362 - Magazine

Há seis anos fiz uma entrevista com o Magazine quando do lançamento do CD Na Honestidade. E, mais uma vez, percebi que não tinha feito uma bio do grupo, um dos mais bem sucedidos do pop brasileiro dos anos 80. Com a presença carismática de Kid Vinil nos vocais, o Magazine imortalizou pérolas como "Sou Boy", "Tic-Tic Nervoso" e Comeu. Só por isso já valeria uma história. Por isso...


da esquerda para direita: Kid Vinil, Minho K, Trinkão e Lu StopaPS: Boa parte da história e fotos, aqui abaixo, foram retiradas do site oficial do cantor, a quem agradeço, mesmo não avisando previamente do "furto"...


Tudo começou no longíquo ano de 1980, quando o ainda desconhecido Antonio Carlos se juntou ao baterista Trinkão, ao baixista Lu Stopa e ao roadie Filé, que logo daria lugar ao falecido Minho K para gravarem uma demo, hoje perdida.

Após uma festa na Gravadora Continental, a banda - sem nome - recebeu uma sugestão do radialista Alf Soares: Verminose, um nome perfeito para uma banda feia com um som mais feio ainda.

O Verminose fazia uma mistura de punk com rockabilly e tinha uma proposta estranha para o Brasil dos anos de chumbo. Assim, Kid vinil deu tempo em sua vida como músico e foi trabalhar como radialista.

Ted Gaz, Lu Stopa, Kid Vinil e TrinkãoAntonio Carlos começou a apresentar programas falando da emergente safra punk e new wave que vinha de fora. Nascia o Kid Vinil, nome inspirado em dois lendários DJs londrinos, Kid Jensen (da BBC) e Cosmo Vinyl (DJ e empresário do The Clash).

Enquanto Kid consolidava-se como uma grata revelação nas ondas do rádio, decidiu reformular o Verminose, especialmente após um show no Lira Paulistana, quando quase foram lixados pelos punks, entre eles, Clemente, dos Inocentes.

Tudo porque Kid havia dado uma entrevista à revista Veja descendo o pau na cena punk paulista e foi chamado de "traidor".

Após a confusão, sairia a veia mais pesada e entraria um lado mais leve e pop. O grupo já contava então com o guitarrista Ted Gaz, no lugar de Minho K. Nascia então o Magazine, nome inspirado no grupo inglês de mesmo nome, liderado por Howard Devoto, ex-Buzzcocks.

E o Magazine não seria nada sem uma 'little help with their friends", o produtor Pena Schmidt e, especialmente, os compositores Tico Terpins e Zé Rodrix, do grupo paulistano Joelho de Porco.

A dupla de compositores começa a escrever canções para a demo inicial da banda - "Casa da Mãe", "Franguinha Assada" e "Kid Vinil" -, enquanto Pena produz a demo que acaba os levando a assinar com a Warner.

Após o contrato assinado, Pena Schmid, o primeiro compacto do grupo com as músicas "Sou Boy" e "Kid Vinil".

Caso você tenha vivido esse período, saberá que "Sou Boy" varreu o Brasil de ponta a ponta e se tornou um dos maiores sucessos dos anos 80, sendo tocada até hoje, fazendo de Kid um verdadeiro ícone do rock brasileiro.

Um clássico absoluto, sem a menor sombra de dúvida. No mesmo ano, é editado o primeiro LP, Magazine, que trazia outro hit: "Adivinhão".

O disco trazia as seguintes faixas:

Lado A

1. Adivinhão
2. Pau Na Marginal
3. Não
4. Meu Bem Lollipop
5. Tô Sabendo
6. Kid Vinil

Lado B

1. Casa da Mãe
2. Bilirubina
3. Fuscão Preto
4. O Homem da Moto
5. Sou Boy

No ano seguinte, a banda lança um segundo compacto, que também varreria o Brasil: Tic-Tic Nervoso, a mais bem humorada canção já feita. Elas foram compostas pela dupla Antonio Luiz e Marcos Serra

As desventuras de um neurótico é maravilhosamente contada por Kid em suas apresentações. O lado B trazia a faixa "Atentado Ao Pudor".

