Histórico
A família Algrave é originária da Irlanda. Todos os países têm as suas lendas, tradições e fantasmas. A Irlanda é a terra das cruzes celtas, cemitérios de pedra, céu cinzento e prados verdes. E há uma grande riqueza de séculos de história sob o seu céu nublado e suas incontáveis noites frias, muitas delas contadas exaustivamente à luz da fogueira. A história dos Algrave faz parte de uma dessas histórias, a do lendário Cu Chulainn, um dos maiores heróis da mitologia irlandesa. Cu Chulainn era um guerreiro a serviço de Conchobhar, o rei de Ulster, e ficou muito conhecido por sua defesa solitária de Ulster. É dito que Cu Chulainn teria vivido no ano 1 A.C e contos sobre ele e outros heróis teriam sido escritos a partir do ano 700 D.C.
As aventuras de CuChulainn foram gravadas numa série de contos conhecido como circulo de Ulster.
Nos tempos de Cu Chulainn, havia um antigo conselho de Druidas chamados Roisin Dubh, que viviam em Ériu, próximo de Briug na Bóinde, nas terras da rainha Mebd, inimiga de Cu Chulainn, que comandou uma invasão ao Ulster para roubar o famoso touro Donn Cuailnge.
Os Roisin Dubn detinham um conhecimento superior em relação aos outros druidas, alguns destes conhecimentos tinham um caráter proibido, o que lhes valia a reverência das pessoas comuns e suscitava inveja de outros druidas externos ao seu círculo.
O símbolo do círculo de druidas de Connach era uma rosa negra e seus mantos eram vermelhos. O vermelho indicava a dedicação a Morrigan e a rosa negra também era um símbolo da deusa que na lenda de Cu Chulainn adotou vários aspectos, incluindo uma mulher ruiva que lavava em uma fonte um manto ensanguentado. Essa última aparição de Morrigan foi um presságio da morte do grande herói.
Depois de quase um século de supremacia, o círculo de druidas Roisin Dubn foi perseguido e atacado por conta da inveja de seus inimigos que fizeram de tudo para destruí-los, espalhando calúnias e voltando a população contra eles. No último ataque a sede do círculo, muitos foram mortos e seus líderes desapareceram. Assim o grupo se desfez. Havia em meio a esse grupo de druidas um dos primeiros ancestrais dos Algrave. Este membro, na tentativa de encobrir seu passado, adotou um novo nome. Esse nome tornou-se o sobrenome de seus descendentes, e foi sendo modificado, passando pelo nome Agrivi até tornar-se o sobrenome Algrave muitos séculos depois. Tempos depois a cor vermelha e o símbolo da rosa negra foram adotados como representação da família Algrave e aparecem em seu escudo. A asna ou chaveiro de ouro seria uma discreta referência à foice dourada druídica dos seus ancestrais.
Especula-se que ainda haja resquícios dos segredos ocultos pelos Roisin Dubn entre os membros da família Algrave. Isso é reforçado pelo fato de muitos deles permanecerem fieis a fé druídica.
O primeiro patriarca da família Algrave foi Connell Algrave, que desposou Iona Cearnach. Eles tiveram cinco filhos, entre eles Bartley, que foi o pai de Deaglan. Deaglan desposou Aine e tiveram oito filhos, entre eles, Lochlan. Lochlan desposou Daimhin, e tiveram quatro filhos, entre eles Fergus. Fergus desposou Maeve e tiveram nove filhos, entre eles gerou Glendan. Glendan desposou Deirdre, e tiveram cinco filhos, entre eles Pierce. Pierce desposou Mairead, tiveram dois filhos e Mairead morreu, depois disso, Pierce desposou Sheenagh, tiveram cinco filhos, entre eles Carrick. Carrick desposou Muirenn, eles tiveram três filhos, entre eles Kevin. Kevin desposou Beatrix e com ela teve cinco filhos, Michael, Theodore, Owen, Eileen e Brendon.
Theodore Algrave desposou Ruth Blanc Nunes Algrave e com ela teve três filhos, William Algrave, Elizabeth Algrave Carthaigh e Beatrix Algrave Nunes
Atualmente o patriarca da família Algrave é William Algrave, irmão de Beatrix Algrave Nunes. William faz parte da Ordem de Azure, assim como muitos outros membros de sua família, incluindo seu falecido pai Theodore Algrave e sua falecida mãe, Ruth Algrave Nunes, que entrou para a Ordem depois de casar com Theodore.
