386 – Iron Maiden – Somewhere In Time e Seventh Son of a Seventh Son

A fase experimental do Iron. Para muitos, os dois LPs lançados entre 1986 e 1988 mostram um lado menos comercial e mais artístico, com o uso, pela primeira vez, de guitarras sintetizadas nas composições da Donzela de Ferro. E se Somewhere In Time teve vendagens aquém do esperado, Seventh Son rendeu quatro compactos no top 10 britânico, fato inédito para o grupo. Mas, como nem tudo é perfeito, após a turnê do álbum, o grupo perde o guitarrista Adrian Smith, encerrando o fim de uma era clássica para o Maiden.


Após o fim da exaustiva World Slavery Tour, o Iron resolveu tirar seis meses de folga, afinal, o quinteto estava no binômio estúdio-estrada desde 1980.

Assim, o segundo semestre de 1985 a banda resolveu tirar férias, voltando aos trabalhos no início de 1986.

O grupo resolveu apostar em um lado mais experimental, utilizando, pela primeira vez, sintetizadores acoplados ao baixo e às guitarras.

O grupo passou boa parte do primeiro semestre gravando as bases de baixo, baixo sintetizado e bateria, no Compas Pass Studios, em Nassau, Bahamas e guitarras, voz e guitarras sintetizadas, no Wisseloord Studios, em Hilversum, Holanda, sempre com a produção de Martin Birch.

Em 6 de setembro de 1986, é editado o primeiro compacto da nova fase, Wasted Years, que ficou apenas na 18º posição da parada britânica.

O lado B trazia as composições “Reach Out”, “Sheriff of Huddersfield” e o Iron Maiden surpreendeu com a nova sonoridade.

No dia 10 do mesmo mês, o grupo começa a turnê Somewhere On Tour, com 12 datas no Leste Europeu, começando por Belgrado, Iugoslávia e passando ainda pela Polônia e Hungria.

E, apesar de não ser no Leste Europeu, a Áustria teve dois shows incluídos nessa data, sendo um em Viena e outro em Graz. Começaria uma longa turnê de 148 datas pelo planeta, que iria até 21 de maio de 1987.

Finalmente, no dia 11 de outubro de 1986, é editado o novo LP, Somewhere In Time.

Com a mais bela capa desenhada por Derek Riggs, Eddie aparece como um guerreiro do futuro – uma referência ao filme Blade Runner – o Iron trazia várias referências da história da banda, na capa e na contra-capa, como mostra a foto acima.

Existe um bar Aces High, a Ruskin Arms – onde o Iron fez seus primeiros shows na carreira – há a Long Beach Arena, onde o grupo gravou o Life After Death, além do Ancient Mariner Seafood Restaurant e o relógio marcando 23:58, em referência à canção “2 Minutes to Midnight”. Um trabalho realmente primoroso de Derek Riggs.

 

Além disso, atrás dos integrantes há um placar histórico de vitória do West Ham – time de coração de Steve Harris – sobre o arqui-rival Arsenal, por 7×3.

Uma das coisas mais curiosas é não-participação de Bruce Dickinson nas composições.

Foi a única que vez isso aconteceu enquanto esteve no grupo. O destaque acabou sendo o guitarrista Adrian Smith, que ganhou mais espaço como compositor.

O LP, que ficou apenas em terceiro lugar na parada britânica, trazia as seguintes faixas:

Lado A

1. “Caught Somewhere in Time” (Steve Harris) – 7:26
2. “Wasted Years” (Adrian Smith) – 5:08
3. “Sea of Madness” (Smith) – 5:42
4. “Heaven Can Wait” (Harris) – 7:21

Lado B

1. “The Loneliness of the Long Distance Runner” (Harris) – 6:31
2. “Stranger in a Strange Land” (Smith) – 5:44
3. “Déjà Vu” (Dave Murray, Harris) – 4:56
4. “Alexander the Great” (Harris) – 8:36

Enquanto o disco era lançado, a turnê corria solto pelo planeta.

