imagem de andrógeno, que foi o que
atraiu o pessoal do Pork para assistir o show.
Mas todos ficaram desapontados
vendo a interpretação da imagem de andrógeno
na Inglaterra sendo um pouco diferente da de um hippie cantando
folk com um violão sentado em um banquinho.
O pessoal do teatro estava
com cabelos coloridos e com unhas e batom preto, coisa impensável
e totalmente escandalosa.
Quando Bowie anunciou a
presença dos artistas na platéia e pediu para que
se levantassem, Cherry Vanilla tirou sua peruca e mostrou os peitos.
Foi um choque para alguns e engraçado, para outros.
Quase um ano depois, David
Bowie acabaria compondo com Lou Reed a canção "New
York Conversation" inspirado nesta peça. Todo o elenco
de Pork, incluindo Zanetta ficou amigo de David
e Angela Bowie.
E vendo Porky
nasceu a inspiração de criar Ziggy Stardust. Angela
sugeriu que David pintasse seu cabelo de vermelho, o arrepiasse,
raspasse as sobrancelhas e usasse roupas coladas ao corpo e provocantes,
assumindo um ar decadente e sexualmente ambíguo.
Bowie confessa que apesar
de ter Iggy e Lou Reed em mente, a maior referência era
o cantor Vince Taylor, ex-The Playboys e que viu a carreira declinar
quando se juntou a um movimento religioso.
Segundo
Bowie, o nome Ziggy veio de uma alfaiataria com esse nome. "Stardust"
veio de um antigo cantor country chamado Norman Carl Odom, que
era conhecido como "The Legendary Stardust Cowboy".
Bowie também criou
um nome para sua banda de apoio: The Spiders from Mars. Ziggy
veria à Terra de Marte para salvar a humanidade da banalidade
com sua mensagem ambígua, de drogas, promiscuidade e amor.
Ziggy era para ser o perfeito
protótipo do rock star: nasceria em público,
viveria o auge, conheceria a decadência e, conseqüentemente,
a morte.
Em setembro, Bowie volta
à América para firmar contrato definitivo com a
RCA, recebendo a modesta quantia de US$ 37.500 dólares
de adiantamento para cada um dos três discos que fariam.
A RCA argumentava que não o conhecia, mas que tinha gostado
das canções do novo disco.
Junto com Angela e Ronson,
Bowie é levado à Factory, estúdio de Warhol.
Era a primeira vez que os dois se encontrariam. DeFries tinha
uma idéia ambiciosa e até excêntrica: queria
que Warhol fosse contratado como "tiete" de Bowie. Obviamente,
não funcionou. Mas Bowie conseguiu jantar com um de seus
ídolos, Lou Reed, além e conhecer Iggy Pop, que
o fascinava.
Enquanto
Bowie montava todo o conceito, era editado em dezembro o disco
Hunky Dory, o primeiro pela RCA.
Hunky Dory
é um dos melhores álbuns de toda a longa carreira
de Bowie. Além do trio que formaria o Spiders from Mars,
Bowie conta com o reforço do ainda desconhecido Rick Wakeman
nos teclados e traz, pelo menos, três canções
memoráveis: "Changes", "Oh! You Pretty Things"
(que hava sido gravado por Noone) e "Life on Mars?".
Se o disco anterior era
pesado, cheio de guitarras, nesse Bowie mostrava um lado mais
melodioso. Feliz com o novo momento, compõe uma ode ao
filho recém-nascido ("Kooks"), presta homenagens
aos ídolos Bob Dylan ("Song for Bob Dylan"),
"Andy Warhol" (na canção de mesmo nome)
e Lou Reed ("Queen Bitch").
Além disso, traz
uma de suas canções mais pessoais e impossíveis
de serem decifradas, "The Bewlay Brothers". Para
alguns é uma homenagem ao meio-irmão Terry, que
sofria de esquizofrenia. O curioso é que Bowie criaria
uma editora para cuidar de seu catálogo com esse mesmo
nome, Bewlay Bros. Music.
Enquanto Hunky
Dory era editado, as gravações de Ziggy
continuavam sem parar nos estúdios Trident. Um dos possíveis
títulos para o disco era Round and Round e tinha as seguintes
faixas para o álbum:
Lado 1:
"Five Years" / "Soul Love" / "Moonage
Daydream" / "Round and Round" / "Port of Amsterdam".
Lado 2: "Hang Onto Yourself" / "Ziggy
Stardust" / "Velvet Goldmine" / "Holy Holy"
/ "Star" / "Lady Stardust".
Apenas
em janeiro, o disco ganharia forma, quando seriam gravadas Starman",
"Suffragette City" e "Rock 'n' Roll Suicide",
além de uma versão de "It Ain't Easy de Ron
Davies.
Enquanto isso, DeFries
comprou uma pequena empresa chamada Minnie Bell Music e criou
a MainMan, com o objetivo de "gerenciar artistas".
