É fato:
fui negligente com o site nos últimos dois anos e prometo
ser mais atento agora. Tenho dezenas de textos prontos e não
acabados que quero desovar aos poucos. Para esse re-re-re-começo,
escolhi o único disco lançado por Ian McCulloch
e Will Sergeant que não pertence ao Echo and the Bunnymen,
mas que culminou com a volta do grupo, dois anos depois.
Apesar de pouco
conhecido, o Electrafixion deixou um CD, um EP e três ótimos
singles.
Eu
já havia falado deles quando
fiz a coluna exatamente sobre a volta dos homens-coelhos em 1997,
com o ótimo Evergreen. Mas, diabos, por
que não uma coluna só deles? Então...
A
história, segundo conta Ian McCulloch, começou no
início dos anos 90 quando encontrou, em Londres, ninguém
menos que o ex-guitarrista dos Smiths, Johnny Marr.
Ian vinha em um período
de baixa em sua carreira-solo e com problemas pessoais que acabaram
aumentando seu famoso gosto por bebida e drogas.
O encontro com Johnny se
deu de forma amigável os dois resolveram gravar algumas
canções, mas para seu despero, as fitas foram roubadas
de sua van!
Mas duas dessas canções
ficaram intactas - "Lowdown" e "Too Far Gone"
- embora ele não soubesse exatamente o que fazer com elas.
Segundo Johnny Marr, o
encontro se deu por volta de 1992 ou 1993. "Sempre gostei
da voz de Ian e gravamos algumas canções que foram
gravadas pelo Electrafixion. Eu também fiz a demo do que
acabaria se tornando 'Nothing Lasts Forever', (primeiro single
de Evergreen). Os primeiros 10 dias de nossa
parceria foram criativos até a fita ser roubado quando
a van ia da minha casa, em Manchester, para a casa dele, em Liverpool,
uma história louca, já que, aparentemente, os ladrões
estavam atrás de uma carga de oxigênio líquido!
Foi um período bem interessante, embora tivéssemos
problemas com as letras das músicas..."
Nesse meio-tempo Ian voltou
a se aproximar de seu antigo amigo e parceiro Will Sergeant. Will
não perdoava Ian por ter abandonado o Echo enquanto a banda
ainda devia um disco para a Warner e com uma imensa turnê
agendada. Ian, por seu lado, não o perdoava por seguir
com a banda sem sua permissão e com o obscuro Noel Burke
nos vocais.
O
começo dos anos 90 vivia sob o furacão grunge, liderados
pelo Nirvana. Ian e Will achavam
que tinham gás para apresentarem algo novo, embora não
tão viável economicamente.
Após recrutarem
os desconhecidos Tony McGuigam (bateria) e Leon da Silva (baixo),
montaram o Electrafixion.
Segundo Ian, o nome nasceu
de uma idéia tola e absurda de Will: "o nome combina
as palavras 'electrocution' e 'crucifixion'. Will tinha tido um
sonho no qual eu era crucificado em uma cerca elétrica
de arame farpado. Era um nome besta."
Musicalmente, a banda era
mais barulhenta, "sônica". Ian queria mostrar
que não estava morto e influenciado pelo som do Nirvana,
queria soar alto, punk e urgente. E conseguiu.
O primeiro lançamento
foi o EP Zephyr, com 4 faixas. Foi um choque.
Will parecia um alucinado
na guitarra, mostrando todas as lições aprendidas
nos discos do Velvet e dos punks ingleses. Ian provava que ainda
sabia cantar, deixando a apatia de seus dois discos-solos para
trás.
"Zephyr", "Burned"
(que seria o nome do único disco deles, mas que, ironicamente,
não constava nele), "Mirrorball" e "Rain
on Me" eram um achado.
A primeira aparição
da banda se deu em Paris, no dia 4 de fevereiro de 1994, quando
Ian e Will tocaram quatro músicas em um programa de rádio
do DJ Bernard Lenoir e se apresentaram como Black Space: "Timebomb",
"Burned", "Feel My Pulse" e "Bed of Nails".
No primeiro dia de julho
de 1994, a banda fez a primeira apresentação, em
Liverpool. No total foram 30 shows pelo Reino Unido até
o final.
Nessa
época, o rock inglês começava a voltar às
suas raízes com a explosão do britpop e dois veteranos
dos anos 80 mostravam como se fazer um bom rock and roll.
Após a animadora
estréia, a banda voltou aos estúdios e lançou
o único registro, Burned.
