Há seis
anos fiz uma entrevista
com o Magazine quando do lançamento do CD Na Honestidade.
E, mais uma vez, percebi que não tinha feito uma bio do
grupo, um dos mais bem sucedidos do pop brasileiro dos anos 80.
Com a presença carismática de Kid Vinil nos vocais,
o Magazine imortalizou pérolas como "Sou Boy",
"Tic-Tic Nervoso" e Comeu. Só por isso já
valeria uma história. Por isso...
PS:
Boa parte da história e fotos, aqui abaixo, foram retiradas
do site
oficial do cantor, a quem agradeço, mesmo não
avisando previamente do "furto"...
Tudo começou no longíquo ano de 1980, quando o ainda
desconhecido Antonio Carlos se juntou ao baterista Trinkão,
ao baixista Lu Stopa e ao roadie Filé, que logo
daria lugar ao falecido Minho K para gravarem uma demo, hoje perdida.
Após uma festa
na Gravadora Continental, a banda - sem nome - recebeu uma sugestão
do radialista Alf Soares: Verminose, um nome perfeito para uma
banda feia com um som mais feio ainda.
O Verminose fazia uma mistura
de punk com rockabilly e tinha uma proposta estranha para o Brasil
dos anos de chumbo. Assim, Kid vinil deu tempo em sua vida como
músico e foi trabalhar como radialista.
Antonio
Carlos começou a apresentar programas falando da emergente
safra punk e new wave que vinha de fora. Nascia o Kid Vinil, nome
inspirado em dois lendários DJs londrinos, Kid Jensen (da
BBC) e Cosmo Vinyl (DJ e empresário do The Clash).
Enquanto Kid consolidava-se
como uma grata revelação nas ondas do rádio,
decidiu reformular o Verminose, especialmente após um show
no Lira Paulistana, quando quase foram lixados pelos punks, entre
eles, Clemente, dos Inocentes.
Tudo porque Kid havia dado
uma entrevista à revista Veja descendo o pau na cena punk
paulista e foi chamado de "traidor".
Após a confusão,
sairia a veia mais pesada e entraria um lado mais leve e pop.
O grupo já contava então com o guitarrista Ted Gaz,
no lugar de Minho K. Nascia então o Magazine, nome inspirado
no grupo inglês de mesmo nome, liderado por Howard Devoto,
ex-Buzzcocks.
E o Magazine não
seria nada sem uma 'little help with their friends",
o produtor Pena Schmidt e, especialmente, os compositores Tico
Terpins e Zé Rodrix, do grupo paulistano Joelho de Porco.
A
dupla de compositores começa a escrever canções
para a demo inicial da banda - "Casa da Mãe",
"Franguinha Assada" e "Kid Vinil" -, enquanto
Pena produz a demo que acaba os levando a assinar com a Warner.
Após o contrato
assinado, Pena Schmid, o primeiro compacto do grupo com as músicas
"Sou Boy" e "Kid Vinil".
Caso você tenha vivido
esse período, saberá que "Sou Boy" varreu
o Brasil de ponta a ponta e se tornou um dos maiores sucessos
dos anos 80, sendo tocada até hoje, fazendo de Kid um verdadeiro
ícone do rock brasileiro.
Um clássico absoluto,
sem a menor sombra de dúvida. No
mesmo ano, é editado o primeiro LP, Magazine,
que trazia outro hit: "Adivinhão".
O disco trazia as seguintes
faixas:
Lado A
1. Adivinhão
2. Pau Na Marginal
3. Não
4. Meu Bem Lollipop
5. Tô Sabendo
6. Kid Vinil
Lado
B
1. Casa da Mãe
2. Bilirubina
3. Fuscão Preto
4. O Homem da Moto
5. Sou Boy
No ano seguinte, a banda
lança um segundo compacto, que também varreria o
Brasil: Tic-Tic Nervoso, a mais bem humorada
canção já feita. Elas foram compostas pela
dupla Antonio Luiz e Marcos Serra
As desventuras de um neurótico
é maravilhosamente contada por Kid em suas apresentações.
O lado B trazia a faixa "Atentado Ao Pudor".
