Tin Whistle
Também conhecida como Pennywhistle ou flauta de bico é uma pequena flauta de metal (geralmente cobre, latão ou estanho) ocasionalmente também de madeira, muito usada na música celta, medieval e escocesa. Apesar de algumas semelhanças com a flauta doce quanto ao sopro e digitação, ela possui um timbre diferente além do número de furos e tipos de afinação (tem apenas seis furos e não há furo atrás, cabendo mais ao controle do sopro a execução de oitavas). A afinação mais usual da tin whistle é em D, enquanto as flautas doces barrocas possuem afinações mais comuns em C e F, em diferentes oitavas, ainda que as flautas doces renascentistas possuam afinações mais diversificadas que o tradicional consort barroco, sendo afinadas em quintas justas ou ainda em outras possibilidades. No entanto, é possível encontrar whistles afinadas em D, A, F, C, Bb dentre outras possibilidades. Também é mais comum encontrar músicas para whistle em tablaturas que partituras tradicionais.
Dependendo do modelo, material e outras características cada uma delas requer cuidado de manutenção, para manter o instrumento em boas condições por mais tempo possível.
Tin whistle Feadóg pro em D – Importada
Esta foi a minha primeira tin whistle e já não está só, uma vez que adquiri várias outras whistles. Tenho realmente me encantado com a pequena flauta irlandesa. Até me inscrevi em um curso online e isso tem me incentivado muito a tocar mais e melhor. Esse modelo é bom para quem está começando por ser fácil de encontrar e bastante acessível. Custava menos de 100 reais quando adquiri. Ela é de latão e possui a cabeça de resina plástica, o que gera muita umidade de condensação que não é absorvida e faz a flauta entupir mais comumente durante o uso, exigindo limpeza constante, principalmente no início da execução (antes do tubo “esquentar”). Ela tem um som arranhado característico e alguns modelos podem vir desafinados. Infelizmente, a cabeça presa ao corpo de metal por cola impossibilita ajustes de afinação, mas existem vídeos com “truques” para melhorá-la. Especialmente o ajuste da boquilha e também o espaço no bloco, que acaba exigindo mais sopro do iniciante. Apesar das críticas aqui, ela tem um bom custo benefício e é bastante aceitável para quem está iniciando e ainda não precisa de tanta agilidade na execução de notas altas ou não é tão exigente com o timbre. Com a prática dá para tirar uma boa sonoridade delas. Esta e a Clarke são as marcas mais tradicionais e conhecidas de whistles aqui no Brasil. Como não experimentei a Clarke não vou me pronunciar sobre ela, mas creio que alguns modelos da Clarke que possuem bloco de madeira tenham alguma vantagem em relação às Feadóg. Também há muitos elogios na internet ao modelo da Clarke com boquilha de resina, o Sweetone.
Low Whistle em D bass – cabeça em jacarandá – AN Flautas – Fabricada no Brasil
Esta low whistle é de fabricação da AN Flautas. O acabamento é mais rústico, mas não há rebarbas e ela é bem lixada nas bordas e orifícios e é bem construída. A cabeça e o bloco interno são feitos em jacarandá e o corpo é de alumínio. A cabeça é fixa e por isso não possui ajuste de afinação. Ela exige bem mais fôlego e controle do sopro, principalmente nas notas altas, mas isso é uma característica das low whistles, em geral, ainda que isso obviamente vai variar um pouco de fabricante para fabricante. Mesmo que exija mais controle e técnica para o sopro, o som é espetacular e vale o esforço. Estranhei um pouco o corte reto do bocal, que é mais próximo das whistles, talvez por estar acostumada mais com as flautas doces, especialmente as barrocas que possuem o corte curvo do bocal. A sensação da madeira, da textura, sabor e cheiro é muito agradável. Um outro ponto positivo é o controle de umidade da saliva no bocal. Inicialmente, requer prática para a madeira acostumar com o uso, mas posteriormente o material tem uma absorção de umidade muito boa que evita que a flauta entupa constantemente, ao contrário das flautas de material plástico em que isso acontece com frequência por conta da condensação interna e do bloco não absorver umidade. O pedaço de madeira em que foi construída advém de madeira de demolição, uma vez que se trata de uma madeira em extinção e portanto protegida. Atualmente mesmo madeiras do tipo com essa origem requerem autorização específica, por isso encomendas do tipo requerem cuidado e disponibilidade de material.
Tin whistle de bambu – afinada em escala Hitzazkiar, em C – AN Flautas – Fabricada no Brasil.
Essa tin whistle de bambu também foi adquirida com a AN Luthieria. Ela é afinada em escala Hitzazkiar, em C. O som mais agudo e o dedilhado rápido permite muitas possibilidades de improvisação e soa bastante agradável. Exige um sopro preciso e delicado. A cabeça é fixa e não possui ajuste de afinação.
Escala da flauta: todos furos fechados nota C abrindo na sequência C-Db-E-F-Ab-B
Flauta irlandesa tin whistle em D. Antonio Nunes Lutheria – em jacarandá – Fabricada no Brasil
Essa flauta tem a afinação mais comum entre as whistles, em D. Possui um bom acabamento e sonoridade. A cabeça ou bocal é em latão e o corpo em jacarandá. A parte interna do bloco é igualmente de jacarandá. A cabeça é fixa e não possui ajuste de afinação, mas o luthier também faz modelos com conexão em metal que facilita a afinação. Ela é muito bonita e o timbre é bastante agradável e balanceado, possuindo um bom alcance, mas soando bastante aveludado e rico. É talvez uma das whistles mais bonitas da minha coleção. O alcance das notas agudas é bastante facilitado e não exige muito do sopro. Ela ainda está se adaptando a temperatura e umidade, mesmo assim, tem uma absorção muito boa. Para quem aprecia timbres mais “naturais” e menos “metálicos” ela é perfeita. Acompanha um estojo em couro ecológico.
