Festa no ateliê A donzela tecelã – 2

Festa no ateliê A donzela tecelã – 2

A chegada dos trovadores

menestreis

“Os antigos romanos acreditavam que, quando o ser humano se entregava a arte e ao prazer ele alcançava um estado de AD LIBITUM, conhecendo a si mesmo e entendendo as nuances da vida.” 

Enquanto prendas são distribuídas, alguns convidados olham os trajes expostos, tanto femininos quanto masculinos, as fiandeiras distribuem bebidas e quitutes para os presentes.

Um grupo de cinco pessoas, sendo três homens e duas mulheres, entram na sala, vindos do corredor interno da residência, trazendo instrumentos de vários tipos entre cordas, madeiras e percussão. Eles procuram ser discretos em sua entrada.

Pelos trajes que usam, provavelmente não são dali, talvez sejam do norte. Um dos rapazes é ruivo como Beatrix. Seria um parente?

Eles começam a organizar o espaço onde farão sua apresentação, para alegrar com música e dança o evento que está acontecendo ali. O fazem com discrição, procurando não chamar muita atenção enquanto se organizam, e não tendo muito sucesso nisso.

Algumas cadeiras são colocadas à disposição dos músicos. E o som dos instrumentos sendo afinados se faz ouvir por alguns instantes, antes que eles finalmente comecem a tocar, preenchendo o espaço do salão com mais arte e beleza.

httpv://www.youtube.com/watch?v=yzW1P_v6-to

httpv://www.youtube.com/watch?v=Yv8yR12jWgs

Philippus, depois de tanto ouvir falar bem do novo Ateliê da Sr.Beatrix, fez logo questão de ir visitar.

Após entrar no local, fica espantando com as qualidades da grande tecelã de Montemor, todas as peças estavam perfeitas, além de conhecer já bem o seu trabalho, pois a roupa que vestia era tudo criações da Sr.Beatrix.
Philippus, cumprimentando todos, dirige-se até a Sr.Beatrix, e diz:
– Muito Boa Tarde Senhor Beatrix, tem aqui uma linda casa, está tudo perfeito!
– Os meus Parabéns!
Philippus, após falar com a Senhora Beatrix, volta a contemplar as suas obras, que são autenticas obras de artes!

Nota que os trovadores começaram e isso lhe dá enorme satisfação. Ama música e aprecia também dançar. Sentia muita falta disso, e resolveu trazer essa animação para a sua casa e para seus convidados.

Certamente não é rica, mas como é bom ter amigos…

Sua flauta já está ali separada para juntar-se aos músicos em breve.

Ao notar a chegada do Comandante-Chefe do ERP, Philippus, Beatrix vai também cumprimentá-lo, pedindo licença um instante às suas queridas amigas. Ainda mais que Maria certamente vai querer cumprimentar o irmão.

Beatrix:- É um prazer receber o senhor aqui em minha casa e meu local de trabalho. Espero que aprecie a festa e a música, e que goste de dança. Se não aprecia nem uma nem outra arte, ainda poderá apreciar a arte da culinária e tantas outras que aqui estão ao vosso dispor.

Sorri e lhe oferece uma taça de vinho.

Por Aristarco:

Naqueles dias de mui trabalhos, Aristarco conseguira algum tempo para dedicar-se às cantigas, a disputarem-lhe a disposição do espírito; por mais que as ocupações diárias agora lhe tomassem sobremaneira, não deixava ser oportunidade passageira interromper por algum momento aquelas cousas públicas, para tão logo em seguida na borda d’um pergaminho, meter-lhe um “motto” que mais tarde inspirasse canção inteira, já quando estaria em sua residência sob luz de velha e silêncio da noite (talvez acompanhado d’um coral de grilos que tritinariam, com seus amigos sibilantes, ou alguns gatos que resbunariam).

O trovador dedicava-se em um livro mui fino, talvez de qualidade questionável (ou desconhecida), mas que havia lhe custado boa parte dos ceitis que tinha aos bolsos, acerca de gramática occitana de Proença, quando um livreiro d’O Porto lhe enviara a não mui tempo, depois de que lá fizeram combinações.
A obra chegara até Barçalona, depois seguira por terra com um mercador até o reino castelhano; de lá, outro livreiro que Aristarco conhecera e tratara, remetera ao Porto para as mãos do nortenho: consumira assim boa parte dos rendimentos, provavelmente várias fornadas de pães que haveriam de compensar.

