Apesar de extremamente batido hoje, o sampler era pouco conhecido no início dos anos. E um dos grupo que melhor soube utilizá-lo foi um trio formado por um dois suíços e um italiano, The Young Gods. Em uma carreira longa, de mais 25 anos, os Young Gods se tornaram uma lenda cult e um dos grupos mais interessantes surgidos fora do eixo Inglaterra-EUA. O líder e mentor da banda atende pelo nome Franz Treichler, um guitarrista suíço que havia se enchido das limitações dos grupos pops e new waves, na década de 80 e resolve testar uma nova febre, o sampler. Franz vivia em Genebra e acabou ficando amigo do italiano Cesare Pizzi e mostrou suas primeiras composições feito com sampler e guitarra para Pizzi. Suas idéias era misturar o punk com a força da música clássica, de uma maneira única. O duo começou a ensaiar sem parar, e deram o primeiro show em 1985. A essa altura, eles já eram batizados de The Young Gods, tirando de uma canção da banda britânica, Swans. Após a primeira apresentação, foi incorporado o percussionista suíço Frank Bagnoud – verdadeiro nome Patrice Bagnoud – e a banda ganha sua primeira formação fixa. Mesmo com poucos recursos – dispunham de poucos teclados, equipamentos toscos como uma secretária eletrônica, guitarra e pedais – o grupo começou a progredir ao comprar um sampler Akai. Após vários meses de ensaios e elaboração, lançam o single Envoyé, que surpreendeu pela inteligência e por utilizarem o sampler de maneira muito mais criativa do que qualquer grupo contemporâneo. O compacto fora produzido por Roli Mosimann, líder dos Swans. Basicamente, o sampler era usado para roubar partes de cançõe clássicas de outros grupos, mas coube ao Young Gods ampliar esse conceito e fazer usos muito mais criativos e ousados. Em 1987, assinam com a Wax Trax e lançam uma obra-prima, o primeiro LP que levava apenas o nome da banda. Produzido novamente por Roli Mosimann, o álbum amplia – e muito – os horizontes do primeiro compacto e é aclamado pela crítica britânica como um dos lançamentos do ano, sendo escolhido pelo semanário Melody Maker como o disco do ano. Treichler mostra-se um compositor inspirado e 8 das 9 músicas são cantadas em francês, excetuando “Did You Miss Me?, cover de Gary Glitter. The Young Gods trazia as seguintes faixas: Lado A 1. “Nous de la Lune” (Treichler / Pizzi) – 4:33 Lado B 1. “Percussionne” (Treichler / Pizzi) – 5:28 Ao ser lançado em CD, traziam mais quatro músicas, incluindo “Envoyé!”. 10. “The Irrtum Boys” (Treichler / Pizzi) – 2:38 Dois anos depois, a banda lança outro grande disco, L’Eau Rouge, desta vez pelo selo Play It Again Sam. O novo trabalho marca a entrada do novo baterista, Urs “Üse” Hiestand, e novamente é aclamado pela crítica especializada. O grupo continua o caminho aberto por The Young Gods e mostra uma música igualmente pesada, criativa e densa. Um exemplo é faixa de abertura, “La Fille de la Mort”, que trazia trechos da Quinta Sinfonia de Shostakovich. Pela primeira vez, Treichler adota o nome de Franz Muze e o disco acaba rendendo uma turnê de 40 apresentações nos Estados Unidos. O LP trazia as seguintes faixas: 1. “La Fille de la Mort” (Young Gods) – 7:58 Os shows na América são bem recebidos e o Young Gods começa a estabelecer amizade com alguns outros grupos, que conhecera na América, como Soundgarden, Nine Inch Nails e Ministry. Em 1991 é a vez de um audacioso projeto, Play Kurt Weill. A banda havia participado de um concerto tributo ao compositor Kurt Weill, em setembro de 1989, realizad no Festival du Bois de la Batie, em Genebra e também em Fri-Son, em Freiburg. Após essas apresentações nasceu a idéia de gravar todo o disco, em estúdio. Ele também marca a saída de Pizzi e a entrada de Alain Monod. Play Kurt Weill trazia sete faixas de Kurt e um prólogo de abertura: 01. Prologue O álbum seguinte, T.V. Sky, marca uma virada na carreira. Pela primeira, as canções são cantadas em inglês, em uma tentativa de se estabelecer no mercado norte-americano. A iniciativa ajuda as vendagens, embora na América sejam jogados erroneamente no caldeirão de bandas góticas. Ao menos, o disco é bem recebido, sendo que Trent Reznor, do Nine Inch Nails, o considera um de seus favoritos. “Skinflowers” é escolhida como single e “Summer Eyes” é uma homenagem aos Doors. Os Young Gods tinham estabelecido uma ligação forte com a ex-banda de Jim Morrison por causa de “Alabama Song”, composição de Weill, que tinha sido gravada no disco de estréia dos Doors, em 1967. Como presente ao público norte-americano, na primeira turnê, encerraram alguns shows com “The End”. O trabalho tinha as seguintes faixas: 01. Our House Em 1992 lançam o primeiro disco ao vivo, Live Sky Tour, e depois começam a explorar música ambiente. A essa altura, haviam assinado com Interscope Records na América, dando maior promoção ao grupo. Porém, com medo de serem processados pelo uso indevido de samplers nas canções, começaram a mudar os rumos, deixando o sampler um pouco de lado. Assim, nasce Only Heaven, de 1995, para muitos, o melhor disco do grupo. O seguinte, Heaven Deconstruction, trazia composições não aproveitadas no anterior e é o primeiro sem a voz de Treichler. Fatigado e com pouco tempo para a família, o baterista Urs “Üse” Hiestand deixa a banda, no ano seguinte. Em 2005 lançam a coletânea XXY, um CD duplo, um verdadeiro prato cheio para os fãs: CD 1 best of 01. Secret 2005 Unreleased 3′ 47” CD 2 remixes & rarities 01. Gasoline Man (Megadrive Mix) 6′ 49” Em 2008 é lançado a caixa, Knock on Wood, que trazia música e um filme, gravado em 2006 e que marca a entrada de Vincent Hanni: MUSIC 01. Our House FILM LIVE AT “MOODS” Zürich, december 18th, 2006
A banda continua ainda na ativa, com vários shows, atualmente como quarteto e com a mesma disposição desde os anos 80. Deixo vocês com a discografia da banda. Um abraço e até a próxima coluna. Discografia Discos The Young Gods (1987) |