383 – Iron Maiden – Powerslave e Live After Death

Um primoroso disco de estúdio, álbum duplo ao vivo, apresentação no Rock in Rio e, talvez, o melhor momento do quinteto. Os anos de 1984 e 1985 foram inesquecíveis para o Iron Maiden. Celebrados como a maior banda de heavy metal do planeta, arrastaram uma multidão para a única apresentação no Rock in Rio, onde eram o maior nome, ao lado do Queen.


Após o ótimo momento vivido em 1983, o Iron Maiden começou o ano de 1984 em estúdio gravando o novo LP.

No dia 9 de agosto, a banda inicia a monstruosa World Slavery Tour, a mais legendária turnê da banda, na Polônia.

O grupo inovava ao começar uma longa tour tocando nos países da antiga “Cortina de Ferro”. Seriam mais de 190 shows pelo mundo todo, abrindo novos mercados para a banda, que se tornaria uma das amadas entre os países do bloco comunista.

No dia 18 do mesmo mês é editado o compacto 2 Minutes to Midnight, que ficou em 11º lugar na parada britânica.

O título da canção faz referência ao relógio Doomsday, um relógio símbolo usado pelo Boletim dos Cientistas Atômicos.

Em setembro de 1953, o relógio alcançou 11:58, o mais próximo que chegou da meia-noite.

Isso ocorreu exatamente após Estados Unidos e a União Soviética testaram bombas H, duirante nove meses. Por isso, a canção era pacifista e foi escrita por Adrian Smith e Bruce Dickinson.

O lado B trazia uma cover do grupo Beckett, “Rainbow’s Gold”, além de “Mission from ‘Arry”.

No dia 15 de setembro é editado o LP Powerslave.

Novamente produzido por Martin Birch e com desenhos de Derek Riggs, o disco trazia o grupo em grande forma, já que Bruce se sentia bem mais solto – inclusive como compositor – e Nicko McBrain mais integrado ao grupo.

O grupo se propôs a um disco conceitual, com faixas ligadas do mesmo tema. Um dos destaques era a longa ‘Rime of the Ancient Mariner’ e é uma das faixas mais representativas da banda, inspirada em um Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), que conta a maldição sobre um marinheiro que mata uma gaivota.

O disco chegou ao segundo posto da parada britânica e trazia as seguintes faixas:

Lado A

01. Aces High (Steve Harris) 4:29
02. 2 Minutes to Midnight (Bruce Dickinson, Adrian Smith) 6:00
03. Losfer Words (Big ‘Orra) (Instrumental) (Harris) 4:13
04. Flash of the Blade (Bruce Dickinson) 4:02
05. The Duellists (Steve Harris) 6:07

Lado B

01. Back in the Village (Bruce Dickinson, Adrian Smith) 5:20
02. Powerslave (Bruce Dickinson) 6:48
03. Rime of the Ancient Mariner (Steve Harris) 13:36

O grupo fez alguns shows com fins filantrópicos, em Londres, no Hammersmith e no dia 3 de novembro é editado o novo compacto, Aces High, que narra a luta entre um piloto da RAF (Royal Air Force) contra um piloto alemão da Luftwaffe, durante a Segunda Guerra Mundial, em 1940.

O single chegou a ser editado no Brasil, na época, e traz uma cover do Nektar, no lado B, “King of Twilight”, além de uma versão ao vivo de “The Number of the Beast”. A canção ficaria apenas em 20º lugar na parada britânica de compactos.

Os shows são apoteóticos, com o grupo viajando por todos os cantos do mundo.

Seria a maior turnê da banda, que iria até o dia 5 de julho de 1985, deixando a banda completamente exausta, após 193 shows.

Nessa turnê destaca-se Bruce Dickinson, dono de enorme magnetismo e entrega nos palcos, que conseguia suplantar, inclusive o líder Steve Harris, de personalidade forte e controladora.

Os shows seriam marcados por performances fantásticas, mas, ao mesmo tempo, nasciam as primeiras crises que se arrastariam por anos e que iria, aos poucos, afastando Steve e Bruce.

Durante a turnê norte-americana a banda fez uma pausa para uma causa que deixaria a banda muito orgulhosa e seria considerada um dos maiores momentos da longa carreira do Iron Maiden: o Rock in Rio.

Considerado até hoje como o maior festival da América Latina, o Rock in Rio aconteceu no mês de janeiro de 1985, na cidade do Rio de Janeiro e reunia alguns artistas que jamais haviam pisado em solo brasileiro.

Nomes como Ozzy Osbourne, Scorpions, Yes, Rod Stewart, Queen causaram uma correria no mundo pelos ingressos. Apenas o Queen já havia tocado no Brasil, anos antes, quando lotara o estádio do Morumbi, em São Paulo.

O Iron tocaria na primeira noite, antes do Queen, banda que encerraria a primeira noite. Seria também um dos últimos grandes momentos de Freddie Mercury nos palcos.

A noite de estréia começou tensa, pois, inexplicavelmente, a organização colocou artistas brasileiros, como Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Erasmo Carlos e Ney Matogrosso para abrir a noite que tinha, além do Iron e Queen, o Whitenaske de David Coverdale.

Os artistas brasileiros foram praticamente expulsos pela horda de headbangers sedenta por seus ídolos.

Steve e Dave com meninos em favela, no RioO Maiden trouxe toda a estrutura de palco da América e Bruce foi protagonista de um acidente bizarro.