Já lá cantarolava algumas rimas, ainda que as melodias que procurasse fossem tipicamente andalusí:

– Lo trobadór va be chantar…

Quando virou a esquina, em direção do edifício no qual se dirigia segundo o convite que tinha em mãos; sua caminhada era tranquila, enquanto respirava o ar úmido depois de chuvas que acolheram a terra naquela época fria.

– …sobre verguier quora intrar…

Com aquele mote a acompanhá-lo, tão logo chegou defronte o edifício, já podia ouvir burburinho ali mesmo de fora, parecia-lhe deveras animado, e mesmo à porta, já se fazia vai-e-vem, porque para já entrava um grupo de pessoas com instrumentos musicais, chamando atenção o alaúde na mão d’um deles.
Novamente fez recordar amarga perda do seu alaúde mouro ao Porto, porém tratou (com esforço) de espantar a lembrança (ao menos para aquele instante); suspirou a fazer leves movimentos de negação com a cabeça.

Acompanhou-os em seguida, afinal nada melhor do que entrar com irmãos d’Arte, com mesmas inclinações d’alma.

E vendo mui gentes bem conhecidas, sentiu-se mais à vontade, tão logo iria cumprimentá-los; dirigiu então uma mesura à donzela Beatrix que a todos recebia com préstimos e com bom humor ele disse:

– Utilius tarde quam nunquam, domina Viatrix…

Usara o velho idioma a desculpar-se de seu atraso, afinal era melhor chegar atrasado do que nunca chegar como fazia jus o não menos velho dizer.

Nota que os trovadores começaram e isso lhe dá enorme satisfação. Ama música e aprecia também dançar. Sentia muita falta disso, e resolveu trazer essa animação para a sua casa e para seus convidados.

Certamente não é rica, mas como é bom ter amigos…

Sua flauta já está ali separada para juntar-se aos músicos em breve.

Ao notar a chegada do Comandante-Chefe do ERP, Philippus, Beatrix vai também cumprimentá-lo, pedindo licença um instante às suas queridas amigas. Ainda mais que Maria certamente vai querer cumprimentar o irmão.

Beatrix:- É um prazer receber o senhor aqui em minha casa e meu local de trabalho. Espero que aprecie a festa e a música, e que goste de dança. Se não aprecia nem uma nem outra arte, ainda poderá apreciar a arte da culinária e tantas outras que aqui estão ao vosso dispor.

Sorri e lhe oferece uma taça de vinho.

Assim que termina de servir Philippus, observa a chegada do Mentor Aristarco. Pede licença ao senhor Philippus e vai também recebê-lo. Tomando o cuidado de dedicar igual atenção e gentileza a todos os convidados que chegam à sua casa. Afinal, todos são bem-vindos e cada presença lhe traz alegria.

Faz uma vênia ao mentor, seguindo a tradição.

Beatrix – Seja bem-vindo senhor Mentor Aristarco. O importante é que veio, certamente. Espero que hoje possa nos brindar com uma melodia ou duas, contando com o acompanhamento dos nossos trovadores. Essa era a surpresa que falei.

“Mia irmana fremosa, treides comigo
a la igreja de Vigo, u é o mar salido,
e miraremos las ondas.

Mia irmana fremosa, treides de grado
a la igreja de Vigo, u é o mar levado,
e miraremos las ondas.

A la igreja de Vigo, u é o mar salido,
e verrá i, mia madre, o meu amigo
e miraremos las ondas.

A la igreja de Vigo, u é o mar levado,
e verrá i, mia madre, o meu amado
e miraremos las ondas.”

httpv://www.youtube.com/watch?v=3zaYD-k0P4I

Por Elisabeth.Swann

Adentra ao atelie da doce donzela que acabara de conhecer na tasca. Deslumbrada com o requinte, segue observando os que presentes estão em busca de amizades.

André vai com a bandeja de prendas até Elisabeth.Swann que acabou de chegar e oferece a ela uma prenda, ele chega correndo, meio esbaforido, mas faz uma vênia à dama, e espera que ela pegue um dos saquinhos de tecido fechados com um laço de fitas.

No salão as fiandeiras que estão ajudando na festa começam a servir a refeição, e convidam os convidados a sentarem-se à grande mesa principal.