A frustrada aliança dos Casterwill
O casamento de Ruth com Theodore causou sérios problemas, uma vez que Theodore praticamente roubou uma noiva do altar, ajudando Ruth Blanc Nunes a fugir de um casamento indesejado com um dos filhos de William Casterwill, Derek, um jovem de instintos cruéis e péssima fama que muitos acreditável ter sido o responsável pelo estupro e morte da própria irmã. Ruth definitivamente não amava Derek nem desejava desposá-lo, uma vez que já se encontrava enamorada por Theodore e era correspondida. Esse casamento arranjado entre os filhos de Juliana Blanc Nunes e William Casterwill era uma tentativa de estabelecer uma nova aliança entre o clã Casterwill e os Nunes. Muitos não sabiam, mas Juliana e William haviam sido amantes no passado e gerado um filho bastardo que chamou-se Adrian.
A fuga de Ruth provocou um grande mal estar tanto na família Nunes quanto nos Algrave, além de provocar a ira dos Casterwill. Na ocasião, Theodore contou com a ajuda da Ordem de Azure para auxilia-lo em sua fuga. Ainda que a contra-gosto de muitos, ele obteve a ajuda desejada, pois sempre foi um membro leal e fez inúmeros favores à Ordem. Essa ajuda permaneceu um segredo.
Ainda na Irlanda, Theodore desposou Ruth em segredo, e dali a um ano, enquanto fugiam escondendo-se em diversos locais, Ruth deu a luz a seu primeiro filho. Theodore era um tanto sarcástico e provocador, pois ousou dar ao primeiro filho o nome de William Algrave (1425), o mesmo nome de seu perseguidor, o lorde do clã Casterwill.
Quando o primeiro filho de Theodore e Ruth nasceu, eles estavam em Port Láirge. Theodore a época tinha dezessete anos e Ruth tinha dezesseis.
Pouco tempo depois do nascimento de William, Theodore deixou a Irlanda e partiu com Ruth e William para a França, onde viveu por dois anos, sempre temendo a vingança dos Casterwill. Durante a sua estadia na França, Ruth teve sua filha mais velha, Elizabeth Algrave (1427).
Depois de muita mortandade entre as famílias, o irmão mais velho de Theodore, Michael Algrave, que era casado com Cândida Roux Nunes, conseguiu uma breve trégua, mediante a declaração de que Theodore seria proscrito da família.
Depois de deixar a França, Ruth, Theodore e seus filhos seguiram para Portugal, e depois de uma longa viajem passando por várias cidades, finalmente eles chegaram a Lisboa em 1429. Theodore e Ruth sabiam que a trégua de Michael não duraria, e mesmo que durasse eles não faziam parte do acordo.
Em Portugal a Ordem de Azure era mais forte, e durante o tempo em que viveu nas terras lusitanas, Theodore sabia que poderia contar com a proteção dos azure para viver e criar seus filhos. Foi um reinício difícil mas em seguida houve tempos de paz e prosperidade, contudo isso não duraria infinitamente. Assim, finalmente Theodore se estabeleceu em Montemor.
Os fihos de Ruth e Theodore eram além de belos bastante talentosos. William era exímio pintor, músico e também habilidoso guerreiro. Elizabeth era igualmente bela e possuía também habilidades musicais, tendo bela voz e sabendo tocar com perfeição o alaúde. Além disso Elizabeth gostava de escrever histórias e poesia. Ambos tinham muito da altivez e arrogância de Theodore, mas também da doçura e esperteza de Ruth. Ambos também possuíam os cabelos castanhos como Ruth e os olhos verdes parecidos com os de Theodore. Em terras portuguesas, os filhos adotaram nomes diferentes, nomes portugueses, e William passou a chamar-se Guilherme e Elizabeth adotou o nome de Isabel.
Ruth estava com trinta e cinco anos quando engravidou. Ela não esperava que isso ainda fosse possível de acontecer, mas estava feliz demais com essa gravidez tardia. Entretanto, ela veio a morrer de complicações de parto, logo após o nascimento de sua terceira filha, Beatrix Algrave Nunes. Isso abalou Theodore profundamente, pois era como se ele tivesse perdido sua razão de viver. Tornou-se triste e amargurado por estava sem a esposa e tão distante dos seus parentes. Assim, ele deixou William a cargo dos seus negócios em Portugal e retornou para a Irlanda com sua filha preferida, Elizabeth. Ele pretendia fazer as pazes com a família Algrave e ser novamente aceito. Ele sequer chegou a ver a menina Beatrix, que tinha os traços da mãe, mas os cabelos ruivos e os olhos verdes, assim como o pai. Ela no entanto recebeu o mesmo nome que sua avó paterna, sendo portanto a segunda de seu nome no clã Algrave. Quem tratou da menina após o seu nascimento, foi uma mulher chamada Atília que trabalhava como fiandeira para os Algrave em Montemor. Ela que ajudou William a cuidar da irmã após a partida do pai.