Kid, aliás, sempre um front man carismático, com gestos nervosos, caretas e passos de danças hilários, uma versão tupiniquim do B-52's.

Após dois sucessos monstruosos, a banda se sentiu pressionada em relação ao futuro.

A gravadora exigia mais composições na mesma linha e editam o compacto Glub Glub no Clube, de Ted Gaz, e que nem chegou perto dos sucessos anteriores.

Com a agenda lotada e shows intermináveis, a banda é convidada pela Rede Globo para fazer a música-tema de sua novela, "A Gata Comeu".

O grupo resolveu reinventar em cima da composição "Comeu", de Caetano Veloso e com uma produção esmerada de Peninha e Liminha, alcançou o terceiro grande sucesso de sua carreira, com direito a clip feito pela Vênus Platinada.

Mas, os problemas, começavam: Ted Gaz queria uma manter a veia new wave, enquanto Kid queria um caminho mais rock. A tensão entre os dois, aliada à estafante rotina da estrada e projetos paralelos como radialista fez Kid Vinil deixar a banda.

O grupo acabou se dissolvendo após gravar mais um compacto, pela gravadora Continental com o vocalista Pedrinho: Pegue Seu Nariz / Nellie, o Elefante.

Kid deixa o Magazine e monta, em seguida, o Kid Vinil e os Heróis do Brasil e lançam um disco com o nome do grupo, com produção assinada por Roberto De Carvalho, marido de Rita Lee, que participa do álbum. Os Heróis do Brasil tinha como destaque o guitarrista André Cristovam, fortes raízes r&b e blues e que havia morado nos EUA para aprimorar sua técnica e conhecimento.

A volta do Magazine aconteceria na década de 1990, quando Lu e Trinkão convidaram Kid para ressucitar o Magazine, junto com o guitarrista Joel. Lu Stopa resolve também convidar o guitarrista e ex-companheiro do Maria Angélica Não Mora Mais Aqui, Carlos Nishimiya.

Mas o Magazine fez apenas alguns shows, e em 1993, entra Duca Belintani. no lugar de Joel e a banda volta a se chamar Verminose, lançando um compacto chamado Xu-Pa-Ki, pelo selo Verminose Records, pouco depois da saída de Nishimiya.

Após mais um hiato, Kid decide, mais uma vez se juntar a Trinkão, Lu Stopa e Carlos Nishimiya para reformar o Magazine, em 1998.

Porém, Lu logo entra na banda de Marcelo Nova, ex-vocalista do Camisa de Vênus, dando espaço para Ayrton Mugnaini assumir o baixo, além de escrever novas canções.

Após dois anos de ensaios e composições, gravam uma demo e a levam até a gravadora Trama.

Assinam um contrato e, em junho de 2001, entram nos estúdios Vice Versa (atual Trama Estúdios) para as gravações do segundo disco do grupo, Na Honestidade.

Em abril de 2002 é editado o novo CD, com produção do guitarrista Carlos Nishimiya. O disco traz 13 canções, entre elas "Conversível Irresistível, composição de Roger Rocha Moreira, do Ultraje, que fez a canção especialmente para Kid Vinil e jamais a gravou com sua banda.

O CD trazia as seguintes músicas:

1. Conversível Irresistível
2. Estrogonoff da Princesa
3. Sou Flanelinha
4. Gorda (I Love You So)
5. O Jogador
6. Marlene
7. Bah! Veinho
8. Ele Quer Ser Ingles
9. Chavez
10. Zeca Baleiro
11. Na Honestidade
12. Nonsense Total
13. Boeing 723897

No entanto, novos problemas internos acaba com que a banda, em 2004 e, em 2005, Kid monta uma nova banda, o Kid Vinil Xperience.

Deixo vocês com a discografia do grupo. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Compactos

Sou Boy (1983)
Adivinhão (1983)
Tic Tic Nervoso (1984)
Comeu (1985)
Glub Glub no Clube (1985)

Discos

Magazine (1983)
Na Honestidade (2002)

 

 

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