Apesar do pouco sucesso comercial, a banda trazia belas composições, como “Stranger in a Strange Land”, “Wasted Years”, “Caught Somewhere in Time” e “Alexander the Great”.

Essa última, porém, jamais foi executada ao vivo.

O show tinha uma temática futurista e, para muitos, essa foi a turnê menos participativa de Dickinson, que parecia algo burocrático em alguns shows.

Segundo Steve Harris, o cantor tinha apresentado durante as gravações um material mais acústico, que pouco combinava com o álbum. Talvez, isso explique, em parte, a pouca motivação de Bruce.

Um fato curioso é que uma das bandas que faziam o show de abertura era o Paul Samson’s Empire.

Para quem não se lembra foi no Samson que Bruce teve algum destaque antes de entrar para o Iron. Outras bandas que abriram os shows foram o Waysted, W.A.S.P., Yngwie Malmsteen e Vinnie Vincent Invasion.

Em novembro é editado um novo single, Stranger in a Strange Land, que ficou apenas na 22ª posição da parada britânica.

O lado B trazia “That Girl” e “Juanita”.

O LP teve também uma participação razoável no mercado norte-americano, alcançando a 11ª posição.

Visualmente, a turnê era ambiciosa e um gigantesco Eddie igual à capa do LP adentrava o palco.

Após o final da turnê, o grupo tirou novo período de férias, quando começaram a escrever novas composições para aquele que seria o disco mais bem sucedido, comercialmente falando, da carreira do grupo até então.

Seventh Son of a Seventh Son é um disco conceitual, que conta a história de uma criança, com poderes de clarividência.

E Adrian Smith pilota, pela primeira vez, sintetizadores, ao lado de Steve Harris.

A criança é o sétimo filho de um sétimo filho e seu nascimento é mostrado na capa do disco.

Novamente se percebe a participação de Bruce nas letras, em uma narrativa que o agrada bem mais.

Apesar de ter tido uma colocação inferior no mercado norte-americano em relação a Somewhere In Time – 12º lugar contra 11º do antecessor – o disco foi pro topo da parada britânica e viu os quatro singles do LP ficarem no top 10 britânico: Can I Play with Madness, The Evil That Men Do, The Clairvoyant e Infinite Dreams.

O álbum trazia as seguintes faixas:

Lado A

1. “Moonchild” (Bruce Dickinson, Adrian Smith) – 5:39
2. “Infinite Dreams” (Steve Harris) – 6:09
3. “Can I Play with Madness” (Dickinson, Smith, Harris) – 3:31
4. “The Evil That Men Do” (Dickinson, Smith, Harris) – 4:34

Lado B

1. “Seventh Son of a Seventh Son” (Harris) – 9:53
2. “The Prophecy” (Dave Murray, Harris) – 5:05
3. “The Clairvoyant” (Harris) – 4:27
4. “Only the Good Die Young” (Dickinson, Harris) – 4:42

Can I Play with Madness é o primeiro compacto. Editado em 26 de março de 1988, fica em terceiro lugar, trazendo “Black Bart Blues” e “Massacre”, no lado B.

O disco abre com “Moonchild” falando no nascimento da criança – “Sete pecados mortais / Sete maneiras de vencer / Sete caminhos santos para o inferno / … E sua viagem começa / Eu sou ele, o que não nasceu / O anjo caído que observa você / Babilônia, a prostituta escarlate / Eu me infiltrarei em sua gratidão / Você não ousa salvar seu filho / Mate-o agora e salve os mais jovens / Seja a mãe de um recém nascido sufocado / Seja propriedade do demônio, / Lucifer é o meu nome” e se torna um clássico instantâneo.

No dia 23 de abril é editado o LP e, em 13 de maio, começa a nova turnê, batizada de Seventh Tour of a Seventh Tour, começando na Alemanha, em Colônia, e indo até dezembro de 1988.

Enquanto a turnê acontecia foram editados os compactos The Evil That Men Do e The Clairvoyant, quinto e sexto colocados, respectivamente, na Inglaterra.

