Fernando Pessoa

Fernando Pessoa Fernando António Nogueira Pessoa (1888-1935) nasceu em Lisboa, partindo, após o falecimento do pai e o segundo casamento da mãe, para África do Sul. Frequentou várias escolas, recebendo uma educação inglesa. Regressa a Portugal em 1905 fixando-se em Lisboa, onde inicia uma intensa actividade literária. Simpatizante da Renascença Portuguesa, corta com ela e em 1915, com Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e outros, esforça-se por renovar a literatura portuguesa através da criação da revista Orpheu, veículo de novas ideias e novas estéticas. Devido à sua capacidade de «outrar-se», cria vários heterónimos (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, etc.), assinando as suas obras de acordo com a personalidade de cada heterónimo.

Colabora em várias revistas, publica em livro os seus poemas escritos em inglês e, em 1934, ganha o concurso literário promovido pelo Secretariado de Propaganda Nacional, categoria B, com a obra Mensagem, que publica no mesmo ano. Faleceu prematuramente em 1935, deixando grande parte da sua obra ainda inédita. É considerado um dos maiores poetas portugueses, e considerado uma das figuras mais singulares e complexas da literatura portuguesa.
Fernando Pessoa foi o principal escritor do Modernismo português e um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos.
Aos cinco anos, ficou orfão de pai, sua mãe casou-se, dois anos depois, com um militar que, nomeado cônsul na África do Sul, levou para lá a família. Pessoa permaneceu dez anos em contato íntimo com a cultura inglesa, dominando a língua inglesa tanto quanto a materna. Lá, cursou o primário e o secundário. De volta a Lisboa, matriculou-se no curso de Letras, mas não o concluiu. Vivendo com a avó paterna e as tias, e na década de 10, participou de algumas revistas, como A Águia, e entrou em contato com a vanguarda européia. Em 1914, publicou poemas na revista A Renascença.
Sua versatilidade levou-o à criação dos heterônimos de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, dos quais inventou biografias distintas e cujas poesias são, na forma e no conteúdo, outras vozes de que se valeu para transmitir a heterogeneidade de sua riqueza interior.
Fernando Pessoa “ele mesmo” é lírico, melancólico, angustiado e transcendente; Alberto Caeiro é rude, simples, humilde; Ricardo Reis é clássico, conciso, abstrato; Álvaro Campos é sensacionalista, entusiástico, exaltador da modernidade.


CRONOLOGIA

1888
Nasce Fernando Antônio Nogueira Pessoa, em 13 de junho, no Largo de São Carlos, em Lisboa.

1893
O pai morre de tuberculose. A família é obrigada a leiloar parte de seus bens.

1894
Fernando Pessoa cria seu primeiro heterônimo, Chevalier de Pas.

1895
Escreve o seu primeiro poema, intitulado À Minha Querida Mamã. A mãe casa por procuração com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban.

1896
Parte com a mãe e um tio-avô para Durban.
1897
Faz o curso primário na escola de freiras irlandesas da West Street. No mesmo instituto, faz a primeira comunhão.

1899
Ingressa na Durban High School, onde permanecerá durante três anos e será um dos primeiros alunos da turma. Cria o heterônimo Alexander Search.

1901
É aprovado com distinção no seu primeiro exame. Escreve os primeiros poemas em inglês. Parte com a família para Portugal.

1902
A família retorna a Lisboa em junho. Em setembro, Pessoa volta sozinho para a África do Sul. Tenta escrever romances em inglês.

1903
Submete-se ao exame de admissão à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Não obtém uma boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês.

1904
Termina seus estudos na África do Sul.

1905
Vai de vez para Lisboa, onde passa a viver com uma tia. Continua a escrever poemas em inglês.

1906
Matricula-se no Curso Superior de Letras. A mãe e o padrasto retornam a Lisboa e Pessoa volta a morar com eles.

1907
A família retorna mais uma vez a Durban. Pessoa passa a morar com a avó. Desiste do Curso de Letras. Em agosto a avó morre e lhe deixa uma pequena herança.

1908
Começa a trabalhar como correspondente estrangeiro em escritórios comerciais.

1910
Escreve poesia e prosa em português, inglês e francês.

1912
Pessoa estréia como crítico literário, provocando polêmicas junto à intelectualidade portuguesa.
1913
Intensa produção literária. Escreve O Marinheiro.

1914
Cria os heterônimos Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Escreve os poemas de O Guardador de Rebanhos e também O Livro do Desassossego.
1915
Sai em março o primeiro número de Orpheu.

