O
That Petrol Emotion nasceu nos anos 80, mas sua origem vem de
bem antes, lá no meio dos anos 70, quando a Irlanda revelou
o Undertones, uma das bandas punk mais legais da época
e autores da lendária "Teenage Kicks". Após
o final do Undertones, alguns integrantes resolveram continuar
a vida chamado um norte-americano para os vocais e montaram o
That Petrol Emotion. Dessa mistura de punk, surf music, rock básico
e outras influências, o quinteto fez grandes canções
e deixou uma discografia de respeito, com, pelo menos, dois discos
clássicos: Manic Pop Thrill e Babble.
Em
1977, o mundo conheceu a explosão do punk, ou, ao menos
a explosão das bandas britânicas. Nasciam grupos
como Sex Pistols, The Clash, etc...
E na Irlanda, alguns grupos
começaram a aparecer e dois deles foram muito importantes:
o Stiff Little Fingers e o Undertones.
O Undertones
já foi comentado nesse espaço e deixaram um punhado
de grandes canções, como "Teenage Kicks".
Mas o grupo acabou em 1984 e nesse mesmo ano, Sean O'Néill,
o principal compositor do grupo, junto com um colega e DJ de um
clube chamado The Left Bank, em Derry, começaram a montar
uma demo com novas composições.
Essas canções,
por sua vez, foram mostradas a Alan McGee, que tinha montado pouco
tempo antes o selo Creation - que mais tarde lançaria grupos
como The Jesus And Mary Chain, Primal, House Of Love, Oasis, só
para ficarmos nos mais famosos - os convidou para irem até
Londres e gravarem um single. A dupla já era um trio, com
a adição do baterista Ciaran McLaughlin e tornou-se
um quarteto quando o irmão de Sean, Damian, entrou para
ser o baixista.
Mas McGee demorou para
colocar o quarteto em estúdio e como estavam duros chamaram
uma garota de nome Mel e arranjaram algumas apresentações
com o provisório nome de Novacaine Combo. Além de
Mel, Réamann e Damian, dividiam os vocais.
Mas
Mel não agradou tanto assim e começaram a procurar
um vocalista para o grupo. De tanto caçarem, esbarraram
em um norte-americano, oriundo de Seattle e que estava em Londres,
procurando uma banda: Steve Mack.
Os quatro gostaram de Steve,
e o Novacaine Combo mudou de nome: assim o quinteto foi batizado
de That Petrol Emotion.
Os quatro já haviam
feitos duas canções para o tal compacto que Alan
McGee ia lançar, "Keen" e "A great depression
on a slum night", e mais do que depressa Steve Mack resolveu
tirar as vozes e Réamann e Damian e colocar a sua voz com
a principal, deixando a dos companheiros para acompanhamento.
Mas, Alan parecia que não queria nada com o grupo e desanimados
e desejando retornar para a Irlanda.
A sorte, no entanto, foi
bacana com eles e o selo The Pink Label resolveu lançar
as duas músicas em um compacto, que foram novamente regravadas
e a banda debutou em vinil em setembro de 1985.
Só
que além das duas canções pela Pink Label,
o grupo resolveu lançar outro compacto com outras duas
canções por um selo próprio, o Noiseanoise:
"V2 / "Happiness drives me round the bend".
A explicação
dada por Sean ao lançarem dois compactos diferentes por
dois selos diferentes foi simples: "estávamos putos
com o Alan, que nos enrolou durante meses e vimos que a única
opção seria bancarmos um compacto. Ele já
existia em nossa cabeça e já estava pronto quando
a The Pink Label nos chamou."
Os dois compactos foram
produzidos pelo próprio grupo.
Mas
não foi nem pelo selo próprio e nem pela Pink Label
que lançaram, no ano seguinte, o primeiro disco, Manic
Pop Thrill. O trabalho acabou sendo lançado pela
Demon Records e o disco fez um grande sucesso na parada independente
inglesa.
Mais do que o som feroz
do grupo, Manic Pop Thrill era um disco que falava
de política e era extremamente anti-britânico.
Mesmo pegando pesado com
a Inglaterra, o disco foi elogiado pela imprensa local como um
dos melhores lançamentos do anos e dando uma grande notoriedade
ao grupo.
