Lisboa, a capital do condado, situada junto à margem direita do rio Tejo e perto do mar é o destino de muitos viajantes que para lá se dirigem seja por motivo de trabalho, seja para admirar suas belezas, e estas são muitas desde a arquitetura de seus prédios cheios de história até as belezas naturais que a cidade também possui em profusão.
Ainda que o Condado de Lisboa tenha sido o último a ser colonizado, o Porto de Lisboa foi o primeiro porto de Portugal. O Teatro Condal de Lisboa também foi o primeiro criado em Portugal, ainda que seja, atualmente, mais utilizado para eventos oficias que apresentações teatrais. Um dos desportos praticado pelos lisboetas é a pesca, que também movimenta a economia da cidade, não sendo apenas diversão. Entre as festas oferecidas está o animado festejo de Santo Antônio, santo padroeiro da cidade, que tem lugar a partir do dia treze de junho e dura uma semana inteira. Para quem não conhece Lisboa e deseja trazer mais diversão a sua visita essa é certamente uma boa data.
Além das festas, com bailes e comidas típicas da região, há também um disputado torneio de arco e flecha que vem se tornando uma tradição para os amantes dessa prática.
Quem viaja à Lisboa, certamente há de contar com um cantinho bastante acolhedor. Apesar de ser a única opção de hospedaria na cidade, o Hotel das Tágides não se deixa afetar pela falta de concorrência.
Criado em julho de 1460, a hospedaria é até hoje administrada pelo senhor Luis Vaz, um apaixonado pela poesia portuguesa e pela cidade de Lisboa, sua terra natal. À entrada do prédio, logo vemos uma tabuleta elegantemente decorada com talha dourada onde podemos ler “Hotel das Tágides” em letras grandes e chamativas. Antes que o viajante se questione muito sobre o significa do nome da hospedaria, logo obtém a resposta ao divisar uma placa em metal, na qual se lê a invocação poética que deu nome ao Hotel.
“E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene”
As tágides são seres mitológicos, mais propriamente, são as ninfas do rio Tejo. Muitos poetas invocavam as ninfas como musas para que elas os inspirassem em seus versos.
Depois dessa poética explicação, nos deparamos com o ambiente do hotel e somos recepcionados pelo distinto senhor Vaz, que é sempre prestativo com os hóspedes e visitantes. Há diversos quartos disponíveis e entre estes, opções bastante luxuosas. O quarto mais elegante do hotel, a câmara real, possui até mesmo uma lareira particular para as noites de frio. Os aposentos mais simples, contudo não deixam a desejar e o estilo do mobiliário segue o mesmo padrão, com móveis de madeira escura, ricamente trabalhados, e paredes decoradas com cortinas e tapeçarias em tom de verde e dourado.
A decoração é um dos atrativos que parece ter conquistado o senhor Franciko Torre, quando lá esteve. “No que diz respeito à decoração e modernização estética é um hotel admirável, limitei-me a apreciá-lo, aproveitando o dia que lá passei para o fazer. Tenciono um dia lá regressar, fiquei um fervoroso frequentador daquele espaço hoteleiro.”
A diária do hotel fica no mínimo em 1,50 cruzados por pessoa, não incluindo alimentação que é cobrada à parte.
O salão de refeições segue esse mesmo padrão de decoração, e possui um candelabro estilo italiano ao centro.
Há diversas mesas e o restaurante serve não apenas aos hospedes, sendo frequentado pelos lisboetas que buscam uma opção de laser e distração. O ambiente é agradável e serve tanto para um jantar romântico quanto um encontro em família. É possível a todos almoçar e jantar na hospedaria, mas o desjejum é servido apenas aos hospedes e consta de caldos, papas e mingaus de cereais, pães, queijos e frutas.
Os preços são razoáveis levando em conta a qualidade e o aspecto do lugar, mas nesse ponto o atendimento deixa um pouco a desejar. Mesmo em um dia calmo, houve uma demora considerável para que a comida fosse servida. A espera, no entanto, valeu a pena pela qualidade da comida e da bebida.
O senhor Fitzwilliamdarcy, um dos frequentadores do restaurante do Hotel das Tágides, declarou, “o lugar é muito aconchegante e a comida leve e única. Em boa companhia é um lugar perfeito para momentos de descontração e romance.”
A hospedagem tem ótimos vinhos e opções de carnes variadas. É possível, após o jantar, apreciar deliciosos doces conventuais produzidos pelo Convento de Lisboa.
Se for visitar Lisboa, terá no Hotel das Tágides um local bastante acolhedor para repousar.
Essa foi mais uma crônica da série “Cantinhos acolhedores”, em que pretendo contar detalhadamente as experiências boas e ruins que vivenciei em hospedarias de Portugal.
Beatrix Algrave Nunes para a KAP Portugal
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