Enquanto isso, a música continua a animar o salão através dos timbres dos instrumentos e das vozes dos trovadores.

Por Sr. Flap

Sr.flap, que no caminho de regresso a casa ainda longe de se ver passa pela tasca para beber uns chazinhos para a mente refrescar,
no entanto vê que nao aparece ninguem na taverna e vai até à praça da cidade e vê um movimento de gente a entrar e a sair de uma casa/loja e vai ver do que se trata… Ao aproximar-se…

Hm… Acho que já sei do que se trata! – Pensa para os seus botões enquanto entra no estabelecimento…

Aaah, amiga Biatrix, prazer em rever-te e aos restantes!! Very Happy

Faz uma vénia a todos os seus amigos…

Bem, isto ficou lindo Biatrix! Muito bem… Então e como é que estão todos?
Vejo que isto está muito animado, boa iniciativa! Desejo-te toda a sorte do mundo! – Exclama Sr.flap para a Dama Biatrix enquanto busca uns bolos para petiscar…
Hm… Muito bom, estes bolinhos, vinha com uma fome… Smile – Diz Sr.flap com a boca cheia e assim meio para o timido!

Mas… bem eu terei de ir meus amigos, obrigado mais uma vez pelo convivo, o caminho ainda é longo até Braga e nestas alturas nunca se perde tempo, perder tempo é perder dinheiro… Eheheh

E o convidado chega tão rápido quanto chegou…

Por Aristarco:

Aristarco ouviu de donzela Beatrix com mui gosto acerca daquela “surpresa”, afinal a proximidade com as cousas das “musas” (da música, especialmente) era das melhores, das mais importantes, e não meramente algo a compor cenário idílico por razão ou outra; é verdade que aquel’ grupo de músicos – que ele já media para tentar traduzi-los (ao menos enquanto não era instante de trocar palavras com o próprio) – estava ali a trabalho, mas não faltaria momento oportuno para compartilhar algumas questões d’Arte.

Respondeu para a donzela assim:

– Verdadeiramente é uma boa surpresa: nossos ouvidos, ou mais além deles – as almas –, serão bem agraciados neste bom encontro, que já ouso dizer, fraterno.

E nisto, já se colocaram os músicos a tocar peças, inclusive aquelas que já ouvira na estadia em terras nortenhas, quando o galego Iago Brais apresentara durante viagem que fizeram de Castela a Portugal, em um sotaque suave de ouvir, como bem achava dos galegos, e até mesmo de suas canções.

Houve tempo para dizer, ainda sobre as cantigas, em voz baixa enquanto a música soava primorosamente:

– Hei de ficar mui feliz para em tão breve, estar ao lado dos músicos… Inda que antes, haja eu de experimentar mais uma vez aquela bebida dos anglos…

Seu olhar brilhou com a ideia, sobre tal gosto singular a queimar um pouco a garganta.
Aristarco sorriu novamente, quando subitamente entrou Sr.Flap como se levasse consigo um vento de agitação apressado, mas com ótima disposição, carregando para si boas (e humoradas) atenções.

Beatrix: – Pois eis, uma boa inspiração. 

*Beatrix serve ao senhor Aristarco uma boa dose de whisky que sabe que ele tanto aprecia. Em seguida ela nota a chegada de Elisabeth.Swann e vai cumprimentá-la com uma recepção calorosa.*

Beatrix:- Boa noite! Seja bem-vinda a minha morada e ao meu ateliê. Fique à vontade. É um prazer tê-la conosco. 

*Diz com um sorriso. Nota igualmente a chegada do senhor Flap e o cumprimenta.*

Beatrix:- Boa noite, senhor seja bem-vindo. Mas que pena que tenha que partir. Já estávamos servindo a ceia. Mas se precisa mesmo ir, preparo um pequeno embrulho para que não tenha fome durante a viagem. 

*Diz e pede a uma das fiandeiras que sirva ao senhor Flap, antes que ele se retire e se despede dele com um sorriso e votos de boa viagem.*

Beatrix:- Uma boa viagem então.

A festa continua, e os assados e quitutes continuam a ser servidos aos convidados do salão.

A música prossegue, e o grupo toca agora como um quarteto e um dos seus membros, justamente o ruivo chama o senhor Aristarco.

httpv://www.youtube.com/watch?v=P8AZT3wKQVs

Ele se achega e pergunta com um sotaque carregado, que indica que de fato vem do norte, da ilha ao norte, as terras anglas, provavelmente de onde vem o whisky que Beatrix distribuiu. Contudo, mesmo com o sotaque, ele fala perfeitamente bem o português.