O retorno de Theodore
Como os Casterwill nunca cumpriram seu acordo de trégua, a família Algrave concordou em receber Theodore de volta ao clã e ele deixou de ser proscrito em sua casa.
Buscando apoio, os Algrave fizeram uma aliança com a família Cárthaigh. Assim, Elizabeth Algrave Nunes, que contava a época com dezessete anos, casou-se com Arthur Cárthaigh, firmando uma proveitosa aliança. Theodore também acertou com a família Cárthaigh um casamento para seu filho William. Ele se casaria com Noreen Cárthaigh, prima de Arthur.
Theodore permaneceu eternamente fiel a memória da esposa e não quis contrair segundas núpcias, ainda que não lhe faltassem pretendentes.
Quando estava tudo devidamente acertado, Theodore escreveu para Wiliam solicitando que ele vendesse todos os seus bens em Portugal e retornasse para a Irlanda, para casar-se com Noreen. Beatrix contudo, deveria ser deixada em um convento em Montemor, pois Theodore não queria vê-la nem saber dela, pois a menina lhe trazia a lembrança da morte de sua adorada esposa. A casa da família, no entanto, deveria ser deixada para o sustento de Beatrix no convento, que seria dado através do aluguel que Atília e seu esposo pagariam para montar lá a sua própria fiação, assumindo assim, uma pequena parte dos antigos negócios dos Algrave em Montemor.
Com o retorno de Theodore, Elizabeth e William, e a aliança com os Cárthraigh, a família Algrave buscou se unir e fortalecer.
Além da tecelagem e criação de ovelhas, os Algrave também se dedicavam à fabricação de whiskey. O irmão mais novo de Theodore, Brendon, possuia uma destilaria junto com Owen, o irmão do meio. Eileen, irmã de Theodore, era uma excelente tecelã e trabalhava neste negócio com o marido Bryan Boyne. Infelizmente, Kevin Algrave, o pai de Theodore já havia morrido, vitimado em uma emboscada, durante a guerra com os Casterwill.
Após a morte dele, o patriarcado da família foi passado a Owen, o irmão do meio, pois Michael vivia em Portugal e não estava interessado e nem tinha condições de assumir essa função que por nascença lhe caberia, uma vez que era o primogênito. Com o retorno de Theodore, e como ele possuía mais autoridade e senso de liderança, Owen achou por bem, que ele daria um melhor patriarca. Os arroubos de juventude já haviam cessado e os anos deram a Theodore mais sabedoria. Infelizmente, esses mesmo anos não deram a ele a capacidade de perdoar. A única forma de esquecer sua dor e suas mágoas foi dedicar-se aos negócios da família.
Durante vários anos ele recusou-se a pensar em Beatrix e até mesmo proibiu William e Elizabeth de falarem sobre ela.
Eileen contudo, quebrava essa lei, e estava sempre provocando calorosas discussões, obrigando Theodore a aceitar que a criança inocente não teria culpa de nada e que a esposa Ruth certamente não aprovaria o que ele estava fazendo à sua filha.
Depois de muita insistência da irmã, Theodore acabou por escrever uma carta a Beatrix e a enviou. Dependendo da resposta da filha, ele iria pedir que ela viesse viver com sua família na Irlanda. Na carta ele pedia desculpas por seu abandono e negligência. Beatrix chegou a receber essa carta, mas nunca a abriu ou leu.
Algumas semanas depois de enviar a carta à Beatrix, Theodore partiu com Elizabeth e seus netos Emma e Oliver para visitar a avó materna deles em Ferns. Na viagem também estava Noreen, a esposa de William. William não poderia acompanhá-los pois precisava levar um carregamento de whiskey em companhia do irmão Brendon. Infelizmente, o barco naufragou no rio Barrow e todos os que estavam a bordo morreram. Isso foi um terrível choque para William que perdeu o pai, a esposa, a irmã e também os sobrinhos de forma tão rápida e trágica.
O clã dos Algrave mais uma vez perdeu seu patriarca. e o escolhido para ocupar essa posição foi William Algrave por suas habilidades e direito de primogenitura.
Apesar de abalado pelas perdas sofridas, ele aceitou essa incumbência. William desejava trazer Beatrix para a Irlanda, mas foi aconselhado a deixá-la em Portugal, por questão de segurança, pois lá ela teria a vigilância e a proteção da Ordem de Azure.
Houve rumores de que o acidente que causou o naufrágio foi provocado pelos Casterwill, mas nunca houve provas definitivas disso.
Ciente dos riscos e do fato de que poderia se tornar o novo alvo da vingança dos Casterwill, ao assumir a função de patriarca dos Algrave, William passou a ser bem mais cauteloso. Atualmente seu paradeiro é desconhecido, mas a família sabe que esteja onde estiver ele está zelando pelos Algrave.