Breve histórico do mito do vampiro com ênfase no sexo

Encontrei o texto abaixo em um blog/podcast bem interessante o Le Petit Mort que fala basicamente de Horror, Sexo e RPG. De fato não é breve é na verdade brevíssimo, mas quem sabe me inspiro e aprofundo essa tese. Os exemplos são interessantes e contrariam a imagem de vampiro assexuado que muitos gostam de usar em Vampiro a Máscara, ou como disse o Malk na reunião de antediluvianos,  “se você acredita nesta história de que vampiros não tem interesse em sexo  é mais doido que eu”. Ainda bem que a Jeanette desmente essa tese, ela concorda com o vovô Malk.

E felizmente eu nem vi, nem li e nem vou ler Crepúsculo. Prefiro mesmo os “vampiros tarados” de True Blood.


(ou Uma tese que nunca escreverei, ou ainda Porque odiei “Crepúsculo”)


“Vampiros” estão envolvidos em comportamentos de certa forma sexuais há milênios. Criaturas que tiram sustento de algum tipo de força vital humana aparecem em várias culturas. Ataques sexuais por elfos demoníacos sugadores de sangue na Áustria; espíritos femininos babilônicos atrás de sêmen; demônios orientais que se alimentavam de sangue, sêmen e secreção vaginal; bruxas européias bebedoras de sangue e anteriores ao cristianismo; antigos “ghuls” árabes (nome que aparece em várias mitologias asiáticas e africanas) que na forma de mulheres atraentes enganavam beduínos e canibalizava-os… a coisa varia muito.

O vampiro que nós conhecemos, no entanto, provavelmente não é descendente direto destas fontes – ele começou a surgir na Europa Central por volta do século XVII, quando houve um recrudescimento da mitologia vampírica da região e termos como “vampir”, “vapir”, “uper” e “ubyr”, provavelmente significando “bruxa” ou “demônio” chegam ao inglês moderno. Surtos mortais de alguma doença foram atribuídos ao “vampirismo”, e médicos ingleses, alemães e franceses chamados apara avaliar a situação acabaram por levar o termo ao latim e às suas próprias línguas maternas, ajudados por um monge beneditino francês que publicou um livro sobre aparições, mortos-vivos em geral e vampiros.

Em 1748, Ossenfelder (alemão contemporâneo deste pessoal) publica o poema “Der Vampir”, considerado o primeiro texto literário sobre vampiros. Adivinharam o script? Um vampirão narra em 1ª pessoa os prazeres não-cristãos que proporcionará a uma jovem… Hummm… neste meio tempo, um cientista dá o nome de “vampiro” a morcegos sul-americanos hematófagos, entrelaçando de vez o vampiro ao morcego. Logo depois, outros alemães publicam poemas dedicados ao monstro (até Goethe, com uma versão feminina). Rola sempre uma ênfase no “furor sexual” destes seres, fazendo jus à mitologia da Europa central.

Em 1816, Coleridge leva o monstro para a poesia inglesa (todo gótico tr00 conhece “Christabel” e a vibe lésbica do poema, hehehe),  e em 1818 Polidori publica o famosíssimo “O Vampiro” (e todo Tzimisce já ouviu falar de um certo Ruthven, hahaha), no que teoricamente é a estréia do vampiro na prosa. A partir daí, ele se torna o queridinho dos romances góticos, criando grandes personas literárias como Drácula e Carmilla, aparecendo em textos de gente como Edgar Allan Poe e Baudelaire, e culminando em obras modernas como as de Anne Rice, que praticamente ressuscitou o mito (com trocadilho).

Desde sua gênese literária (e, por que não dizer, em grande parte de suas variações folclóricas), vampiros estão intimamente ligados à sexualidade. Para dizer o mínimo, representam uma metáfora sexual poderosíssima, mostrando a força de símbolos eternos da humanidade como o sangue, o sêmen, o sexo e a violência, junto à exploradíssima dicotomia amor-morte, que vem desde Eros e Thanatos e “contamina” de Sade a Freud.

Tirar o sexo e o pecado do vampiro pra mim é criminoso – por isso não gosto de “Crepúsculo”, onde meu grande perversor é transformado num “príncipe encantado bonzinho”, na figura patética do vampiro que só fará sexo depois de casar. Tsc, tsc, tsc.

