O Tanabata é uma festa tradicional da cultura japonesa baseada em uma lenda chinesa existente há 4.000 anos adaptada pelos japoneses há mais de 1.300 anos.
O Tanabata Matsuri ou Festa das Estrelas e sua lenda têm origens em um festival chinês chamado kikkoden, que chegou ao país no período Heian (794-1185). Comemoração realizada apenas pelos nobres, que se popularizou no período Edo (1603-1867) quando Date Masamune, rei do norte do Japão no início do século XVII promoveu em Sendai, uma festa em homenagem às mulheres e crianças onde elas recebiam o deus da água na sua oficina de tear e passavam a noite tecendo. No dia seguinte, elas presenteavam o deus da água com o tecido já pronto. Estas mulheres eram denominadas tanabatatsume. Tanabata seria abreviatura de tanabatatsume, cuja tradução é tecelã. Desde então, o Tanabata é comemorado todos os anos, mas teve seu recesso durante as guerras. Após o conflito mundial foi importante comemorar a data para que novas esperanças alegrassem o povo japonês.
Segundo a mitologia japonesa, Orihime é representada pela estrela Vega, e o rapaz, a estrela Altair, do lado oposto da galáxia, que realmente só se encontram uma vez por ano.
A LENDA
Era uma vez, uma única vez na história, no tempo da formação do Universo. O Soberano Celestial ainda estava atarefado em confeccionar estrelas e dependurá-las no firmamento para brilhar durante a noite.
Também as nuvens ainda estavam sendo tecidas e esta tarefa cabia a bela filha do Soberano Celestial, a princesa Tanabata Tsume. Ela sabia como ninguém fazer as mais tênues tramas de tecido e justamente por isso, era conhecida como Orihime, a princesa tecelã.
Dia após dia, ela trabalhava sem parar em seu tear. Dele saiam tecidos tão leves e diáfanos, tão finos e maleáveis,que seu pai os pendurava no céu entre as estrelas, por vezes deixando-os cair em pregas até quase tocarem a Terra. Hoje damos a estes tecidos o nome de nuvem, névoa e cortina de nevoeiro, conforme a densidade.
Inteiramente absorvido pela tarefa de formar o céu, o Soberano Celestial orgulhava-se muito da habilidade da filha e a ajuda de Orihime era muito valiosa. Porém um dia, ele percebeu que a Princesa Tecelã estava pálida e disse:
– Filha, tens trabalhado tanto que bem mereces um pouco de descanso. Hoje está dispensada de tecer e pode folgar o dia inteiro. Aproveite para visitar o Amanogawa. Mas não se esqueça de voltar ao trabalho amanhã, pois ainda necessito de delicadas cortinas de nevoeiro para as manhãs de primavera e porção de nuvens brancas para o verão.
Orihimi sentiu-se muito feliz. Há muito tempo desejava caminhar descalça em Amanogawa – o rio celeste, conhecido no sul da margem oposta como Via Láctea, e divertiu-se despreocupadamente. Mas até então não lhe sobrava tempo para isso.
A Princesa Tecelã, vestiu seu mais belo kimono e correu dançando por entre as estrelas do Rio Celeste. No meio da Via Láctea avistou, no meio da correnteza estrelar, um belo jovem com chapéu de vaqueiro, banhando um boi.
– Quem é você, ó bela donzela? – Perguntou o jovem vaqueiro.
– Sou a estrela Tanabata Tsume, filha do Soberano Celestial, mas me chamam também de Orihime, a Princesa Tecelã, respondeu ela.Também sou conhecida no Hemisfério Sul da Via Láctea com o nome de estrela Vegas.
– Meu nome estrelar é Altair,o vaqueiro, mas no Extremo Oriente da Via Láctea me chamam de Hikoboshi – se apresentou o pastor de gado.
Daquele encontro casual começou a brotar um sentimento de felicidade nunca antes sentido por Orihime. Os jovens se divertiram muito,brincando de pega-pega, rindo e correndo no Rio Celeste. Depois a convite do Vaqueiro, Orihime concordou em visitar a casa dele.
