Magic and
Loss é um disco extremamente pessoal para Lou Reed, pois
homenageia dois amigos que perdeu em dois anos diferentes, ambos
em abril: o compositor Doc Pomus e Rita, uma pessoa desconhecida.
Lou Reed atravessava um bom momento na vida, mas, apesar disso,
abordou temas pesados como morte e solidão.
Entre
dois (meses de) Abril, eu perdi dois amigos; Entre dois (meses
de) Abril, Mágica e Perda.
Essa era a dedicatória
escrita por Lou Reed no encarte do disco Magic and Loss,
que dedicou o disco à Doc Pomus e a Rita. Uma liberdade
poética, já que Doc morreu no dia 14 de março.
Após dois discos
de grande sucesso de crítica - e, até de vendagens
- e uma viagem até Praga para entrevistar o futuro presidente
da República Checa, Vaclav Havel, grande fã dos
Velvet Underground e atendendo um pedido da revista Rolling
Stone, Lou se concentrou em um novo disco.
Lou se inspirou em fazer
o disco após perder dois amigos: Doc Pomus e Rita. Na verdade,
seriam três, com a inclusão de Lincolin Swado, amigo
pessoal desde 1962, e que fora encontrado morto em fevereiro de
1990, no apartamento onde morava, em um crime que ocupou às
páginas policiais, com a suspeita que havia sido assassinado
pelo seu senhorio, que queria despejá-lo.
Lincoln sempre havia sido
um bom amigo de Lou, tanto que já tinha sido alvo de duas
homenagens anteriores em disco anteriores: na faixa "Home
of the Brave", do disco Legendary Hearts,
e em "My Friend George", em New Sensation.
No novo disco seria lembrado em "Harry's Circumcision".
Mas,
Lincoln não havia entrado nos créditos e sim Doc
Pomus e Rita.
Doc Pomus, grande compositor
dos anos 50 e 60 e autor de hits de Elvis Presley, the Drifters,
Dion and the Belmonts, era amigo de Lou há uns dois anos
e, segundo Lou, uma pessoa especial, doce e amistosa. Os dois
moravam perto e logo Lou começou a freqüentar sua
casa e o visitava no hospital, enquanto fazia vários exames.
Já Rita, era uma amiga desconhecida, mas que havia sido
muito importante para ele em sua vida.
Durante o funeral de Doc
Pomus, no dia 17 de março, Lou no Riverside Memorial, Lou
viu o lendário Little Jimmy Scott cantando e perguntou
se não gostaria de participar do disco em homenagem à
Doc, convite aceito por Scott.
Enquanto
produzia o disco, Lou lançou um livro de poesia, Between
Thought and Expression, publicado no verão de
1991, pela Hyperion Express.
Gravado no mês de
abril de 1991, Magic and Loss foi apenas lançado
em 14 de janeiro de 1992, com a produção assinada
por Lou e o guitarrista Mike Rathke. Além dos dois, a banda
era composta pelo baixista Rob Wasserman, o baterista Michael
Blair, além de Little Jimmy Scott cantando em "Power
and Glory", e Michael Blair, Lou e Roger Moutenot fazendo
backing vocals em "What's Good".
O CD trazia as seguintes
faixas. As palavras em itálicos eram o sub-titulos das
mesmas:
Faixas
1. Dorita The Spirit – 1:07
2. What's Good The Thesis – 3:22
3. Power and Glory The Situation – 4:23
4. Magician Internally – 6:23
5. Sword of Damocles Externally – 3:42
6. Goodby Mass In a Chapel Bodily Termination –
4:25
7. Cremation Ashes to Ashes – 2:54
8. Dreamin Escape – 5:07
9. No Chance Regret – 3:15
10. Warrior King Revenge – 4:27
11. Harry's Circumcision Reverie Gone Astray –
5:28
12. Gassed and Stoked Loss – 4:18
13. Power and Glory, Part II Magic - Transformation –
2:57
14. Magic and Loss The Summation – 6:39
Magic
and Loss teve ótima receptividade no mercado britânico,
ficando em sexto lugar.
Na América, ficou
apenas na 80ª posição e rendeu ao menos um
grande hit, "What's Good", que teve a primazia de ser
o primeiro número 1 na parada de rock moderno da Billboard.
A canção teve um vídeo e participou da trilha-sonora
do filme de Wim Wenders, Until The End Of The World.
