Originária de um racha conturbado dos Sisters of Mercy, a banda The Mission teve sem dúvida um início pra lá de tumultuoso. Em primeiro lugar, as brigas de ego que dividiram os Sisters deu muito assunto para a imprensa musical e as “candinhas” de plantão. Começando sem dúvida com a saída de Gary Marx, o guitarrista e co-fundador do Sisters, que após deixar o grupo, saiu alfinetando os ex-colegas sem dó. Depois seguiram-se os desentendimentos entre Wayne Hussey e Eldritch, culminando finalmente com a dissolução dos Sisters.
Mas esse era apenas o início, pois a verdadeira guerra estava apenas começando. Com o fim da banda os músicos haviam se comprometido a não utilizar mais em hipótese alguma o nome The Sisters of Mercy.
A princípio Craig Adam e Wayne Hussey tentaram, sem sucesso algum, conseguir contrato com alguma gravadora. Finalmente, depois de muito procurar, decidem apelar para a magia do antigo nome e se auto-denominam “The Sisterhood” (além da evidente alusão aos Sisters era também o nome de um fã clube da banda). Assim a “irmandade” começa a fazer shows ao vivo. Fazem sua primeira apresentação em um clube de Londres chamado Alice In Wonderland, tocando as músicas “Wastland”, “Serpent’s Kiss” e “Severina”, canções compostas quando a dupla ainda fazia parte do Sisters.
Tal procedimento sem dúvida não agradou Eldritch que julgou a atitude deles uma espécie de traição. Furioso resolveu fazer alguma coisa, como não podia processá-los judicialmente, arquitetou um plano para “passar a perna” nos ex-colegas, simplesmente adotou o nome “The Sisterhood” primeiro, e aproveitando-se da posse do selo Merciful Release, gravou só de farra e para provocá-los um single chamado Giving Ground. Ainda como Sisterhood, Eldritch lançou o EP Gift (uma palavra alemã para veneno). Eldritch confessou que seu único objetivo com o projeto era “provocar” os ex-colegas.
Dessa forma, Hussey e Craig Adam tiveram que abdicar do nome “Sisterhood” e passaram a se chamar simplesmente “Mission”. Hoje em dia, devido a um acordo feito entre Eldritch e os membros do Mission, os músicos não tocam mais nesse assunto, contudo na época isso rendeu farpas venenosíssimas de ambas as partes.
Eldritch declarou com sarcasmo “Qualquer um pode sair e se tornar Alarm ou The Cult, que é exatamente o que eles são”. E sobre as covers dos Sisters realizados pelo The Mission dizia “Eles apenas as fazem soar como um tosco Echo and the Bunnymen”. Quanto a Hussey afirmava “A maioria das canções que estamos tocando no The Mission são canções rejeitadas por Eldritch para o segundo álbum dos Sisters. Isso é irônico, porque atualmente ele vê nossos shows e me diz o quão boas elas são”.
Agora deixando as pendengas de lado falemos do The Mission, que afinal de contas, é uma banda que também tem muita história pra contar.
Assim, no final de 1985, na cidade de Leeds, Inglaterra, a dupla Wayne Hussey e Craig Adam criou o Mission, também chamado de Mission UK (o acréscimo no nome se deveu ao fato de existir uma banda americana de R&B também chamada Mission). Hussey que no Sister era guitarrista acabou assumindo os vocais na nova banda, pois Craig não queria de forma alguma ser vocalista e preferiu continuar no baixo. Para completar o grupo convidaram Simon Hinkler (guitarra) e Mick Brown (bateria). Fazem sua primeira apresentação como The Mission no Electric Ballroom, em Londres.
No início de 1986 embarcam em sua primeira turnê através da Europa acompanhando o Cult. É importante destacar que a sonoridade da banda não lembra muito aquilo que poderíamos considerar como o som de um grupo tipicamente “gótico”, o Mission é na verdade uma banda de rock de guitarras, quase hard, o que explica a proximidade com o Cult, banda que, posteriormente, contaria inclusive com a participação de Craig Adam (e que perderia Matt Sorum para o Guns’n’Roses).
