Entrevista com a banda de estilo neoclássico Collection D’Arnell Andrea concedida originalmente ao site Arc of Descent.
ARC: Quando e como ocorreu a formação do Collection D’Arnell Andrea?
CDAA: A banda formou-se em 1986, ano de nosso primeiro concerto, “The Apartments”. Em 1988 fomos contratados por um selo inglês, pelo qual fizemos nossa primeira gravação, “Autumn’s Breath for Anton’s Death”.
O conceito inicial era misturar poesia e romantismo com algo da música minimalista… concedendo uma certa importância aos vocais e a harmonia das cordas e do cello. O segundo aspecto era reunir diferentes pessoas com suas diversificadas influências musicais… Esta particular mistura deveria criar uma atmosfera especial, carregada de nostálgicos sentimentos, compreensível para qualquer pessoa no mundo: Um tipo de linguagem emocional universal!!!
ARC: O que significa Collection D’Arnell Andrea?
CDAA: “Collection” foi escolhido pelo conceito: coleção de sentimentos, coleção de influências, de pessoas, de imagens, etc… e também pela pronuncia e significado universal.
“Andrea” é o nome de um dos fundadores do grupo e “D’Arnell”… vem do nome de Jean-Christophe.
ARC: Nós sabemos da “obsessão” que o CDAA tem pelo Outono, alguns filmes franceses e algumas pinturas, como Saint Remy’s Garden de Van Gogh também a tem. Porque esta “obsessão” existe?
CDAA: O Outono representa uma estação muito intensa, o vento, a chuva, as folhas caídas pela tempestade… Todos os sentimentos; dor, medo, humor, ou paixão também são tão intensos… É um tipo de renascimento da nostalgia ou uma última expressão da vida…
ARC: O estilo “Nouvelle Vague” influenciou todos os eventos culturais na França (anos 70). Vocês receberam alguma influência intimista deste estilo?
CDAA: Realmente não, nós preferimos referências como “Les Ailes du Desir” dos filmes de Wenders e pinturas e esculturas do inicio do século, assim como os artistas atuais.
ARC: Como é a repercussão do trabalho do Collection D’Arnell Andrea no cenário francês?
CDAA: Nós não estamos bem certo se o CDAA tem algum tipo de repercussão por aqui!!! Assim como se nós sempre tivemos boas críticas na imprensa musical francesa.
ARC: Como vocês definem a sonoridade do Collection D’Arnell Andrea? No Brasil o CDAA é considerada uma banda “Dark Wave”. Vocês concordam?
CDAA: Eu acho que nossa música não pode ser restrita; ela apresenta alguns aspectos “Pop”, outros góticos e alguns industriais e muitos líricos.
Isso provavelmente é uma chance e também um limite para nossa banda, mas é nossa maneira de criar. É verdade que o renascimento do “Gótico” nos abre um leque maior de oportunidades para a banda participar; nós recebemos muitas entrevistas de revistas góticas assim como participamos de coletâneas góticas…
Nós sempre concordamos com uma certa gama de ritmos, é um certo jeito de expressar tristes sentimentos que somados aos sons, nos deixa como aqueles das bandas góticas… Então, nós certamente somos um tipo de banda “Dark”.
ARC: Collection D’Arnell Andrea usa normalmente diferentes instrumentos em sua música. Estes instrumentos são para tornar a música mais parecida com a época Medieval ou Clássica?
CDAA: Não é bem assim, nós preferimos tentar incluí-los numa visão do pop e do rock. O mais interessante é o confronto entre instrumentos clássicos e os eletrônicos. Exceto em faixas especiais como “Les Temples Élevés”e “Les Chants de Peine” do álbum “Les Marronniers”, onde os instrumentos foram usados para parecer como as Clássicas músicas do inicio do século (Fauré, Poulenc,…).
ARC: Poderia nos contar algo sobre seus shows. Como foi dividir o palco com outras bandas como: Lacrimosa, Xymox, Sleeping Dogs Wake,…? Vocês tem algum tipo de contato com estas bandas?
CDAA: Nós participamos de um festival gótico em Leipzig (Alemanha) com o Lacrimosa, tive até que emprestar meus teclados para eles…, nós participamos com diversas outras bandas, mas de fato não temos contato com elas…
ARC: Collection (Anton’s mind’s getting blind) é um hit no Brasil. Conte-nos sobre ela?
CDAA: A letra fala sobre o poeta e ator francês Antonin Artaud, que foi confinado em um manicômio.
ARC: No álbum “Villers-aux-Vents” aparece várias fotos da Primeira Guerra Mundial. Por que vocês quiseram mostrar estas fotos no encarte do Cd? As músicas falam sobre a guerra também?
CDAA: Sim, claro, nós tentamos fazer uma relação entre os sentimentos humanos e dos relatos da Natureza durante esta guerra; a violência de fato e a tristeza das paisagens destruídas…
ARC: Chloé, sua voz é maravilhosa, como um sopro angelical. O que você faz para sua voz ser tão bela?
Chloé: Você é muito gentil!!! Antigamente eu não fazia exercícios para minha voz, somente realizava os ensaios do CDAA. Mas, agora estou tendo algumas aulas, a 2 meses, de clássico e músicas líricas do final do século 19. A razão para estas aulas resume-se unicamente ao prazer que tenho de cantar.
ARC: Carine, Como foi tocar com o Opera Multi Steel no Brasil?
Carine: Foi um grande prazer. Os integrantes do Opera são meus amigos, eu costumava ouvir suas prazerosas músicas, portanto foi uma dupla satisfação; dividir o palco com amigos e ainda tocar com eles as músicas que eu ouvia em ocasiões especiais.
ARC: Carine, qual foi à impressão que o Brasil lhe passou?
Carine: Eu acho que não posso falar muito do Brasil, porque eu conheci somente uma parte dele. São Paulo me pareceu uma cidade estranha como se as pessoas quisessem destruir suas origens. Em outros momentos fiquei surpresa em ver por entre os prédios e torres uma pequena casa colonial completamente perdida parecendo sufocar-se… A estrada durante a viagem para o Guarujá foi ao mesmo tempo atraente e terrificante: as montanhas, as fábricas que não acabavam mais, o fogo das chaminés das cias de petróleo…. foi uma visão surrealista!!! Um dia gostaria de voltar para realmente descobrir o Brasil, especialmente as grandes florestas da Amazônia.
Pessoas: São encantadoras!!! Todas as pessoas que co
nheci foram muito gentis, sempre querendo que experimentássemos todos os produtos brasileiros, sempre cheio de cuidados com a gente. Eu me diverti bastante conversando sobre diferentes assuntos; música é claro, economia, vida social e tradições, sempre comparando Brasil e França. Todas as pessoas no The The que vieram conversar comigo foram muito amáveis, foi realmente um grande prazer estar ali com elas; o público no Teatro Mars foi simplesmente maravilhoso.
Lugares: Eu adorei o Teatro Mars e o ambiente especial do The The. Gostei muito do Restaurante Giovanni Bruno, onde um casal tocava canções românticas antigas, isto me fez lembrar do leste europeu (Eu adoro este período).
Nós passamos horas maravilhosas com todos vocês, eu me diverti muito no mar, principalmente mergulhar nele e esquecer o cansaço da viagem e ao mesmo tempo se revigorar para o show do dia seguinte. O segundo show foi o momento mais forte, existia uma espécie de comunicação entre a banda, o público e nossos amigos escondidos no palco.
By Luiz, Kova e Roni
Entrevista extraída do site Arc of Descent, infelizmente já desativado.