417 – Dave Matthews Band – Crash

Em 1996 fui apresentado a um grupo novo que fazia sucesso com uma bela balada de nome “Crash into Me”. Apesar de muitos considerarem o grupo extremamente pop e de uma levada perfeita para os moldes da MTV, acabei adorando o som e comprei vários discos do grupo. O tempo passa e eis que, anos depois, reencontro o CD Crash, que teima em deixar meu fone de ouvido e me lembro de todos aqueles bons sons. E como tudo que é bom deve ser dividido e divulgado, cá estou.


A história do Dave Matthews Band, um das bandas mais simpáticas da América e com uma legião monstruosa de fãs começa bem longe dos Estados Unidos, mais precisamente em Johannesburg, na África do Sul, onde nasceu David John Matthews, no dia 9 de janeiro de 1967.

Aos dois, a família de Dave resolveu mudar para a América, já que seu pai conseguira uma colocação na IBM, em Nova York. Cinco anos depois, a família torna-se a mudar, agora para Cambridge, Inglaterra. Mas retornam em 1975. Após a morte do pai, em 1977, de câncer no pulmão, em 1977, a família retorna à África do Sul.

Com 18 anos, Dave é convocado para o serviço militar obrigatório, uma das exigências do governo sul-africano da época. Dave acaba se recusando a prestar tal ordem e volta para a América, indo morar em Nova York.

Após trabalhar alguns meses na mesma IBM de seu pai, muda-se para Charlottesville, Virginia, onde sua mãe se encontrava e onde seus pais haviam morado antes de Dave ter nascido.

Na cidade, Dave começa a desenvolver uma ligação com os músicos locais, além de mostrar talento como ator. Na cidade, começa a desenvolver novamente a paixão em tocar violão, instrumento que havia aprendido na infância. Aos poucos, começa a escrever músicas e, em 1991, resolve montar um grupo.

Ajudado por Tim Reynolds – com quem gravaria alguns discos depois – e pelo amigo Ross Hoffman, Dave sai à caça de músicos.

Nessa época, final de 1990, começo de 1991, Dave era apenas um garçom no Miller’s Bar e foi apoiado por Hoffman a gravar uma demo com suas composições. Timidamente, Dave pede para o baterista Carter Beauford (Carter Anthony Beauford, 02/11/1958, Charlottesville) e o saxofonista LeRoi Moore (LeRoi Holloway Moore, Charlottesville, 07/09/1961 – 19/08/2008), veteranos de cena de jazz local, ajudarem na gravação da demo. Mesmo não botando muita fé, os dois resolvem dar uma mão.

O primeiro ensaio foi terrível com os três, mas eles resolveram insistir, desde que achassem mais músicos. Assim, para o baixo, recrutou-se Stefan Lessard (Stefan Kahil Lessard, Anaheim, 04/06/1974), recomendado por John D’earth. Completaram o time o tecladista Peter Griesar (Westchester County, 1969), um ex-garçom do mesmo Miller’s e o violinista clássico Boyd Tinsley (Boyd Calvin Tinsley, Charlottesville, 16/05/1964).

A primeiro demo continha “The Song That Jane Likes,” “Recently,” e “Tripping Billies. Os primeiros ensaios logo se inciaram e, em abril de 1991, no Earth Day Festival, o público faz sua primeira apresentação pública. Mas, a banda considera sua primeira apresentação oficial apenas no dia 11 de maio do mesmo ano, em uma festa particular em no teto de um galpão rosa no centro de Charlottesville.

A banda, na verdade, ainda não tinha um nome e tornou-se “Dave Matthews Band”, quase por acidente. Segundo LeRoi Moore, o grupo tinha uma apresentação agendada e apenas deram o nome de “banda do Dave Matthews”. Como não havia tempo para trocarem e o grupo começou chamar a atenção, acabou sendo batizada mesmo de Dave Matthews Band.