Durante essa turnê ocorreu um episódio curioso. Em uma das apresentações Ian Astbury e Billy Duffy do Cult subiram ao palco para tocar com o Mission em uma espécie de jam session, e algumas pessoas garantem que Andrew Eldritch estava lá na platéia assistindo tudo. E segundo declarações de Hussey, ele de fato teria assistido ao show, chegando inclusive a procurar os ex-colegas depois da apresentação, e elogiado sem ressentimentos, o show. Convenhamos, uma atitude louvável, mas improbabilíssima. Ainda em 1986 lançaram dois singles Serpent’s Kiss e Garden Of Delight/Like A Hurricane. Ambos atingiram as primeiras posições na parada independente britânica, sendo que Serpent’s Kiss foi simplesmente o single independente mais vendido do ano.
Apesar de Hussey e Adam ainda estarem presos à Warner (a gravadora que contratara os Sisters e que não tinha interesse pelo Mission), eles puderam mesmo assim lançar os dois singles por um pequeno selo alternativo e foram liberados sem problemas pela Warner.
Em julho do mesmo ano assinaram contrato com a gravadora inglesa Phonogram Records. O primeiro single lançado pelo novo selo, Stay With Me, atingiu a 30ª posição na parada britânica.
Em setembro lançam God’s Own Medicine, seu primeiro álbum que traz os clássicos “Stay With Me”, “Wasteland” e “Severina”. O disco produzido por Tim Palmer e tem um pé no hard e heavy metal e outro no pop-rock gótico oitentista tradicional. O nome literalmente significa “Remédio Concedido por Deus” e é um termo usado por alguns médicos para se referir à morfina, quando ela começou a ser usada.
Em algumas faixas (inclusive “Severina”) os backing vocals contam com a participação de Julianne Regan, vocalista da banda All About Eve. Para retribuir o gesto Wayne produziria o single Our Summer do All About Eve, que também contou com Mick na bateria. Wayne ainda arrumou tempo para gravar um single com Guthrie Handley chamado Where Was?. O All About Eve abriria vários shows para o Mission durante a década de 80.
A crítica musical saudou o primeiro álbum do Mission com declarações amargas, classificando-o de “enfadonho e tedioso, um misto de Led Zeppelin e Yes”. Entretanto, apesar dos ataques da crítica, God’s Own Medicine atingiu logo após seu lançamento a 14ª posição na parada britânica e foi disco de ouro na Inglaterra.
Durante os meses de outubro e novembro embarcaram em uma turnê britânica promovendo o novo o disco e os singles “Wastland” e “Severina”.
Em 1987 o The Mission realizou uma turnê pelo Grã-Bretanha, Europa e América. A popularidade da banda, principalmente junto ao público britânico torna-se cada vez maior, principalmente devido às boas colocações alcançadas pelos singles Wasteland (numero 11 na parada britânica) e Severina (que chegou à 25ª posição). O sucesso atingido pelo grupo fez com que fossem convidados a tocar no badalado festival de Reading como atração principal. Nesse mesmo ano abrem alguns shows do grupo irlandês U2 na fase européia da turnê The Joshua Tree.
Após a turnê iniciam as gravações de seu segundo álbum provisoriamente chamado “Children On Heat In America”, uma coletânea de seus recentes singles e lados B que acabou sendo lançada com o nome de The First Chapter. Lançam também um vídeo de um show gravado durante a turnê intitulado Crusade, com interpretações de “Wasteland”, “And The Dance Goes On”, “Garden Of Delight” e “Serpents Kiss” entre outras. O lançamento de material em vídeo ao vivo da primeira grande turnê do Mission é algo muito oportuno, considerando que, um dos elementos que contribuíram para tornar a banda famosa e querida pelos fãs era sem dúvida a atuação vibrante do grupo nos palcos.
A turnê de 1987 foi tão desgastante e foram tantas as apresentações que Craig Adam acabou sofrendo um colapso nervoso em Los Angeles e acaba voltando mais cedo para casa, entretanto a turnê prossegue mesmo assim.