1918
Pessoa publica poemas em inglês, resenhados com destaque no “Times”.

1920
Conhece Ophélia Queiroz. Sua mãe e seus irmãos voltam para Portugal. Em outubro, atravessa uma grande depressão, que o leva a pensar em internar-se numa casa de sáude. Rompe com Ophélia.

1921
Funda a editora Olisipo, onde publica poemas em inglês.

1925
Morre em Lisboa a mãe do poeta, em 17 de março.

1929
Volta a se relacionar com Ophélia

1931
Rompe novamente com Ophélia.

1934
Publica Mensagem.

1935
Em 29 de novembro, é internado com o diagnóstico de cólica hepática. A sua última frase, escrita em inglês, diz: “I know not what tomorrow will bring”. Morre no dia 30.

Curiosidade:

Fernando Pessoa é reconhecido pela sua criação literária, mas não é nesta perspectiva que vamos abordar o escritor, ainda que enriquecedora e legítima de exploração. É o seu lado oculto que estamos interessados em analisar.

Desde tenra idade, Fernando Pessoa sentiu um apelo muito forte pelo lado espiritual e na adolescência começou a aprofundar os diversos campos do ocultismo. A sua imaturidade ainda não lhe permitia encarar o ocultismo como uma relação com ordem do Universo. Foi a partir da leitura de algumas obras teosóficas, que ficou encarregue de traduzir, que Fernando Pessoa começou a assumir a possibilidade de um conhecimento espiritual completo e verdadeiro. O seu interesse levou-o a explorar também a Cabala, a Maçonaria, os Templários, etc. A sua primeira experiência espiritual foi através do Oculto. Só mais tarde o escritor assumiu uma posição crítica em relação ao mediunismo: foram inúmeras as consultas que fez aos espíritos, por um lado com o intuito de ficar a saber sobre coisas triviais, como o amor e o dinheiro, mas essencialmente para descobrir sua missão enquanto indivíduo.

A partir de 1917/18, Pessoa escreve o seu já conhecido relatório “Um caso de mediunidade”, que fala dele próprio e do seu afastamento de tais práticas, para se abrir a um invísivel, que desconhecemos o que é, mas sabemos não ser controlado pela vontade.

Numa carta enviada à sua tia Anica, Pessoa conta as suas vivências espirituais, referindo-se a experiências como a escrita automática e a aura magnética, que o escritor consegue reconhecer não só nas pessoas mas também em si próprio. Essas visões não o incomodavam e despertam-lhe a curiosidade. Tinha já profundos conhecimentos da Teosofia e acreditava que estava a ser guiado por um mestre desconhecido, numa iniciação aos seus sentidos superiores.

A dúvida poderá levar-nos a perguntar se espiritualismo pessoano não se tratava apenas de uma mistificação. Apenas podemos afirmar que Fernando Pessoa assumiu o caminho espiritual desde muito cedo inspirando-o até á sua morte. A sua missão na sociedade portuguesa da altura, atrasada e materialista, foi a de um escritor que tenta quebrar a estagnação do meio, abrir sensibilidades e sugerir melhores formas de vida.

Fonte: http://astrologia.sapo.pt/


OBRAS

Poesia

À Emissora Nacional
Antônio de Oliveira Salazar
Autopsicografia
Elegia na Sombra
Liberdade
Mensagem
O Menino da sua Mãe
Poemas para Lili
Solemnemente

Prosa

Pessoa e o Fado: um depoimento de 1929
Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias
Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação
Fausto – Tragédia Subjectiva

Correspondência

Carta a Adolfo Casais Monteiro
Carta a Armando Côrtes-Rodrigues
Carta a Júlio/Saul Dias
Carta a Miguel Torga

Heterônimos

Alberto Caeiro

O Guardador de Rebanhos
Poemas Inconjuntos

Álvaro de Campos

Adiamento
Aniversário
Apontamento
«Esta velha angustia…»
Insônia
Lisbon Revisited (1923)
Lisbon Revisited (1926)
Magnificat
Ode Marítima
Paragem, Zona
Poema em Linha Recta
Tabacaria
«Todas as cartas de amor são ridículas…»

Bernardo Soares

O Livro do Desassossego

Ricardo Reis

Ao longe os montes têm neve ao sol…
Para ser grande, sê inteiro…
Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo…
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio…


FONTES

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Links
Fernando Pessoa – Obra Poética: http://www.lsi.usp.br/art/pessoa/
Jornal da Poesia – Fernando Pessoa – Obra Completa
Instituto Camões

Author: Beatrix