The Jam foi uma das principais bandas do punk e da new wave. Liderada pelo talentoso guitarrista, vocalista e letrista Paul Weller, souber reler a cartilha mod dos anos 60 e misturar seu som com a soul music americana. Seu primeiro álbum, In The City, é um marco da época.
O dia 30 de outubro é considerada uma data triste para os fãs do The Jam.
Afinal, foi nesse dia, em 1982, que o líder Paul Weller decretou o fim do grupo, após cinco anos de sucesso.
A banda terminou exatamente no auge de sua carreira. O disco The Gift alcançara as primeiras posições na Inglaterra, e músicas como Town Called Malice e Beat Surrender ascendiam as primeiras posições nas paradas.
Uma das mais importantes bandas do movimento punk, no meio dos anos 70, o Jam nunca escondeu sua forte influência pelo som dos anos 60.
Paul Weller declarou que seus maiores mestres foram os Beatles. Fã confesso das letras de Lennon e das melodias de McCartney, nutria paixão também pelo movimento mod que assolou a Inglaterra, no anos 50 e 60, em especial bandas como Small Faces e The Who.
Além da influência, o grupo tocava alguns standards da soul music – coisas de Wilson Pickett e Otis Redding. É por essas e outras, que a banda se batizou como a “ovelha negra da new wave”.
Vindos da pequena e desconhecida Woking, na Inglaterra, Paul Weller começou a tocar em 1972, com apenas 14 anos, junto com um amigo, Steve Brooks. Era apenas um duo acústico.
Os primeiros shows foram feitos nas redondezas da cidade natal. Pouco público, divulgação quase zero, mas a dupla seguia tocando. Logo depois entraram David Waller no baixo e o baterista Rick Buckler. Com a formação, debutaram com o nome The Jam, para 30 pessoas, em Woking. Após vencerem um festival, David Waller pulou fora, preferindo tentar a carreira de poeta. Em 1974, aparece Bruce Foxton.
Logo em seguida, Steve deixa a banda e monta um loja. The Jam consolida-se como trio. Desde o início, o Jam era empresariado pelo pai de Paul, John Weller.
Fazendo os garotos se apresentarem por todas as cidades da região, conseguem desembarcar em 1976, em Londres, no clube 100 club. Era apenas então mais uma banda no meio do movimento punk, com letras engajadas e falando da angústia dos jovens ingleses. Mesmo considerados punks, o Jam não compartilhava em certos aspectos com outros grupos: eram bem vestidos, sua agressividade estava nas letras e não nas perfomances.
Cultivavam imagem de bons moços, assim como os Beatles em início de carreira. Paul tentava imitar Otis Redding nos vocais, embora houvesse um abismo de diferença entre as vozes. O grupo reverenciava o passado, coisa que os punks faziam questão de desprezar.
Não havia coisa mais retrógrada na época. Enquanto Paul elogiava discos dos Beatles e Small Faces, Glen Matlock era expulso dos Sex Pistols por declarar que seu ídolo era Paul McCartney.
Foi nesse contexto que foi lançado In The City, em 1977, após assinarem um contrato pela módica quantia de 6 mil libras esterlinas. O álbum foi gravado em apenas 11 dias e acusado de ser uma mera cópia de My Generation do The Who.
Weller respondia que foi influenciado por Pete Townshend da mesma maneira que John Lennon sofreu influências de Chuck Berry ou Gene Vicent. Defendia as acusações de ser um saudosista: “Como posso ser um saudosista, se tenho apenas 18 anos?”
O primeiro compacto, In The City/Takin’ My Love, dava uma amostra do som cru da banda. A letra de In The City abria com as idéias juvenis de Paul Weller: “Eu quero falar, eu quero te dizer sobre jovens idéias. Se não trabalhamos, pelo menos tentamos.”
O disco trazia as seguintes faixas, todas de Paul Weller, exceto quando indicado:
Lado 1
1. “Art School” (2:02)
2. “I’ve Changed My Address” (3:31)
3. “Slow Down” (2:39) (Larry Williams)
4. “I Got By in Time” (2:07)
5. “Away from the Numbers” (4:03)
6. “Batman Theme” (1:31) (Neal Hefti)
Lado 2
1. “In the City” (2:19)
2. “Sounds from the Street” (3:14)
3. “Non-Stop Dancing” (2:28)
4. “Time for Truth” (3:10)
5. “Takin’ My Love” (2:15)
6. “Bricks and Mortar” (2:37)
O grupo foi ficando decepcionando com o movimento punk, especialmente com o comportamento das bandas principais. Eles sofriam críticas dos fãs mais hardcores do movimento. O fanzine Sniffing Glue, bíblia dos punks, acusara a banda de usar ternos tão apertados quanto a Orquestra Filarmônica de Londres. A resposta de Weller: “Eis a bíblia de vocês. Vejam o que faço com ela” antes de queimar um exemplar no palco do 100 club.
Weller não se conformava com a falta de idealismo de muitos jovens.
“Nas próximas eleições, estarão votando no Partido Conservador. Isso é assustador.”
Logo após o lançamento do álbum, o Jam se apresenta no programa Top of The Pops. A canção-título consegue ficar entre as 40 mais, posição mais que respeitável para um grupo novo.
Paul explica como era a época: “O importante do movimento punk é que estávamos conectado com a cena atual, pela primeira vez. Antes disso, não tínhamos bandas da nossa idade tocando.
Apesar de ser um disco extremamente cru e com alguns deslizes na produção, típico de uma banda adolescente, In The City, foi o primeiro marco de uma banda que preferiu sair de cena quando era um dos grupos mais celebrados pela crítica e público ingleses, além de vários shows pela Inglaterra e Europa. Valem ser conferidas ainda “Batman Theme”, “Art School” e “Sounds of The Street”.
O grupo daria uma tremenda amadurecida no próximo LP, This Is The Modern World. Mas isso é papo para outro dia. Até mais!
Discografia
In The City (1977)
This Is The Modern World (1977)
All Mod Cons (1978)
Setting Sons (1979)
Sounds Affects (1980)
The Gift (1982)
Dig the New Breed (1982)
Snap! (1983)
Greatest Hits (1991)
Extras (1992)
Jam Collection (1996)
Direction Reaction Creation (1997)
The Master Series (1997)
Single Box Set: 1980-1982 (2001)
The Jam at the BBC (2002)
The Sound of Jam (2002)
20th Century Masters – The Millennium Collection: The Best of the Jam (2003)
Snap! (CD triplo, 2004)