Em 1988 lançam Children, o famoso álbum que contou com a produção de ninguém menos que John Paul Jones (Led Zeppelin). O disco a exemplo de God’s Own Medicine, também foi ouro na Inglaterra. Após o lançamento do álbum realizam uma nova turnê mundial. Lançam o single “Tower Of Strength” que torna-se um sucesso mundial, atingindo pela primeira vez a parada americana. Nesta turnê mundial, desta vez o Mission se apresenta em lugares maiores, as chamadas “arenas”. Nos Estados Unidos acompanham a banda The Cure. Durante a turnê americana surgiu uma pequena polêmica em relação à execução da música “Dream On” do Aerosmith, pois alguns fãs carrancudos reagiram mal por não apreciaram muito a versão criada pelo Mission, que acabou desistindo de tocá-la em outras apresentações. Na parte inglesa da turnê fizeram sete shows, todos com lotação esgotada, no Astoria de Londres. Durante algumas dessas apresentações John Paul Jones subiu ao palco e tocou com a banda. Lançam a seguir o single “Beyond The Pale”. “Kingdom Come” seria o próximo single a ser lançado ainda em 1988, entretanto o lançamento é cancelado pois a banda teria que produzir um vídeo para isso. No fim do ano o The Mission é eleito por várias revistas de música como a banda do ano.
No ano de 1989 tocam em vários festivais da Europa e são, pela segunda vez, convidados para participar do festival de Reading como atração principal. Também se apresentam no festval de Hillsborough, evento de caráter beneficente. Na metade do ano começam a trabalhar em seu quarto álbum Carved In Sand, gravado em Surrey, e que contou com a produção de Tim Palmer (que já havia produzido God’s Own Medicine). Foram gravadas ao todo vinte faixas e dessas apenas 10 foram escolhidas para fazer parte do álbum. Próximo do término das gravações, alguns fãs da banda, selecionados através do fã clube oficial, puderam visitar o estúdio e ouvir em primeira mão o material gravado.
Após as gravações o The Mission faria uma pequena apresentação para o fã clube do grupo na Escócia, seguido de um concerto especial no Wembley Arena.
O lançamento do disco estava previsto para o final do ano, entretanto a gravadora Phonogram decidiu segurar o lançamento de Carved In Sand para não atrapalhar o lançamento e as vendas de uma outra banda da casa, o duo Tears For Fears, grupo de Roland Orzabal e Curt Smith que na época estavam para lançar The Seeds of Love.
Assim, enquanto o Mission aguardava a liberação do disco retido pela gravadora, sai o primeiro single do álbum: Butterfly On A Wheel.
Apenas no início de 1990 saí o álbum “Carved In Sand”. O lançamento é acompanhado de uma nova turnê mundial iniciada na Grã-bretanha seguindo depois pelo resto da Europa. Durante a turnê são lançados mais dois singles: Deliverance e Into The Blue. Em abril, no início da turnê Americana o guitarrista Simon Hinkler sai da banda, o que quase provoca o fim do Mission. Os motivos seriam a intensa pressão emocional e a dependência e abuso de drogas. Problemas que, com certeza, estavam afetando também a banda, que nessa ocasião quase chegou a se separar. Entretanto, após a saída de Hinkler decidem simplesmente continuar a turnê, mesmo sem ele.
As canções que sobraram das gravações de Carved In Sand são lançadas em um novo álbum chamado Grains Of Sand. Além das canções que ficaram de Carved In Sand fazem parte desse trabalho algumas músicas de álbuns anteriores em versões diferentes. A canção “Hands Across The Ocean” produzida por Andy Partridge (guitarrista do XTC) torna-se um novo hit nas paradas.
Realizaram uma turnê na Nova Zelândia, e durante um intervalo nas apresentações aconteceu mais um episódio curioso. Os membros do The Mission jogaram com o time de futebol neozelandês, e inacreditavelmente, ganharam a partida, ainda por cima com Wayne fazendo um belo “chapéu” e um golaço depois de driblar o goleiro. Depois ainda gravaram uma musiquinha de natal com os grupos locais The Metal Gurus e Slade, intitulada “Merry Christmas everybody”!