Bowie era um dos sócios,
o que não era verdade, já que no futuro, mostraria
que era apenas um emprego como qualquer outro.
O truque de DeFries era
tão engenhoso quanto desonesto: ele recebia todos os proventos
adquiridos com o cantor, deduzia os enormes gastos e só
então repassava a Bowie o que sobrasse, através
de uma complicada intricada negociação. O que ele
fazia, simplesmente, era deixar David gastar o quanto quisesse,
sem saber o que acontecia.
Em
janeiro é editado o compacto Changes / Andy Warhol
e Bowie causa polêmica ao declarar em uma entrevista à
Melody Maker, que era gay, na edição de
22 de janeiro.
Ziggy e Spiders fizeram
um pequeno show, de aquecimento, em janeiro e em fevereiro começam
a primeira grande turnê, no dia 10, no Toby Jug, em Tolworth,
em Londres, sem terem uma canção ainda lançada.
No meio de março,
DeFries entrega à RCA o acetato de The Rise and
Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars.
No dia 14 de abril de 1972,
é lançado o primeiro compacto da fase Ziggy: Starman
/ Suffragette City. A canção
começa a chamar a atenção e recebe o rótulo
de clássico do radialista John Peel, chegando ao 10º
lugar na parada de compactos.
A história do jovem
alienígena que traz uma mensagem de paz aos terráqueos
causou furor e sua aparição no programa Top
of the Pops, em julho, ficou famosa. Ziggy Stardust havia
nascido para o sucesso.
E
dois meses depois, no dia 6 de junho, é editado finalmente
o LP The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders
from Mars.
O disco trazia as seguintes
faixas:
Lado 1
1. "Five Years"
– 4:43
2. "Soul Love" – 3:33
3. "Moonage Daydream" – 4:35
4. "Starman" – 4:15
5. "It Ain't Easy" (Ron Davies) – 2:56
Lado 2
1. "Lady Stardust"
– 3:20
2. "Star" – 2:47
3. "Hang on to Yourself" – 2:37
4. "Ziggy Stardust" – 3:13
5. "Suffragette City" – 3:25
6. "Rock 'n' Roll Suicide" – 2:57
O
LP mostrou-se um dos discos mais importantes não apenas
do ano, mas de toda a história do rock.
Sem Ziggy, artistas como
U2, Joy Division, Bauhaus, Duran Duran e centenas de outros não
sairiam de casa. Bowie construiu à perfeição
a história do astro de rock que nasce do nada, angaria
fãs, vira astro, conhece a decadência e morre aos
olhos do público.
O disco tinha uma assinatura
forte da guitarra de Ronson, especialmente nos momentos mais agitados
como a faixa-título e "Suffragette City".
Ziggy Stardust fez de Bowie
um astro. E isso não o surpreendeu: "eu não
fiquei surpreso com o sucesso de Ziggy. Eu inventei um 'astro
de rock de plástico', totalmente crível e muito
melhor que qualquer feita antes, como os Monkees. Meu 'roqueiro
de plástico' era muito mais de plástico que qualquer
um."
E o culto à Ziggy
atingiu níveis impressionantes. Bowie foi alçado
a grande ícone do glam rock, superando Marc Bolan, Gary
Glitter, Alice Cooper, Roxy Music e qualquer outro.
Ziggy se tornou a coisa
mais quente do planeta, o ser mais inteligente, sexy, misterioso
e carismático jamais surgido no rock. Bowie não
era mais Bowie. Era Ziggy Stardust.
Bowie
mostrava-se um excelente ator e mais do que isso, extremamente
atento ao que acontecia de mais novo e ser capaz de reproduzir
à perfeição as novas tendências dando
seu charme pessoal.
Talvez seja por isso que
muitos dizem que Bowie não inventou nada, apenas "soube
aglutinar tendências como ninguém".
Um dos maiores méritos
de Ziggy, o personagem era a forte conotação sexual
demonstrada no palco, especialmente quando contracenava com o
guitarrista Mick Ronson.
DeFries começou
a colocar em prática seu ambicioso e caro plano de fazer
Bowie uma estrela.
Uma delas foi encher um
avião de jornalistas americanos e levá-los até
Londres para ver o show, ao custo astronômico (para a época)
de 20 mil libras esterlinas.
DeFries acabaria assinando
com Iggy Pop e conseguiu um contrato para o cantor com a CBS.
Bowie também queria ajudar Lou Reed, que assinou um contrato
com a RCA e conseguiu assinar a produção do LP Transformer,
que daria um impulso à carreira do ex-líder do Velvet
Underground.
Bowie igualmente ajudou
outra banda esquecida e sem gravadora, o Mott the Hopple e escreveu
"All the Young Dudes" especialmente para o grupo, além
de produzir o LP de mesmo nome. O sucesso foi estrondoso. O compacto
chegou ao terceiro posto na parada e o disco ficou na 21ª
posição.
