Textos aristotélicos – Hagiografia do Arcanjo São Mikael

Textos aristotélicos – Hagiografia do Arcanjo São Mikael
    • Hagiografia do Arcanjo São Mikael
    • Por Garmon de Vaisuny
    • Traduzido do latim pelo Irmão de Sauvigny, Franciscano.
    • I. Nascimento de Mikael e Belial
      • Na cidade de Oanylone vivia Adiguaëlle, esposa de Théophile, que estava grávida de gémeos. Estas crianças foram concebidas com o maior amor e não tinham sido manchadas por qualquer luxúria. Adiguaëlle era uma mulher generosa que sempre escutava aqueles que a rodeavam. Habitualmente, ela cuidava dos mais pobres, mas naquele momento a situação era difícil, os homens começavam a afastar-se de Jah, a afundarem-se na preguiça e na ganância, o que criou mais e mais rivalidade entre os habitantes de Oanylone e essa situação não diminuía a pobreza, antes pelo contrário, o número de necessitados continuava a aumentar e estes eram desprezados pelos mais fortes. Não querendo prejudicar ninguém, Adiguaëlle cuidou de todos eles, mas a Criatura Sem Nome inspirava neles a inveja e a sede de vingança. Exausta por esta situação e pelas crianças que esperava, Adiguaëlle não os conseguia manter no caminho correcto. Ela deu à luz dois meninos, um chamado Mikael, que segundo uma lenda significava « dá e ama », e outro chamado Belial que significa « darás e tu receberás ». Naquele momento, a Criatura Sem Nome convenceu os mais pobres a matar essa família, o amor que tinham entre eles e para com o Altíssimo era, segundo ele, a razão que fortalecia os mais ricos a desprezarem os mais fracos.

    • Pressentindo o perigo, Théophile tirou Mikael e o seu irmão das mãos da sua mãe e, depois de os abraçar, escondeu-os numa caixa. Mal ele tinha pousado a caixa e aqueles para os quais Adiguaëlle trabalhava todos os dias, entraram e mataram-nos da forma mais horrível. Mas as crianças, dentro da caixa, foram poupadas por não terem sido vistas.
    • II. Acolhidos
    • Eles foram acolhidos por Ménopus, um homem idoso e piedoso que nada sabia sobre a origem dos seus “amores”, como ele gostava de os chamar, e que nada queria saber sobre isso. Ele dava aos pequenos o leite que produzia com a sua vaca Minerva, uma vaca que se tornou famosa, mais tarde, entre os povos por dar leite, como se as suas congéneres não o pudessem fazer… Mas voltando à nossa história, a luz da vela esgota-se e eu tenho de terminar de escrever antes que se acabe. Os dois meninos cresceram sem nunca se separar; existia entre eles uma ligação que ia além da amizade e do amor fraterno, mas, infelizmente, um deles acabaria por se desviar.
    • III. A tentação de Belial
    • Estas duas crianças, apesar das tentações da Criatura Sem Nome, continuaram a crescer piedosamente e não hesitavam em preferir favorecer os outros em vez de si mesmos. Claro que depois do que aconteceu com os seus pais, dos quais eles não sabiam nada, mas que foram avisados em sonhos, tentavam ser discretos, até ao dia em que a Criatura Sem Nome veio falar a Belial:
Quote:
Criatura Sem Nome: Porque cuidas dos outros sobretudo quando não têm nada para te oferecer? Serve os ricos, que te pagam, porque assim estás a trabalhar para nada.
Belial: Eu jamais trabalharei para nada, eles precisam de mim. Se não o fizermos, quem o fará?
Criatura Sem Nome: Pessoas que te dão o quê em troca? Nada. Eles reclamam contra ti porque quanto mais lhes dás, mais eles querem.

 

Esta discussão não o tocou, mas à medida que ele cresceu, a Criatura Sem Nome insistiu e houve um momento em que ele não conseguiu mais resistir. Ele começou a pedir dinheiro em troca, mas os pobres não tinham dinheiro que lhe pudessem dar. Então, ele parou de os ajudar e começou a entrar na preguiça e no pecado, satisfazendo-se cada vez mais com as suas acções e não vendo o que era essencial.

IV. A tentação de Mikael e a sua oração

A Criatura Sem Nome veio em seguida falar ao ouvido de Mikael mas este sabia das suas intenções e não quis ouvir, porque quanto mais fosse tentado, mais difícil seria resistir.
Conhecendo uma oração, ele ajoelhou-se e recitou a seguinte oração que será muito utilizada pelos clérigos:

Quote:
Mikael: Ó Jah Todo-Poderoso,
Pai da Humanidade
E Omnipotência Divina,
Fecha os meus ouvidos
Às tentações
E abre os meus olhos
A um amor sem fim que tu me dás,
Que eu possa dar àqueles que devem receber,
Amar aqueles que devem ser,
Sabendo sempre,
Que se eu não estivesse lá,
Qualquer outro estaria lá para o fazer
Pois és Tu que falas pela minha boca
E quem trabalha pelas minhas mãos.

Perdoa o meu irmão e todos os outros
Eles não sabem o que fazem.

 

Este jovem foi abençoado por Jah, é certo, ele foi escolhido para dar a sua vida pelo mundo. Diante de tal força e bênção, a Criatura Sem Nome não pôde fazer nada e mesmo que ela tentasse muitas outras vezes, nunca conseguiu convencer Mikael, nem um pouco.