1991 foi um ano calmo para o Mission comparado aos que viriam a seguir. Logo no começo do ano Wayne se casa com Kelly, que ele havia conhecido durante a turnê americana de 1990. Depois de muita insatisfação com a antiga gravadora mudam de casa e assinam com a Vertigo Records. Iniciam os trabalhos para o novo disco Masque. Os ensaios são feitos na nova casa de Wayne, em uma espécie de celeiro reformado, em Herefordshire. Apresentam-se como banda principal no Finsbury Park em junho, onde apresentam ao público algumas das novas canções que fariam parte do novo disco. Simon retorna a banda apenas para participar da gravação de algumas canções do novo trabalho.
Em 1992 Masque é lançado. O álbum é sem dúvida uma significativa mudança de estilo da banda. Na verdade originalmente planejado para ser um álbum solo de Hussey, acabou saindo como um disco do Mission, o que cansou estranheza e desapontamento nos fãs. O disco traz de fato um som bem diferente do The Mission original, com influências eletrônicas e de dance music. Como não se pode desagradar a todos, dessa vez a crítica, curiosamente, elogiou o material. Como resultado, a banda decidiu não excursionar com as canções do novo álbum. Devido à má repercussão do disco acabaram retornando a antiga gravadora a Phonogram Records.
Em setembro, é a vez de Craig Adam deixar o Mission, despedido por Wayne devido a divergências que surgiram com o lançamento de Masque, cujo fracasso provocou, sem dúvida, atritos na banda. Depois de sair do Mission Craig Adam passou a fazer parte do Cult.
O grupo agora se resumia a Wayne e Mick. Os dois então resolveram por um anúncio no jornal à procura de um novo baixista e dois novos guitarristas. Enquanto esperam iniciam a gravação de fitas demo com idéias de canções para um novo disco provisoriamente batizado de With A Bullet.
Para preencher as vagas de músicos no Mission entram Rik Carter (teclados e guitarra), Mark Gemini Thwaite (guitarras) e Andy Cousin (baixo). Com essa formação a banda volta a se apresentar. No dia 21 de agosto tocam no concerto beneficente “Off The Streets Benefit“, em Leeds e no Country Club – onde os grupos Cud e The Utah Saints também tocaram. Andrew Eldritch subiu ao palco e tocou duas canções com The Utah Saints, foram elas “Gimme Shelter” (The Rolling Stones) e “New Gold Dream” (Simple Minds). A participação de Andrew Eldritch no show onde também tocaria o Mission trouxe aos fãs do Sisters (muitos presentes no local estavam usando camisetas da banda) falsas esperança sobre uma possível reunião do antigo grupo. Uma reunião ainda que apenas para aquela apresentação foi tentada pelos organizadores no backstage. Entretanto, nada se conseguiu, e os fãs ficaram só na vontade.
Com a presença dos novos integrantes, o Mission começou os trabalhos para a gravação de seu próximo álbum agora chamado “Dog Lover”. As faixas gravadas incluiam “Daddy’s Going To Heaven Now”, “Raising Cain”, “Valentine”, “Gung Ho”, “Cold As Ice”, “Rush”, “Neverland” e “Cry Like A Baby”. Foi gravada uma nova versão de “Tower Of Strength”, remixada por Youth (Martin Glover Youth), baixista do Killing Joke, e lançada como um single. No lado B do single aparece uma nova versão de “Wasteland” remixada e com novos vocais.
Em 1993 é lançada a biografia The Mission: Names are for Tombstone, Baby (atualmente esgotada) de autoria de Martin Roach, que já biografou artistas tão dispares quanto Eric Clapton, Madonna, Eminem, Sid Vicious, Nine Inch Nails, Nirvana, REM, Kid Rock e até mesmo as insossas Jennifer Lopez e Britney Spears.
Ainda esse ano sai o disco ”No Snow, No Show” For the Eskimo (BBC Radio 1 Live in Concert), fruto de gravações da banda ao vivo durante o famoso programa de rádio.