Magic and Loss
é um excelente disco pessoal e Lou conta que para gravá-lo
trabalhou incessantemente, embora, sem pressão. "Não
gosto de ser pressionado, quando isso acontece, o trabalho não
flui." Segundo ele, era um disco complexo. "Não
sou o único que perdeu grandes amigos nos últimos
tempos, especialmente nesses tempos de AIDS e outras doenças
novas. As canções falam de emoções
complexas. 'The Warrior King' fala sobre um ponto de vista do
narrador, que sente raiva ao ver o que as doenças fazem
com seus amigos e da impotência de nada poder fazer, mesmo
tendo os melhores médicos e toda a tecnologia disponível."
Lou,
no entanto, pedia para que notasse que o título falava
de perda e não de morte. Eu não chamei o disco de
Magic and Death de propósito. Acabei me lembrando de quando
Andy Warhol me disse que achava horrível que não
ensinassem na escola sobre o amor ou coisas mais práticas,
como perda e como agir quando é confrontado com isso. Por
isso, evitei a palavra morte, embora ela seja um tema fascinante,
talvez, o maior de todos."
Magic and Loss traz um
dos meus versos favoritos de Lou, aquele que fecha "What's
Good": "What's good? / Life's good - But not fair at
all" (O que é bom? A vida é boa -
mas não é justa de maneira nenhuma)."
Lou e Mike passaram várias
horas trabalhando no disco, não apenas compondo as canções,
mas trabalhando com a melhor tecnologia disponível. Lou
também atravessava um momento positivo em sua vida.
Em
novembro de 1991, Lou viajou para Londres, onde recebeu um prêmio
da Revista Q pelo conjunto da obra. Em dezembro, a gravadora
lançou a caixa Between The Thought and Expression
- mesmo nome do livro - com todos os discos de sua carreira.
A curiosidade é
que Lou descobriu que algumas fitas masters estavam oxidadas ou
destruídas e para isso precisou comprar uma cópia
em vinil do seu LP The Bells - já fora
de catálogo - por US$ 50 para poder fazer uma edição
em CD.
Lou acabou saindo em excursão
com o disco tendo Little Jimmy Scott como convidado, tour
que rendeu um vídeo de nome Magic and Loss
- Live in Concert, gravado em 18 de março de 1992,
em Londres. Jimmuy participou das canções "Power
& Glory", " Dirty Boulevard ", "Satellite
Of Love" and "Walk On The Wild Side".
Após a excursão,
Lou resolveu surpreender ainda mais os fãs, reagrupando
o Velvet Underground, história que já contei nessa
coluna.
Deixo vocês com a
discografia de Lou. Um abraço e até a próxima
coluna.
Discografia
Lou Reed (1972)
Transformer (1972)
Berlin (1973)
Rock 'n' Roll Animal (1974)
Sally Can't Dance (1974)
Lou Reed Live (1975)
Metal Machine Music (1975)
Walk on the Wild Side & Other Hits* (1975)
Coney Island Baby (1975)
Rock and Roll Heart (1976)
Walk on the Wild Side: The Best of Lou Reed* (1977)
Live: Take No Prisoners (1978)
Street Hassle (1978)
The Bells (1979)
Vicious* (1979)
Rock and Roll Diary: 1967-1980* (1980)
Growing Up in Public (1980)
Rock & Roll Today (1980)
The Blue Mask (1982)
I Can't Stand It* (1982)
Rock Galaxy* (1983)
Legendary Hearts (1983)
Live in Italy (1984)
New Sensations (1984)
City Lights (Classic Performances By Lou Reed)* (1985)
Mistrial (1986)
New York Superstar* (1986)
Wild Child* (1987)
New York (1989)
Retro* (1989)
Songs for Drella (1990)
Magic and Loss (1992)
Between Thought and Expression: The Lou Reed Anthology* (1992)
A Retrospective* (1993)
Very Best of Lou Reed & Velvet Underground* (1995)
The Best of Lou Reed & the Velvet Underground* (1995)
Different Times: Lou Reed in the '70s* (1996)
Set the Twilight Reeling (1996)
Live in Concert (1997)
Perfect Day* (1997)
Perfect Night: Live in London (1998)
The Definitive Collection* (1999)
Very Best of Lou Reed* (2000)
Ecstasy (2000)
American Poet (2001)
The Wild Side: Best of Lou Reed* (2001)
Golden Collection* (2002)
Legendary* (2002)
NYC Man: The Ultimate Lou Reed Collection*(2003)
The Raven (2003)
The Platinum & Gold Collection* (2004)
NYC Man: Greatest Hits* (2004)
Le Bataclan '72 (2004)
Animal Serendade (2004)
Hudson River Wind Meditations (2007)
* coletâneas
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