V. A Punição – Instituição dos Arcanjos

A situação dos homens não melhorava. Eles não viam mais a Jah e não agiam de outra forma que não fosse em função deles mesmos, em detrimento dos seus irmãos e até mesmo das suas famílias. Isso levou a rivalidades e, muitas vezes, a lei do mais forte levou a crimes sem precedentes. Foi neste momento que o Castigo Divino caiu, não é que o Todo-Poderoso não amasse este mundo, mas se ele não interviesse, o mundo correria para a ruína. Então os relâmpagos caíram e enquanto muitos fugiram, os mais determinados lutaram entre o bem e o mal e dividiram-se em dois grupos: Os que encarnavam em si todos os pecados do mundo, os “inaudiendis” (Nota: em latim, aqueles que não entendem) conduzidos por sete homens maléficos: Asmodeus, o luxurioso, Azazel, o guloso, Lúcifer, o preguiçoso , Belzebu, o avarento, Leviatã, o furioso, Satanás, o invejoso e assim como Belial, o orgulhoso. Esses sete, acreditaram no que a Criatura sem Nome garantia sobre esta ser a prova incontestável de que Jah não os amava mais.
De outro lado, conscientes das suas falhas, um grupo pregou o arrependimento. Liderados por Gabriel, Jorge, Miguel, Galadriel, Sylphael, Rafaela e Mikael, eles encarnavam respectivamente e, contrariamente aos “inaudiendis”, as sete virtudes que tentavam defender: a temperança, a amizade, a justiça, a conservação, o prazer, a convicção e a doação de si mesmo.

Cada um dos dois grupos tinha os seus seguidores, os Pecadores eram mais numerosos, e faltava aos Virtuosos uma fé inabalável para se manter e não se deixarem corromper.

Ao final do sétimo dia, grandes ventos destrutivos vieram do centro da Terra e partiram a terra em grandes abismos, enviando os inaudiendis ao mais profundo deles.
No meio da carnificina, uma nuvem celeste veio e elevou os sete bondosos à altura do Céu.
Lá, uma luz suave brilhava. Ainda sem saber onde estavam, o medo tomou-os, mas aquele lugar era tão suave e calmo que se sentiram bem e sentiram uma enorme sensação de calor, uma sensação de amor.

De seguida, uma voz forte e suave foi ouvida:

 

Quote:
Jah: Meus filhos, vocês estão perante Mim, porque entendem que não os castiguei, nem por ciúme, nem por prazer, mas porque a raça humana chegou a um ponto que apenas a Punição poderia reconduzi-los ao Meu recto caminho. Eu nomeio-vos agora Arcanjos, vocês incarnarão as sete virtudes que defendiam na Terra e serão doravante a inspiração de todas as virtudes. Eu vos dou três pares de asas, sinal do vosso poder e da vossa posição.
Agora vão, o Paraíso espera-vos.

 

VI. Punição Eterna

Os “inaudiendis” foram enviados para o mais profundo dos abismos, onde o fogo ruge e os pecadores são supliciados.
Se nos lembrarmos, todos os seres da Criação são pecadores, mas o Altíssimo, na sua bondade ofereceu o perdão. Quem não o aceitar, conservará o seu pecado e sofrerá até ao fim dos tempos.

VII. Belial e o orgulho de desviar novamente os homens de Jah – A instituição do exorcismo

No começo da Igreja, esta ainda era frágil e Belial disse que para a destruir tinha de se partir do seu interior. Sempre tão orgulhoso, ele decidiu possuir o mais alto dignitário da Igreja: o Papa. Nesse tempo, o papa Hygin foi atingido por uma grave doença. Belial, cheio de covardia possuiu-o e, a partir desse momento, as características do Santo Papa começaram a mudar. Um servo, Mirall, apercebeu-se disso e suplicou ao Todo-Poderoso para enviar alguém. O Arcanjo Mikael, santo patrono contra a possessão, nomeado posteriormente o exorcista, foi enviado.
Ele veio o mais rápido que pôde, as suas seis asas a bater até perder o fôlego, se a Igreja tombasse agora os resultados seriam atrozes. Ele entrou dentro do corpo de Hygin, os seus pensamentos virtuosos deveriam voltar a emanar, mas eeeeehhh Belial lutou muito também.

 

Quote:
Belial: Tu ousas intervir contra o teu próprio irmão, Mikael? Tu não vês que o teu Deus se aproveita de ti?Mikael: Tu não és mais meu irmão Belial. Eu renego-te, volta para onde vieste, volta para o abismo, só Jah é o soberano, só Jah é o mestre. Que apenas as virtudes deste homem ressurjam!

 

Enquanto esse confronto ocorreu, o céu e a terra também pareciam competir numa batalha decisiva.

 

Quote:
Mikael: Volta para onde vieste, Príncipe dos Demónios e deixa a alma deste homem em paz, entendeste?
Vá de retro Belial! Volta para onde vieste!!!!!

 

Nesse momento, uma chama emergiu da boca do possuído e partiu para se esmagar ao longe contra o astro dominante da noite enquanto que o céu voltou a uma cor normal.

São Mikael subiu aos céus em glória sentado numa nuvem e acompanhado por mil formas celestes que glorificavam Jah porque só Jah é o soberano.

Isso aconteceu no ano de Graça de 140.

Tradução: NReis Ribeiro de Sousa Coutinho; Revisão: John Martins de Almeida Miranda e Sousa Coutinho; NReis Ribeiro de Sousa Coutinho; Beatrix Algrave Nunes

 

 

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