Em 1994 lançam Sum and Substance, uma coletânea que traz todos os singles da banda e mais duas faixas inéditas “Afterglow” e “Sourpuss”. As canções “Valentine” e “Cold As Ice” são relançadas como lados B do EP “Afterglow”. Enquanto realizavam a turnê britânica “Recce ’94”, começam a haver novos desentendimentos com a gravadora Phonogram. Entretanto, nesse ponto não se sabe ao certo se foi o Mission dessa vez que deixou a gravadora ou se a Phonogram é que demitiu o Mission. Os motivos para a possível demissão estariam no fraco desempenho do single Afterglow nas paradas e nas parcas vendagens de Sum and Substance, apesar de ter recebido boas críticas; aqui, mais uma vez, crítica e público estavam em lados opostos.
O certo é que novamente o Mission deixa a Phonogram, só que dessa vez resolvem criar seu próprio selo independente que passa a se chamar Neverland.
O novo álbum lançado pelo selo do grupo também se chamou Neverland e seria lançado no final do ano. O disco incluía algumas faixas gravadas no ano anterior e incluía uma nova versão remixada de “Afterglow”.
Em outubro saiu o EP “Raising Cain” que atingiu a 11ª colocação na parada independente. Esse disco também é chamado Mission 1 EP e traz as faixas “Raising Cain”, “Sway” e “Neverland”. Anunciam uma turnê para divulgação do novo trabalho, entretanto acabam desmarcando devido a atrasos na finalização de Neverland. Assim uma nova data para a turnê é marcada para abril de 1995.
Em janeiro de 1995 “Swoon” é lançado como um single atingindo o 8º lugar na parada independente. Em fevereiro, Neverland, que demorou quase um ano para ficar pronto, é finalmente lançado.
Segue-se o lançamento do single “Lose Myself In You”, em março. Curiosamente este disco saiu em todos os países da Europa menos na Inglaterra.
Em abril realizam uma bem sucedida turnê européia. Alguns shows da turnê “Neverland” foram gravados e as faixas selecionadas apareceram no EP Live , lançado em maio, e também chamado Neverland. As canções que fizeram parte do disco foram: “Heaven Knows”, “Sway”, “Swoon” e “Raising Cain” e foram gravadas em um show que a banda fez em Dusseldorf, na Alemanha, durante a respectiva turnê. Esse EP também não foi lançado na Inglaterra.
Wyane e Mark também tocaram em uma pequena apresentação acústica em um clube na África do Sul.
Depois do lançamento destes discos e da turnê fecham contrato com a Sony/Dragnet da Alemanha.
Em 1996 iniciam a gravação do álbum Blue. Ao contrário da demora do disco antecessor, este trabalho foi finalizado em apenas oito semanas, sendo lançado no dia 03 de junho. Foi divulgado que este disco seria o último do Mission, pois a banda iria se separar. Coming Home é lançado como um single. Em um vídeo para a promoção do single, Craig Adam foi convidado a fazer uma pequena participação e aceitou. Ele faria uma aparição surpresa, descendo de um trem em uma estação perto de Brigghton. Entretanto, devido a um atraso nas filmagens, isso acabou não sendo possível.
Assim, logo após o lançamento do álbum Blue o Mission começou o que seria uma turnê de despedida pela Inglaterra e Alemanha. Em 11 de agosto tocaram com o The Cure no Los Angeles Forum. O último show da turnê de despedida aconteceu no dia 26 de outubro em um festival na África do Sul. Na ocasião, Wayne anunciou que se mudaria para os Estados Unidos com sua esposa e que passaria a trabalhar apenas como produtor.
Andy Cousins e Rick Carter passaram a fazer parte do All About Eve; Mick começou a trabalhar com o Oasis; Mark Gemini-Thwaite participou da banda All About Eve por um tempo. Depois começou um projeto com Tricky (ex-Wild Bunch e membro do Massive Attack) e atualmente faz parte da banda New Disease.
Assim, durante cerca de três anos, o Mission acabou e seus ex-integrantes foram cada um cuidar das suas vidas.