Após
levar Lou Reed e Iggy Pop para Londres onde produziu os discos
Transformer e Raw Power, Bowie
se preparava para a primeira turnê em território
norte-americano.
Seriam inicialmente oito
concertos, mas com o sucesso a turnê continuou até
dezembro.
Bowie fez a viagem até
Nova York no navio Queen Elizabeth II, com sua esposa Angela,
por causa de sua fobia de voar. O casal chegou à Nova York
no dia 17 de setembro.
A estadia na América
foi o auge do luxo, dos gastos e das excentricidades de Bowie.
Com uma equipe formada por 46 pessoas, incluindo diretores da
MainMan (boa parte dele tirada diretamente do elenco de Pork),
seguranças, groupies, além de Iggy Pop, limousines,
comida, drogas e tudo mais, fez com que a viagem quase arruinasse
as finanças da companhia.
O mais incrível
é que ainda era um completo desconhecido e as vendas dos
LPs, modestas. Apenas no Beverly Hills Hotel, as despesas ultrapassaram
os US$ 20 mil e a turnê registrou um prejuízo de
quase US$ 500 mil em dois meses, fazendo com que a RCA chamasse
DeFries para dar explicações.
A
turnê iniciou em Cleveland, em 22 de setembro, perante 3500
pessoas. O show também marcou a estréia do pianista
Mike Garson, um músico nova-iorquino de jazz e que jamais
ouvira falar de Bowie. Garson seria um fiel parceiro de Bowie
nas próximas três décadas.
Os shows se seguiram nem
sempre lotados e as vendagens eram modestas.
Enquanto o disco chegava
ao quinto posto no Reino Unido, conseguira apenas a modestíssima
75ª posição nos EUA.
A epopéia de Ziggy
era forte demais para o público médio norte-americano.
A androginia de Bowie causara alguma curiosidade, mas após
isso, o interesse não crescia. Mas DeFries insistia em
tratar Bowie como um astro de primeira grandeza.
Enquanto os shows aconteciam,
Bowie começava a escrever canções para o
novo disco. Ronson e David se trancavam compondo novas composições
no meio do caos: "a América mudou a banda e para a
pior.
De repente, haviam toda
aquela gente nos cercando, paparicando David. Eram seguranças
de todos os lados, David foi ficando ainda mais paranóico,
especialmente porque tinha quilos de droga. A América foi
o beijo da morte."
Em novembro, Bowie é
capa da revista Rolling Stone e lança um novo
compacto: The Jean Genie/Ziggy Stardust, que
chegaria ao segundo lugar no Reino Unido.
Na
América, é editado o compacto The Jean Genie/Hang
Onto Yourself, que ficou apenas na 71ª posição.
No dia 8 de dezembro é
editado o LP Transformer de Lou Reed e nesse
mês a CBS implora para que Bowie faça remixagem Raw
Power, após Iggy quase destruir tudo, ao mixar
os vocais em um canal e os instrumentos em outro. O disco só
seria lançado em 1973.
Após passar o Natal
com a família, em Londres. Em janeiro, anuncia: "meu
novo personagem será Aladdin Sane". Começava
a parte final da saga Ziggy Stardust. Mas isso é papo para
outro dia.
Um abraço e até
a próxima coluna.
Discografia
David Bowie (1967)
Space Oddity (também conhecido como Man of Words/Man of
Music, 1969)
The Man Who Sold The World (1971)
Hunky Dory (1971)
The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
(1972)
Aladdin Sane (1973)
Pin Ups (1973)
Diamond Dogs (1974)
David Live (1974)
Young Americans (1975)
Station to Station (1976)
ChangesOneBowie (1976)
Low (1977)
“Heroes” (1977)
Stage (1978)
Prokofiev's Peter and the Wolf (1978)
Lodger (1979)
Scary Monsters (And Super Creeps) (1980)
ChangesTwoBowie (1981)
Christiane F. Win Kinder (trilha sonora, 1982)
David Bowie in Betrtort Brecht's Baal (1982)
“Peace on Earth” /“Little Drummer Boy”
(com Bing Crosby, 1982)
Ziggy Stardust: The Motion Picture (1983)
Let's Dance (1983)
Golden Years (1983)
Love You Till Tuesday (1984, gravado em 1969)
Tonight (1984)
Never Let Me Down (1987)
Tin Machine (1989)
Sound and Vision (1989)
ChangesBowie (1990)
Tin Machine II (1991)
Oy Vey, Baby (1992)
Black Tie White Noise (1993)
Singles: 1969-1993 (1993)
Buddha of Suburbia (1994)
1.Outside (1995)
Earthling (1997)
The Best of David Bowie 1969/1974 (1997)
The Best of David Bowie 1974/1979 (1998)
“hours...” (1999)
Singles Collection (1999)
Bowie at the Beeb: The Best of the BBC Radio Sessions (2000)
London Boy (2001)
Heathen (2002)
Reality (2003)
|