O grupo tinha grande prestígio na cidade e tocavam em pequenas festas, e tornaram-se nomes fixos às terças-feiras no clube Trax. Esses shows hoje em dia são pirateados pelos fãs e existia uma série de nome Live Trax, com 17 shows vendidos apenas no site do grupo.

A banda ficou quase dois anos tocando regularmente no local, e logo perderia Peter Griesar após o show do dia 23 de março de 1993, que não sabia qual rumo que o grupo tomaria e temendo que Dave não quisesse ter uma carreira de músico na estrada.

No mesmo ano, no entanto, assinam com o selo independente Bama Rags e lançam o álbum ao vivo Remember Two Things, editado em 9 de novembro de 1993 e reeditado pela RCA, em 1997.

As canções foram gravadas no The Flood Zone, em Richmond, Virginia, no dia 10 de agosto e no The Muse Music Club, em Nantucket, nos dias 17, 7 e 18 de agosto de 1993 e foi o álbum que estreou na parada independente na melhor colocação até então, mostrando o prestígio do grupo. O disco teve a participação de Tim Reynolds em “Minarets”, “Seek Up”, “I’ll Back You Up”, e “Christmas Song”.

Uma curiosidade: nesse CD a banda é chamada, pela primeira e última vez de “The Dave Matthews Band”.

O CD trazia as seguintes faixas:

1. “Ants Marching” (live) — 6:08
2. “Tripping Billies” (live) — 4:49
3. “Recently” (live) — 8:42
4. “Satellite” (live) — 5:01
5. “One Sweet World” (live) — 5:18
6. “The Song That Jane Likes” (live)(David Matthews, Mark Roebuck) — 3:33
7. “Minarets” — 4:22
8. “Seek Up” — 7:20
9. “I’ll Back You Up” (live acoustic) — 4:26
10. “Christmas Song” (live acoustic) — 5:34

No início de 1994, lançam o EP Recently, ainda pela Bama Rags, que trazia uma cover de Bob Dylan e uma polêmica na capa do CD promocional, já que a modelo mostrava uma pequena parte dos seus seios, ao lado de um homem segurando uma abóbora.

A foto acabou sendo editada de forma que o homem cobrisse a mulher parcialmente e sem ver a abóbora. A capa original é hoje um dos itens mais procurados por fãs.

O EP trazia as seguintes faixas:

1. “Recently” (Edit 2) – 3:53
2. “Dancing Nancies” – 5:54
3. “Warehouse” – 5:10
4. “All Along the Watchtower” (Dylan) – 7:03
5. “Halloween” – 6:30

Após dois discos de relativo sucesso, foram contratados pela RCA ainda em 1994 e no mesmo ano lançam o primeiro CD só com músicas de estúdio, Under The Table and Dreaming, no dia 07 de setembro.

O lançamento é acompanhado da primeira turnê nacional do grupo. O disco trazia os singles “What Would You Say”, “Satellite,” and “Ants Marching” e é dedicado à irmã de Dave, Anne, que foi morta pelo marido, que depois se suicidaria.

O disco vendeu mais de 3 milhões de cópias e chegou ao 11º lugar na parada. Ele trazia as seguintes músicas:

1. “The Best of What’s Around”
2. “What Would You Say”
3. “Satellite”
4. “Rhyme & Reason”
5. “Typical Situation”
6. “Dancing Nancies”
7. “Ants Marching”
8. “Lover Lay Down”
9. “Jimi Thing”
10. “Warehouse”
11. “Pay for What You Get”
12. “#34”

Durante dois anos a estrada era o ritmo natural do grupo que viu sua base de fãs crescer sem parar.

Os shows do grupo eram sempre celebrados com grandes improvisações e jams para a alegria dos presentes.

Dave ia se tornando umas das pessoas mais queridas e acessíveis do meio e, apesar de líder, jamais exerceu tal cargo. Os cinco músicos tinham total liberdade no palco, criando um forte clima de comunhão.

Com mais entrosamento e novas composições, a banda se prepara para gravar um novo disco e que iria mudar radicalmente a vida do grupo, levando o nome Dave Matthews Band a outro patamar: Crash.

