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- Demonografia de Azazel, Príncipe-Demónio da Gula
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- A sua vinda ao mundo, já uma ruptura…
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- Azazel veio ao mundo em Oanylone que se tinha tornado, desde há muito tempo, numa cidade próspera. Os seus habitantes começavam a viver ricamente e, se, no entanto ainda não haviam se desviado completamente do Altíssimo, os primórdios de sua queda apareceram inevitavelmente. Os seus pais, com idade por volta dos quarenta anos, decidiram ter um filho como decidimos comprar um objecto. Sem filhos durante quase 22 anos, por um capricho, os dois cônjuges, Céline e René foram ao encontro de uma mulher grávida e propuseram-lhe adoptar seu jovem filho fazendo-lhe ver que ele estaria melhor no seu meio. A jovem mulher, cujo homem havia fugido com uma bela sedutora, acabou por ceder e aceitou o pedido do casal. Assim, Azazel, nascido pobre, foi viver no luxo e na opulência cercado de pais exigentes, mas não devotados ao verdadeiro amor paternal.
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- Azazel foi rapidamente entregue a si próprio. Nenhuma proibição… exceptuando não perturbar os seus pais. Em troca? O acesso a tudo, o sim a tudo. O pequeno rei não possuía nenhum limite. De natureza débil à nascença, Azazel tornara-se irreconhecível. Era agora reconhecido pelo seu excesso de peso precoce que lhe valeu a alcunha de glutão. O seu tamanho impunha medo junto dos seus companheiros. A sua forma rotunda, a sua gordura e os seus dedos inchados surpreendiam todos os que o conheciam. Da sua pele escorria gordura a cada raio de sol ou esforço, provocando a náusea àqueles que lhe queriam dar um aperto de mão. O seu sorriso e o seu olhar causavam desconforto a quem quer que se lhe aproximasse, pois eles emanavam hostilidade e desprezo.
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- Era difícil nesta situação estar rodeado de amigos. Pelo contrário, Azazel cultivava a solidão e a descortesia. O olhar dos outros o deixava indiferente. Não lhe interessava. E quando decidia de outra forma, então o melhor era não cruzar o seu caminho. Quanto mais Azazel crescia, mais a sua força decuplicava ao ritmo e à medida que passavam os anos. Adolescente, já possuía uma força hercúlea. Por conta do pouco tempo gasto a instruir-se ele se tornava estúpido e parvo.
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- A acídia reinava no seio da família. As consequências foram desastrosas para Azazel. Não ouvira falar do Altíssimo nem de Oane até ser tarde. Se bem que não compreendia porque o Altíssimo tinha criado o mundo e instalado o Homem como a sua espécie favorita. Esforçava-se por afirmar a quem o quisesse ouvir, que o Altíssimo tinha sido injusto face às suas ovelhas. Ele não poderia representar, a seus olhos, nada mais que perversão, zombaria e sadismo, tantas fossem as tentações que poderiam ser nomeadas.
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- O ultraje e a renúncia à fé e aos princípios da virtude
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- Um dia quando Azazel se dedicava às suas ocupações principais, comer e beber sentado à mesa no terraço de uma loja, encontrou-se com um servo de Oane. Este último ficou estupefacto ao ver um tal energúmeno agir de tal forma.
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O servo de Oane: Meu jovem amigo, posso sentar-me à sua mesa?Azazel: Faça-o caro amigo, e sirva-se.