O disco trazia as seguintes
faixas:
Lado A
01. Fleshprint
02. Can't Stop
03. Lifeblood
04. A Natural Kind of Joy
05. It's a Good Thing
06. Circusville
Lado B
01. Mouth Crazy
02. Tightlipped
03. A Million Miles Away
04. Lettuce
05. Cheapskate
06. Blindspot
Sobre
política, Sean apenas afirmava que não tinha como
deixar de abordar o tema sem ser irlandês.
"Esse foi um tema
sempre presente em nossas vidas desde pequenos. Não é
um disco anti-britânico. É, antes de tudo, um disco
irlandês."
"It's a Good Thing"
foi escolhida para ser o compacto do disco, com a canção
"The deabeat" no lado B.
O disco foi produzido em
Gales, por Hugh Jones, que trabalhou com Echo and The Bunnymen,
entre outros.
Com
boa presença de palco, um vocalista carismático
e boas canções, o grupo acabou chamando a atenção
de uma grande gravadora, no caso a Polydor, que os contratou e
lançou em 1987, o segundo disco do grupo, Babble.
O disco fez um enorme sucesso,
graças às canções "Big Decison"
e "Swamp". O That Petrol Emotion conseguiam fundir dance,
rap, punk, com camadas de guitarra e boa música pop.
Babble
trazia as seguintes faixas:
Lado A
01. Swamp
02. Spin Cycle
03. For What It's Worth
04. Big Decision (Extended Version)
05. Static
06. Split!
Lado B
01. Belly Bugs
02. In the Playpen
03. Inside
04. Chester Burnette
05. Creeping to the Cross
Boa
parte dessa mistura era responsabilidade de Steve, mas as composições
de Sean, autor de quase todas as músicas, mostrava uma
banda tremendamente afiada e perto de se tornarem um grande acontecimento.
Babble
foi agraciado com vários elogios na América e na
Europa e colocado em várias listas de melhores do ano.
Só que o grupo acabou dando uma rasteira na Polydor e assinou
com a Virgin para produzirem o novo disco. O motivo alegado para
isso foi a insatisfação com a divulgação
do disco.
E
a mudança de gravadora fez mal, já que o novo disco,
The End of the Millennium Psychosis Blues, foi
um tremendo fiasco, tanto comercial qaunto em inspiração.
Para piorar, Sean resolveu
deixar o grupo, alegando que queria passar mais tempo em casa
cuidado da família.
Sem Sean, o principal compositor,
o That Petrol Emotion entrou em um processo de crise e de dúvida.
Na verdade, o disco mostrava um grupo pouco inspirado, indo mais
para o lado funk e dance. Um trabalho menor na carreira.
O LP trazia as seguintes
faixas:
Lado A
01. Sooner or Later
02. Every Little Bit
03. Cellophane
04. Candy Love Satellite
05. Here It Is... Take It!
06. The Price of My Soul
Lado
B
01. Groove Check
02. The Bottom Line
03. Tension
04. Tired Shattered Man
05. Goggle Box
06. Under the Sky
No mesmo ano, Steve deu
sua ajuda em uma luta contra a AIDS, em um disco, contendo apenas
músicas de Johnny Cash - Til Things Are Brighter,
cantando "Rosanna's Goin' Wild".
O disco foi produzido por
Jon Langford da importante banda The Mekons.
Para compensar o fraco
disco, que deixou os fãs decepcionados é lançado
um EP ao vivo, onde o grupo mostra toda sua força no palco.
Intitulado apenas Live,
o disco continha as músicas: "Genius move", "It's
a good thing", "Here it is...take it", "Cinnamon
Girl" (de Neil Young), "Circusville" "V2"
e "Non-Alignment Pact" (do Pere Ubu).
Em
1989 foi o ano da gravadora Strange Fruit, lançar dois
EPs dos programas do radialistas John Peel: That Petrol
Emotion: The Peel Sessions BBC Archives e That
Petrol Emotion: The Peel Sessions.
No mesmo ano, saiu um Peel
Sessions do Undertones, banda originária dos membros do
That Petrol Emotion.