Co-produzido ao lado de
Mark "Spike" Tent (Madonna, U2, Bjork, Depeche Mode,
Coldplay, Muse, Lilly Allen, Gwen Stefani, No Doubt, Mission,
Yeah Yeah Yeahs, Oasis, Keane, Massive Attack, entre outros),
o grupo mostrou, em 11 faixas, que ainda tinham muita lenha para
queimar.
O petardo trazia as seguintes
faixas, todas assinadas por McCulloch & Sergeant, exceto as
duas com Marr:
01."Feel My Pulse"
– 4:23
02. "Sister Pain" – 4:15
03. "Lowdown" (McCulloch, Sergeant, Johnny Marr) –
4:35
04."Timebomb" – 4:38
05. "Zephyr" – 4:12
06. "Never" – 4:46
07. "Too Far Gone" (McCulloch, Sergeant, Marr) –
4:48
08. "Mirrorball" – 3:56
09. "Who's Been Sleeping in My Head?" – 4:00
10. "Hit by Something" – 3:28
11."Bed of Nails" – 3:51
Após
o lançamento do disco, a banda passou o ano de 1995 com
shows na Europa e EUA. Will e Ian pareciam renascidos, se divertindo
no palco com um repertório novo e raramente tocando algo
do catálogo do Bunnymen, exceção feita a
"Do It Clean" que fechou alguns shows.
O disco chegou a ficar
na 38ª posição na parada britânica por
duas semanas e ainda rendeu alguns compactos, como "Never".
Aos poucos, a banda foi
acrescentando canções dos bunnymen nos shows, em
1996, especialmente na turnê norte-americana. "Quando
tocávamos 'Killing Moon' sentíamos a velha magia
e foi aí que resolvemos voltar como Echo and the Bunnymen.
A parte complicada era convencer Les (Pattison, o baixista original).
Bastou apenas ele dizer 'ok' e estávamos de volta.",
relembra Ian.
Burned,
contudo, ainda teve uma edição especial e rara,
em CD, em 2007, uma edição dupla, qur trazia o EP
Zephyr, no primeiro disco, além dos singles "Lowdown",
"Never" e "Sister Pain" e versões ao
vivo, onde fechavam com "Loose", dos Stooges.
Disco 1
"Feel My Pulse" – 4:23
"Sister Pain" – 4:15
"Lowdown" (McCulloch, Sergeant, Johnny Marr) –
4:35
"Timebomb" – 4:38
"Zephyr" – 4:12
"Never" – 4:46
"Too Far Gone" (McCulloch, Sergeant, Marr) – 4:48
"Mirrorball" – 3:56
"Who's Been Sleeping in My Head?" – 4:00
"Hit by Something" – 3:28
"Bed of Nails" – 3:51
"Zephyr" – 4:54
"Burned" – 5:45
"Mirrorball" – 4:05
"Rain on Me" – 5:35
"Never" (Utah Saints 'Blizzard On' Mix) – 6:36
Disco 2
"Holy Grail" – 7:07
"Land of the Dying Sun" – 5:28
"Razor's Edge" – 4:15
"Not of This World" – 3:38
"Subway Train" – 3:00
"Work it on Out" – 4:25
"Zephyr" (live) – 4:31
"Feel My Pluse" (live) – 3:56
"Sister Pain" (live) – 4:01
"Lowdown" (live) (McCulloch, Sergeant, Marr) –
4:32
"Never" (live) – 5:38
"Holy Grail" (live) – 5:40
"Too Far Gone" (live) (McCulloch, Sergeant, Marr) –
4:48
"Burned" (live) – 4:44
"Loose" (live) (The Stooges) – 4:01
Ah,
sim. A parceria McCulloch-Marr ainda rendeu um último single,
um orgulho para Ian: o hino da seleção inglesa para
a Copa de 1998: England United - How Does It Feel (To
Be On Top Of The World)
A canção
que não fez grande sucesso, ficando apenas uma semana no
Top 10. O England United era formado por: Ian McCulloch, Simon
Fowler (Ocean Colour Scene), Tommy Scott (Space) e Mel C (Spice
Girls).
O single trazia duas faixas:
1. (How does it feel to be) On the top
of the world
2. (How does it feel to be )On the top of the world - instumental
Espero que tenham gostado da história
do Electrafixion. Um abraço e até a próxima
coluna.
Discografia
Singles
Zephyr EP (1994)
"Lowdown" (1995)
"Never" (1995)
"Sister Pain" (1996)
Disco
Burned (1995)
|