O ano de 1999 é marcado pelo retorno de várias bandas clássicas do “rock gótico” como Bauhaus, Fields of the Nephilim e Garden of Delight. Inspirados por tantos retornos, Wayne Hussey e Craig resolvem reformar e reativar a antiga banda. Convidam Scott Garrett para a bateria e fazem uma turnê mundial para marcar sua volta. O retorno de Mark Twhaite completa a banda. A turnê batizada adequadamente de “Ressurrection” contou com a participação das bandas Gene Loves Jezebel, Mike Peters e All About Eve. Em novembro de 1999 é lançado o disco Resurrection, uma coletânea de hits da banda.
No ano seguinte realizam a turnê mundial “Recon 2000”, onde excursionaram com a banda Underdogg abrindo os shows do Mission na Inglaterra e Reino Unido. Destacaram-se as apresentações memoráveis nos festivais Eurorock e M’era Luna.
Também não posso deixar de comentar as apresentações em junho da banda no Brasil. Foram quatro apresentações marcadas para os dias 16 em São Paulo (Via Funchal), 18 no Rio (ATL Hall) , 21 em Brasília (Space World) e 22 em Curitiba (Fórum).
Em São Paulo, onde a banda tocou para cerca de 3000 pessoas aconteceu um episódio pitoresco. O baterista Scott Garrett, devido a problemas com seu passaporte e conexões de vôo não pode chegar a tempo para a apresentação e foi substituído por Bacalhau, baterista da banda brasiliense Rumbora, que tocou muito bem por sinal. Scott Garret tocou nos outros shows da banda sem maiores problemas. No final das apresentações os membros da banda vinham para o bis vestidos com camisas da seleção brasileira de futebol. Na última apresentação na Brasil, em Curitiba, como uma forma de agradecer a ajuda de Bacalhau, e mediante pedido de Wayne Hussell, incluiu-se de última hora na realização do show a participação do Rumbora abrindo para o Mission. E para fechar com chave de ouro a passagem do Mission pelo Brasil mais um episódio pitoresco… Scott ficou preso no toalete do camarim em Curitiba antes do show. A banda estava dispersa nas instalações do camarim, quando Wayne ouvindo pancadas na porta do toalete e gritos desesperados de Scott pedindo socorro, teria comentado “Vamos salvá-lo, senão teremos que recorrer novamente ao Bacalhau”.
Em agosto lançam o disco ao vivo Everafter com gravações da turnê “Ressurrection” e uma faixa de estúdio, a cover “Crazy Horses” do quinteto The Osmonds, gravada em 1992.
Enquanto isso a banda prosseguiu em uma concorrida turnê européia durante os meses de novembro e dezembro.
Terminam o bem sucedido ano assinando contrato com a gravadora inglesa Playground Recordings.
Após a exaustiva e bem sucedida turnê começam a trabalhar as faixas para um novo álbum que seria lançado em meados de 2001.
O novo disco Aura é lançado em novembro de 2001, foi gravado nos Estados Unidos e Inglaterra, e contou com a produção de Wayne Hussey e sendo mixado pelos produtores Dave Allen (The Cure, Sisters of Mercy) e Steve Power (Robbie Williams). O disco marcou o retorno ao velho estilo do Mission, trazendo após uma longa pausa mais um hit para a banda, a canção “Evangeline”. O disco lembra muito Children, e apesar de algumas faixas como “(Slave To) Dust” começarem com alguns sons eletrônicos, é mesmo a guitarra o grande destaque nas canções do disco. Sem dúvida uma agradável surpresa para os fãs da banda. Afinal, não é de hoje que vários grupos resolvem “voltar” apenas para recolher uns trocados e encher a paciência dos fãs com sobras de estúdio dos áureos tempos, composições “meia-boca” e apresentações idem. Em novembro foi lançado o single “Evangeline”.
Ainda em 2001 realizam uma turnê na Suíça, Áustria e Alemanha acompanhando a banda finlandesa de goth-rock HIM. Após essa turnê Mark Thwaite deixa o grupo.
Em 2002 realizam a turnê mundial do novo álbum também chamada “Aura”, que se estenderia de janeiro a setembro e contemplava países da Europa, América do Norte e América do Sul (Brasil, Argentina, Chile e Peru).