Crash seria o maior sucesso comercial do grupo, chegando ao segundo posto da parada e vendendo mais de 4 milhões de cópias e com cinco compactos na parada de suceso: “Too Much”, “So Much to Say”, “Two Step”, “Crash into Me” e “Tripping Billies”.

As gravações consumiram quase três meses, entre outubro de 1995 e janeiro de 1996. Crash trazia grandes momentos como a abertura de “So Much to Say”, premiada com o Grammy de melhor performance de rock ou duo, no ano seguinte. Além disso, tinha momentos delicados como “Two Step” ou a belíssima balada “Crash into Me”, o maior clássico do combo.

O disco tinha as seguintes músicas:

1. “So Much to Say” – 4:06
2. “Two Step” – 6:27
3. “Crash into Me” – 5:16
4. “Too Much” – 4:22
5. “#41” – 6:39
6. “Say Goodbye” – 6:12
7. “Drive In, Drive Out” – 5:55
8. “Let You Down” – 4:07
9. “Lie in Our Graves” – 5:42
10. “Cry Freedom” – 5:54
11. “Tripping Billies” – 5:00
12. “Proudest Monkey” – 9:11

O grupo celebrou o sucesso com outra excursão e longo e apaixonantes shows.

As canções haviam se tornando mais sofisticadas, especialmente o violão de Dave e os arranjos do violino de Boyd Tinsley.

Consagrados nacionalmente, o grupo seguiu o incessante ritmo de shows e gravações. Em 2008, no entanto, a banda sofreu um sério baque com a morte de LeRoi em um acidente com uma espécie de moto de com quatro rodas, muito popular na América e batizado de all-terrain vehicle, no dia 30 de junho. Devido às escoriações e problemas decorrentes, LeRoi veio a falecer no dia 19 de agosto, no Hospital Presbiteriano, em Los Angeles.

Deixo vocês com a discografia da banda. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

como The Dave Matthews Band

Remember Two Things (1993)

como Dave Matthews Band

Singles

“What Would You Say” (1994)
Jimi Thing” (1994)
Typical Situation” (1994)
“Ants Marching” (1995)
“Satellite” (1995)
“Too Much” (1996)
“So Much to Say” (1996)
“Two Step” (1996)
“Crash into Me” (1996)
“Tripping Billies” (1996)
“Don’t Drink the Water” (1998)
“Stay (Wasting Time)” (1998)
“Crush” (1998)
“Rapunzel” (1999)
“I Did It” (2001)
“The Space Between” (2001)
“Everyday” (2001)
“Where Are You Going” (2002)
“Grace Is Gone” (2002)
“Grey Street” (2002)
“American Baby” (2005)
“Dreamgirl” (2005)
“Everybody Wake Up (Our Finest Hour Arrives)” (2006)
“Smooth Rider” (2006)
“Funny the Way It Is” (2009)
“Why I Am” (2009)
“You and Me” (2009)

Discos

Recently (EP, 1994)
Under the Table and Dreaming (1994)
Crash (1996)
Before These Crowded Streets (1998)
Everyday (2001)
The Lillywhite Sessions (leaked, unreleased album) (2001)
Busted Stuff (2002)
Stand Up (2005)
Big Whiskey and the GrooGrux King (2009)

Discos ao vivo

Live at Red Rocks 8.15.95 (1997)
Listener Supported (1999)
Live at Luther College (Dave Matthews and Tim Reynolds) (1999)
Live in Chicago 12.19.98 (2001)
Live at Folsom Field, Boulder, Colorado (2002)
The Central Park Concert (2003)
The Gorge (2004)
Weekend on the Rocks (2005)
Live at Radio City (Dave Matthews and Tim Reynolds) (2007)
Live at Piedmont Park (2007)
Live at Mile High Music Festival (2008)
Europe 2009 (2009)
Live in Las Vegas (Dave Matthews and Tim Reynolds) (2010)