Trovador: – Não se junta a nós, senhor? Creio que é o trovador que nos falaram. Sei que seus olhos brilharam ao admirar o alaúde e nossos instrumentos. Se não tocas então deves cantar. Estou enganado? Se me engano, perdão.

Por Aristarco:

Aristarco aceitou com satisfação aquela porção à taça com um bom e velho whisky, ficando a imaginar seus pesados tonéis de carvalho (provavelmente) a armazenar beberagem, cousas da “Britannia Major”, como lá já pensava acerca dos termos latinos do sábio Galfridus Monemutensis.
Escorou-se n’uma pilastra de madeiro ao lado e sorveu com raro prazer a fazer flaná-lo com as sensações que sofria efeito; bebia mui lentamente para não perder sobriedade e apreciar o paladar (assim como o lento queimar do corpo enquanto percorria-lhe a bebida).

Quando então ouviu uma canção que o grupo de trovadores tão bem escolhera para a ocasião, fazendo-o voar um pouco mais, saudoso das melodias mui típicas que soavam em sua casa em tenra idade, vinda daquelas plagas que os gregos não menos chamavam seus povos de “oi keltoí”.

Lembranças lhe alcançaram.
Mas que foram repentinamente interrompidas com o chamado d’um dos músicos, em uma forma diferente de pronunciar as palavras; espantou-se um pouco, porque usavam a língua local, sem que ambos serem exatamente locais da terra: enquanto Aristarco tinha sotaque mais mourisco, aquel’ outro parecia ser com as gentes do norte, mas bem diferente do bretão que conhecia. Podia algo germânico distinguir na linguagem, ainda que origem da nação, de maneira alguma lhe estivesse claro.

Ao ouvi-lo, sorriu e respondeu:

– Tanto és agraciado por Euterpe, quanto és bom observador. Não te enganaste nem com uma cousa, nem com outra, portanto quaisquer perdões hão de ficar para bem longe. Canto e toco alaúde também… inda que o meu de “Ghamatah”, ou como ousadamente dizem os castelhanos por “Granada”, tenha sido perdido para sempre, em umcaso deveras triste.

Suspirou pensativo (ainda com o bom gosto da beberagem dos anglos à boca) e baixou a cabeça por um momento, quase sombrio. Mas não demorou a voltar o prumo d’outrora e sorrir para assim falar:

– Deste-me sem querer, uma melodia do norte a recordar minhas gentes bretãs (ooc: mais “céltica”), dar-te-ei então em retribuição uma do sul, moura, mas de língua castelhana, eis aí uma boa história para ser contada mais tarde…

A expressão do trovador à sua frente era divertida, apesar de Aristarco suspeitar que ao mencionar acerca d’uma história a ser contada, estivesse a provocar algo que não conseguia decifrar no semblante daquel’ outro.

Espontaneamente sorriu mais uma vez e reforçou a investida da ideia:

– Que achas? Assim cumpriremos a lei dos trovadores em bem dar e receber canção desconhecida.

Aquilo de tudo era usual: Aristarco cantaria baixinho sem que nenhum convidado ouvisse (apenas os bons músicos), para compartilhar melodia harmonizada com os espíritos e instrumentos, para em seguida apresentarem.
Aguardou com gran curiosidade, a resposta daquel’ trovador também estrangeiro.

Diante da disposição do senhor Aristarco em aceitar o convite, um sorriso se esboça no rosto do ruivo, salpicado de sardas.

A menção a uma história certamente despertara a curiosidade natural do trovador. Afinal, histórias sempre atiçam a imaginação e essa é o instrumento principal dos artistas seja qual for a arte que cultivem.

Trovador: – Boas falas e excelente proposta.

Ele o convida com um gesto a aproximar-se dos colegas músicos que já entoam os acordes finais da última peça tocada. Assim, os trovadores se quedam alguns instantes, e ficam a mercê de Aristarco para com ele tecerem uma canção.

No salão, como a música cessa, se ouve o som de vozes e sorrisos, conversas à mesa e pelos cantos. Comentários sobre a festa, sobre a comida, e sobre as peças expostas, se ouvem aqui e acolá.

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