Ateliê A Donzela Tecelã – Montemor

Ateliê A Donzela Tecelã – Montemor

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Tecendo sonhos…

“Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.”

O amplo galpão começa a ser tomado por mesas com peças de tecido, linhas, e pelos demais utensílios próprios do ofício.

Uma roca de fiar e um fuso são dispostos próximos a uma janela, para que a tecelã possa olhar a paisagem enquanto fia e ver o movimento na rua.

Lá fora, o espaço próprio para uma plaqueta de madeira está com o suporte vazio, o que indica que o ateliê ainda não abriu.

O tear é colocado com muito cuidado no canto oposto ao fuso. Os pentes e o urdume carentes da lã lhe dão um aspecto de ociosidade. Uma moça de vestido vermelho e cabelos presos começa a remover antigos fios do tear para que ele esteja pronto para quando o ateliê abrir suas portas.

O silêncio é quebrado pelo arrastar suave de uma vassoura, que varre os restos do que foi um armazém de cereais, alguns grãos de milho e palhas de trigo são jogadas para fora com o vai-e-vem da vassoura. Logo esse movimento será substituído pelo vai-e-vem dos teares e pelo giro sem fim do fuso da roca. E logo o silêncio cederá espaço para o canto alegre das fiandeiras.
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“Nada lhe faltava…Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.”

No dia seguinte, após a chuva torrencial que caiu sobre a cidade, os últimos detalhes para a abertura do ateliê eram dados.

Felizmente, nada abalou o prédio recém reformado, nem as paredes de pedra nem a parte ampliada com paredes de madeira, da curiosa construção.

Na parte de cima já estavam os teares e tudo necessário ao fabrico de tecidos e ao preparo das delicadas peles de carneiro que seriam usadas na confecção de chapéus, luvas e calçados. A organização da parte que realmente funcionaria como ateliê de costura e fiação era finalmente concluída.

Essa parte do casarão possuía paredes grossas de pedra e amplas janelas envidraçadas. Ainda que apresentasse um tom mais rústico, possuía também seu charme.

Algumas mesas foram espalhadas e sobre elas alguns trabalhos concluídos foram dispostos. Eram cortes de tecido, chapéus e diversas peças de roupa. Baús dispostos em algumas partes do salão, continham materiais e tecidos mais finos. Também havia dois manequins de madeira e pano ostentando vestidos prontos para exposição.

Uma bela roca de madeira clara estava disposta próxima a uma das janelas. E próximo a ela estava um cesto com alguns novelos de lã prontos.

Na janelinha estava ainda um lindo vasinho de rosas vermelhas que conferia uma certa delicadeza e alegria ao ambiente.

Com tudo pronto, em seus pequenos detalhes, era hora de finalmente abrir o ateliê. Assim, o letreiro foi finalmente disposto na entrada do casarão, na porta esquerda, que dava acesso ao negócio. Em cima da porta foi pintado com capricho.

A Donzela Tecelã
Tecendo sonhos…
Ateliê de tecelagem e costura – Aceitamos encomendas.

Ainda naquela tarde, várias correspondências seriam enviadas convidando a sociedade montemorense para prestigiar a inauguração daquele espaço dedicado à elegância e ao bom gosto dos figurinos.

Logo chegariam as encomendas de quitutes e bebidas requisitados para a ocasião. Os convivas seriam recebidos no porta direita do casarão, que era também morada da tecelã e proprietária do ateliê.

Fórum Reinos da Renascença

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