>>> Texto originalmente publicado na comunidade do Orkut {NEW} Vampiro A Máscara

11 comentários em “Breve histórico do mito do vampiro com ênfase no sexo”

  1. Amei o texto e também achei “Crepúsculo” uma vergonha, agora todo mundo gosta de vampiro.

    Ps. Jogo VTMB e sempre busco dicas, mods aqui no seu site.
    Parabéns pela organização e dedicação! :*

  2. Não defendo crepusculo..
    Mas eu defendo tradições e costumes..

    Como homem, sim, tenho desejos. Mas tento me controlar no maximo com mundanas no centro da cidade. É para isso que existem.

    Mas, como ser critico e de pudor que sou, Acho que sexo fora do casamento com uma pessoa que se ama é um desrespeito total a essa pessoa.

    E gostei do artigo, informador.
    E.. bom.. Se tirassem algumas coisas melosas, o glitter dos vampiros e aquela cara irritante do Pattison, eu gostaria de crepusculo.

  3. Adorei o texto e concordo plenamente (apesar de não achar crepúsculo tão horrível, no sentido de romance teenager..hihihi!).
    Parabéns pelo site! Ele é fabuloso!
    Abraços

  4. Comecei a jogar Bloodlines agora. Antes tarde do que nunca… O roteiro, as ambientações, os personagens e as sacadas dos programadores da Troika tornaram esse jogo muito viciante. Não foi surpresa descobrir uma legião de fãs na internet que até hoje produzem mods para o título. Quanto a história dos vampiros, concordo plenamente. Crepúsculo e Harry Potter foram concebidos inteiramente com o público alvo em mente. Tem um padrão moral acima da criatividade e do conhecimento histórico do tema “vampiro”, “bruxos”. Eles nunca são os bonzinhos, por isso acredito que esses filmes inventaram um arquétipo novo, não tem nada de vampiro e bruxos neles. Cade o pacto com o Diabo e os renegados? A traição de Deus é o que faz o Vampiro ser um vampiro. Os caras simplesmente retiraram o papel do chifrudo para as mães deixarem os filhinhos assistirem, ficou politicamente correto. Afinal, a maioria da população é católica e tal, principalmente lá na Inglaterra da Rainha. O resultado são personagens idiotas, tipo Barney. Parecem um bando de Teletubbies, seres assexuados que não falam palavrão. A vai se fude Harry Potter, não é a toa que o ator bebe cachaça.

  5. Mas claro que poderia existir sexo entre demonios ou kalker tipo de raça prq e assim que nasçe um clã de qualquer coisa Para ter seus laços saguinio sua genetica

  6. Crepusculo foi uma P&ta sacanagem pois fizerão vampiros parecerem seres misticos e sem coração que so querem ser normais a vais se danar vampiros são criaturas extraordinarias e poderozas gostaria de ser uma dessas criaturas pra destruir totalmente esses mentirosos e criadores de crepusculo!

  7. Eu ja li crepusculo, e pelo que eu entendi ELES, os cullen e os denali (somente eles são citados no livro) , vivem assim e que a grande maioria dos outros não têm respeito algum pela vida humana e os caçam feito animais, e quando bella engravida, ele cita que a sedução é uma arma para alimentação, e que os sádicos estão por ai…
    e isso fica claro, quando os volturi se Banqueteiam de humanos, uma carnificina.
    outro detalhe jasper cita que sexo só não é melhor que sangue humano.

    Só estou tentando mostrar que é são poucos que ficam “Bonzinhos” no livro.

  8. Eu penso que um vampiro não poderá ter sexo. Se lermos as obras de Anne Rice, os vampiros não podem ter sexo (ler Vampiro Lestat). Podem sentir amor, paixao, mas nao conseguem ter sexo. Para um vampiro, segundo Lestat e Louis, o maximo de prazer fisico que um vampiro tem é quando bebe sangue. Quanto ao Twillight, o que enoja é terem transformado os vampiros em sei lá o que!!! Então há o papa vampiro a mama vampira a mana vampira, e o vampiro que anda na escola(???) em plena luz do dia e é vegetariano(???). E claro o papa vampiro so podia ser medico (nada de coveiro por exemplo). Ridiculo isso tudo. Tipico filme comercial, onde os vampiros sao praticamente humanos com profissoes humanas como se isso fosse possivel..

  9. Crepúsculo foge das tradições vampíricas para ser extremamente melancólico em seu enredo.

    É só se basear em filmes de vampiros antigos e comparar com Crepúsculo.

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