Conheci essa cantora por conta de uma oficina de Música e Cultura Celta que participei ano passado em outubro, quando aconteceu em São Luís o IV Simpósio Nacional e III Internacional de Estudos Celtas e Germânicos. A oficina foi ministrada pelo professor Carlos Simas que é de Curitiba. O nome dele não me era estranho, e depois me lembrei que a minha antiga professora de flauta doce, Lisiane Nina, me falara que já havia feito alguma oficina com ele. Achei uma pena não ter participado da oficina completa, mas o dia que participei foi maravilhoso. Toquei flauta doce, coisa que não fazia há muito tempo e também consegui várias partituras novas além de textos sobre o assunto.
Alguns dos músicos que o professor Simas apresentou no evento já eram de meu conhecimento como Chieftains, The Dubliners e Cappercaillie, outros não. Ele mostrou uma coletânea de músicas celtas interpretadas por mulheres chamada Celtic Woman. Em uma dessas coletâneas havia uma faixa da cantora e harpista Cécile Corbel, era uma música tradicional chamada Siúil A Rúin. Foi o suficiente para que eu quisesse conhecer mais sobre o trabalho dessa cantora bretã. Sua música me fez lembrar de Brocéliande, a floresta misteriosa, das lendas de Arthur, de Merlin, da Dama do Lago, e que inclusive é citada na obra Chrétien de Troyes. Sua Font Des Pleures já me inspirou uma ou outra história, e ao menos uma narrativa de RPG que se situava em uma região próxima.
Em Broceliande, Merlin estaria encerrado em sua prisão, enganado pela fada, castigado por sua luxúria.
Por sinal, Cécile nasceu próximo a chamada Brocéliande moderna, ou ao menos ao que os historiadores consideram ter sido a localização de Brocéliande, já que nunca se teve certeza sobre o local exato da floresta mística das lendas mencionadas na obra de Troyes.
Procurando por mais músicas de Cécile Corbel na internet me deparei com vários vídeos dela no youtube, entre esses me encantei com La Fille Damnee.
A música fala de uma história trágica, em que o espírito de uma moça que foi assassinada pelo seu amante, procura travar contato com o pai para pedir-lhe um último favor. O espírito se comunica através de um cavalo que pede ao pai dela que ele queime o corpo da moça e espalhe suas cinzas ao vento, para que assim, o espírito dela possa ter finalmente paz e que nunca mais possa ser trazido de volta da morte por nenhum encantamento.
httpv://www.youtube.com/watch?v=oPCXFC1pmnc
Dis moi combien, combien de deniers
Forgeron, pour ferrer mon coursier
C’est cinq sols, pour vous mon prince
Seulement cinq sols et un dernierJ’etends chanter, j’entends chanter
La fille damnée, j’entends chanter
A la lune montante, j’etends l’oiseau chanter
Ma jolie, ma si jolie, file dans la nuitAu premier fer que tu mettras
Mon bon père, il va t’appeler
Au premier clou que tu poseras
Il va t’appeler “mon père”Qui est ce diable qui m’appelle père
Dis moi qui est-il sur le champ
C’est ta fille, ta chère fille Jeanne
Ta fille, morte et enterréeDis moi, ma fille, qui t’a damnée
Là bas sur la lande et les blés
C’est cet homme le long de la mer
Chaque jour Il venait me trouverPrenez mon corps mon coeur et ma robe
Sous la lune il faut les brûler
A la brune vous jetterez mes cendres
Au vent, au vent vous les jetterez