O poder das palavras II

Uma coisa é a famosa “Questão dos Universais”, e a maneira inteiramente mística como os pensadores medievais lidavam com as palavras e seu poder; agora outra totalmente diferente mas que denota uma mistificação do mesmo modo, é a maneira como certos profissionais lidam com o vocabulário específico da sua área. Esses abusos são mais sentidos em certas áreas como Economia, Administração, Jornalismo e Publicidade (ou Marketing como eles preferem).

O que me levou a escrever sobre isso é que mesmo não pertencendo a nenhuma dessas áreas sou constantemente bombardeada com expressões cunhadas por tais profissionais, que em vez de facilitar a comunicação e mesmo a compreensão em torno de algo, só servem para mostrar pedantismo e até desrespeito pela língua portuguesa.

Uma das mais detestáveis que estou ouvindo muito ultimamente é “stand by”. Você marcou uma reunião com uma pessoa, chegou no horário. Então, assim que você chega na portaria a secretária te informa: “A senhora terá que ficar em stand by enquanto o senhor fulano termina de atender a um cliente.”
Após ouvir isso me senti uma torradeira elétrica, um forno de micro-ondas. Não seria mais simples e educado dizer “aguarde um momento”?
Os profissionais do ramo da administração são campeões desse tipo de aberração, transformam Central de Atendimento em “Call Center”, como se a simples troca de termos tornasse o segundo mais eficiente que o primeiro. Há um culto quase místico em torno dessas expressões estrangeiras e termos daí advindos.

Uma famosa revista de informática insiste em afirmar que as impressoras “printam”. Se a minha imprimir eu fico mais que satisfeita…

Será que um empresário com formação em Administração, MBA em “business não sei das quantas”, realmente acredita que um sujeito que recebeu um bilhete informando que seu cargo foi descontinuado vai ficar menos infeliz do que um que recebeu outro bilhete afirmando que foi demitido? Acredito que para o senhorio a quem ele deve o aluguel não vai fazer a menor diferença se ele foi demitido ou descontinuado…

Author: Beatrix