Escala da flauta: todos furos fechados nota D abrindo na sequência: D-E-F#-G-A-B-C#
Flauta de apito de bambu – Flautas Kaypora – escala Hitzazkiar em F – Fabricada no Brasil
Com um acabamento belíssimo, essa flauta tem um som com ótima projeção, há um rigor tanto quanto ao acabamento, como a sonoridade e afinação. Tanto a cabeça quanto o corpo são feitos em bambu. A cabeça é fixa e não possui ajuste de afinação. Esse modelo é feita pelos irmãos Fábio e Daniel Menighin responsáveis pela Flautas Kaypora, que realizam trabalhos explendidos em flautas de bambu de vários tipos, incluindo as flautas NAF, whistles, bansuris e também pífanos. A posição dos furos é ajustada para facilitar a digitaçãoA especialidade são os instrumentos étnicos, mas há também modelos de flautas experimentais. Um exemplar bem interessante que é produzido por esses fabricantes são as ocarinas de madeira e bambu, além flautas NAF de sons extremamente graves.
Flauta whistle em bambu – escala egípcia em G – AN Flautas
Tanto a cabeça quanto o corpo são feitos em bambu. A cabeça é fixa e não possui ajuste de afinação. Ela possui apenas cinco furos, sendo quatro alinhados e um na parte de trás da flauta. Ela tem uma tonalidade muito similar às flautas kawala. Escala da flauta: todos furos fechados nota G abrindo na sequência G-B-C-E-F-G
Tin whistle Fly Irish Flute – Fabricada no Brasil – em alumínio
As flautas desse fabricante, que se chama Caio e é engenheiro mecânico, têm um acabamento profissional que chama a atenção pela qualidade geral. Elas não deixam nada a dever a boas flautas whistles importadas e são instrumentos artesanais feitos com muito rigor técnico e cuidado quanto ao acabamento, sonoridade e afinação. São feitas de alumínio. Por sinal, no quesito afinação há duas vantagens muito boas, primeiramente a variedade de modelos (há pelo menos 8 tipos de afinações disponíveis), como também o fato da cabeça da flauta ser ajustável tanto nos modelos individuais quanto nos kits, o que ajuda a ajustes de afinação caso seja necessário. Isso é muito útil, principalmente para quem toca em grupo. As flautas são de metal, e isso preserva o som característico das whistles do tipo, para quem faz questão dessa sonoridade mais tradicional.
Kit cinco afinações: Vem uma cabeça que se ajusta em cinco corpos diferentes. Existem kits menores de 4, 3 ou até duas flautas. Também é possível adquirir apenas uma das afinações disponíveis individualmente. Acompanha um belo estojo em couro ecológico para transportar as flautas. As afinações do kit são D, C, Eb, F e Bb.
Mezzo whistle Fly: Esse modelo tem um som bastante agradável, e até o momento é um dos meus prediletos, uma vez que combina bastante com algumas tablaturas que gosto. Além disso, existem duas opções de mezzo, que pode ser afinada em A ou em F.
Low Whistle Fly D: A Low whistle da Fly tem uma ótima projeção de som. A execução soa brilhante e clara, mas exige, como toda Low Whistle, um controle maior de sopro, especialmente nas notas altas. Também é necessário cuidado na digitação, uma vez que ela é a maior de todas as whistles disponíveis. Se a mão do executante for pequena, ela requer um bom treino para adaptação. Um ponto bastante positivo é que esse modelo traz um suporte para dedo ajustável e acolchoado para ajudar a sustentação da flauta e evitar que ela escorregue. Isso é um problema que aflige principalmente quem soa muito nas mãos, pois com isso, o peso da flauta pode levá-la a escorregar, se não tiver cuidado. Esse suporte evita justamente isso e dá mais segurança durante a execução das músicas. Esse é simplesmente o melhor suporte de dedo que já recebi em uma flauta. O suporte que tenho das flautas doces de resina, da Yamaha, por exemplo, exige que se cole o suporte plástico à flauta, o que prejudica até mesmo na hora de guardar no estojo. O design do suporte da Fly foi cuidadosamente pensado. Pode ser colocado em qualquer ponto que faça o executante se sentir confortável, não risca, não estraga a flauta e nem precisa ser colado.
Whistle em madeira de jacarandá – Afinada em D – Luthier Leandro Dias – Fabricada no Brasil
Essa é a minha whistle mais recente, ela é inteiramente feita em jacarandá e possui ajuste de afinação. Para quem aprecia flautas de madeira ela é uma excelente aquisição. O luthier fez poucas unidades e não sei se ele ainda fará novas encomendas. A qualidade do trabalho é surpreendente, desde os orifícios dos dedos, passando pelas características da madeira e pequenos detalhes, como a peça de madeira que torneia a junção do corpo com a cabeça e é ajustável para afinação. Um trabalho delicado. O timbre é muito bonito e a projeção muito boa. No momento apenas a afinação tradicional em D está disponível. O músico, artesão e luthier também trabalha com madeira de demolição e os exemplares são feitos em pequenas quantidades. É possível também encomendar peças em outros tipos de madeira como a roxinho. O modelo tem o tubo largo embaixo, o que garante uma boa projeção e curiosamente, lembra um pouco os tubos das flautas doces renascentistas. Esse modelo de whistle parece inspirado nas whistles históricas do final do século XVII e início do século XIX, feitas pelo músico e inventor Charles Nicholson Jr, anteriores ao modelo de metal fabricado por Robert Clarke por volta de 1840. O ajuste nas duas peças que compõe a flauta fica bem ajustado graças ao fio encerado que garante que ela fique firme sem dificuldade.