O servo de Oane: Obrigado. Mas eu acabo de almoçar e isso é o suficiente.” Azazel: E o vosso prazer? Tome e saboreie. São pratos deliciosos. O servo de Oane: Não tem vontade de se arrepender, meu filho, da fraqueza de que fazeis prova? Saiba que a gula quebrará os laços entre os homens e as mulheres. Azazel: Arrepender-me? Tanto trabalho por tão pouco. Olhe à sua volta, todo o mundo se dedica às suas ocupações sem se preocupar com os outros, e você, você permite-se julgar o meu apetite. Não é uma perda de tempo? O servo de Oane: Não há qualquer perda de tempo aqui. Da sua moderação depende o seu futuro no reino do Altíssimo. Azazel: Você parece esquecer-se de uma coisa Meu Servo. O reino do Altíssimo é feito de temperança, de moderação e bem, eu não o quero. Desde que me levanto, quero poder comer como me apetecer. Ao longo de todo o dia, desejo chafurdar-me em alimentos em quantidade a tal ponto que, uma vez satisfeito, ainda me resta espaço para o prazer de comer. O desejo de comer, a alegria que isso me proporciona é mais que suficiente para mim. O servo de Oane: Mas,… Azazel: Basta. Está a incomodar-me e não quero estragar mais o meu prazer para escutar os seus disparates. O servo de Oane: A misericórdia e a paciência do Altíssimo tem os seus limites que você acabou de ultrapassar. Eu pressagio que você terá um futuro muito sombrio e tortuoso. Azazel: E mesmo que assim seja. Este mundo e os princípios aos quais aspiro preenchem-me. E acredite em mim, preencherão mais que um. O Seu Altíssimo não saberá ser mais circunspecto face a esta circunstância. Mas na verdade, quando você o encontrar, diga-lhe que a minha mesa lhe está reservada… |
E o fiel, indignado, foi reunir-se com os seus irmãos. Entre os seus irmãos encontrava-se um tal Jorge e uma jovem rapariga Galadriel…
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O servo de Oane: Digo-vos, meus amigos…. Oanylone vive os seus últimos momentos. O Altíssimo não poderá deixar estes seres agirem desta forma muito mais tempo. Não pode continuar assim. É inconcebível. O glutão que acabei de ver convenceu-me desta ideia, se eu ainda tinha algumas dúvidas. |
O Servo da Criatura Sem Nome
Com a morte dos seus pais, Azazel herdou uma fortuna considerável. Nada mais faltava a este jovem homem para levar uma vida de devassidão e de corrupção. As festas que organizava eram sumptuosas e todos os jovens burgueses da cidade compareciam. Havia lugar para todos os vícios e todas as depravações. Assistia-se ali a verdadeiras orgias e quanto mais o tempo passava, mais elas se prolongavam durante a noite e os dias que se seguiam.
A comida e o vinho apresentavam-se em abundância, homens e mulheres saciavam os seus desejos mais vis. Todo aquele que tentasse agir com pudor, abstinência e ponderação caia na represália popular. Sofria a fúria destes seres a cada instante da sua vida. Este assédio corrompia os mais débeis. Só alguns fiéis resistiram.
Esta juventude aduladora de Azazel repudiava cultivar-se e instruir-se, se bem que as universidades se esvaziavam cada vez mais.
O trabalho, sinónimo de servidão, foi desonrado e inspirava apenas vergonha a quem continuava a viver na virtude. Ao mínimo desejo, Azazel e os seus discípulos serviam-se ou, como deveríamos dizer, roubavam tudo à sua passagem.
Com o passar do tempo, paulatinamente, os instigadores do mal faziam trabalhos obscuros e, como é lógico, uniram-se para instaurar um clima de pecado.
O combate e a decadência
O Altíssimo lançou a sua cólera contra a cidade e os servos do Mal. A batalha durou sete dias. O combate foi duro e no início desigual. Mas superestimando a sua força, os maléficos perderam inicialmente algumas batalhas e depois finalmente a guerra.
Azazel, neste combate honrou a sua força titânica. Cada golpe desferido prejudicava os servos do Omnipotente. A sua fúria e a sua cólera igualavam-se ao seu valor em combate e ao seu ódio contra os piedosos “cavaleiros” do bem.
A luta teria sido favorável a Azazel se os seus homens, cheios de medo e covardia, não o tivessem traído percebendo que os sete futuros arcanjos se dirigiam para ele. Abandonado por todos, Azazel continuou a luta e não caiu até ao sexto dia. Utilizando as correntes forjadas pelo próprio Altíssimo, o Príncipe da Gula foi apresentado perante o Criador.
Azazel: grande copeiro e mestre de vinhos do Inferno
Azazel, derrotado, foi apresentado perante o Altíssimo. O glutão não deu prova de nenhuma forma de humildade e, com insolência, olhou o misericordioso directamente nos olhos.
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Azazel: Eu arrepender-me? Então ouve-me bem oh glorioso, grandíssimo. Venho perante Ti derrotado e vencido. A vitória hoje pertence-Te. Mas mesmo que voltasse atrás, lutaria pela Criatura Sem Nome. O vencido deseja-Te que saboreies a Tua vitória, porque Te digo, jamais abdicarei. A minha luta ao lado de quem Tu chamas de Mal é o meu destino e o meu maior prazer. E se ainda não estás convencido, então ouve isto:
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Ao ouvir estas palavras, o Altíssimo levantou-se e com toda a sua grandeza e magnificência enviou Azazel para a Lua.
Na Lua, após a sua queda, Azazel viu o seu corpo mudar tomando uma forma bastante particular. Nada mais era que uma enorme massa de mal. O grande mestre de vinhos e copeiro assegura-se de prover a sede das almas caídas.
Traduzido do grego por Monsenhor Dariush.
Tradução: Jane_X; Revisão: NReis Ribeiro de Sousa Coutinho; John Martins de Almeida Miranda e Sousa Coutinho e Beatrix Algrave Nunes