Hikoboshi ajudou a princesa montar no boi, e conduziu-a através da Via Láctea em direção ao Hemisfério Sul, seu lar. Lá chegando, se divertiram muito, dançando juntos no prato celeste. Tamanha era a felicidade da princesa que esqueceu completamente as recomendações do pai, e os dias se passaram.
Preocupado com a demora da filha,o Soberano Celestial ficou desesperado. Chamou uma garça e mandou fazer uma busca, encarregando-a de dizer a princesa que voltasse o mais depressa possível ao Palácio Celeste. A garça avistou a princesa dançando na margem oposta da Via Láctea, e deu-lhe o recado. Porém, Orihime estava tão feliz divertindo-se como nunca que não deu ouvidos ao pássaro mensageiro.
Cansado de esperar e muito zangado pela desobediência da filha,o Soberano Celeste foi buscá-la pessoalmente.
– Não destes ouvidos as minhas palavras! – disse o deus do espaço celeste – olha o céu! Ainda falta muito trabalho a ser feito e ficas aí com namoricos quando precisamos de nuvens, névoas e cortinas de nevoeiro. Portanto, não poderei mais dispensá-la do trabalho. Tens que voltar ao palácio e continuar a tecer.
E o Soberano Celeste despejou grande volume de água estrelar no Rio Celeste. Então a Via Láctea que era um lago porém raso, que se podia atravessar a pé, foi transformado em um rio caudaloso, tantas eram as águas de estrelas que a divindade celeste havia despejado.
Como a princesa Tanabata e o vaqueiro Altair moravam em margens opostas do Rio Celeste, ou seja, hemisférios opostos da Via Láctea, não havia meio de se encontrarem mesmo às escondidas. Portanto a princesa voltou melancolicamente junto ao tear no Palácio celeste. Porém,sentia-se tão solitária, e com tanta saudade de Altair, que não conseguia mais tecer. Ficava apenas sentada e chorando incessantemente. Ela havia descoberto que era mais feliz no pobre casebre rural do vaqueiro do que no suntuoso palácio de seu divino pai.
No hemisfério sul, a estrela Vaqueiro Altair, também morria de saudades e passava o dia tocando e cantando:
O vento levava a canção até ao Palácio Celeste, que aumentava a saudade da princesa. De tanto chorar,as nuvens que restavam no céu desmancharam em forma de lágrimas e despencaram na terra em forma de chuva.
O Soberano Celestial ficou desesperado porque com o volume de chuva caindo, iniciaram-se as inundações na Terra, enquanto que no céu as nuvens foram desaparecendo. Então ele procurou afilha e disse:
– Por favor, minha princesinha, pare de chorar. Necessitamos tanto de nuvens, névoa e cortinas de nevoeiro para manter o equilíbrio da natureza. Por outro lado, se você continuar chorando vai causar um dilúvio universal e não restará um só vivente na terra para contar a história. Vamos fazer um acordo e acabar com isso. Você volta a tecer com diligência e eu te concedo um dia livre por ano para ver o vaqueiro celeste.
Tais palavras devolveram a alegria à princesa e ela retornou com entusiasmo ao trabalho. E desde então nunca mais parou de tecer.
Mesmo sabendo que no futuro a princesa poderia requerer mais dias de folga, o Soberano Celeste cumpriu fielmente sua promessa. Uma vez por ano ele envia mil garças (senba tsuru) para o rio Celeste. Com suas asas, elas formam uma ponte sobre as águas estrelares profundas.
Trajando um rico kimono, Orihime atravessa a ponte das Mil Garças e corre alegremente para a margem oposta ao encontro do seu amor Altair, o fiel vaqueiro, que a aguarda ansiosamente.
Ambos se sentem radiantes por poderem ficar juntos durante um dia e uma noite. Dizem que um dia estrelar equivale a uma eternidade terrestre. Por isso o amor dos dois é eterno.
Fontes: http://lahainas.blogspot.com.br/2009/11/tanabata-princesa-tecela.html
Sobre o Festival Tanabata: Aliança Cultural Brasil Japão 26/04/2005 – Japão de A a Z).