Kid, aliás, sempre
um front man carismático, com gestos nervosos, caretas
e passos de danças hilários, uma versão tupiniquim
do B-52's.
Após
dois sucessos monstruosos, a banda se sentiu pressionada em relação
ao futuro.
A gravadora exigia mais
composições na mesma linha e editam o compacto Glub
Glub no Clube, de Ted Gaz, e que nem chegou perto dos
sucessos anteriores.
Com a agenda lotada e shows
intermináveis, a banda é convidada pela Rede Globo
para fazer a música-tema de sua novela, "A Gata Comeu".
O grupo resolveu reinventar
em cima da composição "Comeu", de Caetano
Veloso e com uma produção esmerada de Peninha e
Liminha, alcançou o terceiro grande sucesso de sua carreira,
com direito a clip feito pela Vênus Platinada.
Mas, os problemas, começavam:
Ted Gaz queria uma manter a veia new wave, enquanto Kid queria
um caminho mais rock. A tensão entre os dois, aliada à
estafante rotina da estrada e projetos paralelos como radialista
fez Kid Vinil deixar a banda.
O
grupo acabou se dissolvendo após gravar mais um compacto,
pela gravadora Continental com o vocalista Pedrinho: Pegue
Seu Nariz / Nellie, o Elefante.
Kid deixa o Magazine e
monta, em seguida, o Kid Vinil e os Heróis do Brasil e
lançam um disco com o nome do grupo, com produção
assinada por Roberto De Carvalho, marido de Rita Lee, que participa
do álbum. Os Heróis do Brasil tinha como destaque
o guitarrista André Cristovam, fortes raízes r&b
e blues e que havia morado nos EUA para aprimorar sua técnica
e conhecimento.
A volta do Magazine aconteceria
na década de 1990, quando Lu e Trinkão convidaram
Kid para ressucitar o Magazine, junto com o guitarrista Joel.
Lu Stopa resolve também convidar o guitarrista e ex-companheiro
do Maria Angélica Não Mora Mais Aqui, Carlos Nishimiya.
Mas
o Magazine fez apenas alguns shows, e em 1993, entra Duca Belintani.
no lugar de Joel e a banda volta a se chamar Verminose, lançando
um compacto chamado Xu-Pa-Ki, pelo selo Verminose
Records, pouco depois da saída de Nishimiya.
Após mais um hiato,
Kid decide, mais uma vez se juntar a Trinkão, Lu Stopa
e Carlos Nishimiya para reformar o Magazine, em 1998.
Porém, Lu logo entra
na banda de Marcelo Nova, ex-vocalista do Camisa de Vênus,
dando espaço para Ayrton Mugnaini assumir o baixo, além
de escrever novas canções.
Após dois anos de
ensaios e composições, gravam uma demo e a levam
até a gravadora Trama.
Assinam um contrato e,
em junho de 2001, entram nos estúdios Vice Versa (atual
Trama Estúdios) para as gravações do segundo
disco do grupo, Na Honestidade.
Em abril de 2002 é
editado o novo CD, com produção do guitarrista Carlos
Nishimiya. O disco traz 13 canções,
entre elas "Conversível Irresistível, composição
de Roger Rocha Moreira, do Ultraje, que fez a canção
especialmente para Kid Vinil e jamais a gravou com sua banda.
O
CD trazia as seguintes músicas:
1. Conversível Irresistível
2. Estrogonoff da Princesa
3. Sou Flanelinha
4. Gorda (I Love You So)
5. O Jogador
6. Marlene
7. Bah! Veinho
8. Ele Quer Ser Ingles
9. Chavez
10. Zeca Baleiro
11. Na Honestidade
12. Nonsense Total
13. Boeing 723897
No entanto, novos problemas
internos acaba com que a banda, em 2004 e, em 2005, Kid monta
uma nova banda, o Kid Vinil Xperience.
Deixo vocês com a
discografia do grupo. Um abraço e até a próxima
coluna.
Discografia
Compactos
Sou Boy (1983)
Adivinhão (1983)
Tic Tic Nervoso (1984)
Comeu (1985)
Glub Glub no Clube (1985)
Discos
Magazine (1983)
Na Honestidade (2002)
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