No palco, destacava-se a presença de sete Eddies e alguns shows foram abertos por duas bandas que começavam a construir uma grande fama: Guns ‘n Roses e Megadeth.

É nessa excursão que acontece – segundo os próprios integrantes – o ponto alto da carreira do Maiden: ser a banda principal do Monsters of Rock, o Castelo de Donington, perante a 100 mil fãs.

O festival trazia ainda grupos como Halloween, Kiss, Guns n’ Roses, Megadeth e Dave Lee Roth.

A turnê foi um tremendo sucesso e após o término, o grupo se separou por um tempo.

Steve Harris resolveu lançar um vídeo chamado Maiden England, de onde saiu o novo single, Infinite Dreams, gravado ao vivo.

Surpresa mesmo foi a estréia solo de Bruce Dickinson, lançando seu primeiro disco, Tattooed Millionaire, que foi bem nas paradas, graças à regravação de um clássico de David Bowie, imortalizado pelo Mott the Hoople, “All the Young Dudes”.

Na banda de Bruce, destacava-se o guitarrista Janick Gers.

Adrian Smith também resolveu tentar outra vida, montando o ASAP. Estaria o Iron se desmanchando?

Ainda não, mas Adrian Smith acaba deixando o grupo por diferenças musicais e por brigas com Steve Harris. Assim, entra Janick Gers, recomendado por Bruce.

A saída de Smith marca o final de uma era para o grupo. A clássica formação, iniciada, em 1983, chegava ao fim. Mas o Iron ainda tinha muita lenha para queimar e com a entrada de Gers, começaria uma nova fase.

Mas isso é papo para outro dia. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Singles

“Running Free” (1980)
“Sanctuary” (1980)
“Women in Uniform” (1980)
“Twilight Zone” (1981)
“Purgatory” (1981)
“Run to the Hills” (1982)
“The Number of the Beast” (1982)
“Flight of Icarus” (1983)
“The Trooper” (1983)
“2 Minutes to Midnight” (1984)
“Aces High” (1984)
“Running Free (live)” (1985)
“Run to the Hills (live)” (1985)
“Wasted Years” (1986)
“Stranger in a Strange Land” (1986)
“Can I Play with Madness” (1988)
“The Evil That Men Do” (1988)
“The Clairvoyant” (1988)
“Infinite Dreams” (1989)
“Holy Smoke” (1990)
“Bring Your Daughter to the Slaughter” (1990)
“Be Quick or Be Dead” (1992)
“From Here to Eternity” (1992)
“Wasting Love” (1992)
“Fear of the Dark (live)” (1993)
“Hallowed Be Thy Name (live)” (1993)
“Man on the Edge” (1995)
“Virus” (1996)
“The Angel and the Gambler” (1998)
“Futureal” (1998)
“The Wicker Man” (2000)
“Out of the Silent Planet” (2000)
“Run to the Hills (live)” (2002)
“Wildest Dreams” (2003)
“Rainmaker” (2003)
“The Number of the Beast (live)” (2005)
“The Trooper (live)” (2005)
“The Reincarnation of Benjamin Breeg” (2006)
“Different World” (2006)

Discos

Iron Maiden (1980)
Killers (1981)
The Number of the Beast (1982)
Piece of Mind (1983)
Powerslave (1984)
Live After Death (1985)
Somewhere In Time (1986)
Seventh Son of a Seventh Son (1988)
No Prayer For The Dying (1990)
Fear Of The Dark (1992)
A Real Live One (1993)
A Real Dead One (1993)
Live at Donington (1993)
The X Factor (1995)
Virtual XI (1998)
Ed Hunter (1999)
Brave New World (2000)
Rock in Rio (2002)
Beast Over Hammersmith (2002)
The BBC Archives (2002)]
Edward the Great (2002)
Dance of Death (2003)
Best Of The B-Sides (2004)
Death on the Road (2005)
The Essential Iron Maiden (2005)
A Matter Of Life And Death (2006)
Somewhere Back In Time (2008)