Após dois anos sem
um disco novo, os integrantes começaram a ocupar a lacuna
deixada por Sean. Damian assumiu a guitarra, ao lado de Reámann,
entrando John Marchini no baixo.
Com ele, e ainda Steve
Mack nos vocais é lançado o quarto álbum,
o segundo pela Virgin, Chemicrazy, em 1990.
O disco também não
agradou, ficando claro que a ausência do antigo compositor
era muito sentida. As duas melhores canções do disco
eram "Hey Venus" e "Sensitize," de um formato
pop bem acessível
O
grande trunfo do grupo agora era o alucinado vocalista que mostrava
todo seu carisma ao vivo.
"Gosto de dar o melhor
show possível aos nossos fãs e sempre gostei de
ir à shows cheios de energia e entrega dos vocalistas.
Por isso tento manter a mesma postura."
E a performance de Steve
era realmente contagiante. Na verdade, a diferença de som
registrada em vinil e ao vivo eram abissais nessa época.
"Gravar é diferente
de tocar ao vivo. Em um estúdio, há inúmeros
pequenos detalhes e muitas vezes se grava um som que é
impossível de ser reproduzido em um palco. Ao vivo, o que
conta é a energia", confessa Steve.
Após
outro disco fraco de vendas, a Virgin acabou não renovando
o contrato com o grupo que entrou em outro processo de hibernação.
Em 1993, eles soltam dois
discos: a coletânea Exploded View e Fireproof.
Ambos foram lançados pela pequena Koogat, que na América
era representada pela Rykodisc. Após três anos, o
grupo tinha outra mudança: saía John Marchini e
entrava Brendan Kelly no baixo.
Fireproof
é um disco influenciado pelo som grunge da época,
embora com a marca do That Petrol Emotion. É um disco cheio
de guitarras ferozes e o grande momento desde Babble.
A banda mostra que tinha muito o que dar e saem em nova turnê,
que lamentavelmente seria a derradeira.
"Já não
havia aquela motivação depois de tanto tempo. Vimos
que tínhamos feito o melhor na época", disse
Steve Mack."
Dois
desses shows foram gravados e resultaram no disco derradeiro do
grupo, Final Flame, que só foi lançado
em 2000. Sean até participou do final do show.
O disco mostra todo o
carisma que a banda possuía, com duas performances alucinantes:
uma em Londres e outra em Dublin.
Após o final da
banda, cada membro seguiu sua vida, sendo que Steve regressou
à Seattle natal e formou o Anodyne. Lançaram um
disco em 1998, mas ao descobrirem que havia uma banda irlandesa
de mesmo nome, mudaram para Marfa Lights. Sean também seguiu
tocando e formou o Rare. Os outros membros tiveram alguns projetos
ligados à música; alguns mais sérios e outros
só tocando por prazer.
O bom é que alguns
discos foram lançados por aqui, especialmente os dois da
Virgin. Os dois primeiros tiveram uma versão remasterizada
em CD, como é o caso de Manic Pop Thrill,
com faixas extras, como "V2", "Jesus Says",
"The Deadbeat", "Mine" e "Non-Alignment
Pact".
Deixo vocês com a
letra de "V2". Um abraço e até a próxima
coluna.
V2
I've got a june-bug crawlin'
It dears to come
It really dears to come
She could say no
No
No
Really tryin' tryin' to say no
Yes some easy trouble
It is a one way dream
Maybe I
Said no
No
No
And I've need
Plague for a partial
Called Captain Fear to come
As a rag-doll changed yours
It doesn't know
Know
Know
Discografia
Keen/A great depression
on a slum night (compacto, 1985)
V2 / Happiness drives me round the bend (compacto, 1985)
It's a Good Thing / The deadbeat (compacto, 1986)
Manic Pop Thrill (1986)
The Peel Sessions (EP, 1986)
Babble (1987)
The End of the Millennium Psychosis Blues (1988)
Live (EP, 1988)
The Peel Sessions - BBC Archives (EP, 1989)
The Peel Sessions (EP, 1989)
Chemicrazy (1990)
Exploded View (1993)
Fireproof (1993)
Final Flame (2000)
|