A performance começou exatamente faltando dois minutos para a meia-noite e durante “Revelations”, Bruce pegou uma guitarra, começou a dedilhar até que começou a brincar com ela.

Acidentalmente, aguitarra acabou atingindo sua testa, fazendo um corte acima do supercílio esquerdo. Apesar do sangue jorrando, Bruce não saiu do palco e continuou tocando como se nada tivesse acontecido.

O Iron foi a única banda que tocou apenas uma noite – as demais se apresentaram duas vezes – e especula-se que o cachê do grupo tenha girado entre US$ 250 mil e 500 mil, fato não confirmado.

Cerca de 250 mil pessoas assistiram a apresentação.

O show rendeu discos piratas e vídeos como o famoso World Slavery Tour – Live at Rock in Rio Festival (foto ao lado).

Após a apresentação, a banda voou para os Estados Unidos, onde tocaram por sete noites seguidas no Radio City Music Hall, em Nova York.

A banda se preparava para um imenso presente aos fãs, a gravação de um álbum duplo, ao vivo. Os shows escolhidos aconteceram entre os dias 14 e 17 de março, no Long Beach Arena, em Los Angeles.

Live After Death é um dos melhores discos ao vivo da história e pegava a banda no ápice da forma.

Com um texto impecável do produtor Martin Birch mostrando o dia-a-dia das gravações, além de dar vários detalhes técnicos das gravações e explicando porque gravaram em Los Angeles, o disco traz todo o show, trazendo um discurso do ex-ministro inglês Winston Churchill pedindo que os aviadores ingleses lutem com todo o coração contra o inimigo, antes da entrada com “Aces High”.

O álbum ficou em segundo na Inglaterra e, em 19º lugar, nos EUA e trazia a mais bela capa feita por Derek Riggs, com Eddie saindo do túmulo. A lápide de onde saía trazia versos do conto A Cidade Sem Nome, do escritor de terror H. P. Lovecraft:

“That is not dead which can eternal lie
Yet with strange aeons even death may die.”

O disco trazia as seguintes faixas:

Lado A

01. Intro: Churchill Speech / Aces High 5:28
02. 2 Minutes to Midnight 6:02
03. The Trooper 4:30
04. Revelations 6:10
05. Flight of Icarus 3:40

Lado B

01. Rime of the Ancient Mariner 13:22
02. Powerslave 7:34
03. The Number of the Beast 4:34

Lado C

01. Hallowed Be Thy Name 7:29
02. Iron Maiden 4:20
03. Run to the Hills 3:54
04. Running Free 8:43

Lado D

01. Wrathchild 3:05
02. 22 Acacia Avenue 6:19
03. Children of the Damned 4:36
04. Die With Your Boots On 5:13
05. Phantom of the Opera

Um compacto foi editado para a promoção, com a versão Running Free do álbum, lançado em 14 de outubro de 1985.

Após o final da turnê, a banda resolveu tirar seis meses de descansos, fartos que estavam da rotina e um dos outros.

A volta só aconteceria em 1986 com um álbum bem mais experimental.

Mas isso é papo para outra coluna. Um abraço e até mais.

Discografia

Singles

“Running Free” (1980)
“Sanctuary” (1980)
“Women in Uniform” (1980)
“Twilight Zone” (1981)
“Purgatory” (1981)
“Run to the Hills” (1982)
“The Number of the Beast” (1982)
“Flight of Icarus” (1983)
“The Trooper” (1983)
“2 Minutes to Midnight” (1984)
“Aces High” (1984)
“Running Free (live)” (1985)
“Run to the Hills (live)” (1985)
“Wasted Years” (1986)
“Stranger in a Strange Land” (1986)
“Can I Play with Madness” (1988)
“The Evil That Men Do” (1988)
“The Clairvoyant” (1988)
“Infinite Dreams” (1989)
“Holy Smoke” (1990)
“Bring Your Daughter to the Slaughter” (1990)
“Be Quick or Be Dead” (1992)
“From Here to Eternity” (1992)
“Wasting Love” (1992)
“Fear of the Dark (live)” (1993)
“Hallowed Be Thy Name (live)” (1993)
“Man on the Edge” (1995)
“Virus” (1996)
“The Angel and the Gambler” (1998)
“Futureal” (1998)
“The Wicker Man” (2000)
“Out of the Silent Planet” (2000)
“Run to the Hills (live)” (2002)
“Wildest Dreams” (2003)
“Rainmaker” (2003)
“The Number of the Beast (live)” (2005)
“The Trooper (live)” (2005)
“The Reincarnation of Benjamin Breeg” (2006)
“Different World” (2006)

Discos

Iron Maiden (1980)
Killers (1981)
The Number of the Beast (1982)
Piece of Mind (1983)
Powerslave (1984)
Live After Death (1985)
Somewhere In Time (1986)
Seventh Son of a Seventh Son (1988)
No Prayer For The Dying (1990)
Fear Of The Dark (1992)
A Real Live One (1993)
A Real Dead One (1993)
Live at Donington (1993)
The X Factor (1995)
Virtual XI (1998)
Ed Hunter (1999)
Brave New World (2000)
Rock in Rio (2002)
Beast Over Hammersmith (2002)
The BBC Archives (2002)]
Edward the Great (2002)
Dance of Death (2003)
Best Of The B-Sides (2004)
Death on the Road (2005)
The Essential Iron Maiden (2005)
A Matter Of Life And Death (2006)
Somewhere Back In Time (2008)