Durante a turnê de promoção do novo trabalho mais uma vez tocaram no Brasil. A turnê brasileira aconteceu em abril e incluiu em sua agenda shows em Recife (dia 19, Abril Pro Rock), Rio de Janeiro (dia 20, Monte Líbano) e em São Paulo (duas apresentações: uma no dia 21 no Olympia e um show acústico na Broadway no dia 23, apenas para convidados).
Entretanto, aconteceria durante a turnê sul-americana um terrível contratempo. O baixista Craig Adam resolveu simplesmente “abandonar” o Mission bem no meio da turnê.
Alegando problemas pessoas ele teria dado a notícia de que voltaria para a Inglaterra logo após o último show realizado em São Paulo, no dia 23 de abril. Assim para que a turnê pela América do Sul pudesse continuar os organizadores tiveram que arranjar bandas de apoio para acompanhar o Mission. Wayne Hussey teve inclusive a gentileza (e a decência) de avisar aos fãs o que estava acontecendo, até mesmo oferecendo a oportunidade daqueles que já haviam comprado o ingresso antecipadamente terem seu dinheiro de volta, caso não quisessem ver o show daquela maneira; pediu desculpas e adiou a turnê Norte-Americana para o final do Ano.
A partir de julho, Wayne Hussey apresentou-se sozinho abrindo para o Cure no Arvika Festival. Depois dessa apresentação fez vários shows pela Europa.
Somente a partir de setembro, o Mission pôde finalmente realizar a turnê nos Estados Unidos.
Desde outubro de 2002 Wayne mora no Brasil, em São Paulo, onde montou um estúdio, e continuou a compor.
Em 2002 foi lançado o disco Aura Delight uma coletânea de faixas raras e lados B.
No ano de 2003, como artista solo, munido apenas de uma guitarra acústica e um piano, fez uma turnê durante os meses de maio e junho, tocando inclusive no famoso festival Leipzig Wave Gothik. Também desenvolveu um projeto com o grupo Votiva Lux, fazendo algumas apresentações. Neste ano Wayne também excursionou como The Mission realizando a turnê européia Pilgrimage Tour.
O Mission praticamente se desintegrou com a saída de Craig durante a turnê de 2002, e existe hoje apenas como Wayne Hussey e músicos convidados.
Em abril, Hussey realizou a turnê Breathen que deve se estender até o final do ano.
Em janeiro de 2004 saiu um álbum intitulado Revisited, na verdade mais uma coletânea de gravações alternativas de canções do grupo, e em setembro foi lançada a coletânea de The Best Of pelo selo Cleopatra (dedicado ao estilo gótico). Como Wayne Hussey continua compondo é possível que em 2005 saiu um novo CD do Mission e talvez um vídeo com as últimas turnês realizadas.
Por enquanto, quem quiser ter mais algumas informações sobre a banda, pode visitar o site http://themissionuk.com, com muitas fotos das turnês e informações recentes.
Discografia
1986 God’s Own Medicine – Mercury
1987 The First Chapter – Mercury (coletânea de EPs)
1988 Children – Mercury
1990 Carved in Sand – Mercury
1990 Grains of Sand – Mercury
1991 Masque – Mercury
1993 “No Snow, No Show” For the Eskimo (BBC Radio 1 Live in Concert) – Windsong
1995 Neverland – Neverland
1996 Blue – Equator
2000 Ever After: Live – Receiver
2001 Aura – Playground/SPV
2002 Aural Delight – Playground Recordings (coleção de lados B e faixas que ficaram de fora do disco anterior)
Membros da Banda
Wayne Hussey – vocais – de 1985 até 2004 (único membro da formação original que continua atualmente)
Scott Garrett – bateria – entre 1999 e 2003
Craig Adam – baixo – primeiro entre 1985 e 1993 e na segunda vez entre 1999 e 2002.
Mark Gemini Thwaite – guitarras – entre 1992 e 2001
Mick Brown – bateria – entre 1985 e 1996
Simon Hinkler – guitarras – entre 1985 e 1990
Andy Cousin – baixo – entre 1992 e 1996
Rick Carter – teclados e guitarra – entre 1992 e 1996
Por Beatrix Algrave